Tecnologia de Produção do Umbuzeiro - Editora UFLA
Tecnologia de Produção do Umbuzeiro - Editora UFLA
Tecnologia de Produção do Umbuzeiro - Editora UFLA
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras<br />
Pró-Reitoria <strong>de</strong> Extensão<br />
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DO<br />
UMBUZEIRO<br />
(Spondias tuberosa Arr. Cam.)<br />
Ano XI - Número 127<br />
Lavras – 2005<br />
Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves 1<br />
Janice Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho 2
6<br />
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – <strong>UFLA</strong><br />
Ministro: Reitor: Vice-Reitor:<br />
Tarso Genro Antônio Nazareno G.Men<strong>de</strong>s Ricar<strong>do</strong> Pereira Reis<br />
Pró-Reitor <strong>de</strong> Extensão:<br />
Rubens José Guimarães<br />
Pró-Reitor Adjunto <strong>de</strong> Extensão:<br />
Fábio Moreira da Silva<br />
Secretaria:<br />
Ilza Aparecida Gualberto<br />
Maria Elisa Siqueira <strong>de</strong> Oliveira<br />
Kênia Rogéria Felipe<br />
<strong>Editora</strong>ção:<br />
Giovana Daniela <strong>de</strong> Lima<br />
Revisão <strong>de</strong> Português:<br />
Paulo Roberto Ribeiro<br />
Revisão Bibliográfica:<br />
Luiz Carlos <strong>de</strong> Miranda
Sumário<br />
Apresentação...............................................................................05<br />
1. Introdução................................................................................06<br />
2. Características Botânicas e Fisiológicas..................................07<br />
3. Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Recursos Genéticos.............................................. 17<br />
4. Propagação .......................................................................................... 22<br />
5. Manejo Agronômico ........................................................................... 30<br />
6. Nutrição Mineral ................................................................................. 40<br />
7. Utilização Atual .................................................................................. 61<br />
8. Valor Nutricional ................................................................................ 63<br />
9. Pragas e Doenças ................................................................................ 63<br />
10. Colheita e Pós-Colheita..................................................................... 68<br />
11. Comercialização................................................................................ 76<br />
12. <strong>Produção</strong> Nacional ............................................................................ 77<br />
13. Industrialização ................................................................................. 82<br />
14. Uma Reflexão ................................................................................... 90<br />
15. Consi<strong>de</strong>rações Finais......................................................................... 93<br />
16. Literatura Consultada........................................................................ 94<br />
7
APRESENTAÇÃO<br />
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DO<br />
UMBUZEIRO<br />
(Spondias tuberosa Arr. Cam.)<br />
Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves 1<br />
Janice Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho 2<br />
O umbuzeiro não é apenas uma simples frutífera nor<strong>de</strong>stina; ele é,<br />
antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, um <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> representante das potencialida<strong>de</strong>s daquela<br />
região. Está inseri<strong>do</strong> na cultura <strong>do</strong> sertanejo, sen<strong>do</strong> para esse uma planta<br />
sagrada, como bem afirma Eucli<strong>de</strong>s da Cunha em seu livro “Os Sertões”.<br />
Este boletim técnico nasceu <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong>s autores em difundir as<br />
informações produzidas cientificamente sobre o umbuzeiro e publicadas em<br />
diversos artigos, dissertações <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, anais <strong>de</strong><br />
congressos e outros.<br />
As informações até hoje geradas para a cultura <strong>do</strong> umbuzeiro são<br />
poucas, mas po<strong>de</strong>m contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa frutífera e, com<br />
isso, gerar mais renda para as pessoas que usufruem direta ou indiretamente<br />
<strong>de</strong>ssa planta.<br />
____________________________<br />
1. Doutoran<strong>do</strong> em Solos e Nutrição <strong>de</strong> Plantas, Departamento <strong>de</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo / <strong>UFLA</strong><br />
2. Professora <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo/<strong>UFLA</strong>
Acredita-se que esta publicação possa atingir técnicos, produtores e<br />
estudiosos <strong>do</strong> umbuzeiro e que as informações nela contidas possam ser <strong>de</strong><br />
utilida<strong>de</strong> para expansão <strong>de</strong>ssa frutífera.<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
O Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil e o norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais são<br />
conheci<strong>do</strong>s pelas imagens áridas <strong>de</strong> áreas castigadas pela falta <strong>de</strong> chuvas.<br />
Para essas regiões, os órgãos <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> políticas públicas vêm<br />
buscan<strong>do</strong> alternativas econômicas para o <strong>de</strong>senvolvimento regional. É<br />
interessante que esses órgãos centrem-se em alternativas disponíveis na<br />
própria região, sen<strong>do</strong> o umbuzeiro um exemplo <strong>de</strong> alternativa para gerar<br />
renda às famílias sertanejas.<br />
O umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.) é uma frutífera<br />
adaptada às condições <strong>de</strong> estresse hídrico. Os frutos, colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma<br />
extrativista são a principal fonte <strong>de</strong> renda, em <strong>de</strong>terminada época <strong>do</strong> ano,<br />
para milhares <strong>de</strong> famílias.<br />
Os plantios comerciais <strong>de</strong> umbuzeiro, apesar <strong>de</strong> ainda incipientes,<br />
<strong>de</strong>verão aumentar muito nos próximos anos, graças aos poucos estu<strong>do</strong>s, por<br />
6
7<br />
meio <strong>do</strong>s quais procura-se selecionar plantas altamente produtivas, com<br />
características químicas e físicas <strong>do</strong>s frutos que agradam ao merca<strong>do</strong>,<br />
dan<strong>do</strong>, assim, um padrão superior a estes.<br />
Objetivou-se com este boletim reunir as informações, que até então<br />
se encontravam segregadas, colocan<strong>do</strong>-as em uma publicação <strong>de</strong> fácil<br />
leitura.<br />
2. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E FISIOLÓGICAS<br />
2.1. Taxonomia e Denominações<br />
Os primeiros relatos da existência <strong>do</strong> umbuzeiro datam da época da<br />
colonização. A primícia é <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza, quan<strong>do</strong> o cita no seu<br />
Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil. Três séculos se passaram até a sua <strong>de</strong>scrição<br />
científica, a cargo <strong>de</strong> Manuel <strong>de</strong> Arruda Câmara, que o classifica como<br />
espécie Spondias tuberosa, da família Anacardiaceae (Men<strong>de</strong>s, 1990).<br />
A palavra imbu e a variação umbu têm origem no tupi-guarani<br />
“Y’m’bu”, que significa “árvore que dá <strong>de</strong> beber”, em alusão à água contida<br />
nas túberas, que era consumida pelos índios que habitavam as caatingas.
