A VERACIDADE DA BÍBLIA

A VERACIDADE DA BÍBLIA A VERACIDADE DA BÍBLIA

17.04.2013 Views

Isso não é sempre fácil. Há passagens que são difíceis, nem sempre estamos completamente seguros se ela deve ser lida literalmente ou figurativamente. Devemos ler as passagens poéticas e alegóricas como tais. Algumas passagens quase nos ofendem, e algumas parecem se contradizer. John Stott tem uma observação interessante a esse respeito, e que nos ajuda: “Aceitar a origem divina da Bíblia não é pretender que não há problemas. Para ser sincero, há muitos problemas literários, históricos, teológicos e morais. O que devemos fazer com eles? É compatível com a integridade intelectual aceitarmos o caráter único da autoridade das Escrituras, quando tantos problemas residuais permanecem? Sim, sem dúvida. Necessitamos aprender a fazer com os problemas que circundam as Escrituras exatamente o que fazemos com os problemas que circundam qualquer outra doutrina cristã. Cada doutrina cristã tem seus problemas. Nenhuma doutrina está inteiramente livre deles. Tomemos, como exemplo, a doutrina do amor de Deus. Cada cristão, de todas as correntes possíveis, crê que Deus é amor. É uma doutrina cristã fundamental. Descrer nisso será nos desqualificarmos como cristãos. Mas, os problemas que circundam essa doutrina são massivos. O que, então, fazer quando alguém nos traz um problema relacionado com o amor de Deus, um problema do mal, ou de um incompreensível sofrimento, por exemplo? Em primeiro lugar, temos que lidar com o problema e buscarmos lançar alguma relevante luz sobre ele. Mas nós não seremos, também, capazes de solucioná-lo. Então, o que fazer? Deveremos abandonar a nossa crença no amor de Deus até que solucionemos todos os problemas? Não. Deveremos manter a nossa crença no amor de Deus, a despeito dos problemas, por uma razão ou por outra, particularmente pelo que Jesus ensinou e demonstrou a respeito. É por isso que cremos que Deus é amor. E os problemas não destroem a nossa crença. Assim, também, com as Escrituras. Algumas nos trazem um problema, ou nós mesmos assim o achamos, podendo ser uma discrepância ou uma questão crítica literária. O que devemos fazer? Para começar, é essencial que nós lidemos honestamente com os problemas bíblicos. Não é cristão enterrarmos as nossas cabeças na areia, pretendendo que os problemas não existam. Tampouco é cristão manipular as Escrituras a fim de conseguirmos uma harmonização forçada, artificial. Não, nós trabalhamos os problemas com integridade intelectual. Durante esse processo alguns problemas, que a primeira vista parecem intratáveis, são resolvidos satisfatoriamente. A outros, contudo, não podemos ver solução imediata. Então, o que fazer? Deveremos abandonar a nossa crença na Palavra de Deus até que resolvamos todos os problemas? Não. Deveremos manter nossa crença na Palavra de Deus, assim como mantermos a crença no amor de Deus, a despeito dos problemas, a menos por uma razão última, e uma única razão, a que Jesus Cristo ensinou e demonstrou a respeito. Não é mais obscurantista evadirmos de uma ou de outra dessas crenças. Sem dúvida, não é nada obscurantista. Seguir a Cristo é sempre um sóbrio e humilde realismo cristão”. (Compreendendo a Bíblia, Publicadora Zandervan, 1999). 70

Algumas passagens, tais como a famosa seção em Jó, onde os seus amigos lhe dão conselhos errôneos, não podemos pretender torná-los como a sabedoria de Deus. Nós nos envolvemos seriamente com o estudo das Escrituras. Dedicamo-nos a compreender as Escrituras. Para tanto lançamos o nosso olhar para as gerações de cristãos que nos precederam, e como elas as compreenderam. Mas, sobre e acima de tudo, as Escrituras são a nossa autoridade, e é nossa profunda e estabelecida convicção que ela é verdadeira. Por conseguinte, nunca pretendemos conhecê-la completamente. Não nos importamos porque temos que lutar com ela. Amamos as Sagradas Escrituras porque, por meio de palavras de homens, Deus tem falado suas palavras verdadeiras para nós, e a Palavra de Deus é santa. Afastemo-nos das Escrituras e nos afastaremos de Cristo. Torça as Escrituras para atingirmos os nossos fins e nos tornaremos uma heresia ou um culto. Não poderemos concordar com o que disse um dos nossos bispos, que se nós escrevemos as Escrituras, também, poderemos reescreve-la. Ou, como um outro bispo, que “nós precisamos de um novo cristianismo para um novo mundo”. Há apenas um Cristianismo: o Cristianismo das Escrituras. Cada geração de crentes é tentada a se afastar das demandas claras, musculares, de Jesus, da doutrina radical da Igreja do Novo Testamento, e abraçar a onda das idéias do dia. Quem assim procede não percebe que está em perigo de lançar fora o próprio fundamento da fé sobre o qual está assentado. A Igreja tem sempre ensinado, através dos tempos, a nos submetermos às Escrituras como a guia autoritativa de Deus. Com freqüência temos errado, e os reformadores nos têm chamado de volta e dito: Sola Scriptura, a nossa Tradição, o nosso arrazoar, e as novas experiências são fundamentalmente importantes, porque em Cristo e com Cristo, devemos renovar a nossa crença que nas Escrituras Deus tem falado, e elas são verdadeiras. Elas são a nossa guia infalível. Nas últimas duas gerações, a nossa denominação tem tolerado líderes e mestres que têm distorcido ou abandonado doutrinas históricas da Igreja, e muitos crentes têm deixado a Igreja desgostosos. Nós temos permanecido. Agora uma decisão da Convenção Geral tem dolorosamente tornado claro para nós que a Igreja Episcopal dos Estados Unidos da América (ECUSA) tem se movido ainda para mais distante das Escrituras. 92 bispos, uma devastadora maioria, recusam endossar uma Resolução reafirmando as Sagradas Escrituras como a autoridade fundamental em nossa Igreja, reafirmando as históricas declarações do Anglicanismo concernentes às Escrituras. É claro que temos que dizer um basta, que não poderemos ir mais longe. 71

