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Tecnologia de Produção do Umbuzeiro - Editora UFLA

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras<br />

Pró-Reitoria <strong>de</strong> Extensão<br />

TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DO<br />

UMBUZEIRO<br />

(Spondias tuberosa Arr. Cam.)<br />

Ano XI - Número 127<br />

Lavras – 2005<br />

Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves 1<br />

Janice Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho 2


6<br />

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – <strong>UFLA</strong><br />

Ministro: Reitor: Vice-Reitor:<br />

Tarso Genro Antônio Nazareno G.Men<strong>de</strong>s Ricar<strong>do</strong> Pereira Reis<br />

Pró-Reitor <strong>de</strong> Extensão:<br />

Rubens José Guimarães<br />

Pró-Reitor Adjunto <strong>de</strong> Extensão:<br />

Fábio Moreira da Silva<br />

Secretaria:<br />

Ilza Aparecida Gualberto<br />

Maria Elisa Siqueira <strong>de</strong> Oliveira<br />

Kênia Rogéria Felipe<br />

<strong>Editora</strong>ção:<br />

Giovana Daniela <strong>de</strong> Lima<br />

Revisão <strong>de</strong> Português:<br />

Paulo Roberto Ribeiro<br />

Revisão Bibliográfica:<br />

Luiz Carlos <strong>de</strong> Miranda


Sumário<br />

Apresentação...............................................................................05<br />

1. Introdução................................................................................06<br />

2. Características Botânicas e Fisiológicas..................................07<br />

3. Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Recursos Genéticos.............................................. 17<br />

4. Propagação .......................................................................................... 22<br />

5. Manejo Agronômico ........................................................................... 30<br />

6. Nutrição Mineral ................................................................................. 40<br />

7. Utilização Atual .................................................................................. 61<br />

8. Valor Nutricional ................................................................................ 63<br />

9. Pragas e Doenças ................................................................................ 63<br />

10. Colheita e Pós-Colheita..................................................................... 68<br />

11. Comercialização................................................................................ 76<br />

12. <strong>Produção</strong> Nacional ............................................................................ 77<br />

13. Industrialização ................................................................................. 82<br />

14. Uma Reflexão ................................................................................... 90<br />

15. Consi<strong>de</strong>rações Finais......................................................................... 93<br />

16. Literatura Consultada........................................................................ 94<br />

7


APRESENTAÇÃO<br />

TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DO<br />

UMBUZEIRO<br />

(Spondias tuberosa Arr. Cam.)<br />

Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves 1<br />

Janice Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho 2<br />

O umbuzeiro não é apenas uma simples frutífera nor<strong>de</strong>stina; ele é,<br />

antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, um <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> representante das potencialida<strong>de</strong>s daquela<br />

região. Está inseri<strong>do</strong> na cultura <strong>do</strong> sertanejo, sen<strong>do</strong> para esse uma planta<br />

sagrada, como bem afirma Eucli<strong>de</strong>s da Cunha em seu livro “Os Sertões”.<br />

Este boletim técnico nasceu <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong>s autores em difundir as<br />

informações produzidas cientificamente sobre o umbuzeiro e publicadas em<br />

diversos artigos, dissertações <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, anais <strong>de</strong><br />

congressos e outros.<br />

As informações até hoje geradas para a cultura <strong>do</strong> umbuzeiro são<br />

poucas, mas po<strong>de</strong>m contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa frutífera e, com<br />

isso, gerar mais renda para as pessoas que usufruem direta ou indiretamente<br />

<strong>de</strong>ssa planta.<br />

____________________________<br />

1. Doutoran<strong>do</strong> em Solos e Nutrição <strong>de</strong> Plantas, Departamento <strong>de</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo / <strong>UFLA</strong><br />

2. Professora <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo/<strong>UFLA</strong>


Acredita-se que esta publicação possa atingir técnicos, produtores e<br />

estudiosos <strong>do</strong> umbuzeiro e que as informações nela contidas possam ser <strong>de</strong><br />

utilida<strong>de</strong> para expansão <strong>de</strong>ssa frutífera.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil e o norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais são<br />

conheci<strong>do</strong>s pelas imagens áridas <strong>de</strong> áreas castigadas pela falta <strong>de</strong> chuvas.<br />

Para essas regiões, os órgãos <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> políticas públicas vêm<br />

buscan<strong>do</strong> alternativas econômicas para o <strong>de</strong>senvolvimento regional. É<br />

interessante que esses órgãos centrem-se em alternativas disponíveis na<br />

própria região, sen<strong>do</strong> o umbuzeiro um exemplo <strong>de</strong> alternativa para gerar<br />

renda às famílias sertanejas.<br />

O umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.) é uma frutífera<br />

adaptada às condições <strong>de</strong> estresse hídrico. Os frutos, colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma<br />

extrativista são a principal fonte <strong>de</strong> renda, em <strong>de</strong>terminada época <strong>do</strong> ano,<br />

para milhares <strong>de</strong> famílias.<br />

Os plantios comerciais <strong>de</strong> umbuzeiro, apesar <strong>de</strong> ainda incipientes,<br />

<strong>de</strong>verão aumentar muito nos próximos anos, graças aos poucos estu<strong>do</strong>s, por<br />

6


7<br />

meio <strong>do</strong>s quais procura-se selecionar plantas altamente produtivas, com<br />

características químicas e físicas <strong>do</strong>s frutos que agradam ao merca<strong>do</strong>,<br />

dan<strong>do</strong>, assim, um padrão superior a estes.<br />

Objetivou-se com este boletim reunir as informações, que até então<br />

se encontravam segregadas, colocan<strong>do</strong>-as em uma publicação <strong>de</strong> fácil<br />

leitura.<br />

2. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E FISIOLÓGICAS<br />

2.1. Taxonomia e Denominações<br />

Os primeiros relatos da existência <strong>do</strong> umbuzeiro datam da época da<br />

colonização. A primícia é <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza, quan<strong>do</strong> o cita no seu<br />

Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil. Três séculos se passaram até a sua <strong>de</strong>scrição<br />

científica, a cargo <strong>de</strong> Manuel <strong>de</strong> Arruda Câmara, que o classifica como<br />

espécie Spondias tuberosa, da família Anacardiaceae (Men<strong>de</strong>s, 1990).<br />

A palavra imbu e a variação umbu têm origem no tupi-guarani<br />

“Y’m’bu”, que significa “árvore que dá <strong>de</strong> beber”, em alusão à água contida<br />

nas túberas, que era consumida pelos índios que habitavam as caatingas.


Também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> ombu, ambu e giqui. No idioma inglês, é conheci<strong>do</strong><br />

por brazilian-plum (Corrêa, 1978).<br />

2.2. Centro <strong>de</strong> Origem<br />

O umbuzeiro é uma planta típica <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> agreste, e tem sua<br />

origem no Brasil, precisamente na região semi-árida nor<strong>de</strong>stina. Cresce<br />

espontaneamente nas regiões <strong>do</strong> Cariri paraibano, no planalto, sobre a Serra<br />

da Borborema, nas Serras <strong>do</strong> Seridó norte-rio-gran<strong>de</strong>nse, no agreste<br />

piauiense, no norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e nas caatingas, baiana,<br />

alagoana e pernambucana, on<strong>de</strong> ocorre a maior concentração <strong>de</strong>ssa planta<br />

(Men<strong>de</strong>s, 1990; Lorenzi, 1992).<br />

De acor<strong>do</strong> com Giacometti (1993), o centro <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong> e<br />

<strong>do</strong>mesticação da espécie Spondias tuberosa encontra-se classifica<strong>do</strong> no<br />

Centro 6: Centro Nor<strong>de</strong>ste / Caatinga, on<strong>de</strong> vários autores constataram a<br />

ocorrência natural <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong>ssa espécie. O Centro 6<br />

inclui a caatinga <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Piauí, Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Paraíba,<br />

Pernambuco, Alagoas e a Chapada Diamantina na Bahia. Ten<strong>do</strong> como<br />

coor<strong>de</strong>nada os paralelos 2ºS e 14ºS e os meridianos 37º a 42º W.<br />

8


9<br />

2.3. Descrição da Planta<br />

O umbuzeiro é uma árvore <strong>de</strong> pequeno porte, em torno 4 a 6 m <strong>de</strong><br />

altura, <strong>de</strong> tronco curto, copa umbeliforme, com diâmetro <strong>de</strong> 10 a 15 m,<br />

projetan<strong>do</strong> uma sombra <strong>de</strong>nsa sobre o solo e apresentan<strong>do</strong> vida longa (mais<br />

que 100 anos) (Figura 1a).<br />

É uma planta xerófila e suas raízes superficiais exploram<br />

profundida<strong>de</strong>s superiores a 1 m. Nas raízes, estão localiza<strong>do</strong>s os xilopódios,<br />

que são órgãos <strong>de</strong> reserva constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s lacunosos e serve para<br />

armazenar água, mucilagem, glicose, tanino, ami<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong>s, nutrientes, entre<br />

outros (Figura 1b). São suculentos, <strong>de</strong> sabor <strong>do</strong>ce e agradável, sen<strong>do</strong><br />

conheci<strong>do</strong>s vulgarmente como cafofas, cuncas ou batatas <strong>de</strong> umbu, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

ser aproveita<strong>do</strong>s na alimentação (Ferreira et al., 1987; Men<strong>de</strong>s, 1990). Esses<br />

órgãos são os principais responsáveis pela tolerância <strong>de</strong>ssa frutífera à seca,<br />

aliada à estratégia <strong>de</strong> perda das folhas na época <strong>de</strong> baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água (caducifólia).<br />

O umbuzeiro cresce em esta<strong>do</strong> nativo nas caatingas elevadas, <strong>de</strong> ar<br />

seco, dias ensolara<strong>do</strong>s e noites frescas. Requer clima quente, temperatura<br />

entre 12ºC e 38ºC, umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar entre 30% e 90%, insolação com<br />

2.000-3.000 horas/luz/ano e <strong>de</strong> 400 mm a 800 mm <strong>de</strong> chuva (entre


novembro e fevereiro), po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se <strong>de</strong>senvolver em locais com chuvas <strong>de</strong> até<br />

1.600 mm/ano. Vegeta bem em solos não-úmi<strong>do</strong>s, profun<strong>do</strong>s, bem-<br />

drena<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> arenosos a argilosos.<br />

a b<br />

Figura 1: <strong>Umbuzeiro</strong> adulto (a) e <strong>de</strong>talhe das raízes e <strong>do</strong> xilopódio (b).<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

As folhas (Figuras 2 e, f) são alternas, compostas, imparipenadas,<br />

glabras quan<strong>do</strong> adultas, toman<strong>do</strong> a coloração avermelhada no início da<br />

estação seca anual, para <strong>de</strong>pois caírem. Observam-se <strong>de</strong> 3 a 7 folíolos <strong>de</strong><br />

bor<strong>do</strong>s inteiros, ovala<strong>do</strong>s ou elíptico, obtusos ou levemente corda<strong>do</strong>s na<br />

base, agu<strong>do</strong>s ou obtusos no ápice, com aproximadamente 4 cm <strong>de</strong><br />

comprimento e 2 cm <strong>de</strong> largura (Braga, 1976; Corrêa, 1978, Lima, 1989).<br />

Não é rara a presença <strong>de</strong> pêlos no limbo das folhas.<br />

raiz xilopódio<br />

10


11<br />

As flores são periféricas, brancas, perfumadas, melíferas e<br />

actinomorfas (Figura 1 c). Quan<strong>do</strong> abertas, me<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 7 a 8 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro. O cálice tem 4 a 5 sépalas, e a corola, 4 a 5 pétalas valvadas. São<br />

dispostas em panículas terminais <strong>de</strong> 10 a 15 cm <strong>de</strong> comprimento. Os ramos<br />

da inflorescência e o pedicelo são finamente pilosos (Lima, 1989). As<br />

inflorescências apresentam 50% <strong>de</strong> flores hermafroditas e 50% masculinas.


a b<br />

c d<br />

e f<br />

Figura 2: <strong>Umbuzeiro</strong> <strong>de</strong>sfolha<strong>do</strong> (a), umbuzeiro enfolha<strong>do</strong> (b), umbuzeiro flori<strong>do</strong><br />

(c), umbuzeiro com frutos (d) e <strong>de</strong>talhe das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro (e, f).<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

12


13<br />

O androceu é composto <strong>de</strong> 8 a 10 estames, com 3 mm <strong>de</strong><br />

comprimento, distribuí<strong>do</strong>s uniformemente. As anteras são reniformes e <strong>de</strong><br />

cor alaranjada, tornan<strong>do</strong>-se pardacentas algumas horas após a antese. O<br />

gineceu é curto e rudimentar, <strong>de</strong> 1 a 2 mm <strong>de</strong> comprimento, com 3 a 5<br />

estiletes, <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>-acinzentada. O ovário é súpero e unilocular com<br />

óvulos anátropos. A abertura das flores ocorre durante a madrugada, entre<br />

meia-noite e quatro horas da manhã, ocorren<strong>do</strong> o pico <strong>de</strong> abertura às duas<br />

horas (Pires & Oliveira, 1986).<br />

O fruto (Figura 1 d) é uma drupa glabra ou levemente pilosa,<br />

normalmente <strong>de</strong> coloração amarelo-esver<strong>de</strong>ada quan<strong>do</strong> maduro, com<br />

pericarpo coriáceo e polpa suculenta <strong>de</strong> sabor agri<strong>do</strong>ce, ten<strong>do</strong> no centro um<br />

caroço gran<strong>de</strong>.<br />

A forma <strong>do</strong>s frutos varia entre arre<strong>do</strong>ndada, ovói<strong>de</strong> e oblonga,<br />

apresentan<strong>do</strong> diversida<strong>de</strong> também no tamanho, os quais oscilam entre 1,2 e<br />

2,7 cm <strong>de</strong> comprimento e 2,0 e 4,0 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

O en<strong>do</strong>carpo (caroço) é muito resistente, <strong>de</strong> tamanho varia<strong>do</strong> e<br />

contém a semente propriamente dita. É forma<strong>do</strong> por três camadas: a externa,<br />

<strong>de</strong>nso-fibrosa; intermediária, pouco fibrosa; e a interna, semelhante à<br />

externa. Possui orifícios por on<strong>de</strong> a água penetra e saem, por ocasião da<br />

germinação, o eixo embrionário e os cotilé<strong>do</strong>nes. Possui também cinco


lóculos unissemina<strong>do</strong>s; porém, somente uma semente é bem-<strong>de</strong>senvolvida,<br />

sen<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> germinar. Logo após a germinação, o <strong>de</strong>senvolvimento é<br />

rápi<strong>do</strong>, não ocorren<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmência epicotilar (Silva et al., 1980).<br />

2.4. Fenologia<br />

O umbuzeiro, durante a estiagem anual, per<strong>de</strong> totalmente as folhas<br />

(Figura 1 a), revestin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>las (Figura 1 b), subitamente, logo após as<br />

primeiras chuvas. O florescimento ocorre normalmente juntamente com o<br />

enfolhamento das árvores ou antes.<br />

A frutificação é copiosa, apresentan<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> na<br />

produção <strong>de</strong> frutos por planta. Uma planta das mais produtivas tem a<br />

capacida<strong>de</strong> para produzir mais <strong>de</strong> 300 Kg <strong>de</strong> frutos por safra; entretanto,<br />

essa produção não é mantida normalmente. Brito et al. (1996) conseguiram<br />

uma produção média <strong>de</strong> 168,8 kg por planta. O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutificação é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 2 meses e meio (Guerra, 1981) e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da região,<br />

compreen<strong>de</strong> os meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro a março.<br />

No sertão <strong>de</strong> Pernambuco, verifica-se o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> florescimento<br />

entre os meses <strong>de</strong> outubro e <strong>de</strong>zembro, quan<strong>do</strong> registram-se os mais baixos<br />

14


15<br />

índices pluviométricos e, no agreste, ocorre mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> janeiro a março,<br />

com frutificação entre março e junho (Pires, 1990). No sertão <strong>de</strong> Alagoas, o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> floração inicia-se em setembro e se esten<strong>de</strong> até <strong>de</strong>zembro.<br />

2.5. Ecologia<br />

O umbuzeiro caracteriza-se pela alta tolerância à seca, em razão,<br />

principalmente, <strong>de</strong> o sistema radicular apresentar-se com abundância <strong>de</strong><br />

xilopódios (Men<strong>de</strong>s, 1990).<br />

Em estu<strong>do</strong>s sobre a fisiologia da planta, mediante a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong><br />

balanço hídrico, constata-se que o umbuzeiro exerce rígi<strong>do</strong> controle da<br />

transpiração através <strong>do</strong>s seus estômatos, minimizan<strong>do</strong>-a e promoven<strong>do</strong><br />

acentuada economia <strong>de</strong> água (Lima Filho & Silva, 1988). Tais mecanismos<br />

lhe permitem um bom <strong>de</strong>senvolvimento em regiões com precipitação entre<br />

400 a 800 mm anuais, temperaturas entre 12ºC e 38ºC (Duque, 1980). Em<br />

regiões com precipitações mais abundantes e baixas temperaturas, tanto o<br />

crescimento vegetativo quanto o florescimento diminuem, repercutin<strong>do</strong><br />

negativamente na produção (Gomes, 1989).