Também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> ombu, ambu e giqui. No idioma inglês, é conheci<strong>do</strong><br />
por brazilian-plum (Corrêa, 1978).<br />
2.2. Centro <strong>de</strong> Origem<br />
O umbuzeiro é uma planta típica <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> agreste, e tem sua<br />
origem no Brasil, precisamente na região semi-árida nor<strong>de</strong>stina. Cresce<br />
espontaneamente nas regiões <strong>do</strong> Cariri paraibano, no planalto, sobre a Serra<br />
da Borborema, nas Serras <strong>do</strong> Seridó norte-rio-gran<strong>de</strong>nse, no agreste<br />
piauiense, no norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e nas caatingas, baiana,<br />
alagoana e pernambucana, on<strong>de</strong> ocorre a maior concentração <strong>de</strong>ssa planta<br />
(Men<strong>de</strong>s, 1990; Lorenzi, 1992).<br />
De acor<strong>do</strong> com Giacometti (1993), o centro <strong>de</strong> alta diversida<strong>de</strong> e<br />
<strong>do</strong>mesticação da espécie Spondias tuberosa encontra-se classifica<strong>do</strong> no<br />
Centro 6: Centro Nor<strong>de</strong>ste / Caatinga, on<strong>de</strong> vários autores constataram a<br />
ocorrência natural <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong>ssa espécie. O Centro 6<br />
inclui a caatinga <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Piauí, Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Paraíba,<br />
Pernambuco, Alagoas e a Chapada Diamantina na Bahia. Ten<strong>do</strong> como<br />
coor<strong>de</strong>nada os paralelos 2ºS e 14ºS e os meridianos 37º a 42º W.<br />
8
9<br />
2.3. Descrição da Planta<br />
O umbuzeiro é uma árvore <strong>de</strong> pequeno porte, em torno 4 a 6 m <strong>de</strong><br />
altura, <strong>de</strong> tronco curto, copa umbeliforme, com diâmetro <strong>de</strong> 10 a 15 m,<br />
projetan<strong>do</strong> uma sombra <strong>de</strong>nsa sobre o solo e apresentan<strong>do</strong> vida longa (mais<br />
que 100 anos) (Figura 1a).<br />
É uma planta xerófila e suas raízes superficiais exploram<br />
profundida<strong>de</strong>s superiores a 1 m. Nas raízes, estão localiza<strong>do</strong>s os xilopódios,<br />
que são órgãos <strong>de</strong> reserva constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s lacunosos e serve para<br />
armazenar água, mucilagem, glicose, tanino, ami<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong>s, nutrientes, entre<br />
outros (Figura 1b). São suculentos, <strong>de</strong> sabor <strong>do</strong>ce e agradável, sen<strong>do</strong><br />
conheci<strong>do</strong>s vulgarmente como cafofas, cuncas ou batatas <strong>de</strong> umbu, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
ser aproveita<strong>do</strong>s na alimentação (Ferreira et al., 1987; Men<strong>de</strong>s, 1990). Esses<br />
órgãos são os principais responsáveis pela tolerância <strong>de</strong>ssa frutífera à seca,<br />
aliada à estratégia <strong>de</strong> perda das folhas na época <strong>de</strong> baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
água (caducifólia).<br />
O umbuzeiro cresce em esta<strong>do</strong> nativo nas caatingas elevadas, <strong>de</strong> ar<br />
seco, dias ensolara<strong>do</strong>s e noites frescas. Requer clima quente, temperatura<br />
entre 12ºC e 38ºC, umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar entre 30% e 90%, insolação com<br />
2.000-3.000 horas/luz/ano e <strong>de</strong> 400 mm a 800 mm <strong>de</strong> chuva (entre
novembro e fevereiro), po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se <strong>de</strong>senvolver em locais com chuvas <strong>de</strong> até<br />
1.600 mm/ano. Vegeta bem em solos não-úmi<strong>do</strong>s, profun<strong>do</strong>s, bem-<br />
drena<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> arenosos a argilosos.<br />
a b<br />
Figura 1: <strong>Umbuzeiro</strong> adulto (a) e <strong>de</strong>talhe das raízes e <strong>do</strong> xilopódio (b).<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
As folhas (Figuras 2 e, f) são alternas, compostas, imparipenadas,<br />
glabras quan<strong>do</strong> adultas, toman<strong>do</strong> a coloração avermelhada no início da<br />
estação seca anual, para <strong>de</strong>pois caírem. Observam-se <strong>de</strong> 3 a 7 folíolos <strong>de</strong><br />
bor<strong>do</strong>s inteiros, ovala<strong>do</strong>s ou elíptico, obtusos ou levemente corda<strong>do</strong>s na<br />
base, agu<strong>do</strong>s ou obtusos no ápice, com aproximadamente 4 cm <strong>de</strong><br />
comprimento e 2 cm <strong>de</strong> largura (Braga, 1976; Corrêa, 1978, Lima, 1989).<br />
Não é rara a presença <strong>de</strong> pêlos no limbo das folhas.<br />
raiz xilopódio<br />
10
11<br />
As flores são periféricas, brancas, perfumadas, melíferas e<br />
actinomorfas (Figura 1 c). Quan<strong>do</strong> abertas, me<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 7 a 8 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro. O cálice tem 4 a 5 sépalas, e a corola, 4 a 5 pétalas valvadas. São<br />
dispostas em panículas terminais <strong>de</strong> 10 a 15 cm <strong>de</strong> comprimento. Os ramos<br />
da inflorescência e o pedicelo são finamente pilosos (Lima, 1989). As<br />
inflorescências apresentam 50% <strong>de</strong> flores hermafroditas e 50% masculinas.
a b<br />
c d<br />
e f<br />
Figura 2: <strong>Umbuzeiro</strong> <strong>de</strong>sfolha<strong>do</strong> (a), umbuzeiro enfolha<strong>do</strong> (b), umbuzeiro flori<strong>do</strong><br />
(c), umbuzeiro com frutos (d) e <strong>de</strong>talhe das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro (e, f).<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
12
13<br />
O androceu é composto <strong>de</strong> 8 a 10 estames, com 3 mm <strong>de</strong><br />
comprimento, distribuí<strong>do</strong>s uniformemente. As anteras são reniformes e <strong>de</strong><br />
cor alaranjada, tornan<strong>do</strong>-se pardacentas algumas horas após a antese. O<br />
gineceu é curto e rudimentar, <strong>de</strong> 1 a 2 mm <strong>de</strong> comprimento, com 3 a 5<br />
estiletes, <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>-acinzentada. O ovário é súpero e unilocular com<br />
óvulos anátropos. A abertura das flores ocorre durante a madrugada, entre<br />
meia-noite e quatro horas da manhã, ocorren<strong>do</strong> o pico <strong>de</strong> abertura às duas<br />
horas (Pires & Oliveira, 1986).<br />
O fruto (Figura 1 d) é uma drupa glabra ou levemente pilosa,<br />
normalmente <strong>de</strong> coloração amarelo-esver<strong>de</strong>ada quan<strong>do</strong> maduro, com<br />
pericarpo coriáceo e polpa suculenta <strong>de</strong> sabor agri<strong>do</strong>ce, ten<strong>do</strong> no centro um<br />
caroço gran<strong>de</strong>.<br />
A forma <strong>do</strong>s frutos varia entre arre<strong>do</strong>ndada, ovói<strong>de</strong> e oblonga,<br />
apresentan<strong>do</strong> diversida<strong>de</strong> também no tamanho, os quais oscilam entre 1,2 e<br />
2,7 cm <strong>de</strong> comprimento e 2,0 e 4,0 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
O en<strong>do</strong>carpo (caroço) é muito resistente, <strong>de</strong> tamanho varia<strong>do</strong> e<br />
contém a semente propriamente dita. É forma<strong>do</strong> por três camadas: a externa,<br />
<strong>de</strong>nso-fibrosa; intermediária, pouco fibrosa; e a interna, semelhante à<br />
externa. Possui orifícios por on<strong>de</strong> a água penetra e saem, por ocasião da<br />
germinação, o eixo embrionário e os cotilé<strong>do</strong>nes. Possui também cinco
lóculos unissemina<strong>do</strong>s; porém, somente uma semente é bem-<strong>de</strong>senvolvida,<br />
sen<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> germinar. Logo após a germinação, o <strong>de</strong>senvolvimento é<br />
rápi<strong>do</strong>, não ocorren<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmência epicotilar (Silva et al., 1980).<br />
2.4. Fenologia<br />
O umbuzeiro, durante a estiagem anual, per<strong>de</strong> totalmente as folhas<br />
(Figura 1 a), revestin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>las (Figura 1 b), subitamente, logo após as<br />
primeiras chuvas. O florescimento ocorre normalmente juntamente com o<br />
enfolhamento das árvores ou antes.<br />
A frutificação é copiosa, apresentan<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> na<br />
produção <strong>de</strong> frutos por planta. Uma planta das mais produtivas tem a<br />
capacida<strong>de</strong> para produzir mais <strong>de</strong> 300 Kg <strong>de</strong> frutos por safra; entretanto,<br />
essa produção não é mantida normalmente. Brito et al. (1996) conseguiram<br />
uma produção média <strong>de</strong> 168,8 kg por planta. O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutificação é <strong>de</strong><br />
aproximadamente 2 meses e meio (Guerra, 1981) e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da região,<br />
compreen<strong>de</strong> os meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro a março.<br />
No sertão <strong>de</strong> Pernambuco, verifica-se o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> florescimento<br />
entre os meses <strong>de</strong> outubro e <strong>de</strong>zembro, quan<strong>do</strong> registram-se os mais baixos<br />
14
15<br />
índices pluviométricos e, no agreste, ocorre mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> janeiro a março,<br />
com frutificação entre março e junho (Pires, 1990). No sertão <strong>de</strong> Alagoas, o<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> floração inicia-se em setembro e se esten<strong>de</strong> até <strong>de</strong>zembro.<br />
2.5. Ecologia<br />
O umbuzeiro caracteriza-se pela alta tolerância à seca, em razão,<br />
principalmente, <strong>de</strong> o sistema radicular apresentar-se com abundância <strong>de</strong><br />
xilopódios (Men<strong>de</strong>s, 1990).<br />
Em estu<strong>do</strong>s sobre a fisiologia da planta, mediante a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong><br />
balanço hídrico, constata-se que o umbuzeiro exerce rígi<strong>do</strong> controle da<br />
transpiração através <strong>do</strong>s seus estômatos, minimizan<strong>do</strong>-a e promoven<strong>do</strong><br />
acentuada economia <strong>de</strong> água (Lima Filho & Silva, 1988). Tais mecanismos<br />
lhe permitem um bom <strong>de</strong>senvolvimento em regiões com precipitação entre<br />
400 a 800 mm anuais, temperaturas entre 12ºC e 38ºC (Duque, 1980). Em<br />
regiões com precipitações mais abundantes e baixas temperaturas, tanto o<br />
crescimento vegetativo quanto o florescimento diminuem, repercutin<strong>do</strong><br />
negativamente na produção (Gomes, 1989).
