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A VERACIDADE DA BÍBLIA

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Mas teria que ser algo inquestionável, como um homem que não tivesse as<br />

duas pernas e de repente se apresentasse com elas! – impacientou-se o ateu. –<br />

Uma coisa assim jamais aconteceu... Que eu saiba!<br />

Veja! Se tal fato acontecesse, estaria claramente e perante todos violada a lei<br />

natural. Não sobraria para ninguém aquela margem de dúvida que, em minha<br />

opinião, caracteriza o milagre. O poder de Deus estaria claramente manifestado a<br />

todos, o que tornaria completamente dispensável uma fé previamente existente.<br />

Para acontecimentos assim, capazes de despertar a fé naqueles que não a têm,<br />

deveríamos reservar a expressão testemunho.<br />

O milagre – prossegui – resulta de uma súplica feita com fé, enquanto o<br />

testemunho é um ato espontâneo de Deus. O milagre é secreto; o testemunho, ao<br />

contrário, é público e precisa ser investigado. O milagre, mesmo quando pedido<br />

simultaneamente por muitos, é para cada pessoa um entendimento particular com<br />

Deus. O testemunho apenas raramente é dirigido a um só homem, como foi<br />

excepcionalmente no caso do apóstolo Tomé. Enquanto o milagre inunda de<br />

felicidade, o testemunho infunde respeito e temor.<br />

Fico surpreso! – disse o outro. – Os fatos que estão no chamado Novo<br />

Testamento, em que a natureza teria sido claramente contrariada, assim como<br />

Cristo caminhar sobre as águas ou elevar-se ao céu ou, no que é dito ser o Velho<br />

Testamento, a travessia do Mar Vermelho pelos judeus, são narrados como<br />

milagres.<br />

O filósofo David Hume faz uma crítica aos fatos bíblicos dessa natureza –<br />

respondi. – Mas lhe faz falta essa distinção que eu faço, entre milagres e<br />

testemunhos. Apesar de que ele se refere indistintamente às duas coisas, seu<br />

texto é dirigido mais ao “testemunho”, e neste caso está também São Tomás, de<br />

quem se pode ver que Hume tomou parte da sua definição de milagre.<br />

Entendo seu ponto de vista – disse o ateu. – Resumindo: não se prova a<br />

existência de Deus com a evidência própria do método científico, porém está ao<br />

alcance do homem encontrar essa prova de modo particular, nos milagres...<br />

— E como todo aquele que procura tal prova com certeza a encontrará, ela tem a<br />

universalidade necessária a toda demonstração científica – completei sem vacilar.<br />

A lua cheia trouxera a maré alta; franjas de espuma arrojavam-se aos nossos pés.<br />

A aldeia estava adormecida; já passava muito das nove horas!<br />

Ergui-me, mas o ateu permaneceu sentado. Olhava o mar que se avolumava mais<br />

a cada onda, como se estivesse hipnotizado pela massa negra que agitava<br />

tentáculos para nos alcançar. Surpreendeu-me o tom amargo de suas palavras<br />

quando disse, a voz embargada pela emoção:<br />

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