Araújo & Castro Neto (2002) inferem que a redução na taxa<br />

fotossintética no umbuzeiro é controlada por mecanismo não-estomático,<br />

quan<strong>do</strong> a árvore se encontra sob déficit hídrico. Em épocas <strong>de</strong> fornecimento<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> água, o mecanismo estomático passa a influenciar a<br />

fotossíntese.<br />

Lima Filho (2001), num estu<strong>do</strong> sobre relações hídricas <strong>do</strong><br />

umbuzeiro, sugere que esse apresenta duas estratégias para manter o balanço<br />

hídrico interno favorável: on<strong>de</strong>, sob condições <strong>de</strong> sequeiro, o balanço seria<br />

manti<strong>do</strong> com a utilização da água armazenada nas túberas e uma baixa<br />

transpiração e, durante a estação chuvosa, o balanço hídrico seria media<strong>do</strong><br />

por um ajuste osmótico.<br />

Souza (2000) observou que umbuzeiros introduzi<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Piracicaba, há cerca <strong>de</strong> 50 anos, apresentam<br />

reduzida produção <strong>de</strong> frutos. Exemplares existentes no Jardim Botânico no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e em Jaboticabal-SP florescem, mas não frutificam. E para a<br />

surpresa <strong>de</strong> muitos, Campbell (1996), cita<strong>do</strong> por Xavier (1999), relatou a<br />

introdução <strong>do</strong> umbuzeiro da Flórida (EUA), que não foi bem-sucedida; a<br />

surpresa fica por conta <strong>do</strong> interesse americano pelo umbuzeiro e não pelo<br />

insucesso da cultura.<br />

16


17<br />

Diante <strong>de</strong> exemplos, como o da uva no Vale <strong>do</strong> São Francisco, não<br />

será surpresa se o umbuzeiro vier a se adaptar a ambientes diferentes<br />

àqueles <strong>do</strong> seu centro <strong>de</strong> origem e passar a produzir satisfatoriamente.<br />

3. DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOS<br />

Ten<strong>do</strong> no sertão nor<strong>de</strong>stino seu centro <strong>de</strong> origem, vários autores<br />

<strong>de</strong>monstraram naquela região a existência <strong>de</strong> uma alta variabilida<strong>de</strong> genética<br />

<strong>de</strong>ntro da espécie Spondias tuberosa. Eles encontraram plantas com gran<strong>de</strong>s<br />

diferenças nos frutos quanto ao tamanho, forma, coloração, sabor e<br />

pilosida<strong>de</strong>. A ausência ou presença <strong>de</strong> pêlos nos folíolos, na inflorescência,<br />

no pedicelo floral, nas sépalas e no epicarpo <strong>de</strong>termina, conforme Pires<br />

(1990), a existência <strong>de</strong> duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro da espécie Spondias<br />

tuberosa.<br />

Um estu<strong>do</strong> pomológico <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> umbu na região <strong>do</strong> Cariri<br />

paraibano levou Barbosa et al. (1989) a classificarem as plantas<br />

selecionadas, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às características altura, diâmetro da copa e<br />

perímetro <strong>do</strong> tronco, correlacionan<strong>do</strong>-as com a produção <strong>de</strong> frutos. Nesse<br />

relato, os autores citam Umbu Taperoá, Umbu Barra <strong>de</strong> Santa Rosa, Umbu


Teixeira e Umbu Laranja, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a enten<strong>de</strong>r que existem cultivares<br />

comercialmente promissoras.<br />

Ao caracterizar os frutos <strong>do</strong> umbuzeiro, Silva et al. (1987)<br />

constataram variação fenotípica para os caracteres estuda<strong>do</strong>s, sugerin<strong>do</strong><br />

existência <strong>de</strong> alta variabilida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>ntro da espécie. Em trabalho<br />

similar, Lima et al. (1996) relataram variações fenotípicas superiores a 20%<br />

para quase to<strong>do</strong>s os caracteres: peso <strong>do</strong> fruto, da polpa, da casca, da semente<br />

e relação SST/aci<strong>de</strong>z, entre plantas da espécie Spondias tuberosa <strong>do</strong> sertão<br />

alagoano. A significativa variabilida<strong>de</strong> encontrada entre as plantas estudadas<br />

sugere um ótimo potencial para selecionar umbuzeiros superiores, com<br />

vistas à sua multiplicação e futuro uso em pomares racionais <strong>de</strong> umbuzeiro.<br />

Na tabela 1, verifica-se uma pequena amostra <strong>de</strong>ssa variabilida<strong>de</strong>, em que<br />

umbus coleta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diferentes localida<strong>de</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s quanto às<br />

características <strong>de</strong> comprimento, largura, matéria fresca da casca, da polpa e<br />

da semente.<br />

Lima et al. (1996) reportaram que o comprimento e a largura <strong>do</strong>s<br />

frutos apresentaram valores médios <strong>de</strong> 30,78 mm e 27,73 mm,<br />

respectivamente. A maioria das plantas apresentou medidas para o<br />

comprimento <strong>do</strong>s frutos maiores que a largura, inferin<strong>do</strong>-se que os frutos<br />

18


19<br />

apresentam um formato ovala<strong>do</strong>. Esses autores também observaram o<br />

formato arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> em pequena parte <strong>do</strong>s frutos analisa<strong>do</strong>s.<br />

Tabela 1: Variabilida<strong>de</strong> entre as dimensões e pesos da matéria fresca <strong>de</strong><br />

frutos <strong>do</strong> umbuzeiro coleta<strong>do</strong>s em diferentes localida<strong>de</strong>s.<br />

-------------da matéria fresca---------<br />

Local Compri. Largura Fruto Casca Polpa Semente Casca Polpa Semente<br />

Taperoá<br />

Cariri<br />

Laranja<br />

D.Chiquinha<br />

---------cm------- ---------------g----------------------- ----------%---------------<br />

3,73b<br />

3,36c<br />

4,98a<br />

2,85d<br />

3,36b<br />

3,20c<br />

4,91a<br />

2,64d<br />

18,4b<br />

20,4b<br />

66,5a<br />

12,9c<br />

Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1987).<br />

3,50b<br />

4,43b<br />

11,74a<br />

2,37b<br />

11,19b<br />

12,37b<br />

47,82a<br />

8,25c<br />

3,68b<br />

3,24bc<br />

6,96a<br />

2,32c<br />

19,05<br />

21,71<br />

17,65<br />

18,32<br />

60,91<br />

62,40<br />

71,88<br />

63,80<br />

Em média, o fruto é composto <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> caroço, 22% <strong>de</strong> casca e<br />

68% <strong>de</strong> polpa, com peso médio <strong>do</strong>s frutos por árvore <strong>de</strong> 15 g. Para Lima et<br />

al. (1996), o peso <strong>do</strong>s frutos varia substancialmente entre plantas. Nas<br />

observações <strong>de</strong>sses autores, os menores frutos pesaram, em média, 8,88 g e<br />

os maiores, 21,40 g. O peso médio da polpa variou <strong>de</strong> 5,71 g para os<br />

menores frutos a 14,86 g para os maiores frutos.<br />

20,03<br />

15,88<br />

10,46<br />

17,94


Santos et al. (1999), visan<strong>do</strong> à preservação <strong>de</strong> parte da variabilida<strong>de</strong><br />

genética e ao melhoramento <strong>do</strong> umbuzeiro, formaram um banco ativo <strong>de</strong><br />

germoplasma, com indivíduos <strong>de</strong> ocorrência rara e <strong>de</strong> interesse para a<br />

exploração racional <strong>do</strong> umbuzeiro. Eles i<strong>de</strong>ntificaram seis árvores com peso<br />

<strong>do</strong> fruto acima <strong>de</strong> 75 g; normalmente os frutos não alcançam 30 g.<br />

A presença <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> potencial produtivo superior na<br />

macrorregião sertaneja representa um <strong>de</strong>safio para a pesquisa, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

preservar genótipos que ocorrem naturalmente e não permitir a extinção <strong>do</strong><br />

único banco natural <strong>de</strong> germoplasma existente no mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa frutífera <strong>de</strong><br />

indiscutível valor comercial. A Empresa Pernambucana <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Agropecuária (IPA) e a Embrapa/CPATSA são as que <strong>de</strong>têm em suas<br />

coleções os maiores números <strong>de</strong> acessos <strong>de</strong> umbu. Aposta-se na<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, num futuro próximo, se eleve essa espécie ao cenário<br />

<strong>de</strong> uma fruticultura produtiva.<br />

3.1. Seleção <strong>de</strong> Plantas<br />

Tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s que há correlações simples e<br />

positivas entre casca x polpa e caroço x polpa. Ou seja, plantas em que os<br />

20


21<br />

frutos apresentam maior caroço, também apresentam maiores rendimentos<br />

<strong>de</strong> polpa e <strong>de</strong> casca. Entretanto, esse é um comportamento generaliza<strong>do</strong> e<br />

existem exceções, tornan<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> seleção mais difícil. Apesar das<br />

dificulda<strong>de</strong>s, tem-se consegui<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s avanços na seleção <strong>de</strong> plantas com<br />

alta produtivida<strong>de</strong> e relação caroço/polpa interessante economicamente.<br />

A correlação entre o peso médio <strong>do</strong> fruto e número total <strong>de</strong> frutos<br />

por planta é negativa, indican<strong>do</strong> haver uma redução no número total <strong>de</strong><br />

frutos em uma planta quan<strong>do</strong> essa apresenta frutos maiores. Os pesos <strong>do</strong><br />

caroço e da polpa, como variáveis primárias, e a largura <strong>do</strong> fruto, como<br />

variável secundária, são os caracteres mais importantes para a seleção <strong>de</strong><br />

umbuzeiros com um maior tamanho <strong>de</strong> fruto.<br />

O aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> frutos por planta é consegui<strong>do</strong> com a<br />

seleção positiva das variáveis: largura <strong>do</strong> fruto e diâmetro da copa, e a<br />

seleção negativa <strong>do</strong>s caracteres: pesos <strong>do</strong> caroço, da polpa e da casca.<br />

Assim, plantas <strong>de</strong> copa mais larga apresentam um maior potencial <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> frutos por planta.<br />

A variável mais importante para o aumento da produção <strong>do</strong><br />

umbuzeiro é o número <strong>de</strong> frutos por planta. Entretanto, busca-se com a<br />

seleção genética aliar numa mesma planta frutos maiores e em quantida<strong>de</strong>s<br />

suficientes, com vistas a uma maior produção. Para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutos in


natura, os maiores são mais interessantes, ao passo que, para os produtores,<br />

a produção total <strong>de</strong>sperta mais interesse. Os frutos maiores geralmente<br />

atingem melhores preços no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutos in natura. Ressalta-se ainda<br />

a necessida<strong>de</strong>, como alguns trabalhos já o fazem, <strong>de</strong> atentar-se para as<br />

características organolépticas, tais como sabor e aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> fruto.<br />

Segun<strong>do</strong> Souza (2000) a existência <strong>de</strong> alta variabilida<strong>de</strong> genética nas<br />

populações <strong>de</strong> umbuzeiros significa que a seleção <strong>de</strong> plantas nas populações<br />

naturais é um méto<strong>do</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para os programas <strong>de</strong> melhoramento.<br />

Segun<strong>do</strong> essa autora, o umbuzeiro po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> como uma espécie<br />

<strong>de</strong> fecundação cruzada pre<strong>do</strong>minantemente.<br />

4. PROPAGAÇÃO<br />

4.1. Propagação Sexuada<br />

A propagação <strong>do</strong> umbuzeiro é realizada quase que exclusivamente<br />

por semente. As plantas assim propagadas levam cerca <strong>de</strong> 10 anos para<br />

entrarem em produção.<br />

22


23<br />

Após o plantio, a germinação das sementes (Figura 3 b) tarda entre<br />

12 e 90 dias, ocorren<strong>do</strong> por volta <strong>de</strong> 40 dias. Segun<strong>do</strong> Andra<strong>de</strong> et al.<br />

(1989a), a germinação <strong>do</strong> umbuzeiro é rápida, o que se justifica pelos curtos<br />

perío<strong>do</strong>s chuvosos das regiões <strong>de</strong> maior ocorrência da planta. Lima et al.<br />

(1996) comprovaram essa teoria colocan<strong>do</strong> sementes sob 2,5 cm <strong>de</strong><br />

substrato <strong>de</strong> vermiculita, e elas germinaram em apenas 14 dias.<br />

O índice <strong>de</strong> germinação é geralmente <strong>de</strong> 30 a 40%. Baixas<br />

porcentagens <strong>de</strong> germinação estão associadas à resistência mecânica <strong>do</strong><br />

en<strong>do</strong>carpo à expansão <strong>do</strong> embrião. Campos (1986) observou que sementes<br />

<strong>de</strong> tamanho médio (1,8 a 2,0 cm) e gran<strong>de</strong>s (2,1 a 2,4 cm) resultaram em<br />

plantas mais vigorosas. Para favorecer a uniformização da emergência, esse<br />

autor recomenda dar um corte em forma <strong>de</strong> bisel na parte distal da semente,<br />

eliminan<strong>do</strong> a resistência mecânica exercida pelo en<strong>do</strong>carpo.<br />

Quan<strong>do</strong> as sementes têm sua <strong>do</strong>rmência mecânica quebrada e são<br />

plantadas superficialmente no solo, o índice <strong>de</strong> germinação é superior a<br />

70%. Também é indicada a imersão das sementes em uma solução conten<strong>do</strong><br />

água sanitária a 10% por 10 minutos, visan<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sinfestação <strong>de</strong>ssas<br />

sementes, reduzin<strong>do</strong>, assim, possíveis problemas advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> patógenos.<br />

Indica-se também a <strong>de</strong>sinfecção <strong>do</strong> substrato em que as sementes serão<br />

plantadas.


A principal vantagem das plantas provenientes <strong>de</strong> sementes é a<br />

formação <strong>do</strong>s xilopódios durante os primeiros 30 dias após a germinação,<br />

fato esse comprova<strong>do</strong> por Gondim et al. (1991). As plantas provenientes <strong>de</strong><br />

estacas mostram dificulda<strong>de</strong>s em formar essas estruturas em sua fase inicial<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Também, por ser uma dicotiledônea, as plantas<br />

originárias <strong>de</strong> semente formam a raiz pivotante, estrutura essa não<br />

observada nas plantas provindas <strong>de</strong> estacas. Assim, as plantas provindas <strong>de</strong><br />

sementes são mais resistentes a tombamentos ocasiona<strong>do</strong>s por ventos fortes<br />

<strong>do</strong> que as advindas <strong>de</strong> estacas.<br />

A técnica <strong>do</strong> corte em bisel para a quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência foi<br />

aprimorada por Nascimento et al. (2000), em que, em vez <strong>de</strong> se fazer um<br />

corte na semente, utiliza-se a retirada da mucilagem que recobre a abertura<br />

natural da semente, possibilitan<strong>do</strong>, assim, a visualização <strong>do</strong> tegumento que<br />

protege o embrião e, com uma tesoura <strong>de</strong> ponta fina, quebra-se parte <strong>de</strong>sse<br />

tegumento, <strong>de</strong> forma cuida<strong>do</strong>sa para se evitar danos ao embrião (Figura 3 a).<br />

24


25<br />

a<br />

Figura 3: Detalhe <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência em sementes <strong>de</strong><br />

umbuzeiro (a) e germinação <strong>do</strong> umbuzeiro em vermiculita (b).<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

4.4.1. Obtenção das Sementes<br />

Os frutos <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>do</strong>s diretamente da árvore quan<strong>do</strong> iniciam<br />

a queda espontânea, ou recolhê-los <strong>do</strong> chão. Deve-se <strong>de</strong>spolpá-los e <strong>de</strong>ixá-<br />

los secar à sombra. Se bem armazenadas, as sementes permanecem viáveis<br />

por perío<strong>do</strong>s superiores a três anos.<br />

b


4.2. Propagação Assexuada<br />

Por se tratar <strong>de</strong> espécie arbórea, com longo perío<strong>do</strong> juvenil, a<br />

propagação vegetativa reduz <strong>de</strong> <strong>de</strong>z para quatro anos esse perío<strong>do</strong> da planta,<br />

ou seja, a planta entra em produção mais ce<strong>do</strong>. O longo perío<strong>do</strong> pré-<br />

reprodutivo imposto pela propagação sexuada, soman<strong>do</strong>-se ao alto grau <strong>de</strong><br />

heterozigose <strong>do</strong> umbuzeiro (alta variabilida<strong>de</strong> genética e a polinização<br />

cruzada) vêm incentivan<strong>do</strong> trabalhos sobre propagação assexuada por meio<br />

da estaquia, bem como por meio <strong>de</strong> enxertia, visan<strong>do</strong> a preservar as<br />

características da planta-matriz.<br />

Gonzaga Neto et al. (1989) constataram ser <strong>de</strong>zembro o melhor mês<br />

para a retirada <strong>do</strong> ramo para enraizamento <strong>de</strong> estacas e essas <strong>de</strong>vem ser<br />

tratadas por imersão <strong>de</strong> base em IBA 200 mg L -1 , por 5 segun<strong>do</strong>s,<br />

permitin<strong>do</strong> que 22% das estacas enraizassem. Contu<strong>do</strong>, Andra<strong>de</strong> et al.<br />