Araújo & Castro Neto (2002) inferem que a redução na taxa<br />
fotossintética no umbuzeiro é controlada por mecanismo não-estomático,<br />
quan<strong>do</strong> a árvore se encontra sob déficit hídrico. Em épocas <strong>de</strong> fornecimento<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> água, o mecanismo estomático passa a influenciar a<br />
fotossíntese.<br />
Lima Filho (2001), num estu<strong>do</strong> sobre relações hídricas <strong>do</strong><br />
umbuzeiro, sugere que esse apresenta duas estratégias para manter o balanço<br />
hídrico interno favorável: on<strong>de</strong>, sob condições <strong>de</strong> sequeiro, o balanço seria<br />
manti<strong>do</strong> com a utilização da água armazenada nas túberas e uma baixa<br />
transpiração e, durante a estação chuvosa, o balanço hídrico seria media<strong>do</strong><br />
por um ajuste osmótico.<br />
Souza (2000) observou que umbuzeiros introduzi<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Piracicaba, há cerca <strong>de</strong> 50 anos, apresentam<br />
reduzida produção <strong>de</strong> frutos. Exemplares existentes no Jardim Botânico no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro e em Jaboticabal-SP florescem, mas não frutificam. E para a<br />
surpresa <strong>de</strong> muitos, Campbell (1996), cita<strong>do</strong> por Xavier (1999), relatou a<br />
introdução <strong>do</strong> umbuzeiro da Flórida (EUA), que não foi bem-sucedida; a<br />
surpresa fica por conta <strong>do</strong> interesse americano pelo umbuzeiro e não pelo<br />
insucesso da cultura.<br />
16
17<br />
Diante <strong>de</strong> exemplos, como o da uva no Vale <strong>do</strong> São Francisco, não<br />
será surpresa se o umbuzeiro vier a se adaptar a ambientes diferentes<br />
àqueles <strong>do</strong> seu centro <strong>de</strong> origem e passar a produzir satisfatoriamente.<br />
3. DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOS<br />
Ten<strong>do</strong> no sertão nor<strong>de</strong>stino seu centro <strong>de</strong> origem, vários autores<br />
<strong>de</strong>monstraram naquela região a existência <strong>de</strong> uma alta variabilida<strong>de</strong> genética<br />
<strong>de</strong>ntro da espécie Spondias tuberosa. Eles encontraram plantas com gran<strong>de</strong>s<br />
diferenças nos frutos quanto ao tamanho, forma, coloração, sabor e<br />
pilosida<strong>de</strong>. A ausência ou presença <strong>de</strong> pêlos nos folíolos, na inflorescência,<br />
no pedicelo floral, nas sépalas e no epicarpo <strong>de</strong>termina, conforme Pires<br />
(1990), a existência <strong>de</strong> duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro da espécie Spondias<br />
tuberosa.<br />
Um estu<strong>do</strong> pomológico <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> umbu na região <strong>do</strong> Cariri<br />
paraibano levou Barbosa et al. (1989) a classificarem as plantas<br />
selecionadas, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às características altura, diâmetro da copa e<br />
perímetro <strong>do</strong> tronco, correlacionan<strong>do</strong>-as com a produção <strong>de</strong> frutos. Nesse<br />
relato, os autores citam Umbu Taperoá, Umbu Barra <strong>de</strong> Santa Rosa, Umbu
Teixeira e Umbu Laranja, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a enten<strong>de</strong>r que existem cultivares<br />
comercialmente promissoras.<br />
Ao caracterizar os frutos <strong>do</strong> umbuzeiro, Silva et al. (1987)<br />
constataram variação fenotípica para os caracteres estuda<strong>do</strong>s, sugerin<strong>do</strong><br />
existência <strong>de</strong> alta variabilida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>ntro da espécie. Em trabalho<br />
similar, Lima et al. (1996) relataram variações fenotípicas superiores a 20%<br />
para quase to<strong>do</strong>s os caracteres: peso <strong>do</strong> fruto, da polpa, da casca, da semente<br />
e relação SST/aci<strong>de</strong>z, entre plantas da espécie Spondias tuberosa <strong>do</strong> sertão<br />
alagoano. A significativa variabilida<strong>de</strong> encontrada entre as plantas estudadas<br />
sugere um ótimo potencial para selecionar umbuzeiros superiores, com<br />
vistas à sua multiplicação e futuro uso em pomares racionais <strong>de</strong> umbuzeiro.<br />
Na tabela 1, verifica-se uma pequena amostra <strong>de</strong>ssa variabilida<strong>de</strong>, em que<br />
umbus coleta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diferentes localida<strong>de</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s quanto às<br />
características <strong>de</strong> comprimento, largura, matéria fresca da casca, da polpa e<br />
da semente.<br />
Lima et al. (1996) reportaram que o comprimento e a largura <strong>do</strong>s<br />
frutos apresentaram valores médios <strong>de</strong> 30,78 mm e 27,73 mm,<br />
respectivamente. A maioria das plantas apresentou medidas para o<br />
comprimento <strong>do</strong>s frutos maiores que a largura, inferin<strong>do</strong>-se que os frutos<br />
18
19<br />
apresentam um formato ovala<strong>do</strong>. Esses autores também observaram o<br />
formato arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> em pequena parte <strong>do</strong>s frutos analisa<strong>do</strong>s.<br />
Tabela 1: Variabilida<strong>de</strong> entre as dimensões e pesos da matéria fresca <strong>de</strong><br />
frutos <strong>do</strong> umbuzeiro coleta<strong>do</strong>s em diferentes localida<strong>de</strong>s.<br />
-------------da matéria fresca---------<br />
Local Compri. Largura Fruto Casca Polpa Semente Casca Polpa Semente<br />
Taperoá<br />
Cariri<br />
Laranja<br />
D.Chiquinha<br />
---------cm------- ---------------g----------------------- ----------%---------------<br />
3,73b<br />
3,36c<br />
4,98a<br />
2,85d<br />
3,36b<br />
3,20c<br />
4,91a<br />
2,64d<br />
18,4b<br />
20,4b<br />
66,5a<br />
12,9c<br />
Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1987).<br />
3,50b<br />
4,43b<br />
11,74a<br />
2,37b<br />
11,19b<br />
12,37b<br />
47,82a<br />
8,25c<br />
3,68b<br />
3,24bc<br />
6,96a<br />
2,32c<br />
19,05<br />
21,71<br />
17,65<br />
18,32<br />
60,91<br />
62,40<br />
71,88<br />
63,80<br />
Em média, o fruto é composto <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> caroço, 22% <strong>de</strong> casca e<br />
68% <strong>de</strong> polpa, com peso médio <strong>do</strong>s frutos por árvore <strong>de</strong> 15 g. Para Lima et<br />
al. (1996), o peso <strong>do</strong>s frutos varia substancialmente entre plantas. Nas<br />
observações <strong>de</strong>sses autores, os menores frutos pesaram, em média, 8,88 g e<br />
os maiores, 21,40 g. O peso médio da polpa variou <strong>de</strong> 5,71 g para os<br />
menores frutos a 14,86 g para os maiores frutos.<br />
20,03<br />
15,88<br />
10,46<br />
17,94
Santos et al. (1999), visan<strong>do</strong> à preservação <strong>de</strong> parte da variabilida<strong>de</strong><br />