Isso não é sempre fácil. Há passagens que são difíceis, nem sempre estamos<br />

completamente seguros se ela deve ser lida literalmente ou figurativamente.<br />

Devemos ler as passagens poéticas e alegóricas como tais. Algumas passagens<br />

quase nos ofendem, e algumas parecem se contradizer.<br />

John Stott tem uma observação interessante a esse respeito, e que nos ajuda:<br />

“Aceitar a origem divina da Bíblia não é pretender que não há problemas. Para ser<br />

sincero, há muitos problemas literários, históricos, teológicos e morais. O que<br />

devemos fazer com eles? É compatível com a integridade intelectual aceitarmos o<br />

caráter único da autoridade das Escrituras, quando tantos problemas residuais<br />

permanecem? Sim, sem dúvida. Necessitamos aprender a fazer com os<br />

problemas que circundam as Escrituras exatamente o que fazemos com os<br />

problemas que circundam qualquer outra doutrina cristã. Cada doutrina cristã tem<br />

seus problemas. Nenhuma doutrina está inteiramente livre deles. Tomemos, como<br />

exemplo, a doutrina do amor de Deus. Cada cristão, de todas as correntes<br />

possíveis, crê que Deus é amor. É uma doutrina cristã fundamental. Descrer nisso<br />

será nos desqualificarmos como cristãos. Mas, os problemas que circundam essa<br />

doutrina são massivos. O que, então, fazer quando alguém nos traz um problema<br />

relacionado com o amor de Deus, um problema do mal, ou de um incompreensível<br />

sofrimento, por exemplo? Em primeiro lugar, temos que lidar com o problema e<br />

buscarmos lançar alguma relevante luz sobre ele. Mas nós não seremos, também,<br />

capazes de solucioná-lo. Então, o que fazer? Deveremos abandonar a nossa<br />

crença no amor de Deus até que solucionemos todos os problemas? Não.<br />

Deveremos manter a nossa crença no amor de Deus, a despeito dos problemas,<br />

por uma razão ou por outra, particularmente pelo que Jesus ensinou e demonstrou<br />

a respeito. É por isso que cremos que Deus é amor. E os problemas não destroem<br />

a nossa crença.<br />

Assim, também, com as Escrituras. Algumas nos trazem um problema, ou nós<br />

mesmos assim o achamos, podendo ser uma discrepância ou uma questão crítica<br />

literária. O que devemos fazer? Para começar, é essencial que nós lidemos<br />

honestamente com os problemas bíblicos. Não é cristão enterrarmos as nossas<br />

cabeças na areia, pretendendo que os problemas não existam. Tampouco é<br />

cristão manipular as Escrituras a fim de conseguirmos uma harmonização forçada,<br />

artificial. Não, nós trabalhamos os problemas com integridade intelectual. Durante<br />

esse processo alguns problemas, que a primeira vista parecem intratáveis, são<br />

resolvidos satisfatoriamente. A outros, contudo, não podemos ver solução<br />

imediata. Então, o que fazer? Deveremos abandonar a nossa crença na Palavra<br />

de Deus até que resolvamos todos os problemas? Não. Deveremos manter nossa<br />

crença na Palavra de Deus, assim como mantermos a crença no amor de Deus, a<br />

despeito dos problemas, a menos por uma razão última, e uma única razão, a que<br />

Jesus Cristo ensinou e demonstrou a respeito. Não é mais obscurantista<br />

evadirmos de uma ou de outra dessas crenças. Sem dúvida, não é nada<br />

obscurantista. Seguir a Cristo é sempre um sóbrio e humilde realismo cristão”.<br />

(Compreendendo a Bíblia, Publicadora Zandervan, 1999).<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!