(1989b) verificaram que esse fitohormônio não exerceu influência alguma<br />

no brotamento <strong>de</strong> estacas. É bom esclarecer que a melhor época para se<br />

colher estacas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> região para<br />

região, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> coincidir com a época que antece<strong>de</strong> o florescimento até a<br />

fase inicial <strong>de</strong> frutificação.<br />

26


27<br />

Em outro trabalho <strong>de</strong> propagação vegetativa, Lei<strong>de</strong>rman et al. (1991)<br />

testaram a alporquia por meio da aplicação <strong>de</strong> uma pasta <strong>de</strong> lanolina<br />

conten<strong>do</strong> o mesmo áci<strong>do</strong> (IBA), nas concentrações <strong>de</strong> 1.000, 5.000 e 10.000<br />

ppm, e verificaram que a eficiência <strong>de</strong>sse fitohormônio na regeneração <strong>de</strong><br />

raízes proporcionou, em média, valores acima <strong>de</strong> 73% <strong>de</strong> pegamento em<br />

relação à testemunha.<br />

Pre<strong>do</strong>sa et al. (1991) testaram <strong>do</strong>is processos <strong>de</strong> garfagem: no topo à<br />

inglesa simples e em fenda cheia; e <strong>do</strong>is <strong>de</strong> borbulhia: em placa e em janela<br />

aberta e em T inverti<strong>do</strong>, obten<strong>do</strong> um percentual <strong>de</strong> 78% com a borbulhia em<br />

placa em janela aberta.<br />

Entretanto, o méto<strong>do</strong> mais difundi<strong>do</strong> é o indica<strong>do</strong> pela Embrapa<br />

(Araújo et al., 2000), ou seja, o da garfagem no topo em fenda cheia (Figura<br />

4). Por esse méto<strong>do</strong>, a enxertia <strong>de</strong>ve ser feita quan<strong>do</strong> os porta-enxertos<br />

apresentarem uma espessura <strong>de</strong> 0,6 a 0,8 cm, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />

aproximadamente 280 dias após a semeadura. Os garfos usa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ter<br />

<strong>de</strong> três a quatro gemas, serem ponteiros jovens, <strong>de</strong> coloração marrom clara e<br />

<strong>de</strong>vem ser retira<strong>do</strong>s das plantas-matrizes, quan<strong>do</strong> essas estiverem<br />

<strong>de</strong>sfolhadas (perío<strong>do</strong> que antece<strong>de</strong> o florescimento). Os enxertos começam a<br />

brotar cerca <strong>de</strong> 15 dias após a realização da enxertia e aos sessenta dias<br />

estão prontos para serem transplantadas para o local <strong>de</strong>finitivo. A irrigação


das mudas <strong>de</strong>ve ser realizada quan<strong>do</strong> as chuvas não forem suficientes ou<br />

quan<strong>do</strong> forem levadas para o campo em época <strong>de</strong> seca.<br />

A B C D E<br />

Figura 4: Enxertia <strong>do</strong> umbuzeiro por garfagem em fenda cheia: (A)<br />

porta-enxerto <strong>de</strong>cota<strong>do</strong>; (B) porta-enxerto com fenda<br />

longitudinal no topo e enxertos em forma <strong>de</strong> cunha; (C)<br />

enxerto implanta<strong>do</strong> no porta-enxerto; (D) enxerto e portaenxerto<br />

amarra<strong>do</strong>s com fita plástica <strong>de</strong> enxertia e (E) muda<br />

enxertada em condições <strong>de</strong> plantio.<br />

Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nascimento et al. (2000).<br />

O méto<strong>do</strong> da Embrapa para a enxertia mostra-se viável para a<br />

produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro em gran<strong>de</strong> escala, visto que seu índice <strong>de</strong><br />

pegamento po<strong>de</strong> atingir 100%. Cabe esclarecer que o sucesso da enxertia em<br />

28


29<br />

mudas <strong>de</strong> umbuzeiro tem uma relação íntima com a época <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong><br />

cavaleiro, pois quan<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong>s próximo à época <strong>de</strong> florescimento,<br />

resultam em maior sucesso no pegamento, entretanto, a enxertia po<strong>de</strong> ser<br />

realizada em qualquer época <strong>do</strong> ano.<br />

4.2.1. Micropropagação<br />

Apresentada como uma alternativa para a multiplicação <strong>de</strong><br />

indivíduos com características superiores, a micropropagação começou a ser<br />

utilizada em umbuzeiro por Oliveira et al. (1989), os quais conseguiram<br />

produzir plântulas a partir <strong>de</strong> exemplares constituí<strong>do</strong>s por segmentos nodais<br />

cultiva<strong>do</strong>s em meio MS, <strong>de</strong>scrito por Murashige & Skoog, (1962), acresci<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> cinetina a 4,6 mM e vitaminas. A técnica da micropropagação, apesar <strong>de</strong><br />

ser um instrumento que po<strong>de</strong>rá promover um avanço na multiplicação <strong>de</strong><br />

umbuzeiros, infelizmente não é uma realida<strong>de</strong> para os interessa<strong>do</strong>s em<br />

cultivar essa planta, limitan<strong>do</strong>-se tão somente à pesquisa. Quiçá, num futuro<br />

próximo, essa frutífera esteja tão difundida nos pomares comerciais que os<br />

laboratórios <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s se interessem em produzi-la in vitro.


5. MANEJO AGRONÔMICO<br />

5.1 Preparo <strong>do</strong> Solo<br />

No manejo tradicional, é recomendável fazer uma aração e uma<br />

gradagem com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o <strong>de</strong>storroamento, nivelamento da<br />

superfície e o controle <strong>de</strong> ervas daninhas.<br />

Sabe-se que, naturalmente, o umbuzeiro cresce ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras<br />

plantas da caatinga. Sen<strong>do</strong> assim, cultivá-lo ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas plantas é<br />

possível, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento total da área (com autorização<br />

para supressão emitida pelo IBAMA). Nesse caso, proce<strong>de</strong>-se apenas ao<br />

coveamento para recepção da muda.<br />

Recomenda-se a realização <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> solo para possível correção e<br />

adubação. Caso necessite <strong>de</strong> correção, <strong>de</strong>ve-se utilizar um calcário<br />

<strong>do</strong>lomítico ou magnesiano antes da primeira aração, incorporan<strong>do</strong>-o, a<br />

seguir, ao solo. Caso não seja possível a correção <strong>de</strong> toda a área, a correção<br />

localizada é uma alternativa.<br />

30


31<br />

5.2 Correção <strong>do</strong> Solo<br />

Os solos da região semi-árida brasileira, <strong>de</strong> forma geral, apresentam<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua CTC ocupada por bases, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> em algumas regiões<br />

a contribuição <strong>do</strong> sódio. Em algumas áreas <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> ou regiões<br />

limítrofes, encontram-se solos com baixa saturação por bases e, em outras<br />

regiões, superiores a 80%. Acredita-se que toda espécie vegetal requer um<br />

nível ótimo <strong>de</strong> saturação para expressão da sua maior produção.<br />

A calagem promove a diminuição da aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s solos com a<br />

insolubilização <strong>de</strong> elementos tóxicos, aumentan<strong>do</strong> os teores <strong>de</strong> Ca e Mg e a<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> P e Mo, e diminuin<strong>do</strong> também disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

micronutrientes Cu, Fe, Mn e Zn, efeitos favoráveis sobre os<br />

microrganismos <strong>do</strong> solo, favorecimento das proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>do</strong> solo e<br />

um maior <strong>de</strong>senvolvimento radicular (Raij, 1991).<br />

A literatura mundial apresenta gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> publicações nas<br />

quais relatam-se os efeitos positivos da calagem para diversas espécies<br />

vegetais.<br />

Num estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em casa-<strong>de</strong>-vegetação na Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras, Neves et al. (2004) testaram a influência <strong>de</strong> diferentes<br />

níveis <strong>de</strong> saturação por bases sobre o crescimento inicial <strong>do</strong> umbuzeiro e


verificaram, com base na produção <strong>de</strong> matéria seca, ser <strong>de</strong> 80% o nível que<br />

promove o melhor <strong>de</strong>senvolvimento das mudas (Figura 5).<br />

MSC (g planta -1 )<br />

MSR (g planta -1 )<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

a<br />

y = -0,003x 2 + 0,4583x - 4,8695<br />

R 2 = 0,99**<br />

20 40 60 80 100<br />

V (%)<br />

c<br />

d<br />

y = -0,0022x 2 + 0,3708x - 0,783<br />

R 2 = 0,73**<br />

20 40 60 80 100<br />

V (%)<br />

MSF (g planta -1 )<br />

MST (g planta -1 )<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

b<br />

32<br />

y = -0,0014x 2 + 0,2214x - 0,683<br />

R 2 = 0,99**<br />

20 40 60 80 100<br />

V(%)<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

d<br />

y = -0,0066x 2 + 1,0505x - 6,3355<br />

R 2 = 0,96**<br />

20 40 60 80 100<br />

V (%)<br />

Figura 5: Matéria seca <strong>de</strong> caule-MSC (a), matéria seca <strong>de</strong> folhas-MSF (b),<br />

matéria seca <strong>de</strong> raiz-MSR (c) e matéria seca total-MST (d) <strong>de</strong><br />

mudas <strong>de</strong> umbuzeiro, em função da calagem.<br />

Fonte: Neves et al. (2004).


33<br />

Com esses resulta<strong>do</strong>s, infere-se que há uma alta exigência <strong>do</strong><br />

umbuzeiro em Ca, concordan<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Silva et al.<br />

(1984), os quais observaram ser essa planta muito exigente nesse nutriente.<br />

Assim, mesmo em solos que não necessitam da calagem, o fornecimento <strong>de</strong><br />

Ca e Mg é indispensável.<br />

5.3. Adubação<br />

Uma planta para crescer e expressar sua produção necessita <strong>de</strong> uma<br />

boa nutrição e condições ambientais favoráveis. Para estar bem nutrida, uma<br />

planta requer nutrientes disponíveis e em quantida<strong>de</strong>s suficientes para<br />

aten<strong>de</strong>r à sua <strong>de</strong>manda metabólica. Na maioria das vezes, esses elementos<br />

têm que ser adiciona<strong>do</strong>s ao solo, pois o mesmo não os contém naturalmente<br />

nessas quantida<strong>de</strong>s e, para isso, é necessário que se saiba quanto aplicar para<br />

se obter o retorno econômico espera<strong>do</strong>.<br />

Não há trabalhos <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> longa duração que atestem as <strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />

nutrientes para o umbuzeiro; assim, a adubação mineral, inician<strong>do</strong>-se pela<br />

cova, <strong>de</strong>ve ser realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as recomendações indicadas com


ase na análise <strong>de</strong> solo, visan<strong>do</strong> a elevar os teores <strong>do</strong>s nutrientes a<br />

patamares a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />

A Embrapa recomenda para a adubação <strong>de</strong> cova a aplicação <strong>de</strong> 250 g<br />

<strong>de</strong> superfosfato simples, 80 g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio e a adição <strong>de</strong> 5 L <strong>de</strong><br />

“húmus” <strong>de</strong> minhoca ou 15 L <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong>. O coroamento da<br />

cova é indispensável, pois essa prática auxilia na retenção <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Gois<br />

et al. (2001) recomendam uma aplicação <strong>de</strong> 110 kg por ha <strong>de</strong> P2O5 para a<br />

fase inicial <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />

O umbuzeiro <strong>de</strong>senvolve-se naturalmente em solos com teores muito<br />

baixos <strong>de</strong> P, como os encontra<strong>do</strong>s na região su<strong>do</strong>este da Bahia (1 a 5 mg<br />

dm -3 <strong>de</strong> P). A adubação fosfatada contribui para um maior crescimento<br />

<strong>de</strong>ssa planta e, conseqüentemente, para uma maior produção.<br />

Lima et al. (2000) recomendam a aplicação <strong>de</strong> 12 kg por planta <strong>de</strong><br />

esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong> ou 5 kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> galinha para<br />

pomares em formação ou 12 kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong> ou 10<br />

kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> galinha para pomares em produção. Sugerem<br />

também, que a partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano, sejam realizadas adubações com N, P<br />

e K, em que, exceto na adubação com P, se <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r ao parcelamento,<br />

com vistas a reduzir perdas.<br />

34


35<br />

Para plantios comerciais, carece-se <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que avaliem a<br />

exportação <strong>de</strong> nutrientes, para que, com essa, seja calculada a reposição por<br />

ocasião da produção. Com a implementação <strong>de</strong> novos plantios, o interesse<br />

por trabalhos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>.<br />

5.4. Espaçamento e Plantio<br />

A melhor época para o plantio é o início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> das chuvas. As<br />

mudas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> sementes selecionadas ou provindas <strong>de</strong> propagação<br />

vegetativa, proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> matrizes sadias e altamente produtivas. Sugere-se<br />

uma cova <strong>de</strong> 40 x 40 x 40 cm, espaçadas em 10 m, equivalen<strong>do</strong> a uma<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 plantas por ha. Após o plantio, recomenda-se colocar ao<br />

re<strong>do</strong>r das plantas nas covas uma cobertura morta para auxiliar na<br />

manutenção da umida<strong>de</strong> e reduzir o crescimento <strong>de</strong> ervas daninhas. Outros<br />

espaçamentos são <strong>de</strong>scritos na literatura, tais como: 12 x 12 m, 15 x 15 m e<br />

8 x 8 m; entretanto, tais espaçamentos ainda não foram testa<strong>do</strong>s<br />

experimentalmente.<br />

O espaçamento 10 x 10 m foi estabeleci<strong>do</strong> mediante observação <strong>de</strong><br />

árvores nativas, nas quais o raio da copa <strong>do</strong> umbuzeiro raramente ultrapassa


5 m. Assim, espaçamentos maiores promoveriam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas<br />

abaixo daquela que seria racionalmente possível e espaçamentos inferiores,<br />

promoveriam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s superiores. Entretanto, com o avanço das<br />

pesquisas, espaçamentos inferiores a 10 x 10 m po<strong>de</strong>rão ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

mediante a condução das plantas por meio <strong>de</strong> podas, o que, para essa<br />

cultura, po<strong>de</strong>ria ser, nos próximos anos, uma prática comum, visto que o<br />

interesse comercial vem aumentan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

5.5. Plantações Comerciais (Pomares)<br />

De acor<strong>do</strong> com o Censo Frutícola da Co<strong>de</strong>vasf (2001), a área total<br />

plantada com umbuzeiros (<strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong> plantas nativas) naquele ano era <strong>de</strong><br />

509,4 ha, sen<strong>do</strong> 0,5 ha em formação, 23,0 ha em início <strong>de</strong> produção, 332,8<br />

ha em produção plena e 153,1 ha já em <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> produção. Em razão <strong>do</strong><br />

interesse crescente por essa fruta, pela sua importância econômica e por ser<br />

uma alternativa para a fruticultura não-irrigada na Região Nor<strong>de</strong>ste, essa<br />

área cresceu consi<strong>de</strong>ravelmente nos últimos três anos.<br />

Espera-se que com o aprimoramento das técnicas <strong>de</strong> produção,<br />

investimentos em marketing e melhorias na apresentação <strong>do</strong> produto ao<br />

36


37<br />

merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, haja maior interesse em consumir o fruto e<br />

conseqüentemente em plantar o umbuzeiro.<br />

Um exemplo <strong>de</strong>ssas técnicas é a indução floral, que garantiria, além<br />

<strong>de</strong> maiores lucros na entressafra, a oferta constante <strong>do</strong> produto ao merca<strong>do</strong>.<br />

Entretanto, até o momento, nenhuma técnica teve sucesso absoluto na<br />

antecipação <strong>do</strong> florescimento. Em alguns relatos, sugere-se que a aplicação<br />

<strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong> potássio po<strong>de</strong>ria antecipar o florescimento em até 1 mês,<br />

porém, não são da<strong>do</strong>s concretos. Segun<strong>do</strong> Lima Filho (site da Embrapa,<br />

2004), da<strong>do</strong>s preliminares revelam que o tratamento em que se alia o redutor<br />

<strong>de</strong> crescimento paclobutrazol com o manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da água durante o<br />

perío<strong>do</strong> da seca parece ser o mais promissor para a indução floral <strong>de</strong>ssa<br />

fruteira.<br />

Em razão <strong>de</strong> sua tolerância ao estresse hídrico, e pelo fato <strong>de</strong> o<br />

principal mecanismo <strong>de</strong>ssa tolerância estar localiza<strong>do</strong> nas raízes, o<br />

umbuzeiro vem sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> como porta-enxerto (cavalo) para outras<br />

plantas da família, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar pomares com outras frutíferas<br />

e com o umbuzeiro em regiões que sofrem com a falta d’água. O uso mais<br />

difundi<strong>do</strong> é o <strong>do</strong> umbuzeiro com a seriguela.