genética e ao melhoramento <strong>do</strong> umbuzeiro, formaram um banco ativo <strong>de</strong><br />
germoplasma, com indivíduos <strong>de</strong> ocorrência rara e <strong>de</strong> interesse para a<br />
exploração racional <strong>do</strong> umbuzeiro. Eles i<strong>de</strong>ntificaram seis árvores com peso<br />
<strong>do</strong> fruto acima <strong>de</strong> 75 g; normalmente os frutos não alcançam 30 g.<br />
A presença <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> potencial produtivo superior na<br />
macrorregião sertaneja representa um <strong>de</strong>safio para a pesquisa, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
preservar genótipos que ocorrem naturalmente e não permitir a extinção <strong>do</strong><br />
único banco natural <strong>de</strong> germoplasma existente no mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa frutífera <strong>de</strong><br />
indiscutível valor comercial. A Empresa Pernambucana <strong>de</strong> Pesquisa<br />
Agropecuária (IPA) e a Embrapa/CPATSA são as que <strong>de</strong>têm em suas<br />
coleções os maiores números <strong>de</strong> acessos <strong>de</strong> umbu. Aposta-se na<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, num futuro próximo, se eleve essa espécie ao cenário<br />
<strong>de</strong> uma fruticultura produtiva.<br />
3.1. Seleção <strong>de</strong> Plantas<br />
Tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s que há correlações simples e<br />
positivas entre casca x polpa e caroço x polpa. Ou seja, plantas em que os<br />
20
21<br />
frutos apresentam maior caroço, também apresentam maiores rendimentos<br />
<strong>de</strong> polpa e <strong>de</strong> casca. Entretanto, esse é um comportamento generaliza<strong>do</strong> e<br />
existem exceções, tornan<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> seleção mais difícil. Apesar das<br />
dificulda<strong>de</strong>s, tem-se consegui<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s avanços na seleção <strong>de</strong> plantas com<br />
alta produtivida<strong>de</strong> e relação caroço/polpa interessante economicamente.<br />
A correlação entre o peso médio <strong>do</strong> fruto e número total <strong>de</strong> frutos<br />
por planta é negativa, indican<strong>do</strong> haver uma redução no número total <strong>de</strong><br />
frutos em uma planta quan<strong>do</strong> essa apresenta frutos maiores. Os pesos <strong>do</strong><br />
caroço e da polpa, como variáveis primárias, e a largura <strong>do</strong> fruto, como<br />
variável secundária, são os caracteres mais importantes para a seleção <strong>de</strong><br />
umbuzeiros com um maior tamanho <strong>de</strong> fruto.<br />
O aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> frutos por planta é consegui<strong>do</strong> com a<br />
seleção positiva das variáveis: largura <strong>do</strong> fruto e diâmetro da copa, e a<br />
seleção negativa <strong>do</strong>s caracteres: pesos <strong>do</strong> caroço, da polpa e da casca.<br />
Assim, plantas <strong>de</strong> copa mais larga apresentam um maior potencial <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> frutos por planta.<br />
A variável mais importante para o aumento da produção <strong>do</strong><br />
umbuzeiro é o número <strong>de</strong> frutos por planta. Entretanto, busca-se com a<br />
seleção genética aliar numa mesma planta frutos maiores e em quantida<strong>de</strong>s<br />
suficientes, com vistas a uma maior produção. Para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutos in
natura, os maiores são mais interessantes, ao passo que, para os produtores,<br />
a produção total <strong>de</strong>sperta mais interesse. Os frutos maiores geralmente<br />
atingem melhores preços no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> frutos in natura. Ressalta-se ainda<br />
a necessida<strong>de</strong>, como alguns trabalhos já o fazem, <strong>de</strong> atentar-se para as<br />
características organolépticas, tais como sabor e aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> fruto.<br />
Segun<strong>do</strong> Souza (2000) a existência <strong>de</strong> alta variabilida<strong>de</strong> genética nas<br />
populações <strong>de</strong> umbuzeiros significa que a seleção <strong>de</strong> plantas nas populações<br />
naturais é um méto<strong>do</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para os programas <strong>de</strong> melhoramento.<br />
Segun<strong>do</strong> essa autora, o umbuzeiro po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> como uma espécie<br />
<strong>de</strong> fecundação cruzada pre<strong>do</strong>minantemente.<br />
4. PROPAGAÇÃO<br />
4.1. Propagação Sexuada<br />
A propagação <strong>do</strong> umbuzeiro é realizada quase que exclusivamente<br />
por semente. As plantas assim propagadas levam cerca <strong>de</strong> 10 anos para<br />
entrarem em produção.<br />
22
23<br />
Após o plantio, a germinação das sementes (Figura 3 b) tarda entre<br />
12 e 90 dias, ocorren<strong>do</strong> por volta <strong>de</strong> 40 dias. Segun<strong>do</strong> Andra<strong>de</strong> et al.<br />
(1989a), a germinação <strong>do</strong> umbuzeiro é rápida, o que se justifica pelos curtos<br />
perío<strong>do</strong>s chuvosos das regiões <strong>de</strong> maior ocorrência da planta. Lima et al.<br />
(1996) comprovaram essa teoria colocan<strong>do</strong> sementes sob 2,5 cm <strong>de</strong><br />
substrato <strong>de</strong> vermiculita, e elas germinaram em apenas 14 dias.<br />
O índice <strong>de</strong> germinação é geralmente <strong>de</strong> 30 a 40%. Baixas<br />
porcentagens <strong>de</strong> germinação estão associadas à resistência mecânica <strong>do</strong><br />
en<strong>do</strong>carpo à expansão <strong>do</strong> embrião. Campos (1986) observou que sementes<br />
<strong>de</strong> tamanho médio (1,8 a 2,0 cm) e gran<strong>de</strong>s (2,1 a 2,4 cm) resultaram em<br />
plantas mais vigorosas. Para favorecer a uniformização da emergência, esse<br />
autor recomenda dar um corte em forma <strong>de</strong> bisel na parte distal da semente,<br />
eliminan<strong>do</strong> a resistência mecânica exercida pelo en<strong>do</strong>carpo.<br />
Quan<strong>do</strong> as sementes têm sua <strong>do</strong>rmência mecânica quebrada e são<br />
plantadas superficialmente no solo, o índice <strong>de</strong> germinação é superior a<br />
70%. Também é indicada a imersão das sementes em uma solução conten<strong>do</strong><br />
água sanitária a 10% por 10 minutos, visan<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sinfestação <strong>de</strong>ssas<br />
sementes, reduzin<strong>do</strong>, assim, possíveis problemas advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> patógenos.<br />
Indica-se também a <strong>de</strong>sinfecção <strong>do</strong> substrato em que as sementes serão<br />
plantadas.
A principal vantagem das plantas provenientes <strong>de</strong> sementes é a<br />
formação <strong>do</strong>s xilopódios durante os primeiros 30 dias após a germinação,<br />
fato esse comprova<strong>do</strong> por Gondim et al. (1991). As plantas provenientes <strong>de</strong><br />
estacas mostram dificulda<strong>de</strong>s em formar essas estruturas em sua fase inicial<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Também, por ser uma dicotiledônea, as plantas<br />
originárias <strong>de</strong> semente formam a raiz pivotante, estrutura essa não<br />
observada nas plantas provindas <strong>de</strong> estacas. Assim, as plantas provindas <strong>de</strong><br />
sementes são mais resistentes a tombamentos ocasiona<strong>do</strong>s por ventos fortes<br />
<strong>do</strong> que as advindas <strong>de</strong> estacas.<br />
A técnica <strong>do</strong> corte em bisel para a quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência foi<br />
aprimorada por Nascimento et al. (2000), em que, em vez <strong>de</strong> se fazer um<br />
corte na semente, utiliza-se a retirada da mucilagem que recobre a abertura<br />
natural da semente, possibilitan<strong>do</strong>, assim, a visualização <strong>do</strong> tegumento que<br />
protege o embrião e, com uma tesoura <strong>de</strong> ponta fina, quebra-se parte <strong>de</strong>sse<br />
tegumento, <strong>de</strong> forma cuida<strong>do</strong>sa para se evitar danos ao embrião (Figura 3 a).<br />
24
25<br />
a<br />
Figura 3: Detalhe <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência em sementes <strong>de</strong><br />
umbuzeiro (a) e germinação <strong>do</strong> umbuzeiro em vermiculita (b).<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
4.4.1. Obtenção das Sementes<br />
Os frutos <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>do</strong>s diretamente da árvore quan<strong>do</strong> iniciam<br />
a queda espontânea, ou recolhê-los <strong>do</strong> chão. Deve-se <strong>de</strong>spolpá-los e <strong>de</strong>ixá-<br />
los secar à sombra. Se bem armazenadas, as sementes permanecem viáveis<br />
por perío<strong>do</strong>s superiores a três anos.<br />
b
4.2. Propagação Assexuada<br />
Por se tratar <strong>de</strong> espécie arbórea, com longo perío<strong>do</strong> juvenil, a<br />
propagação vegetativa reduz <strong>de</strong> <strong>de</strong>z para quatro anos esse perío<strong>do</strong> da planta,<br />
ou seja, a planta entra em produção mais ce<strong>do</strong>. O longo perío<strong>do</strong> pré-<br />
reprodutivo imposto pela propagação sexuada, soman<strong>do</strong>-se ao alto grau <strong>de</strong><br />
heterozigose <strong>do</strong> umbuzeiro (alta variabilida<strong>de</strong> genética e a polinização<br />
cruzada) vêm incentivan<strong>do</strong> trabalhos sobre propagação assexuada por meio<br />
da estaquia, bem como por meio <strong>de</strong> enxertia, visan<strong>do</strong> a preservar as<br />
características da planta-matriz.<br />
Gonzaga Neto et al. (1989) constataram ser <strong>de</strong>zembro o melhor mês<br />
para a retirada <strong>do</strong> ramo para enraizamento <strong>de</strong> estacas e essas <strong>de</strong>vem ser<br />
tratadas por imersão <strong>de</strong> base em IBA 200 mg L -1 , por 5 segun<strong>do</strong>s,<br />
permitin<strong>do</strong> que 22% das estacas enraizassem. Contu<strong>do</strong>, Andra<strong>de</strong> et al.<br />
(1989b) verificaram que esse fitohormônio não exerceu influência alguma<br />
no brotamento <strong>de</strong> estacas. É bom esclarecer que a melhor época para se<br />
colher estacas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> região para<br />
região, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> coincidir com a época que antece<strong>de</strong> o florescimento até a<br />
fase inicial <strong>de</strong> frutificação.<br />
26
27<br />
Em outro trabalho <strong>de</strong> propagação vegetativa, Lei<strong>de</strong>rman et al. (1991)<br />
testaram a alporquia por meio da aplicação <strong>de</strong> uma pasta <strong>de</strong> lanolina<br />
conten<strong>do</strong> o mesmo áci<strong>do</strong> (IBA), nas concentrações <strong>de</strong> 1.000, 5.000 e 10.000<br />
ppm, e verificaram que a eficiência <strong>de</strong>sse fitohormônio na regeneração <strong>de</strong><br />
raízes proporcionou, em média, valores acima <strong>de</strong> 73% <strong>de</strong> pegamento em<br />
relação à testemunha.<br />
Pre<strong>do</strong>sa et al. (1991) testaram <strong>do</strong>is processos <strong>de</strong> garfagem: no topo à<br />
inglesa simples e em fenda cheia; e <strong>do</strong>is <strong>de</strong> borbulhia: em placa e em janela<br />
aberta e em T inverti<strong>do</strong>, obten<strong>do</strong> um percentual <strong>de</strong> 78% com a borbulhia em<br />
placa em janela aberta.<br />
Entretanto, o méto<strong>do</strong> mais difundi<strong>do</strong> é o indica<strong>do</strong> pela Embrapa<br />
(Araújo et al., 2000), ou seja, o da garfagem no topo em fenda cheia (Figura<br />
4). Por esse méto<strong>do</strong>, a enxertia <strong>de</strong>ve ser feita quan<strong>do</strong> os porta-enxertos<br />
apresentarem uma espessura <strong>de</strong> 0,6 a 0,8 cm, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />
aproximadamente 280 dias após a semeadura. Os garfos usa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ter<br />
<strong>de</strong> três a quatro gemas, serem ponteiros jovens, <strong>de</strong> coloração marrom clara e<br />
<strong>de</strong>vem ser retira<strong>do</strong>s das plantas-matrizes, quan<strong>do</strong> essas estiverem<br />
<strong>de</strong>sfolhadas (perío<strong>do</strong> que antece<strong>de</strong> o florescimento). Os enxertos começam a<br />
brotar cerca <strong>de</strong> 15 dias após a realização da enxertia e aos sessenta dias<br />
estão prontos para serem transplantadas para o local <strong>de</strong>finitivo. A irrigação
das mudas <strong>de</strong>ve ser realizada quan<strong>do</strong> as chuvas não forem suficientes ou<br />
quan<strong>do</strong> forem levadas para o campo em época <strong>de</strong> seca.<br />
A B C D E<br />
Figura 4: Enxertia <strong>do</strong> umbuzeiro por garfagem em fenda cheia: (A)<br />
porta-enxerto <strong>de</strong>cota<strong>do</strong>; (B) porta-enxerto com fenda<br />
longitudinal no topo e enxertos em forma <strong>de</strong> cunha; (C)<br />
enxerto implanta<strong>do</strong> no porta-enxerto; (D) enxerto e portaenxerto<br />
amarra<strong>do</strong>s com fita plástica <strong>de</strong> enxertia e (E) muda<br />
enxertada em condições <strong>de</strong> plantio.<br />
Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nascimento et al. (2000).<br />
O méto<strong>do</strong> da Embrapa para a enxertia mostra-se viável para a<br />
produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro em gran<strong>de</strong> escala, visto que seu índice <strong>de</strong><br />
pegamento po<strong>de</strong> atingir 100%. Cabe esclarecer que o sucesso da enxertia em<br />
28
29<br />
mudas <strong>de</strong> umbuzeiro tem uma relação íntima com a época <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong><br />
cavaleiro, pois quan<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong>s próximo à época <strong>de</strong> florescimento,<br />
resultam em maior sucesso no pegamento, entretanto, a enxertia po<strong>de</strong> ser<br />
realizada em qualquer época <strong>do</strong> ano.<br />
4.2.1. Micropropagação<br />
Apresentada como uma alternativa para a multiplicação <strong>de</strong><br />
indivíduos com características superiores, a micropropagação começou a ser<br />
utilizada em umbuzeiro por Oliveira et al. (1989), os quais conseguiram<br />
produzir plântulas a partir <strong>de</strong> exemplares constituí<strong>do</strong>s por segmentos nodais<br />
cultiva<strong>do</strong>s em meio MS, <strong>de</strong>scrito por Murashige & Skoog, (1962), acresci<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> cinetina a 4,6 mM e vitaminas. A técnica da micropropagação, apesar <strong>de</strong><br />
ser um instrumento que po<strong>de</strong>rá promover um avanço na multiplicação <strong>de</strong><br />
umbuzeiros, infelizmente não é uma realida<strong>de</strong> para os interessa<strong>do</strong>s em<br />
cultivar essa planta, limitan<strong>do</strong>-se tão somente à pesquisa. Quiçá, num futuro<br />
próximo, essa frutífera esteja tão difundida nos pomares comerciais que os<br />
laboratórios <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s se interessem em produzi-la in vitro.