5.6 Tratos culturais<br />

O pomar <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong> livre <strong>de</strong> ervas daninhas, que competem<br />

com as plantas por água, nutrientes e luz na fase inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das plantas. O material vegetal proveniente da capina não <strong>de</strong>ve ser retira<strong>do</strong><br />

da área e, sim, manti<strong>do</strong> sobre o solo, próximo às plantas, com a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> melhorar a retenção <strong>de</strong> água pelo solo, e na ciclagem, para melhor<br />

aproveitamento <strong>do</strong>s nutrientes pelos umbuzeiros.<br />

O coroamento é uma prática importante, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser feito na<br />

projeção da copa da planta. Essa prática <strong>de</strong>ve ser feita cuida<strong>do</strong>samente com<br />

enxada, evitan<strong>do</strong>-se ferimentos nas raízes e no caule da planta, reduzin<strong>do</strong>-<br />

se, assim, as portas <strong>de</strong> entrada para patógenos.<br />

Os estu<strong>do</strong>s até o momento recomendam a poda <strong>do</strong>s ramos mal-<br />

forma<strong>do</strong>s, secos ou <strong>do</strong>entes e a poda <strong>de</strong> formação da planta. Nessa última,<br />

<strong>de</strong>vem-se eliminar os brotos laterais localiza<strong>do</strong>s próximos ao solo. A altura<br />

para a abertura da copa (poda) não está bem <strong>de</strong>finida.<br />

38


39<br />

5.7. Indica<strong>do</strong>res para Implantação<br />

A cultura <strong>do</strong> umbuzeiro ainda carece <strong>de</strong> muitas informações<br />

referentes aos custos <strong>de</strong> implantação; entretanto, Araujo et al. (2000)<br />

propuseram alguns indica<strong>do</strong>res, os quais estão apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 2.<br />

Tabela 2: Indica<strong>do</strong>res para cálculos <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> 1 hectare<br />

<strong>de</strong> umbuzeiro.<br />

DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE<br />

1. Mão-<strong>de</strong>-obra<br />

1.1 Preparo <strong>do</strong> solo<br />

Aração<br />

Gradagem<br />

Área não <strong>de</strong>smatada<br />

Abertura <strong>de</strong> picadas<br />

1.2 Plantio<br />

Demarcação<br />

Abertura e fechamento <strong>de</strong><br />

covas<br />

Plantio<br />

Replantio<br />

1.3 Adubação<br />

2. Tratos culturais<br />

Coroamento<br />

Confecção <strong>de</strong> bacia<br />

3. Tratos fitossanitários<br />

4. Insumos<br />

Mudas<br />

Superfosfato simples<br />

Cloreto <strong>de</strong> potássio<br />

Uréia<br />

Nuvacron<br />

h/d = homem/dia; t/h = trator/hora<br />

t/h<br />

t/h<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

h/d<br />

unida<strong>de</strong><br />

kg<br />

kg<br />

kg<br />

L<br />

5<br />

3<br />

10<br />

1<br />

12<br />

3<br />

1<br />

6<br />

10<br />

5<br />

105<br />

20<br />

10<br />

8<br />

1


6. NUTRIÇÃO MINERAL<br />

6.1. Composição Química<br />

Algumas pesquisas foram conduzidas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar a composição química <strong>de</strong> folhas, frutos, raízes e túberas <strong>do</strong><br />

umbuzeiro. Silva et al. (1984) (Tabelas 3 e 4) verificaram que na túbera o<br />

teor <strong>de</strong> K na polpa (43,7 g kg -1 ) foi maior <strong>do</strong> que na casca (20,4 g kg -1 ),<br />

ocorren<strong>do</strong> o inverso com N, Fe, Mn, Zn e Al; as raízes apresentaram teores<br />

inferiores aos da túbera para to<strong>do</strong>s os nutrientes, com exceção <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Mn;<br />

os frutos (casca + polpa) mostraram teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> N, P, K, S, Fe e<br />

Al em relação à semente; nas folhas, os teores médios foram: N = 29,0 g kg -<br />

1 , P = 2,3 g kg -1 , K = 10 g kg -1 , Ca = 17,9 g kg -1 , Mg = 3,1 g kg -1 , S = 3,2 g<br />

kg -1 , Fe = 110 mg kg -1 , Cu = 6 mg kg -1 , Mn = 32 mg kg -1 , Zn = 18 mg kg -1 ,<br />

B = 68 mg kg -1 , Na = 1.300 mg kg -1 e Al = 79 mg kg -1 .<br />

40


41<br />

Tabela 3: Concentração <strong>de</strong> macronutrientes (g kg -1 ) nas diferentes partes<br />

da raiz, da túbera, <strong>do</strong> fruto e das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />

Elemento<br />

g kg<br />

-----------Túbera--------- --------------Fruto-------------<br />

-1<br />

Casca Polpa Suco *<br />

Raiz Folha<br />

Casca + Polpa Semente<br />

N 14,4 6,4 - 12,3 29,0 10,1 7,0<br />

P 1,3 0,9 300 0,8 2,3 2,1 1,1<br />

K 20,4 43,7 4.307 5,1 10,0 19,4 4,1<br />

Ca 14,2 16,7 220 12,3 17,9 1,9 2,3<br />

Mg 6,1 8,1 155 3,1 3,1 0,9 0,5<br />

S 1,7 1,6 79 2,6 3,2 1,3 0,5<br />

* -1<br />

Resulta<strong>do</strong>s em mg kg .<br />

Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1984)<br />

Os teores foliares <strong>de</strong> Ca no umbuzeiro só não foram superiores aos<br />

<strong>de</strong> N, sen<strong>do</strong> isso mais um indicativo da alta exigência <strong>de</strong> Ca por essa planta.<br />

Tabela 4: Concentração <strong>de</strong> micronutrientes (mg kg -1 ) nas diferentes partes<br />

da raiz, da túbera, <strong>do</strong> fruto e das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />

Elemento<br />

mg kg<br />

----------Túbera--------- -----------Fruto-----------------<br />

-1<br />

Casca Polpa Suco<br />

Raiz Folha<br />

Casca + Polpa Semente<br />

Fe 415 65 4,0 325 110 31 38<br />

Cu 5 5


6.2. Alguns Parâmetros Físicos e Químicos<br />

O pH médio <strong>do</strong>s frutos in natura é <strong>de</strong> 2,02, o da polpa<br />

industrializada é <strong>de</strong> 2,44 e o <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce em massa é <strong>de</strong> 2,71. A composição<br />

centesimal da polpa <strong>do</strong> umbu, segun<strong>do</strong> vários autores, é retratada por Xavier<br />

(1999) e está apresentada na Tabela 5.<br />

Tabela 5: Composição centesimal (g 100g -1 ) da polpa <strong>do</strong> umbu, conforme<br />

literatura.<br />

-----------------------Fontes 1 -------------------------<br />

Componentes A B C D E<br />

Umida<strong>de</strong><br />

86,00 87,80 87,90 - 85,38<br />

Proteína bruta<br />

0,30 0,46 0,60 0,60 0,38<br />

Lipídios<br />

0,40 0,75 0,40 0,40 0,89<br />

Fibra bruta<br />

0,40 0,95 - - 1,06<br />

Carboidrato<br />

12,66 - 10,60 10,60 -<br />

Açúcares redutores em glicose - 5,76 - - 5,34<br />

Açúcares redutores sacarose - 2,58 - - 1,29<br />

Aci<strong>de</strong>z (áci<strong>do</strong> tartárico) - 1,57 - - -<br />

Pectato <strong>de</strong> cálcio<br />

- - - - 0,99<br />

Carotenos<br />

traços - - - -<br />

Tanino<br />

- - - - 0,12<br />

1<br />

A – Guimarães & Pechnik (1956); B – Souza & Catão (1970); C – En<strong>de</strong>f (1977);<br />

D – Franco (1992); E – Narain et al. (1992), to<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s por Xavier (1999).<br />

6.3 Requerimento Nutricional<br />

Quan<strong>do</strong> umbuzeiros foram cultiva<strong>do</strong>s em Latossolo Vermelho<br />

Distrófico, textura média (pH 5,6; P = 1; K = 56; SO4 = 2; B = 0,3; Zn = 0,7<br />

42


43<br />

mg dm -3 ; Ca = 5; Mg = 2; Al = 1 mmolc dm -3 ; MO = 18 g dm -3 e V = 41 %)<br />

e subtraíram-se os nutrientes, separadamente, Silva et al. (2002) verificaram<br />

que a seqüência <strong>do</strong>s nutrientes que mais limitaram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

umbuzeiro, em relação ao tratamento completo (to<strong>do</strong>s os nutrientes), foi: N<br />

> P > Ca > Zn > B > S > K > Mg (Figura 6).<br />

A exigência nutricional apresentada anteriormente é um reflexo <strong>do</strong><br />

potencial <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> nutrientes pelo solo.<br />

Figura 6: Crescimento relativo em matéria seca da parte aérea e <strong>do</strong><br />

sistema radicular <strong>de</strong> umbuzeiros submeti<strong>do</strong>s aos diversos<br />

tratamentos com subtração <strong>do</strong>s nutrientes<br />

Fonte: Silva et al. (2002).


Em trabalho com omissão <strong>de</strong> macronutrientes em solução nutritiva,<br />

realiza<strong>do</strong> na <strong>UFLA</strong> (da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s), constatou-se que, em or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente, os macronutrientes que mais limitaram a produção <strong>de</strong> matéria<br />

seca <strong>do</strong> umbuzeiro foram: Ca > N > K > Mg > S > P, o que po<strong>de</strong> ser<br />

verifica<strong>do</strong> pelos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 6.<br />

Em outro trabalho com omissão <strong>de</strong> micronutrientes realiza<strong>do</strong> por Sá<br />

et al. (2003), também da <strong>UFLA</strong>, a or<strong>de</strong>m foi: Fe > B > Zn > Zn+Cu > Cu ><br />

Mn; assim, o <strong>de</strong>senvolvimento da planta, durante o perío<strong>do</strong> experimental,<br />

foi menos afeta<strong>do</strong> pela omissão <strong>de</strong> Mn e mais afeta<strong>do</strong> pela omissão <strong>de</strong> Fe,<br />

conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 7.<br />

Tabela 6: Matéria seca (g planta -1 ) <strong>de</strong> raiz, caule, folha e total; relação parte<br />

aérea/raiz e crescimento relativo (CR%) <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro<br />

sob o efeito da aplicação <strong>do</strong>s diferentes tratamentos.<br />

Tratamento Raiz Caule Folha Total PA/R CR*<br />

Completo<br />

- P<br />

- S<br />

- Mg<br />

- K<br />

- N<br />

13,86 a 1<br />

18,13 a<br />

16,45 a<br />

6,32 b<br />

5,06 b<br />

6,93 b<br />

43,63 a 1<br />

45,79 a<br />

42,53 a<br />

11,84 b<br />

14,20 b<br />

8,98 b<br />

15,42 a 1<br />

13,59 a<br />

15,87 a<br />

9,59 b<br />

6,70 b<br />

4,98 b<br />

72,95 a 1<br />

77,50 a<br />

74,85 a<br />

27,74 b<br />

25,96 b<br />

20,89 b<br />

4,11 a 1<br />

3,30 a<br />

3,65 a<br />

3,39 a<br />

4,85 a<br />

2,13 a<br />

44<br />

100,0<br />

106,2<br />

102,6<br />

38,0<br />

35,6<br />

28,6<br />

- Ca 2,20 b 5,67 b 4,20 b 12,07 b 4,58 a 16,5<br />

C.V. (%) 30,15 41,06 47,69 39,35 30,56 -----<br />

1 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem significativamente ao nível <strong>de</strong> 5<br />

% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> pelo teste Scott & Knott.<br />

*Referente à matéria seca total.<br />

Fonte: da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s


45<br />

Tabela 7: Altura (cm), diâmetro <strong>do</strong> caule (mm), matéria seca (g planta -1 ) <strong>de</strong><br />

raiz, caule, folha e total e a relação parte aérea/raiz <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong><br />

umbuzeiro após 75 dias da aplicação <strong>do</strong>s diferentes tratamentos 1 .<br />

Tratamento Raiz Caule Folha Total P.A/R<br />

Completo 7,21ab 33,15a<br />

14,24a 54,61a 6,57ab<br />

- B<br />

5,28bc 12,21d<br />

4,42cd 22,92c 3,36c<br />

- Cu<br />

7,12ab 30,66ab 13,9a 51,69a 6,32ab<br />

- Fe<br />

3,92c 6,92d<br />

2,84d 13,69c 2,50c<br />

- Mn<br />

7,93a 33,90a 12,63a 54,46a 5,86ab<br />

- Zn<br />

5,73bc 23,78c 7,58bc 37,10b 5,56b<br />

- (Zn+Cu) 5,25bc 24,56bc<br />

11,17ab 40,98b 6,97a<br />

D.M.S. 2,07 6,44<br />

3,96 11,53 1,36<br />

C.V. (%) 14,85 11,80<br />

18,08 39,35 11,18<br />

1<br />

Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem significativamente ao nível<br />

<strong>de</strong> 5 % <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> pelo teste Tukey.<br />

Fonte: Sá et al. (2003).<br />

NITROGÊNIO<br />

6.4. Sintomas <strong>de</strong> Deficiência Nutricional<br />

6.4.1. Macronutrientes<br />

As folhas mais velhas per<strong>de</strong>m, gradualmente, a tonalida<strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-<br />

escura e passa para ver<strong>de</strong>-páli<strong>do</strong>, com posterior amarelecimento distribuí<strong>do</strong>,<br />

uniformemente, por to<strong>do</strong> o limbo foliar (Figura 7 B).


Com a intensificação da <strong>de</strong>ficiência, toda a planta se torna<br />

amarelecida, apresentan<strong>do</strong> um reduzi<strong>do</strong> crescimento; as folhas per<strong>de</strong>m o<br />

brilho, ocorren<strong>do</strong> queda prematura.<br />

FÓSFORO<br />

As plantas apresentam uma coloração amarelada nas bordas das<br />

folhas mais velhas (Figura 7 C2). Há uma alteração na arquitetura das<br />

plantas <strong>de</strong>ficientes em P - o ângulo <strong>do</strong>s ramos plagiotrópicos fica mais<br />

fecha<strong>do</strong> em relação ao ramo ortotrópicos, no senti<strong>do</strong> da base para o ápice<br />

(Figura 7 C1).<br />

As raízes crescem mais, sen<strong>do</strong> esse um mecanismo <strong>do</strong> umbuzeiro<br />

para sobreviver e produzir em solos pobres em P, como naqueles em que<br />

sua ocorrência é natural.<br />

POTÁSSIO<br />

Inicialmente, caracteriza-se por uma clorose das folhas mais novas<br />

(Figura 7 D) (re<strong>de</strong> ver<strong>de</strong> fina das nervuras sobre fun<strong>do</strong> amarela<strong>do</strong>); esse<br />

sintoma também é <strong>de</strong>scrito para a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Fe. Malavolta et al. (1997)<br />

citam que em algumas culturas a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K induz a uma <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> Fe, em razão <strong>do</strong> acúmulo <strong>de</strong>sse último nos internódios (dificulda<strong>de</strong>s no<br />

46


47<br />

transporte). Posteriormente, com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, é observada<br />

uma pequena necrose marginal das pontas das folhas, inician<strong>do</strong>-se pelas<br />

folhas mais velhas.<br />

A Completo B<br />

C1<br />

- P Completo<br />

Figura 7: Folhas sem sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência nutricional (A); sintomas foliares<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> N (B); <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> inserção <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong><br />

plantas <strong>de</strong>ficientes em P comparadas com plantas <strong>do</strong> tratamento<br />

completo (C1); sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> P nas folhas(C2) e<br />

sintomas iniciais <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K (D) em umbuzeiro.<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

C2<br />

D<br />

- N<br />

- K


CÁLCIO<br />

A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Ca acarreta anormalida<strong>de</strong>s visuais nas folhas mais<br />

novas, seguidas <strong>de</strong> murchamento das gemas terminais, com posterior morte<br />

<strong>de</strong>stas (Figura 8 A). Há uma necrose ao longo das margens das folhas,<br />

caracterizada por “queimaduras” <strong>de</strong> coloração par<strong>do</strong>-escura e enrolada sobre<br />

si mesma, com as bordas recurvadas para cima. Com a evolução da<br />

<strong>de</strong>ficiência, há queda prematura das folhas.<br />

Na Figura 8 B, é apresenta<strong>do</strong> o sistema radicular <strong>do</strong> umbuzeiro<br />

cresci<strong>do</strong> na ausência <strong>de</strong> Ca. As raízes mostraram-se engrossadas e pouco<br />

volumosas e com uma aparência esbranquiçada.<br />

MAGNÉSIO<br />

A princípio, as folhas mais velhas apresentam uma leve coloração<br />

amarela ao longo da nervura principal. Com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, a<br />

clorose expan<strong>de</strong>-se entre as nervuras das folhas, permanecen<strong>do</strong> a região<br />

próxima da nervura principal colorida <strong>de</strong> amarelo mais intenso (Figura 8 C).<br />

Antece<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à abscisão, as folhas passaram da coloração amarela para uma<br />

cor arroxeada. Nesse estágio, ao simples toque <strong>do</strong>s <strong>de</strong><strong>do</strong>s, as folhas<br />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>m-se da planta.<br />

48


49<br />

A<br />

C D<br />

- Mg<br />

Figura 8: Planta <strong>de</strong>ficiente em Ca (A), <strong>de</strong>talhe das raízes <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong>ficientes em<br />

Ca (B), evolução <strong>do</strong>s sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Mg (C) e sintoma <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> S (D) em umbuzeiro.<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

ENXOFRE<br />

Os sintomas caracterizam-se por uma leve clorose nas folhas mais<br />

novas (Figura 8 D). Os últimos pares <strong>de</strong> folhas lança<strong>do</strong>s apresentam-se mais<br />

B<br />

- Ca - Ca<br />

- S


estreitos em relação aos últimos pares lança<strong>do</strong>s em uma planta sem<br />

problemas nutricionais (Figura 7 A).<br />

A parte terminal <strong>do</strong> caule apresenta-se com uma textura levemente<br />

mais lisa e uma coloração ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao marrom, enquanto em plantas não<br />

<strong>de</strong>ficientes, a cor <strong>do</strong> caule é esver<strong>de</strong>ada.<br />

6.4.2. Micronutrientes<br />

Na figura 9 verificam-se algumas das alterações ocorridas no<br />

umbuzeiro quan<strong>do</strong> o nutriente foi omiti<strong>do</strong> na solução nutritiva, contrastan<strong>do</strong><br />

com o tratamento completo (Figura 9 A).<br />

BORO<br />

A <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> boro é observada nas folhas mais novas, que<br />

mesmas apresentam uma leve clorose internerval, que evolui <strong>do</strong> centro para<br />

as bordas da folhas. Em seguida, essas folhas tornam-se amareladas,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se um fun<strong>do</strong> levemente clorótico. Em seqüência, as folhas<br />

encurvam-se e se retorcem-se para baixo, ocorren<strong>do</strong> uma acentuada queda<br />

<strong>do</strong>s primeiros pares <strong>de</strong> folhas, persistin<strong>do</strong> as mais velhas. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> B<br />

50


51<br />

<strong>de</strong>termina também a morte <strong>do</strong>s pontos vegetativos apicais (Figura 9 B), em<br />

parte, provocan<strong>do</strong> secamento <strong>do</strong>s ápices <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte (dieback).<br />

A <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> B em umbuzeiros causa a formação <strong>de</strong> folhas menores e<br />

mais espessas em relação às folhas normais.<br />

FERRO<br />

A falta <strong>de</strong> Fe causa alteração na coloração das folhas novas,<br />

conforme mostra a Figura 9 C, apresentan<strong>do</strong> uma tonalida<strong>de</strong> arroxeada no<br />

caule, contrastan<strong>do</strong> nitidamente com o resto amarela<strong>do</strong> <strong>do</strong> limbo. Com a<br />

severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência e conseqüente queda <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> clorofila, as<br />

folhas tornam-se totalmente cloróticas e, em seguida, esbranquiçadas,<br />

contribuin<strong>do</strong> para o atraso <strong>do</strong> crescimento das plantas.<br />

MANGANÊS<br />

Os sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> Mn, na fase inicial, são bran<strong>do</strong>s e<br />

visualiza<strong>do</strong>s nas folhas mais sombreadas, tornan<strong>do</strong> mais perceptível (Figura<br />

9 D) com a severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência. As folhas mais jovens, no início da<br />

<strong>de</strong>ficiência, apresentam-se com esparsas áreas cloróticas adjacentes à<br />

nervura principal. Com a severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência, observa-se nas folhas a<br />

progressão <strong>do</strong>s pontos cloróticos a necróticos, sem contu<strong>do</strong>, ocasionar a


queda das mesmas. As plantas <strong>de</strong>ficientes em Mn apresentam, durante um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senvolvimento aparentemente normal, com as<br />

folhas atingin<strong>do</strong> dimensões até mesmo maiores, quan<strong>do</strong> comparadas às<br />

plantas sem <strong>de</strong>ficiência. Uma característica bastante interessante observada<br />

nas plantas <strong>de</strong>ficientes em Mn é um engrossamento da parte basal <strong>do</strong> caule<br />

(fase <strong>de</strong> muda).<br />

ZINCO<br />

Plantas <strong>de</strong>ficientes em Zn manifestam alterações morfológicas mais<br />

pronunciadas nas folhas mais jovens. Conforme po<strong>de</strong> ser visualiza<strong>do</strong> na<br />

Figura 10 A, observa-se que o principal sintoma <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> zinco<br />

consiste na produção <strong>de</strong> folhas pequenas e estreitas, algumas vezes<br />

retorcidas. Além da formação <strong>de</strong> folhas pequenas próximas entre si e com<br />

áreas cloróticas entre as nervuras, há a formação <strong>de</strong> ramos com internódios<br />

curtos.<br />

52


53<br />

A<br />

C D<br />

Figura 9: Mudas <strong>de</strong> umbuzeiro submetida à omissão <strong>de</strong> micronutrientes:<br />

(A) (completa); (B) ausência <strong>de</strong> B; (C) ausência <strong>de</strong> Fe; (D)<br />

ausência <strong>de</strong> Mn.<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

COBRE<br />

As plantas <strong>de</strong>ficientes em Cu apresentam inicialmente áreas<br />

cloróticas e esparsas nas folhas mais novas. À medida que a <strong>de</strong>ficiência se<br />

agrava, os limbos foliares mostraram-se com alterações morfológicas, e as<br />

folhas tomam uma disposição “vertical” (orelha <strong>de</strong> zebu), conforme Figura<br />

B


9 H. É observa<strong>do</strong> em umbuzeiros <strong>de</strong>ficientes em Cu a emissão <strong>de</strong> gemas<br />

vegetativas axilares múltiplas, originan<strong>do</strong> brotações com folhas diminutas.<br />

C<br />

A B<br />

+ Zn - Zn<br />

Figura 10: Mudas <strong>de</strong> umbuzeiro submetidas à omissão <strong>de</strong><br />

micronutrientes:(A) ausência <strong>de</strong> Zn; (B) ausência <strong>de</strong> Cu: (C<br />

e D) ausência simultânea <strong>de</strong> Cu e Zn.<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

D<br />

54


55<br />

DEFICIÊNCIA SIMULTÂNEA DE ZINCO E COBRE<br />

Nos sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências, quan<strong>do</strong> ocorrem conjuntamente,<br />

observa-se que limbos foliares apresentam uma superfície<br />

enrugada/<strong>de</strong>formada, originan<strong>do</strong> folhas diminutas, cloróticas e com leve<br />

crestamento nas pontas. As plantas formam folhas pequenas, mais estreitas<br />

e, com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, essas folhas pequenas e mais estreitas<br />

mostraram-se pen<strong>de</strong>ntes, com seus ápices volta<strong>do</strong>s para baixo, conforme a<br />

Figura 10 C. De mo<strong>do</strong> semelhante à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Cu, é observada a<br />

emissão <strong>de</strong> gemas vegetativas axilares múltiplas, originan<strong>do</strong> brotações com<br />

folhas diminutas (Figura 10 D).<br />

6.5. Exportação <strong>de</strong> N, P e K<br />

Silva et al. (1991a) analisaram os teores <strong>de</strong> N, P e K em diversas<br />

partes <strong>do</strong> umbuzeiro na fase da frutificação e concluíram que, ao final<br />

<strong>de</strong>ssa, as folhas continham os teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> N (21,5 g kg -1 ) em<br />

relação às <strong>de</strong>mais partes da planta, enquanto os teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> K<br />

(33,5 g kg -1 ) foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s na polpa da túbera, sen<strong>do</strong> esse último o<br />

nutriente mais exporta<strong>do</strong> (1,90 kg tonelada -1 <strong>de</strong> fruto) pelo fruto por


ocasião da colheita, segui<strong>do</strong> pelo N (1,19 kg por tonelada <strong>de</strong> fruto) e, em<br />

menor quantida<strong>de</strong>, pelo P (0,28 kg por tonelada <strong>de</strong> fruto), conforme<br />

apresenta<strong>do</strong> na Tabela 8.<br />

Tabela 8: Quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nutrientes exporta<strong>do</strong>s por ocasião da colheita, em<br />

mg fruto -1 e em g ton -1 <strong>de</strong> fruto fresco e em mg 100g -1 <strong>de</strong> polpa<br />

fresca <strong>de</strong> umbu.<br />

Nutriente mg fruto -1 g ton -1 fruto fresco mg 100g -1 <strong>de</strong><br />

polpa<br />

N<br />

23,7<br />

1.190,0<br />

69,0<br />

P<br />

5,6<br />

281,0<br />

18,0<br />

K<br />

37,9<br />

1.903,0<br />

146,0<br />

Fonte: Silva et al. (1991a)<br />

A época <strong>do</strong> ano influencia a concentração <strong>de</strong> um mesmo nutriente,<br />

conforme a parte amostrada e durante o repouso vegetativo. Os teores<br />

foliares <strong>de</strong> N, P e K ten<strong>de</strong>ram a se reduzir <strong>do</strong> início para o final da<br />

frutificação. O crescimento mais acelera<strong>do</strong> <strong>do</strong>s frutos se dá <strong>do</strong> trigésimo ao<br />

sexagésimo dia <strong>do</strong> início da frutificação, sen<strong>do</strong> a absorção <strong>de</strong> N, P e K<br />

maior nesse perío<strong>do</strong>, como apresenta<strong>do</strong> na Tabela 9.<br />

56


57<br />

Tabela 9: Concentração (g kg -1 ) e acumulação (mg fruto -1 ) <strong>de</strong> nitrogênio, fósforo e<br />

potássio ocorridas durante o crescimento <strong>do</strong> fruto <strong>de</strong> umbu na região <strong>do</strong><br />

Curimatau Pernambucano.<br />

Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fruto Nitrogênio Fósforo o Potássio o<br />

(dias) g kg -1 mg<br />

fruto -1<br />

g kg -1 mg fruto -1 g kg -1 mg fruto -<br />

1<br />

15<br />

30<br />

45<br />

60<br />

75<br />

90<br />

7,90<br />

12,00<br />

8,70<br />

7,30<br />

6,10<br />

5,40<br />

0,40<br />

2,20<br />

10,00<br />

11,50<br />

12,80<br />

14,60<br />

Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1991b).<br />

1,40<br />

1,70<br />

1,50<br />

1,20<br />

1,20<br />

1,00<br />

0,07<br />

0,31<br />

1,72<br />

1,88<br />

2,52<br />

2,70<br />

6.6. Tolerância a Ambientes Salinos<br />

13,40<br />

16,10<br />

14,30<br />

13,50<br />

15,5<br />

14,30<br />

0,70<br />

2,90<br />

16,44<br />

21,19<br />

32,55<br />

38,61<br />

Até então, apenas no trabalho <strong>de</strong> Neves (2003) testou-se a tolerância<br />

<strong>do</strong> umbuzeiro à salinida<strong>de</strong> por NaCl, sen<strong>do</strong> o mesmo conduzi<strong>do</strong> na fase <strong>de</strong><br />

muda e em solução nutritiva. Os resulta<strong>do</strong>s são interessantes, pois<br />

constatou-se uma tolerância mo<strong>de</strong>rada das mudas quan<strong>do</strong> cultivadas em<br />

solução conten<strong>do</strong> até 31 mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a uma<br />

condutivida<strong>de</strong> elétrica <strong>de</strong> 3,2 dS m -1 (Tabela 10).<br />

Nessa concentração, as mudas reduziram a produção <strong>de</strong> matéria seca<br />

em 40%; entretanto, não se <strong>de</strong>tectaram sintomas visuais <strong>de</strong> injúrias causa<strong>do</strong>s


por sódio, o que só ocorreu em concentrações superiores a 40 mmol L -1 <strong>de</strong><br />

NaCl. Esses foram caracteriza<strong>do</strong>s por clorose, seguida <strong>de</strong> necrose no ápice<br />

e margens das folhas mais velhas, <strong>de</strong>sfolhamento e morte <strong>de</strong> plantas na<br />

concentração máxima testada (100 mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl), conforme Figura 11<br />

a,b.<br />

Tabela 10: Classificação das mudas <strong>de</strong> umbuzeiro quanto à tolerância à<br />

salinida<strong>de</strong> em solução nutritiva.<br />

Classificação Redução na<br />

produção da matéria<br />

Tolerante<br />

Mo<strong>de</strong>radamente tolerante<br />

Mo<strong>de</strong>radamente sensível<br />

Sensível<br />

Fonte: Neves (2003).<br />

seca (%)<br />

< 20<br />

21 - 40<br />

41 - 60<br />

> 60<br />

NaCl (mmol L -<br />

1 )<br />

< 16,0<br />

16,0 – 31,0<br />

31,1 – 53,0<br />

> 53,0<br />

58<br />

<strong>Produção</strong> <strong>de</strong> matéria<br />

seca apresentada (g<br />

planta -1 )<br />

13,24 - 10,60<br />

10,59 – 7,98<br />

7,97 – 5,28<br />

< 5,27


59<br />

Figura 7: Folhas sem sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência nutricional (A); sintomas foliares<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> N (B); <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> inserção <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong><br />

plantas <strong>de</strong>ficientes em P comparadas com plantas <strong>do</strong> tratamento<br />

completo (C1); sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> P nas folhas(C2) e<br />

sintomas iniciais <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K (D) em umbuzeiro.<br />

Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />

Quan<strong>do</strong> o umbuzeiro foi submeti<strong>do</strong> a uma baixa concentração salina,<br />

houve uma compartimentalização <strong>do</strong> sódio nas raízes. Quan<strong>do</strong> a<br />

concentração <strong>de</strong> Na no meio foi aumentada, as mudas não conseguiram<br />

manter o mesmo nível <strong>de</strong> compartimentalização nas raízes, translocan<strong>do</strong><br />

mais sódio para a parte aérea (Figura 12 b) e, assim, as plantas sentiram as<br />

injúrias da toxi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Na.<br />

a b


Analisan<strong>do</strong> a Figura 12.a, verifica-se que até a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 20 mmol L -1<br />

<strong>de</strong> NaCl, o sódio praticamente não se acumulou nas folhas, enquanto o<br />

acúmulo nas raízes já era consi<strong>de</strong>rável. Com esse resulta<strong>do</strong>, infere-se que as<br />

mudas <strong>de</strong> umbuzeiro não têm mecanismo <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> Na <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

absorção; entretanto, elas toleram uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Na graças à<br />

compartimentalização nas raízes.<br />

〇 R: y = 15,053 + 1,0987x – 0,0103x 2 R 2 = 0,77**<br />

ٱ C: y = 5,822 + 0,4193x – 0,0035x 2 R 2 = 0,66**<br />

∆ F: y = 1,9047 + 2,7182x – 0,0205x 2 R 2 = 0,95**<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

a b<br />

0 20 40 60 80 100<br />

mmol L-1 <strong>de</strong> NaCl<br />

60<br />

〇 Na: y = 12,444 + 0,510x R 2 = 0,92**<br />

ٱ Cl: y = 44,502 + 0,751x –0,0045x 2 R 2 = 0,98**<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100<br />

mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl<br />

Figura 12: Acúmulo <strong>de</strong> Na nas raízes-R, caule-C e folhas-F (a) e<br />

translocação <strong>de</strong> Na e Cl para a parte aérea <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong><br />

umbuzeiro. (**) significativo a 1%.<br />

Fonte: Neves (2003).<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento inicial <strong>de</strong> umbuzeiros no campo, na época<br />

não chuvosa, faz-se necessária a prática da irrigação. Na região semi-árida<br />

nor<strong>de</strong>stina, uma das formas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> água para essa prática é por


61<br />

meio <strong>de</strong> poços tubulares que, na maioria das vezes, apresentam água salina.<br />

Saben<strong>do</strong> que o umbuzeiro, na fase <strong>de</strong> muda, tolera mo<strong>de</strong>radamente uma<br />

certa concentração salina, po<strong>de</strong>rá ser utilizada a água proveniente <strong>de</strong>ssa<br />

fonte nos primeiros meses <strong>de</strong> implantação da cultura. Essa área <strong>do</strong><br />

conhecimento ainda é bastante carente <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s mais aprofunda<strong>do</strong>s,<br />

tornan<strong>do</strong>-se assim, um campo aberto à pesquisa.<br />

7. UTILIZAÇÃO ATUAL<br />

O umbuzeiro é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a região nor<strong>de</strong>stina porque<br />

representa a principal fonte <strong>de</strong> ingresso para muitas famílias na época da<br />

safra; contu<strong>do</strong>, a sua exploração ainda é praticamente toda extrativista.<br />

O umbu costuma ser consumi<strong>do</strong> in natura e na forma <strong>de</strong> suco, mas sua<br />

polpa é muito usada em <strong>do</strong>ces, sorvetes, licores e na tradicional<br />

“umbuzada”, muito apreciada pelos sertanejos (Corrêa, 1978).<br />

Sua polpa passou a ser consi<strong>de</strong>rada para compor misturas <strong>de</strong> sucos<br />

tropicais para o merca<strong>do</strong> externo, o que levou as indústrias a fazerem<br />

investimentos consi<strong>de</strong>ráveis em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 80 visan<strong>do</strong> a produzir<br />

sucos <strong>de</strong> fruteiras tropicais, inclusive <strong>do</strong> umbu. Apesar <strong>de</strong>ssa situação, a


produção comercial <strong>de</strong> umbuzeiro continuou insignificante (Queiroz et al.,<br />

1993).<br />

Sua ma<strong>de</strong>ira é utilizada para obras internas, caixotaria e pastas para<br />

papel. A casca tem aplicações medicinais (Corrêa, 1978).<br />

Os xilopódios são usa<strong>do</strong>s para a fabricação <strong>do</strong>s aprecia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces <strong>de</strong><br />

cafofa. Elas fornecem também água potável <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s medicinais,<br />

usada na medicina caseira para a cura <strong>de</strong> diarréias e verminoses. A casca <strong>do</strong><br />

caule é também recomendada para o tratamento <strong>de</strong> diarréias e <strong>de</strong> outras<br />

moléstias. Segun<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s (1990), o suco das túberas é uma bebida<br />

saudável, proporcionan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ses apreciáveis <strong>de</strong> sais minerais (Tabelas 3 e 4)<br />

e <strong>de</strong> vitaminas, principalmente <strong>de</strong> vitamina C, com eficiente efeito curativo<br />

nos casos <strong>de</strong> escorbuto.<br />

A maior importância econômica para o umbu está na sua<br />

industrialização sob a forma <strong>de</strong> polpa. Seu suco tem boa aceitação, o que<br />

propicia o surgimento <strong>de</strong> indústrias para o processamento e a conservação<br />

<strong>do</strong> produto <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> interno e externo. Para isso, bastaria o<br />

incentivo para o cultivo em escala comercial.<br />

62


63<br />

8. VALOR NUTRICIONAL<br />

O umbu é uma fruta saborosa e nutritiva, rica em minerais, ami<strong>do</strong> e<br />

vitamina C. Representa uma das principais fontes <strong>de</strong> vitamina C <strong>de</strong> que<br />

dispõe a população da zona semi-árida nor<strong>de</strong>stina. Em 100 g da polpa,<br />

encontram-se 44 calorias, 33,3 mg <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico, 20 mg <strong>de</strong> Ca, 2 mg<br />