5. MANEJO AGRONÔMICO<br />
5.1 Preparo <strong>do</strong> Solo<br />
No manejo tradicional, é recomendável fazer uma aração e uma<br />
gradagem com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o <strong>de</strong>storroamento, nivelamento da<br />
superfície e o controle <strong>de</strong> ervas daninhas.<br />
Sabe-se que, naturalmente, o umbuzeiro cresce ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras<br />
plantas da caatinga. Sen<strong>do</strong> assim, cultivá-lo ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas plantas é<br />
possível, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento total da área (com autorização<br />
para supressão emitida pelo IBAMA). Nesse caso, proce<strong>de</strong>-se apenas ao<br />
coveamento para recepção da muda.<br />
Recomenda-se a realização <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> solo para possível correção e<br />
adubação. Caso necessite <strong>de</strong> correção, <strong>de</strong>ve-se utilizar um calcário<br />
<strong>do</strong>lomítico ou magnesiano antes da primeira aração, incorporan<strong>do</strong>-o, a<br />
seguir, ao solo. Caso não seja possível a correção <strong>de</strong> toda a área, a correção<br />
localizada é uma alternativa.<br />
30
31<br />
5.2 Correção <strong>do</strong> Solo<br />
Os solos da região semi-árida brasileira, <strong>de</strong> forma geral, apresentam<br />
gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua CTC ocupada por bases, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> em algumas regiões<br />
a contribuição <strong>do</strong> sódio. Em algumas áreas <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> ou regiões<br />
limítrofes, encontram-se solos com baixa saturação por bases e, em outras<br />
regiões, superiores a 80%. Acredita-se que toda espécie vegetal requer um<br />
nível ótimo <strong>de</strong> saturação para expressão da sua maior produção.<br />
A calagem promove a diminuição da aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s solos com a<br />
insolubilização <strong>de</strong> elementos tóxicos, aumentan<strong>do</strong> os teores <strong>de</strong> Ca e Mg e a<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> P e Mo, e diminuin<strong>do</strong> também disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
micronutrientes Cu, Fe, Mn e Zn, efeitos favoráveis sobre os<br />
microrganismos <strong>do</strong> solo, favorecimento das proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>do</strong> solo e<br />
um maior <strong>de</strong>senvolvimento radicular (Raij, 1991).<br />
A literatura mundial apresenta gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> publicações nas<br />
quais relatam-se os efeitos positivos da calagem para diversas espécies<br />
vegetais.<br />
Num estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em casa-<strong>de</strong>-vegetação na Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras, Neves et al. (2004) testaram a influência <strong>de</strong> diferentes<br />
níveis <strong>de</strong> saturação por bases sobre o crescimento inicial <strong>do</strong> umbuzeiro e
verificaram, com base na produção <strong>de</strong> matéria seca, ser <strong>de</strong> 80% o nível que<br />
promove o melhor <strong>de</strong>senvolvimento das mudas (Figura 5).<br />
MSC (g planta -1 )<br />
MSR (g planta -1 )<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
a<br />
y = -0,003x 2 + 0,4583x - 4,8695<br />
R 2 = 0,99**<br />
20 40 60 80 100<br />
V (%)<br />
c<br />
d<br />
y = -0,0022x 2 + 0,3708x - 0,783<br />
R 2 = 0,73**<br />
20 40 60 80 100<br />
V (%)<br />
MSF (g planta -1 )<br />
MST (g planta -1 )<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
b<br />
32<br />
y = -0,0014x 2 + 0,2214x - 0,683<br />
R 2 = 0,99**<br />
20 40 60 80 100<br />
V(%)<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
d<br />
y = -0,0066x 2 + 1,0505x - 6,3355<br />
R 2 = 0,96**<br />
20 40 60 80 100<br />
V (%)<br />
Figura 5: Matéria seca <strong>de</strong> caule-MSC (a), matéria seca <strong>de</strong> folhas-MSF (b),<br />
matéria seca <strong>de</strong> raiz-MSR (c) e matéria seca total-MST (d) <strong>de</strong><br />
mudas <strong>de</strong> umbuzeiro, em função da calagem.<br />
Fonte: Neves et al. (2004).
33<br />
Com esses resulta<strong>do</strong>s, infere-se que há uma alta exigência <strong>do</strong><br />
umbuzeiro em Ca, concordan<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Silva et al.<br />
(1984), os quais observaram ser essa planta muito exigente nesse nutriente.<br />
Assim, mesmo em solos que não necessitam da calagem, o fornecimento <strong>de</strong><br />
Ca e Mg é indispensável.<br />
5.3. Adubação<br />
Uma planta para crescer e expressar sua produção necessita <strong>de</strong> uma<br />
boa nutrição e condições ambientais favoráveis. Para estar bem nutrida, uma<br />
planta requer nutrientes disponíveis e em quantida<strong>de</strong>s suficientes para<br />
aten<strong>de</strong>r à sua <strong>de</strong>manda metabólica. Na maioria das vezes, esses elementos<br />
têm que ser adiciona<strong>do</strong>s ao solo, pois o mesmo não os contém naturalmente<br />
nessas quantida<strong>de</strong>s e, para isso, é necessário que se saiba quanto aplicar para<br />
se obter o retorno econômico espera<strong>do</strong>.<br />
Não há trabalhos <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> longa duração que atestem as <strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />
nutrientes para o umbuzeiro; assim, a adubação mineral, inician<strong>do</strong>-se pela<br />
cova, <strong>de</strong>ve ser realizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as recomendações indicadas com
ase na análise <strong>de</strong> solo, visan<strong>do</strong> a elevar os teores <strong>do</strong>s nutrientes a<br />
patamares a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />
A Embrapa recomenda para a adubação <strong>de</strong> cova a aplicação <strong>de</strong> 250 g<br />
<strong>de</strong> superfosfato simples, 80 g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio e a adição <strong>de</strong> 5 L <strong>de</strong><br />
“húmus” <strong>de</strong> minhoca ou 15 L <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong>. O coroamento da<br />
cova é indispensável, pois essa prática auxilia na retenção <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Gois<br />
et al. (2001) recomendam uma aplicação <strong>de</strong> 110 kg por ha <strong>de</strong> P2O5 para a<br />
fase inicial <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />
O umbuzeiro <strong>de</strong>senvolve-se naturalmente em solos com teores muito<br />
baixos <strong>de</strong> P, como os encontra<strong>do</strong>s na região su<strong>do</strong>este da Bahia (1 a 5 mg<br />
dm -3 <strong>de</strong> P). A adubação fosfatada contribui para um maior crescimento<br />
<strong>de</strong>ssa planta e, conseqüentemente, para uma maior produção.<br />
Lima et al. (2000) recomendam a aplicação <strong>de</strong> 12 kg por planta <strong>de</strong><br />
esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong> ou 5 kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> galinha para<br />
pomares em formação ou 12 kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral curti<strong>do</strong> ou 10<br />
kg por planta <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> galinha para pomares em produção. Sugerem<br />
também, que a partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano, sejam realizadas adubações com N, P<br />
e K, em que, exceto na adubação com P, se <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r ao parcelamento,<br />