<strong>de</strong> Fe, 14 mg <strong>de</strong> P, 0,6 g <strong>de</strong> proteína, 30 mg <strong>de</strong> vitamina A, 0,04 mg <strong>de</strong><br />

vitamina B1, 0,04 mg <strong>de</strong> vitamina B2 e 33 mg <strong>de</strong> vitamina C (Almeida &<br />

Valsechi, 1966). Em média, os sóli<strong>do</strong>s solúveis totais, medi<strong>do</strong> em ºBrix, é<br />

<strong>de</strong> 11,6.<br />

9. PRAGAS E DOENÇAS (Gomes et al., 1986; Men<strong>de</strong>s, 1990)<br />

Como se sabe, quase to<strong>do</strong> umbu colhi<strong>do</strong> é proveniente <strong>do</strong><br />

extrativismo, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que os apanha<strong>do</strong>res a<strong>de</strong>ntram matas ou<br />

fazendas semi-<strong>de</strong>smatadas e, nesses ambientes, ainda há um certo equilíbrio<br />

ecológico, e, por isso, as pragas e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> umbuzeiro não provocam<br />

gran<strong>de</strong>s danos. A partir <strong>do</strong> momento em que os gran<strong>de</strong>s plantios comerciais


se instalarem, os estu<strong>do</strong>s das pragas e <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>spertarão maior interesse<br />

<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.<br />

9.1. Pragas<br />

COCHONILHA ESCAMA-FARINHA<br />

A cochonilha escama-farinha (Pinnaspis spp.) é um coccí<strong>de</strong>o provi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

carapaça, pertencente à or<strong>de</strong>m Homoptera, que parasita os ramos finos e os<br />

frutos <strong>do</strong> umbuzeiro, forman<strong>do</strong> colônias. Para o seu controle, pulveriza-se<br />

toda a planta com óleos emulsionáveis a 1% (1 L <strong>do</strong> produto para 100 L <strong>de</strong><br />

água), <strong>de</strong> preferência nas últimas horas da tar<strong>de</strong> para evitar queimaduras nas<br />

folhas.<br />

CUPIM<br />

O cupim (Cryptotermes spp) escava galerias no caule, prejudican<strong>do</strong> o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da planta. No sertão nor<strong>de</strong>stino, é a principal praga<br />

registrada. O controle <strong>de</strong>ve ser feito à base <strong>de</strong> inseticidas fumigantes. Essa<br />

praga não causa a morte da planta, mesmo com alguns prejuízos a ela -<br />

64


65<br />

ambos (planta e cupim) conseguem sobreviver. Pela observação <strong>de</strong> campo,<br />

percebe-se que as plantas mais velhas são mais afetadas.<br />

ABELHA IRAPUÁ<br />

A abelha irapuá (Trigona spinipis) <strong>de</strong>strói parcialmente a casca e a polpa<br />

<strong>do</strong>s frutos, <strong>de</strong> preferência aqueles semimaduros, provocan<strong>do</strong> sua queda e o<br />

apodrecimento precoce. Para seu controle, a forma mais eficiente é a<br />

<strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s ninhos que ficam, na mesma planta e/ou em plantas não<br />

muito distanciadas.<br />

MOSCA-BRANCA<br />

As folhas <strong>do</strong> umbuzeiro são atacadas pela mosca-branca (Aleurodicus<br />

cocois), que forma colônias nas folhas, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sugam a seiva. As folhas<br />

ficam cloróticas, <strong>de</strong>pois secam e caem. Seu ataque propicia a formação <strong>de</strong><br />

fumagina, prejudican<strong>do</strong> a fotossíntese. Recomenda-se, para seu controle, a<br />

aplicação <strong>de</strong> inseticidas sistêmicos, como os fosfora<strong>do</strong>s, adicionan<strong>do</strong>-se<br />

óleos emulsionáveis.


LAGARTA-DE-FOGO<br />

A lagarta-<strong>de</strong>-fogo (Megalopyge lantana) ataca as folhas, <strong>de</strong>voran<strong>do</strong>-as.<br />

Se o controle não for feito logo, os danos po<strong>de</strong>m ser bastante significativos,<br />

pois a área fotossintética das plantas fica comprometida. O controle po<strong>de</strong> ser<br />

feito com a aplicação <strong>de</strong> inseticidas à base <strong>de</strong> carbamatos e fosfora<strong>do</strong>s.<br />

VAQUINHA-PATRIOTA<br />

A vaquinha-patriota (Diabrotica specosa) alimenta-se das folhas.<br />

Recomenda-se no seu controle o uso <strong>de</strong> fosfora<strong>do</strong>s sistêmicos.<br />

MANÉ-MAGRO<br />

O mané-magro (Stipbra algabobae) é um inseto que ataca as folhas <strong>do</strong><br />

umbuzeiro, e para o controle, recomenda-se o uso <strong>de</strong> inseticidas fosfora<strong>do</strong>s.<br />

VERRUGOSE<br />

9.2. Doenças<br />

A verrugose <strong>do</strong> umbuzeiro é ocasionada pelo patógeno Elsinoe sp.<br />

afetan<strong>do</strong> diretamente a produção <strong>de</strong> frutos. Os sintomas iniciais nas folhas,<br />

66


67<br />

ramos e frutos são pequenas manchas nas quais o teci<strong>do</strong> apresenta aparência<br />

encharcada, <strong>de</strong>primida e <strong>de</strong>pois essas manchas apresentam-se como lesões<br />

corticosas, salientes, <strong>de</strong> coloração cinza-escura. No seu controle, os<br />

fungicidas cúpricos têm apresenta<strong>do</strong> eficiência. Quan<strong>do</strong> a incidência é<br />

baixa, apenas uma pulverização é suficiente, preferencialmente após a<br />

florada. Quan<strong>do</strong> a incidência é alta, <strong>de</strong>vem-se efetuar duas aplicações: a<br />

primeira, antes <strong>do</strong> florescimento, visan<strong>do</strong> à diminuição <strong>do</strong> inoculo, e a<br />

segunda, quan<strong>do</strong> 2/3 das flores tiverem caí<strong>do</strong>.<br />

SEPTORIOSE<br />

A septoriose é ocasionada pelo patógeno Septoria sp. A planta infectada<br />

apresenta folhas com manchas necróticas, superficiais, circulares, <strong>de</strong><br />

coloração cinzenta com pontuações negras, que são os picnídios <strong>do</strong> fungo. A<br />

<strong>do</strong>ença ocasiona, geralmente, um intenso <strong>de</strong>sfolhamento. Para seu controle,<br />

é recomendada a retirada das folhas atacadas, além <strong>de</strong> eventual tratamento<br />

com fungicida cúprico.


10. COLHEITA E PÓS-COLHEITA<br />

A colheita <strong>do</strong> umbu é feita manualmente, e a safra perdura por <strong>do</strong>is a<br />

três meses. Para uma boa comercialização, impõe-se uma colheita cuida<strong>do</strong>sa<br />

e criteriosa. Os frutos não <strong>de</strong>vem sofrer quaisquer injúrias que venham ferir<br />

significativamente a casca (na linguagem <strong>do</strong>s apanha<strong>do</strong>res: “não <strong>de</strong>ve<br />

rachar”), pois seria porta aberta para a proliferação <strong>de</strong> agentes patogênicos,<br />

além <strong>de</strong> causar mau aspecto <strong>do</strong> produto comercializa<strong>do</strong> in natura.<br />

O umbu é um fruto climatério, ou seja, completa sua maturação após a<br />

colheita. Portanto, os frutos <strong>de</strong>vem ser colhi<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> estiverem bem<br />

forma<strong>do</strong>s e se apresentarem no estádio <strong>de</strong> vez ou próximo <strong>de</strong>le, isto é,<br />

quan<strong>do</strong> a cor da casca começar a se transformar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-escura para ver<strong>de</strong>-<br />

clara brilhante a ligeiramente amarelada. Nesse ponto, a textura da casca<br />

apresenta-se mais lisa em relação ao fruto ainda ver<strong>de</strong>.<br />

Narain et al. (1991) realizaram um estu<strong>do</strong> na qual atestaram ser o<br />

estádio <strong>de</strong> vez o mais indica<strong>do</strong> para a colheita, tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista físico<br />

quanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista químico, como está apresenta<strong>do</strong> na Tabela 11.<br />

Pela análise <strong>de</strong>ssa tabela, verifica-se que os frutos no estádio <strong>de</strong> vez são<br />

mais pesa<strong>do</strong>s e volumosos, apresentan<strong>do</strong> também um maior percentual <strong>de</strong><br />

polpa (64,62%) em relação às <strong>de</strong>mais partes <strong>do</strong> fruto, sen<strong>do</strong> esse percentual<br />

68


69<br />

<strong>de</strong> 54,48 e 54,24 para os frutos ver<strong>de</strong>s e maduros, respectivamente. Os<br />

valores referentes ao brix e ao pH são maiores nos frutos maduros;<br />

entretanto, como é um fruto climatério, se for colhi<strong>do</strong> no estádio <strong>de</strong> vez,<br />

esses valores ten<strong>de</strong>m a aumentar, pois o processo <strong>de</strong> maturação irá<br />

continuar. Além <strong>do</strong> mais, o fruto no estádio <strong>de</strong> vez apresenta maior<br />

consistência, o que proporciona maior resistência ao transporte e influência<br />

na manutenção <strong>do</strong> fruto por maior tempo no merca<strong>do</strong>.<br />

Tabela 11: Alguns parâmetros físicos e químicos <strong>de</strong> frutos <strong>do</strong> umbuzeiro (valores<br />

médios).<br />

----------------------- grau <strong>de</strong> amadurecimento ----------------------<br />

Parâmetro ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> vez (“incha<strong>do</strong>”) Maduro<br />

pH<br />

º Brix<br />

Peso <strong>do</strong> fruto (g)<br />

Peso da semante (g)<br />

Peso da casca (g)<br />

Peso da polpa (g)<br />

Volume <strong>do</strong> fruto (cm 3 2,9<br />

3,0<br />

3,3<br />

9,3<br />

8,9<br />

10,2<br />

10,95<br />

19,02<br />

16,19<br />

2,19<br />

3,05<br />

4,28<br />

2,72<br />

3,66<br />

2,90<br />

6,04<br />

12,32<br />

9,01<br />

) 10,3<br />

16,43<br />

14,40<br />

Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Narain et al. (1991).<br />

Como os umbuzeiros são plantas altas e <strong>de</strong> copa larga, recomenda-se<br />

a utilização <strong>de</strong> escadas ou colbe<strong>do</strong>r <strong>de</strong> saco (tetéia) para facilitar a operação<br />

<strong>de</strong> colheita. No sertão nor<strong>de</strong>stino, é comum a colheita ser realizada sem<br />

esses instrumentos. O apanha<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua habilida<strong>de</strong>, sobe no<br />

umbuzeiro e, com um saco (pano ou nylon) amarra<strong>do</strong> à cintura ou


<strong>de</strong>pendura<strong>do</strong> ao pescoço, colhe os frutos sem causar-lhes danos físicos.<br />

Entretanto, essa é uma operação que, muitas vezes, acaba em pequenos<br />

aci<strong>de</strong>ntes, pois a casca <strong>do</strong>s galhos é bastante lisa e a ma<strong>de</strong>ira não tem alta<br />

resistência.<br />

Infelizmente, graças ao incentivo <strong>de</strong> alguns produtores <strong>de</strong> polpa, a<br />

colheita em algumas regiões não tem obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> aos critérios anteriormente<br />

cita<strong>do</strong>s e os frutos, ainda ver<strong>de</strong>s (imaturos), <strong>de</strong> vez e maduros, são<br />

<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma indistinta, juntamente com a <strong>de</strong>rruba <strong>de</strong> folhas e galhos<br />

novos. Esse procedimento coloca em risco a vida produtiva das plantas e sua<br />

produtivida<strong>de</strong> para as colheitas futuras.<br />

Por esses e outros motivos, o extrativismo está com seus dias<br />

conta<strong>do</strong>s. Frutos advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> plantios comerciais <strong>de</strong>verão, em médio prazo,<br />

superar aqueles <strong>do</strong> extrativismo e nesse, caso, espera-se maior<br />

racionalização no processo <strong>de</strong> colheita.<br />

Para uma boa apresentação ao merca<strong>do</strong>, principalmente o <strong>do</strong> fruto in<br />

natura, os frutos colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser acondiciona<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>samente em<br />

caixas plásticas, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minimizar danos mecânicos, e<br />

mantidas à sombra, para evitar o aquecimento e aceleração da maturação.<br />

Os frutos <strong>de</strong>vem ser lava<strong>do</strong>s, secos, seleciona<strong>do</strong>s por tamanho e grau <strong>de</strong><br />

maturação, <strong>de</strong>scartan<strong>do</strong>-se os <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>s e/ou imprestáveis para o<br />

70


71<br />

consumo. Ressalta-se que a maioria <strong>do</strong> umbu comercializa<strong>do</strong> no país não<br />

segue esses cuida<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong>, ainda, transporta<strong>do</strong>s “a granel” em caminhões.<br />

10.1. Utilização <strong>do</strong> Xilopódio<br />

A utilização <strong>do</strong> xilopódio <strong>do</strong> umbuzeiro para a fabricação <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces,<br />

farinhas, retirada <strong>de</strong> água etc é uma prática comum entre os sertanejos;<br />

entretanto, ocorre em pequena escala, pois os subprodutos <strong>de</strong>sse fruto são<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s apenas à culinária local. A expansão da retirada <strong>de</strong>ssas estruturas<br />

para níveis comerciais se torna preocupante, pois elas servem como reserva<br />

<strong>de</strong> água e nutrientes para as plantas, dan<strong>do</strong>-lhes suporte para enfrentar as<br />

condições adversas ocasionadas pela falta d’água.<br />

Cavalcanti et al. (2002) publicaram um estu<strong>do</strong> no qual verificaram<br />

que a retirada parcial (1 quadrante por ano) <strong>de</strong> xilopódios não é fator<br />

limitante na frutificação <strong>do</strong> umbuzeiro. Entretanto, mesmo não sen<strong>do</strong> fator<br />

limitante, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar que nas safras posteriores à retirada <strong>de</strong> cada<br />

quadrante, houve uma redução na produção <strong>de</strong> frutos (Tabela 12). Esse<br />

estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> para apenas um ciclo <strong>de</strong> retiradas. Os mesmos autores<br />

alertaram que a redução na produção <strong>de</strong> frutos também foi verificada nas


plantas em que não se retiraram os xilopódios (grupo II); assim, essa<br />

redução não esteve associada somente à retirada <strong>de</strong>ssas estruturas.<br />

Tabela 12: Percentuais <strong>de</strong> redução na produção <strong>de</strong> frutos nas plantas <strong>de</strong><br />

umbuzeiros <strong>do</strong>s grupos I (com retirada <strong>de</strong> xilopódios*) e II (sem<br />

retira da xilopódios), avaliadas <strong>de</strong> 1996 a 1999.<br />

Grupo I % <strong>de</strong> redução na produção Grupo II % <strong>de</strong> redução na produção<br />

<strong>de</strong> frutos em relação à safra<br />

<strong>de</strong> frutos em relação à safra<br />

anterior<br />

anterior<br />

Safra/96<br />

-5,56<br />

Safra/96<br />

-7,55<br />

Safra/97<br />

-11,94<br />

Safra/97<br />

-19,85<br />

Safra/98<br />

-14,24<br />

Safra/98<br />

-24,83<br />

Safra/99<br />

*um quadrante safra<br />

-15,52<br />

Safra/99<br />

-7,75<br />

-1 .<br />

Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cavalcanti et al. (2002)<br />

Toda e qualquer técnica em que se lance mão <strong>de</strong> práticas predativas<br />

é maléfica para a sustentabilida<strong>de</strong>, levan<strong>do</strong>, conseqüentemente, a um<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio ambiental.<br />

Um único umbuzeiro po<strong>de</strong> produzir até 3.000 kg <strong>de</strong> xilopódios; no<br />

entanto, em média, essa produção é <strong>de</strong> 700 Kg por planta e <strong>de</strong> 1,93 kg por<br />

xilopódio.<br />

72


73<br />

10.2. Mão-<strong>de</strong>-Obra empregada na coleta <strong>do</strong> umbu<br />

A agricultura familiar da região semi-árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste brasileiro<br />

tem sua sustentabilida<strong>de</strong> na exploração <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> subsistência (milho,<br />

feijão e mandioca) e, principalmente, na criação <strong>de</strong> caprinos e <strong>de</strong> ovinos. Os<br />

pequenos agricultores <strong>de</strong>ssa região convivem com uma situação bastante<br />

peculiar quanto às fontes <strong>de</strong> renda, das quais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m para sua<br />

sobrevivência, pois seus sistemas <strong>de</strong> produção são constituí<strong>do</strong>s basicamente<br />

pela agricultura <strong>de</strong> subsistência e pela pecuária extensiva.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, há outras fontes <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-<br />

obra, bastante significativas, como o extrativismo vegetal, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> especial<br />

o <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro. Essa ativida<strong>de</strong> assegura em maior parte a<br />

subsistência <strong>do</strong>s pequenos agricultores, cujo processo produtivo baseia-se,<br />

principalmente, na agricultura <strong>de</strong> subsistência.<br />

Segun<strong>do</strong> Araujo (2000), os negócios com o umbu na região semi-<br />

árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a colheita, comercialização,<br />

processamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces e polpas, chegam a ren<strong>de</strong>r cerca <strong>de</strong> R$ 6 milhões ao<br />

ano para economia regional. Talvez essa estimativa esteja subvalorizada,<br />

pois aí não se conta, por exemplo, os frutos que são consumi<strong>do</strong>s pelas<br />

famílias nas áreas <strong>de</strong> coleta, nem os animais que são ceva<strong>do</strong>s (suínos, por


exemplo) e vendi<strong>do</strong>s ou consumi<strong>do</strong>s. Na Tabela 13, é apresentada a<br />

distribuição <strong>do</strong> trabalho das famílias localizadas próximas a comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

coleta <strong>do</strong> umbu, no Esta<strong>do</strong> da Bahia, em época <strong>de</strong> safra. O extrativismo <strong>do</strong><br />

fruto <strong>do</strong> umbuzeiro é muito importante para a maioria das famílias <strong>de</strong><br />

pequenos agricultores das 16 comunida<strong>de</strong>s analisadas. Em média, 79,11%<br />

das famílias <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s tiveram pessoas envolvidas na colheita <strong>do</strong><br />

fruto <strong>do</strong> umbuzeiro, com <strong>de</strong>staque para a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barracão, on<strong>de</strong><br />

100% das famílias participaram <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> (Cavalcanti et al., 1998,<br />

cita<strong>do</strong> por Cavalcanti et al., 2002).<br />

Quanto ao tempo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à colheita, na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fazendinha,<br />

os agricultores trabalharam em média 71 dias colhen<strong>do</strong> umbu. Outras<br />

comunida<strong>de</strong>s que se <strong>de</strong>stacaram foram a <strong>de</strong> Xique-xique e Conceição, on<strong>de</strong><br />

os agricultores <strong>de</strong>dicaram-se, em média, 68 dias à colheita <strong>do</strong> umbu. A<br />

média geral entre as comunida<strong>de</strong>s foi <strong>de</strong> 59,69 dias por agricultor <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s<br />

à colheita.<br />

Por meio <strong>de</strong>sses resulta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>monstra-se a importância <strong>de</strong>ssa<br />

ativida<strong>de</strong> na absorção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para os pequenos agricultores <strong>de</strong>ssa<br />

região, principalmente, pelo ao fato <strong>de</strong> que no perío<strong>do</strong> da safra <strong>do</strong> umbu não<br />

há outras alternativas para absorção da mão-<strong>de</strong>-obra disponíveis na região.<br />

Já em relação à geração <strong>de</strong> renda, a venda <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro<br />

74


75<br />

proporcionou aos agricultores uma renda média <strong>de</strong> 2,22 salários mínimos<br />

vigentes na época.<br />

Em termos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a média <strong>de</strong> frutos<br />

colhi<strong>do</strong>s por grupo <strong>de</strong> produtores, a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fazendinha <strong>de</strong>stacou-se,<br />

com uma produção média <strong>de</strong> 3.419,36 kg <strong>de</strong> frutos colhi<strong>do</strong>s por agricultor.<br />

Tabela 13: Distribuição absoluta e relativa <strong>do</strong>s pequenos agricultores das<br />

Comunida<strong>de</strong>s<br />

Faz. Saco<br />

Conceição<br />

Morro Branco<br />

Fazendinha<br />

Mulumgu<br />

Favela<br />

Barração<br />

Várzea<br />

Riacho <strong>do</strong> Mocó<br />

Lage Gran<strong>de</strong><br />

São Miguel<br />

Santo Antonio<br />

Xique-xique<br />

Boa Sorte<br />

Lagoa <strong>do</strong>s<br />

Currais<br />

Russinha<br />

comunida<strong>de</strong>s que participam <strong>do</strong> extrativismo <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro<br />

na safra <strong>de</strong> 1998.<br />

Nº <strong>de</strong><br />

famílias<br />

envolvidas<br />

na colheita<br />

(n) -1 (%)<br />

17---77,27<br />

13 -- 92,86<br />

8 - 72,73<br />

25 – 86,21<br />

5 ---71,43<br />

18---–90,0<br />

23 -----100<br />

14 -–73,68<br />

6 ----75,0<br />

5 ----62,5<br />

4 ----6,67<br />

28-- 84,85<br />

14---82,35<br />

12 – 85,71<br />

7-- 77,78<br />

4 – 66,67<br />

Nº <strong>de</strong> pessoas<br />

que<br />

participam da<br />

colheita<br />

família -1<br />

(n) -2 (%)<br />

3 -------60,00<br />

4 ------ 57,14<br />

2 ------ 66,67<br />

3 ------ 75,00<br />

2 ------ 66,67<br />

4 ------ 80,00<br />

4 ------ 71,43<br />

3 ------– 75,0<br />

2 –---- 50,00<br />

2 –---- 66,67<br />

3 –---- 100,0<br />

4 –---- 80,00<br />

4 –---- 66,67<br />

3 –---- 75,00<br />

2 -----–66,67<br />

2 ----– 50,00<br />

Perío<strong>do</strong><br />

médio <strong>de</strong><br />

colheita<br />

(dias)<br />

(horas)<br />

64 -------7<br />

68--------6<br />

62—-----8<br />

71--------6<br />

67—----4<br />

65—-----6<br />

64-----—8<br />

66--------7<br />

47—-----6<br />

56—-----6<br />

44—-----7<br />

62—-----8<br />

68—-----7<br />

46--------6<br />

47—-----6<br />

58--------6<br />

Média <strong>de</strong><br />

frutos<br />

colhi<strong>do</strong>s por<br />

pessoa<br />

(kg perío<strong>do</strong> -<br />

1<br />

)<br />

3.015,68<br />

3.151,12<br />

2.486,82<br />

3.419,36<br />

3.295,06<br />

3.001,05<br />

2.833,28<br />

2.652,54<br />

1.963,19<br />

2.644,32<br />

2.120,36<br />

2.489,92<br />

2.796,16<br />

1.985,82<br />

2.076,46<br />

2.627,40<br />

(-1) Número <strong>de</strong> famílias por comunida<strong>de</strong><br />

(-2) Número <strong>de</strong> pessoas; Obs. Salário mínimo da época R$ 120,00<br />

Fonte: Cavalcanti et al. (1998), cita<strong>do</strong> por Cavalcanti et al. (2002).<br />

Renda<br />

média por<br />

pessoa<br />

R$<br />

301,57<br />

315,11<br />

248,68<br />

341,94<br />

329,51<br />

300,11<br />

283,33<br />

265,25<br />

196,32<br />

264,43<br />

212,04<br />

248,99<br />

279,62<br />

198,58<br />

207,65<br />

262,74


11. COMERCIALIZAÇÃO<br />

A comercialização é feita diretamente pelos atravessa<strong>do</strong>res das<br />

comunida<strong>de</strong>s, que fazem o extrativismo <strong>do</strong> umbu nas margens das ro<strong>do</strong>vias<br />

e feiras livres. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no Parque Dom Pedro, nos meses <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro a fevereiro, é comum o comércio <strong>de</strong> umbu. Esse umbu é<br />

originário, em sua maioria, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia e é transporta<strong>do</strong> em<br />

caminhões abertos.<br />

Devi<strong>do</strong> á gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> genética existente no umbuzeiro, as<br />

qualida<strong>de</strong>s organolépticas <strong>do</strong>s frutos que são transporta<strong>do</strong>s num mesmo<br />

carregamento são muito variáveis. Assim, um consumi<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> comprar<br />

frutos originários <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada planta, os quais são a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>s e têm<br />

a casca pouco espessa, e outro, comprar frutos <strong>do</strong> mesmo comerciante,<br />

aze<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> casca muito espessa. Ou seja, na comercialização <strong>do</strong> umbu, não<br />

existe ainda uma padronização para o fruto.<br />

Num teste realiza<strong>do</strong> pelo autor na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória da Conquista –<br />

Ba, em três supermerca<strong>do</strong>s, no ano <strong>de</strong> 1999, foram expostos, la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>,<br />

frutos <strong>de</strong> umbu seleciona<strong>do</strong>s e acondiciona<strong>do</strong>s em embalagens plásticas,<br />

com 12 frutos cada uma, e frutos não seleciona<strong>do</strong>s e amontoa<strong>do</strong>s, sem que<br />

houvesse distinção <strong>de</strong> preço e os consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ram preferência aos frutos<br />

76


77<br />

amontoa<strong>do</strong>s e não seleciona<strong>do</strong>s. Tal escolha se <strong>de</strong>veu ao hábito <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res em “apertar” os frutos, comportamento esse secular,<br />

provavelmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sconfiança <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res quanto aos<br />

produtores. Felizmente, esse comportamento tem muda<strong>do</strong> nos últimos anos<br />

e, num futuro próximo, talvez não se encontrem frutas que não tenham um<br />

padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e classificação, mesmo que em pequenas quantida<strong>de</strong>s.<br />

O umbu é uma fruta altamente perecível. Depois <strong>de</strong> colhida no seu<br />

estádio <strong>de</strong> vez, se não for acondicionada em ambientes refrigera<strong>do</strong>s, sua vida<br />

útil é <strong>de</strong> aproximadamente 4 dias. Essa característica é mais um entrave à<br />

comercialização.<br />

Almeida (1999) sugere que frutos maduros <strong>de</strong> umbu sejam conserva<strong>do</strong>s<br />

sob refrigeração a 5º C, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser armazena<strong>do</strong>s nessas condições por até<br />

15 dias. Caso os frutos sejam colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vez, esses po<strong>de</strong>rão ser<br />

armazena<strong>do</strong>s sob refrigeração a 10º C por até 30 dias.<br />

12 PRODUÇÃO NACIONAL<br />

O umbuzeiro é uma espécie frutífera ainda pouco explorada, com<br />

pequenas áreas <strong>de</strong>stinadas ao cultivo comercial, porém, com gran<strong>de</strong>


potencial sócio-econômico. Sua produção está restrita a algumas regiões <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste e <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. A fruta é consumida em<br />

quase toda sua totalida<strong>de</strong> in natura, no merca<strong>do</strong> interno <strong>de</strong>ssas regiões ou<br />

em gran<strong>de</strong>s centros, como São Paulo e Brasília, on<strong>de</strong> sua aceitação tem si<strong>do</strong><br />

crescente.<br />

É oportuno ressaltar que, no ano <strong>de</strong> 1982, a produção <strong>de</strong> umbu<br />

registrada pelo IBGE foi <strong>de</strong> 37.555 toneladas (Cunha, 1982). Essa produção<br />

reduziu para cerca <strong>de</strong> 19.000 toneladas em 1989 e 11.639 toneladas em<br />

1994 (IBGE , 1994). No ano <strong>de</strong> 2001, esse valor atingiu 9.919 toneladas.<br />

Essa redução é um reflexo da extração predativa praticada pelos<br />

apanha<strong>do</strong>res nas regiões <strong>de</strong> coleta e da falta <strong>de</strong> renovação <strong>do</strong> plantel natural,<br />

pois plantas novas <strong>de</strong> umbuzeiro dificilmente conseguem crescer em<br />

ambientes on<strong>de</strong> existam ovinos, caprinos ou bovinos, pois, por serem<br />

palatáveis, suas folhas são preferidas por esses animais.<br />

Espera-se que nos próximos anos a produção <strong>de</strong> umbu retome seu<br />

crescimento, pois aí já <strong>de</strong>verão estar inseridas as produções oriundas <strong>do</strong>s<br />

novos plantios comerciais.<br />

Ressalta-se apenas a preocupação para a conservação das plantas<br />

nativas e, na instalação <strong>de</strong> pomares comerciais, essas <strong>de</strong>vem ser<br />

78


79<br />

conservadas, mesmo que inferiores produtivamente, pois isso garantirá a<br />

variabilida<strong>de</strong> genética da espécie.<br />

Até então, a consciência da maioria <strong>do</strong>s nor<strong>de</strong>stinos é a da<br />

preservação <strong>do</strong> umbuzeiro, pois não raro se vêem terras <strong>de</strong>smatadas, on<strong>de</strong> a<br />

única espécie que resta é a <strong>do</strong> umbuzeiro - “árvore sagrada <strong>do</strong> sertão”. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, também o po<strong>de</strong>r público está agin<strong>do</strong> e, na maioria <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

nor<strong>de</strong>stinos, existem leis <strong>de</strong>claran<strong>do</strong> o umbuzeiro como planta não-passível<br />

<strong>de</strong> corte.<br />

Antes <strong>de</strong> se falar em merca<strong>do</strong> externo para essa fruta, tem-se que<br />

torná-la conhecida pelos brasileiros das regiões não-produtoras. Lima et al.<br />

(2000) citam o <strong>de</strong>sejo da conquista <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> exterior, principalmente o<br />

europeu, pois, segun<strong>do</strong> esses autores, existem boas perspectivas em nível<br />

mundial, com amplas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação <strong>do</strong> suco, o que, segun<strong>do</strong><br />

Khan et al. (2003), já vem acontecen<strong>do</strong> com a polpa, que, no ano <strong>de</strong> 2003,<br />

foi exportada para Alemanha, Holanda e Suíça.<br />

Na Tabela 14, é ressalta<strong>do</strong> o total <strong>de</strong> polpas produzidas na região<br />

su<strong>de</strong>ste da Bahia. De um total <strong>de</strong> 18.646,0 t, 5,1% referem-se à polpa <strong>de</strong><br />

umbu, ou seja, 950 t, sen<strong>do</strong> necessária para a produção <strong>de</strong>ssa polpa a<br />

compra <strong>de</strong> 1.803,7 t <strong>do</strong> fruto. Analisan<strong>do</strong> os valores apresenta<strong>do</strong>s por Khan<br />

et al. (2003), po<strong>de</strong>-se ter uma idéia <strong>de</strong> que os valores apresenta<strong>do</strong>s pelo


IBGE (9.919 t) para a produção anual <strong>de</strong> umbu parecem não ser<br />

representativos daquilo que realmente é produzi<strong>do</strong>, servin<strong>do</strong> apenas para um<br />

comparativo, que leva à conclusão <strong>de</strong> que a produção global diminuiu nos<br />

últimos anos.<br />

Tabela 14: Destino e quantida<strong>de</strong> comercializada da produção <strong>de</strong> polpas <strong>de</strong><br />

frutas das agroindústrias da Região Su<strong>de</strong>ste da Bahia, 2002.<br />

Destino das vendas<br />

Merca<strong>do</strong> interno<br />

Quantida<strong>de</strong> (t) %<br />

Acre<br />

69,3<br />

0,4<br />

Alagoas<br />

4,0<br />

0,0<br />

Bahia<br />

11.883,2<br />

63,7<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

929,2<br />

5,0<br />

Espírito Santo<br />

247,8<br />

1,3<br />

Goiás<br />

109,0<br />

0,6<br />

Minas Gerais<br />

2.795,3<br />

15,0<br />

Pernambuco<br />

34,7<br />

0,2<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

511,4<br />

2,8<br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte<br />

18,0<br />

0,1<br />

Sergipe<br />

25,4<br />

0,1<br />

São Paulo<br />

903,7<br />

4,8<br />

Subtotal<br />

Merca<strong>do</strong> externo<br />

17.531,0<br />

94,0<br />

Alemanha<br />

361,6<br />

1,9<br />

Holanda<br />

361,6<br />

1,9<br />

Suíça<br />

391,8<br />

2,2<br />

Subtotal<br />

1.115,0<br />

6,0<br />

TOTAL<br />

Fonte: Khan et al. (2003).<br />

18.646,0<br />

100,0<br />

80


81<br />

12.1 Esta<strong>do</strong>s Produtores<br />

De to<strong>do</strong> umbu produzi<strong>do</strong> no Brasil, 99,7% são advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste, sen<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> da Bahia responsável por 86,4%, Pernambuco<br />

com 6,5% e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte com 2,8%. O restante da produção é<br />

proveniente da Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Piauí.<br />

Na safra 2003/2004, o saco com 50 kg <strong>de</strong> umbu, colhi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />

extrativa, foi pago aos apanha<strong>do</strong>res a R$ 15,00 no município <strong>de</strong> Dom<br />

Basílio-Ba. Cabe esclarecer que a maior parte <strong>do</strong>s lucros advin<strong>do</strong> <strong>do</strong> umbu<br />

acaba por ficar nas mãos <strong>do</strong>s atravessa<strong>do</strong>res. Políticas públicas que<br />

incentivem a industrialização <strong>do</strong>s frutos po<strong>de</strong>m incrementar a renda média<br />

das famílias que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> extrativismo <strong>do</strong> umbu na época <strong>de</strong> coleta. O<br />

governo da Bahia vem tentan<strong>do</strong>, sem gran<strong>de</strong> sucesso, por meio da EBDA<br />

(Empresa Baiana <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrícola), programas que visam à<br />

agregação <strong>de</strong> valor e melhoria da renda das famílias das áreas <strong>de</strong> coleta.<br />

Entre esses programas, <strong>de</strong>staca-se a distribuição <strong>de</strong> mudas enxertadas, <strong>de</strong><br />

potencial produtivo comprova<strong>do</strong> e com características <strong>do</strong>s frutos que<br />

agradam aos consumi<strong>do</strong>res.