com vistas a reduzir perdas.<br />
34
35<br />
Para plantios comerciais, carece-se <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que avaliem a<br />
exportação <strong>de</strong> nutrientes, para que, com essa, seja calculada a reposição por<br />
ocasião da produção. Com a implementação <strong>de</strong> novos plantios, o interesse<br />
por trabalhos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>.<br />
5.4. Espaçamento e Plantio<br />
A melhor época para o plantio é o início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> das chuvas. As<br />
mudas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> sementes selecionadas ou provindas <strong>de</strong> propagação<br />
vegetativa, proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> matrizes sadias e altamente produtivas. Sugere-se<br />
uma cova <strong>de</strong> 40 x 40 x 40 cm, espaçadas em 10 m, equivalen<strong>do</strong> a uma<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 plantas por ha. Após o plantio, recomenda-se colocar ao<br />
re<strong>do</strong>r das plantas nas covas uma cobertura morta para auxiliar na<br />
manutenção da umida<strong>de</strong> e reduzir o crescimento <strong>de</strong> ervas daninhas. Outros<br />
espaçamentos são <strong>de</strong>scritos na literatura, tais como: 12 x 12 m, 15 x 15 m e<br />
8 x 8 m; entretanto, tais espaçamentos ainda não foram testa<strong>do</strong>s<br />
experimentalmente.<br />
O espaçamento 10 x 10 m foi estabeleci<strong>do</strong> mediante observação <strong>de</strong><br />
árvores nativas, nas quais o raio da copa <strong>do</strong> umbuzeiro raramente ultrapassa
5 m. Assim, espaçamentos maiores promoveriam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas<br />
abaixo daquela que seria racionalmente possível e espaçamentos inferiores,<br />
promoveriam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s superiores. Entretanto, com o avanço das<br />
pesquisas, espaçamentos inferiores a 10 x 10 m po<strong>de</strong>rão ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />
mediante a condução das plantas por meio <strong>de</strong> podas, o que, para essa<br />
cultura, po<strong>de</strong>ria ser, nos próximos anos, uma prática comum, visto que o<br />
interesse comercial vem aumentan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />
5.5. Plantações Comerciais (Pomares)<br />
De acor<strong>do</strong> com o Censo Frutícola da Co<strong>de</strong>vasf (2001), a área total<br />
plantada com umbuzeiros (<strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong> plantas nativas) naquele ano era <strong>de</strong><br />
509,4 ha, sen<strong>do</strong> 0,5 ha em formação, 23,0 ha em início <strong>de</strong> produção, 332,8<br />
ha em produção plena e 153,1 ha já em <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> produção. Em razão <strong>do</strong><br />
interesse crescente por essa fruta, pela sua importância econômica e por ser<br />
uma alternativa para a fruticultura não-irrigada na Região Nor<strong>de</strong>ste, essa<br />
área cresceu consi<strong>de</strong>ravelmente nos últimos três anos.<br />
Espera-se que com o aprimoramento das técnicas <strong>de</strong> produção,<br />
investimentos em marketing e melhorias na apresentação <strong>do</strong> produto ao<br />
36
37<br />
merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, haja maior interesse em consumir o fruto e<br />
conseqüentemente em plantar o umbuzeiro.<br />
Um exemplo <strong>de</strong>ssas técnicas é a indução floral, que garantiria, além<br />
<strong>de</strong> maiores lucros na entressafra, a oferta constante <strong>do</strong> produto ao merca<strong>do</strong>.<br />
Entretanto, até o momento, nenhuma técnica teve sucesso absoluto na<br />
antecipação <strong>do</strong> florescimento. Em alguns relatos, sugere-se que a aplicação<br />
<strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong> potássio po<strong>de</strong>ria antecipar o florescimento em até 1 mês,<br />
porém, não são da<strong>do</strong>s concretos. Segun<strong>do</strong> Lima Filho (site da Embrapa,<br />
2004), da<strong>do</strong>s preliminares revelam que o tratamento em que se alia o redutor<br />
<strong>de</strong> crescimento paclobutrazol com o manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da água durante o<br />
perío<strong>do</strong> da seca parece ser o mais promissor para a indução floral <strong>de</strong>ssa<br />
fruteira.<br />
Em razão <strong>de</strong> sua tolerância ao estresse hídrico, e pelo fato <strong>de</strong> o<br />
principal mecanismo <strong>de</strong>ssa tolerância estar localiza<strong>do</strong> nas raízes, o<br />
umbuzeiro vem sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> como porta-enxerto (cavalo) para outras<br />
plantas da família, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar pomares com outras frutíferas<br />
e com o umbuzeiro em regiões que sofrem com a falta d’água. O uso mais<br />
difundi<strong>do</strong> é o <strong>do</strong> umbuzeiro com a seriguela.
5.6 Tratos culturais<br />
O pomar <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong> livre <strong>de</strong> ervas daninhas, que competem<br />
com as plantas por água, nutrientes e luz na fase inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das plantas. O material vegetal proveniente da capina não <strong>de</strong>ve ser retira<strong>do</strong><br />
da área e, sim, manti<strong>do</strong> sobre o solo, próximo às plantas, com a finalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> melhorar a retenção <strong>de</strong> água pelo solo, e na ciclagem, para melhor<br />
aproveitamento <strong>do</strong>s nutrientes pelos umbuzeiros.<br />
O coroamento é uma prática importante, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser feito na<br />
projeção da copa da planta. Essa prática <strong>de</strong>ve ser feita cuida<strong>do</strong>samente com<br />
enxada, evitan<strong>do</strong>-se ferimentos nas raízes e no caule da planta, reduzin<strong>do</strong>-<br />
se, assim, as portas <strong>de</strong> entrada para patógenos.<br />
Os estu<strong>do</strong>s até o momento recomendam a poda <strong>do</strong>s ramos mal-<br />
forma<strong>do</strong>s, secos ou <strong>do</strong>entes e a poda <strong>de</strong> formação da planta. Nessa última,<br />
<strong>de</strong>vem-se eliminar os brotos laterais localiza<strong>do</strong>s próximos ao solo. A altura<br />
para a abertura da copa (poda) não está bem <strong>de</strong>finida.<br />
38
39<br />
5.7. Indica<strong>do</strong>res para Implantação<br />
A cultura <strong>do</strong> umbuzeiro ainda carece <strong>de</strong> muitas informações<br />
referentes aos custos <strong>de</strong> implantação; entretanto, Araujo et al. (2000)<br />
propuseram alguns indica<strong>do</strong>res, os quais estão apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 2.<br />
Tabela 2: Indica<strong>do</strong>res para cálculos <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> 1 hectare<br />
<strong>de</strong> umbuzeiro.<br />
DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE<br />
1. Mão-<strong>de</strong>-obra<br />
1.1 Preparo <strong>do</strong> solo<br />
Aração<br />
Gradagem<br />
Área não <strong>de</strong>smatada<br />
Abertura <strong>de</strong> picadas<br />
1.2 Plantio<br />
Demarcação<br />
Abertura e fechamento <strong>de</strong><br />
covas<br />
Plantio<br />
Replantio<br />
1.3 Adubação<br />
2. Tratos culturais<br />
Coroamento<br />
Confecção <strong>de</strong> bacia<br />
3. Tratos fitossanitários<br />
4. Insumos<br />
Mudas<br />
Superfosfato simples<br />