13. INDUSTRIALIZAÇÃO<br />

A industrialização <strong>do</strong> fruto, nas formas <strong>de</strong> <strong>do</strong>ce, geléia, compotas,<br />

concentra<strong>do</strong> para sorvete, polpa, suco e passas, po<strong>de</strong> garantir uma maior<br />

expansão <strong>de</strong>ssa cultura (Men<strong>de</strong>s, 1990). O sabor agri<strong>do</strong>ce e a excelente<br />

característica <strong>de</strong> aroma são fatores fundamentais para a industrialização da<br />

polpa e para compor misturas <strong>de</strong> sucos tropicais, objetivan<strong>do</strong> a expansão <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> interno e abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo, o que minimizaria gran<strong>de</strong>s<br />

perdas durante as safras e incentivaria a intensificação <strong>do</strong> cultivo comercial.<br />

O processamento <strong>do</strong> umbu para a produção <strong>de</strong> polpa é a principal<br />

forma <strong>de</strong> industrialização <strong>de</strong>ssa fruta, exceto o consumo in natura, é<br />

consumi<strong>do</strong> a maior parte <strong>do</strong>s frutos colhi<strong>do</strong>s. Diversas empresas já<br />

comercializam sua polpa regularmente. Entretanto, há dificulda<strong>de</strong>s na<br />

regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecimento da matéria-prima pela falta <strong>de</strong> seu cultivo em<br />

larga escala.<br />

As etapas para o processamento da polpa <strong>de</strong> umbu acompanham o<br />

seguinte cronograma: inicia-se com a recepção da matéria-prima; a seguir,<br />

os frutos são conduzi<strong>do</strong>s para a seção <strong>de</strong> lavagem e <strong>de</strong>sinfestação externa, e<br />

posteriormente, para a área <strong>de</strong> seleção e remoção das sementes. O próximo<br />

passo é a <strong>de</strong>sintegração, que é feita em <strong>de</strong>spolpa<strong>do</strong>r. As etapas finais são: a<br />

82


83<br />

<strong>de</strong>saeração a vácuo, necessária para a manutenção da cor, aroma, sabor e <strong>do</strong><br />

teor <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico <strong>do</strong> produto final; após a <strong>de</strong>saeração, proce<strong>de</strong>-se à<br />

pasteurização e, finalmente, o produto é acondiciona<strong>do</strong> em embalagens que<br />

serão comercializadas. O armazenamento se dá sob resfriamento.<br />

A produção <strong>de</strong> picles <strong>do</strong> xilopódio <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbu, com até 120<br />

dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser uma alternativa a mais <strong>de</strong> renda para os produtores,<br />

pois, em uma avaliação sensorial realizada por Cavalcanti et al. (1998), esse<br />

produto, prepara<strong>do</strong> à base <strong>de</strong> 2,5% <strong>de</strong> salmoura e 0,5 <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico,<br />

teve uma boa aceitação. A produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbu po<strong>de</strong> ser realizada<br />

durante to<strong>do</strong> o ano; assim, o picles po<strong>de</strong> ser uma fonte <strong>de</strong> renda para os<br />

produtores, sem a distinção <strong>de</strong> época.<br />

13.1 Industrialização Caseira <strong>do</strong> Umbu<br />

Quanto ao aspecto sócio-econômico, a maior importância <strong>do</strong> umbu<br />

parece estar na sua “face oculta”, isto é, no seu aproveitamento em termos<br />

da sua industrialização. Essa ativida<strong>de</strong> proporcionaria uma melhoria na<br />

renda das populações pobres <strong>do</strong> meio rural on<strong>de</strong> o umbu é abundante. No<br />

mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong>ste ano, em reportagem sobre frutíferas <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, o


Globo Repórter <strong>de</strong>stacou as potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> umbu e indicou a sua<br />

industrialização caseira como uma alternativa para os sertanejos.<br />

O potencial <strong>de</strong> aproveitamento <strong>do</strong> umbu é pouco explora<strong>do</strong>, haja<br />

vista que simples tecnologias não chegam aos agricultores. Buscan<strong>do</strong> dar<br />

uma nova perspectiva para as famílias que vivem próximas às áreas <strong>de</strong><br />

coleta <strong>do</strong> umbu, a EBDA catalogou e divulgou as principais receitas<br />

caseiras <strong>de</strong> subprodutos <strong>de</strong>ssa fruta (Campos, 1994). Algumas <strong>de</strong>ssas<br />

receitas são apresentadas aqui:<br />

UMBUZADA RÚSTICA<br />

Ingredientes:<br />

1 litro <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong> ou “incha<strong>do</strong>”<br />

1 litro e meio <strong>de</strong> água<br />

2 xícaras <strong>de</strong> raspas <strong>de</strong> rapadura<br />

1 litro e meio <strong>de</strong> leite<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar:<br />

Lavar os umbus, colocá-los numa panela com a água, levan<strong>do</strong>-os ao<br />

fogo para cozinhar. Após o cozimento (o ponto <strong>de</strong> cozimento coinci<strong>de</strong> com<br />

o ponto <strong>de</strong> fervura da água) <strong>do</strong>s umbus, escorrer a água, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os esfriar.<br />

84


85<br />

Em seguida, utilizar uma peneira para separar a massa <strong>do</strong>s caroços;<br />

acrescenta-se o leite e a raspa <strong>de</strong> rapadura. Depois, é só servir.<br />

UMBUZADA MODERNA<br />

Ingredientes:<br />

1 litro <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong> ou “incha<strong>do</strong>”<br />

1 litro e meio <strong>de</strong> água<br />

1 xícara e meia <strong>de</strong> açúcar (+/- 220 g)<br />

1 litro e meio <strong>de</strong> leite<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar:<br />

Lavar os umbus, colocá-los numa panela com a água, levan<strong>do</strong>-os ao<br />

fogo para cozinhar. Após o cozimento (o ponto <strong>de</strong> cozimento coinci<strong>de</strong> com<br />

o ponto <strong>de</strong> fervura da água) <strong>do</strong>s umbus, escorrer a água, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os esfriar.<br />

Em seguida, utilizar uma peneira para separar a massa <strong>do</strong>s caroços, levan<strong>do</strong>-<br />

a ou liquidifica<strong>do</strong>r; acrescenta-se o leite e o açúcar. Depois, é só servir,<br />

natural ou gelada.


DOCE DE UMBU<br />

Ingredientes:<br />

3 litros <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong>, que darão 3 xícaras <strong>de</strong> massa<br />

3 xícaras <strong>de</strong> açúcar<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />

Lavar os frutos, retirar os pedúnculos e colocar <strong>de</strong> molho por 12 horas<br />

(opcional). Cozinhar os umbus até o ponto <strong>de</strong> fervura; em seguida, escorrer,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> esfriar para passar na peneira (para separar a massa <strong>do</strong>s caroços).<br />

Depois, mistura-se a massa ao açúcar e leve ao fogo bran<strong>do</strong>, mexa até que a<br />

mistura solte <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da panela. Uma boa maneira <strong>de</strong> verificar o ponto é<br />

quan<strong>do</strong> uma gota <strong>do</strong> produto conserva sua forma quan<strong>do</strong> jogada em água<br />

fria.<br />

Neves et al. (1999) sugerem a relação <strong>de</strong> 0,7:1 (açúcar: massa) e a<br />

adição <strong>de</strong> 0,01% <strong>de</strong> sorbato <strong>de</strong> potássio para a conservação, sem<br />

refrigeração, por até 6 meses, em vasilhas fechadas. Sem a adição <strong>de</strong>sse<br />

conservante, Xavier (1999) conseguiu 2 meses <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> prateleira para o<br />

<strong>do</strong>ce <strong>de</strong> umbu armazena<strong>do</strong> em temperatura ambiente.<br />

86


87<br />

COMPOTA DE UMBU<br />

Ingredientes:<br />

2 litros <strong>de</strong> umbu “incha<strong>do</strong>”<br />

1 litro <strong>de</strong> água<br />

1 quilo <strong>de</strong> açúcar<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />

Para obter a calda, mistura-se a água com o açúcar, leva-se ao fogo<br />

bran<strong>do</strong>, sempre mexen<strong>do</strong>, até o ponto <strong>de</strong> fervura. Caso se utilize o açúcar<br />

não refina<strong>do</strong>, adicionar meia clara <strong>de</strong> ovo bati<strong>do</strong> em neve para clarificar a<br />

calda, coan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois.<br />

Descascar os frutos ou, se preferir, po<strong>de</strong> utilizá-los com casca. Em<br />

seguida, colocar os frutos e a calda em vidros esteriliza<strong>do</strong>s, fechar e colocar<br />

em banho-maria durante 30 minutos. Deixar esfriar e acondicionar, <strong>de</strong><br />

preferência, em local fresco.<br />

SUCO INTEGRAL DE UMBU<br />

Lavar os frutos maduros, esmagá-los e, em seguida, separar os caroços<br />

com auxílio <strong>de</strong> uma peneira.


SUCO DE UMBU (POLPA COMERCIAL)<br />

1 litro <strong>de</strong> leite / água<br />

3 polpas <strong>de</strong> 200 g<br />

8 colheres <strong>de</strong> açúcar<br />

PASTA CONCENTRADA DE UMBU<br />

Utilizar frutos ver<strong>de</strong>s ou “incha<strong>do</strong>s”, lavan<strong>do</strong>-os e, em seguida, levar<br />

ao fogo até o ponto <strong>de</strong> fervura da água. Deixar esfriar e retirar os caroços.<br />

Mexer até formar uma pasta; colocar o concentra<strong>do</strong> em vidros esteriliza<strong>do</strong>s<br />

e fecha<strong>do</strong>s. O concentra<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> na fabricação <strong>de</strong> umbuzada,<br />

picolé, sorvete, geléia, refresco, etc. Caso se tenha on<strong>de</strong> congelar, po<strong>de</strong> ser<br />

conserva<strong>do</strong> por vários meses.<br />

XAROPE DE UMBU<br />

Ingredientes:<br />

800 mL <strong>de</strong> suco integral <strong>de</strong> umbu<br />

½ kg <strong>de</strong> açúcar refina<strong>do</strong><br />

½ litro <strong>de</strong> água<br />

88


89<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />

Misturar a água com o açúcar, levan<strong>do</strong> ao fogo e mexen<strong>do</strong> sempre, até<br />

o ponto <strong>de</strong> fervura, para fazer a calda. Posteriormente, junta-se à calda o<br />

suco integral e continue mexen<strong>do</strong> até o ponto da nova fervura. Coe e <strong>de</strong>ixe<br />

esfriar e estará pronto para o consumo.<br />

UMBUZEITONA<br />

O termo umbuzeitona foi cria<strong>do</strong> pelo fato <strong>de</strong> a azeitona ser bastante<br />

conhecida no meio culinário e a conserva <strong>do</strong>s frutos ver<strong>de</strong>s <strong>do</strong> umbu ser<br />

pouco conhecida.<br />

Os frutos <strong>de</strong>vem ser colhi<strong>do</strong>s ainda ver<strong>de</strong>s (figas), retiran<strong>do</strong>-se os<br />

pedúnculos e lava<strong>do</strong>s em água filtrada, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os secar à sombra. Depois,<br />

colocar os frutos em recipientes <strong>de</strong> vidro com capacida<strong>de</strong> para 500 mL, com<br />

tampa, <strong>de</strong>vidamente esteriliza<strong>do</strong> e acrescentar o sal <strong>de</strong> cozinha na proporção<br />

<strong>de</strong> uma colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal para cada vidro. Ao término <strong>de</strong> 30 dias, o<br />

produto estará pronto para o consumo, substituin<strong>do</strong>, assim, as azeitonas.


SALADA DE FOLHAS VERDES DE UMBU<br />

Retirar galhos com folhas novas e sadias, lavar em água e, em seguida,<br />

temperar com sal, limão, cebola, azeite e ornamentar com umbuzeitona e<br />

tomates em ro<strong>de</strong>las.<br />

LICOR DE UMBU<br />

Selecione frutos maduros e sadios e lave-os em água corrente.<br />

Esmague os frutos com as mãos e coloque a casca e a polpa em uma vasilha,<br />

adicione aguar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cana e <strong>de</strong>ixe a mistura em repouso durante 8 dias.<br />

Depois, filtre em coa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pano e acondicione o prepara<strong>do</strong> à calda (0,5 kg<br />

<strong>de</strong> açúcar em 1L <strong>de</strong> água), na relação <strong>de</strong> meio litro <strong>de</strong> calda para um litro <strong>de</strong><br />

prepara<strong>do</strong>. Em seguida, acondicione em garrafas <strong>de</strong> vidro.<br />

Essas foram algumas das receitas mais utilizadas pelos sertanejos,<br />

existin<strong>do</strong> entretanto, muitas outras.<br />

14. UMA REFLEXÃO<br />

O pesquisa<strong>do</strong>r da Embrapa Everal<strong>do</strong> Rocha Porto publicou (via<br />

internet) um texto intitula<strong>do</strong>: “O Semi-Ári<strong>do</strong> Brasileiro: quem me <strong>de</strong>ra ter<br />

90


91<br />

um!”. Nesse, o pesquisa<strong>do</strong>r relata que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> criança escuta<br />

comentários, inclusive <strong>de</strong> pessoas forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> opinião, que o “problema<br />

<strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> brasileiro é a terrível falta d’água”. Em cima disso, os<br />

políticos exploram o discurso da miséria, com o objetivo <strong>de</strong> provocar pena e<br />

compaixão e, como conseqüência, incorpora-se a cultura da falta <strong>de</strong><br />

perspectivas da população em conseguir um <strong>de</strong>senvolvimento rural que lhe<br />

proporcione dias melhores.<br />

Porto ressalva que os problemas realmente existem, mas que essas<br />

lamentações não representam propostas, mas sim, criam espaços para<br />

acomodações. Lembra, ainda, que ao se comparar o trópico semi-ári<strong>do</strong><br />

brasileiro com outras zonas áridas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, se verá que aqui as<br />

potencialida<strong>de</strong>s são bem maiores. Por exemplo, quão rica é a biodiversida<strong>de</strong><br />

da caatinga que, graças a milhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> adaptação, <strong>de</strong>senvolveu<br />

estruturas e mecanismos que tornam possíveis a sobrevivência e<br />

regeneração <strong>de</strong> espécies ao ambiente ári<strong>do</strong> e num curto espaço <strong>de</strong> tempo.<br />

Para <strong>de</strong>stacar o potencial da caatinga, é apresenta<strong>do</strong> o umbuzeiro,<br />

que em <strong>de</strong>terminada época <strong>do</strong> ano apresenta uma aparência esquelética,<br />

<strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> folhas, aparentemente sem vida e, ao simples anunciar da<br />

chuva, po<strong>de</strong>-se observar que essa planta, símbolo <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, floresce toda,


anuncian<strong>do</strong> a regeneração das plantas da caatinga. Planta ímpar, que antes<br />

mesmo <strong>de</strong> lançar novas folhas, já se cobre <strong>de</strong> flores.<br />

Duque (1980) dizia que ao se conhecer melhor as potencialida<strong>de</strong>s da<br />

biodiversida<strong>de</strong> da caatinga, ali se instalaria o progresso. Entretanto, como<br />

diz o dita<strong>do</strong> popular, “antes tar<strong>de</strong> <strong>do</strong> que nunca”, nos últimos anos, o<br />

interesse por essa biodiversida<strong>de</strong> tem aumenta<strong>do</strong> muito. Para <strong>de</strong>stacar esse<br />

interesse, cita-se o Programa 17 – Sistema <strong>de</strong> <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> Frutas - cria<strong>do</strong><br />

pela Embrapa em 1998, que engloba 534 projetos relativos à fruticultura no<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Desse total, 8 são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> umbuzeiro,<br />

representan<strong>do</strong> 1,5% das ações. Parece pouco, mas é o maior incentivo à<br />

pesquisa que essa planta já teve. Espera-se que ações como essa sejam<br />

rotineiras e tecnicamente conduzidas e não eventuais e <strong>de</strong> cunho político.<br />

92<br />

“Falar sobre a cultura <strong>do</strong> umbuzeiro é falar um pouco da<br />

cultura <strong>do</strong> sertanejo, da forma difícil que se lida com a<br />

sobrevivência e <strong>de</strong> toda a esperança num futuro mais<br />

próspero. Essa planta, que ao simples sinal <strong>de</strong> água no<br />

sertão, se prepara para frutificar, é como o sertanejo que<br />

dali não arreda o pé, pois sabe que após uma seca terrível,<br />

haverá <strong>de</strong> ver a riqueza <strong>do</strong> ver<strong>de</strong> <strong>do</strong> sertão”.<br />

Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves


93<br />

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Diante das informações apresentadas neste Boletim, percebe-se que a<br />

cultura <strong>do</strong> umbuzeiro carece, ainda, <strong>de</strong> muitos estu<strong>do</strong>s.<br />

O incentivo por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

para que essa cultura se <strong>de</strong>senvolva, seja fomentan<strong>do</strong> a pesquisa, difundin<strong>do</strong><br />

as informações ou facilitan<strong>do</strong> o conhecimento <strong>do</strong> umbu por parte da<br />

população, ou seja, realizan<strong>do</strong> um marketing <strong>do</strong> produto.<br />

O valor nutricional <strong>de</strong>sse fruto <strong>de</strong>ve ser mais bem estuda<strong>do</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong>, em relação ao seu teor <strong>de</strong> vitamina C e <strong>de</strong> potássio, pois esses<br />

são consi<strong>de</strong>ráveis na composição <strong>do</strong> umbu.<br />

Acredita-se que uma planta capaz <strong>de</strong> crescer e produzir sob as<br />

condições <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino merece muita atenção e, sen<strong>do</strong> uma<br />

planta passível <strong>de</strong> exploração econômica, essa atenção <strong>de</strong>ve ser re<strong>do</strong>brada,<br />

pois, se torna uma alternativa <strong>de</strong> melhoria da renda da população sertaneja.<br />

Assim, espera-se que o umbuzeiro passe a ser visto como uma cultura que<br />

gere renda e não somente como uma cultura que sacia a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino.


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