Cloreto <strong>de</strong> potássio<br />
Uréia<br />
Nuvacron<br />
h/d = homem/dia; t/h = trator/hora<br />
t/h<br />
t/h<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
h/d<br />
unida<strong>de</strong><br />
kg<br />
kg<br />
kg<br />
L<br />
5<br />
3<br />
10<br />
1<br />
12<br />
3<br />
1<br />
6<br />
10<br />
5<br />
105<br />
20<br />
10<br />
8<br />
1
6. NUTRIÇÃO MINERAL<br />
6.1. Composição Química<br />
Algumas pesquisas foram conduzidas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminar a composição química <strong>de</strong> folhas, frutos, raízes e túberas <strong>do</strong><br />
umbuzeiro. Silva et al. (1984) (Tabelas 3 e 4) verificaram que na túbera o<br />
teor <strong>de</strong> K na polpa (43,7 g kg -1 ) foi maior <strong>do</strong> que na casca (20,4 g kg -1 ),<br />
ocorren<strong>do</strong> o inverso com N, Fe, Mn, Zn e Al; as raízes apresentaram teores<br />
inferiores aos da túbera para to<strong>do</strong>s os nutrientes, com exceção <strong>do</strong> S e <strong>do</strong> Mn;<br />
os frutos (casca + polpa) mostraram teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> N, P, K, S, Fe e<br />
Al em relação à semente; nas folhas, os teores médios foram: N = 29,0 g kg -<br />
1 , P = 2,3 g kg -1 , K = 10 g kg -1 , Ca = 17,9 g kg -1 , Mg = 3,1 g kg -1 , S = 3,2 g<br />
kg -1 , Fe = 110 mg kg -1 , Cu = 6 mg kg -1 , Mn = 32 mg kg -1 , Zn = 18 mg kg -1 ,<br />
B = 68 mg kg -1 , Na = 1.300 mg kg -1 e Al = 79 mg kg -1 .<br />
40
41<br />
Tabela 3: Concentração <strong>de</strong> macronutrientes (g kg -1 ) nas diferentes partes<br />
da raiz, da túbera, <strong>do</strong> fruto e das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />
Elemento<br />
g kg<br />
-----------Túbera--------- --------------Fruto-------------<br />
-1<br />
Casca Polpa Suco *<br />
Raiz Folha<br />
Casca + Polpa Semente<br />
N 14,4 6,4 - 12,3 29,0 10,1 7,0<br />
P 1,3 0,9 300 0,8 2,3 2,1 1,1<br />
K 20,4 43,7 4.307 5,1 10,0 19,4 4,1<br />
Ca 14,2 16,7 220 12,3 17,9 1,9 2,3<br />
Mg 6,1 8,1 155 3,1 3,1 0,9 0,5<br />
S 1,7 1,6 79 2,6 3,2 1,3 0,5<br />
* -1<br />
Resulta<strong>do</strong>s em mg kg .<br />
Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1984)<br />
Os teores foliares <strong>de</strong> Ca no umbuzeiro só não foram superiores aos<br />
<strong>de</strong> N, sen<strong>do</strong> isso mais um indicativo da alta exigência <strong>de</strong> Ca por essa planta.<br />
Tabela 4: Concentração <strong>de</strong> micronutrientes (mg kg -1 ) nas diferentes partes<br />
da raiz, da túbera, <strong>do</strong> fruto e das folhas <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />
Elemento<br />
mg kg<br />
----------Túbera--------- -----------Fruto-----------------<br />
-1<br />
Casca Polpa Suco<br />
Raiz Folha<br />
Casca + Polpa Semente<br />
Fe 415 65 4,0 325 110 31 38<br />
Cu 5 5
6.2. Alguns Parâmetros Físicos e Químicos<br />
O pH médio <strong>do</strong>s frutos in natura é <strong>de</strong> 2,02, o da polpa<br />
industrializada é <strong>de</strong> 2,44 e o <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce em massa é <strong>de</strong> 2,71. A composição<br />
centesimal da polpa <strong>do</strong> umbu, segun<strong>do</strong> vários autores, é retratada por Xavier<br />
(1999) e está apresentada na Tabela 5.<br />
Tabela 5: Composição centesimal (g 100g -1 ) da polpa <strong>do</strong> umbu, conforme<br />
literatura.<br />
-----------------------Fontes 1 -------------------------<br />
Componentes A B C D E<br />
Umida<strong>de</strong><br />
86,00 87,80 87,90 - 85,38<br />
Proteína bruta<br />
0,30 0,46 0,60 0,60 0,38<br />
Lipídios<br />
0,40 0,75 0,40 0,40 0,89<br />
Fibra bruta<br />
0,40 0,95 - - 1,06<br />
Carboidrato<br />
12,66 - 10,60 10,60 -<br />
Açúcares redutores em glicose - 5,76 - - 5,34<br />
Açúcares redutores sacarose - 2,58 - - 1,29<br />
Aci<strong>de</strong>z (áci<strong>do</strong> tartárico) - 1,57 - - -<br />
Pectato <strong>de</strong> cálcio<br />
- - - - 0,99<br />
Carotenos<br />
traços - - - -<br />
Tanino<br />
- - - - 0,12<br />
1<br />
A – Guimarães & Pechnik (1956); B – Souza & Catão (1970); C – En<strong>de</strong>f (1977);<br />
D – Franco (1992); E – Narain et al. (1992), to<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s por Xavier (1999).<br />
6.3 Requerimento Nutricional<br />
Quan<strong>do</strong> umbuzeiros foram cultiva<strong>do</strong>s em Latossolo Vermelho<br />
Distrófico, textura média (pH 5,6; P = 1; K = 56; SO4 = 2; B = 0,3; Zn = 0,7<br />
42
43<br />
mg dm -3 ; Ca = 5; Mg = 2; Al = 1 mmolc dm -3 ; MO = 18 g dm -3 e V = 41 %)<br />
e subtraíram-se os nutrientes, separadamente, Silva et al. (2002) verificaram<br />
que a seqüência <strong>do</strong>s nutrientes que mais limitaram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />
umbuzeiro, em relação ao tratamento completo (to<strong>do</strong>s os nutrientes), foi: N<br />
> P > Ca > Zn > B > S > K > Mg (Figura 6).<br />
A exigência nutricional apresentada anteriormente é um reflexo <strong>do</strong><br />
potencial <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> nutrientes pelo solo.<br />
Figura 6: Crescimento relativo em matéria seca da parte aérea e <strong>do</strong><br />
sistema radicular <strong>de</strong> umbuzeiros submeti<strong>do</strong>s aos diversos<br />
tratamentos com subtração <strong>do</strong>s nutrientes<br />
Fonte: Silva et al. (2002).
Em trabalho com omissão <strong>de</strong> macronutrientes em solução nutritiva,<br />
realiza<strong>do</strong> na <strong>UFLA</strong> (da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s), constatou-se que, em or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>crescente, os macronutrientes que mais limitaram a produção <strong>de</strong> matéria<br />
seca <strong>do</strong> umbuzeiro foram: Ca > N > K > Mg > S > P, o que po<strong>de</strong> ser<br />
verifica<strong>do</strong> pelos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 6.<br />
Em outro trabalho com omissão <strong>de</strong> micronutrientes realiza<strong>do</strong> por Sá<br />
et al. (2003), também da <strong>UFLA</strong>, a or<strong>de</strong>m foi: Fe > B > Zn > Zn+Cu > Cu ><br />
Mn; assim, o <strong>de</strong>senvolvimento da planta, durante o perío<strong>do</strong> experimental,<br />
foi menos afeta<strong>do</strong> pela omissão <strong>de</strong> Mn e mais afeta<strong>do</strong> pela omissão <strong>de</strong> Fe,<br />
conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 7.<br />
Tabela 6: Matéria seca (g planta -1 ) <strong>de</strong> raiz, caule, folha e total; relação parte<br />
aérea/raiz e crescimento relativo (CR%) <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro<br />
sob o efeito da aplicação <strong>do</strong>s diferentes tratamentos.<br />
Tratamento Raiz Caule Folha Total PA/R CR*<br />
Completo<br />
- P<br />
- S<br />
- Mg<br />
- K<br />
- N<br />
13,86 a 1<br />
18,13 a<br />
16,45 a<br />
6,32 b<br />
5,06 b<br />
6,93 b<br />
43,63 a 1<br />
45,79 a<br />
42,53 a<br />
11,84 b<br />
14,20 b<br />
8,98 b<br />
15,42 a 1<br />
13,59 a<br />
15,87 a<br />
9,59 b<br />
6,70 b<br />
4,98 b<br />
72,95 a 1<br />
77,50 a<br />
74,85 a<br />
27,74 b<br />
25,96 b<br />
20,89 b<br />
4,11 a 1<br />
3,30 a<br />
3,65 a<br />
3,39 a<br />
4,85 a<br />
2,13 a<br />
44<br />
100,0<br />
106,2<br />
102,6<br />
38,0<br />
35,6<br />
28,6<br />
- Ca 2,20 b 5,67 b 4,20 b 12,07 b 4,58 a 16,5<br />
C.V. (%) 30,15 41,06 47,69 39,35 30,56 -----<br />
1 Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem significativamente ao nível <strong>de</strong> 5<br />
% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> pelo teste Scott & Knott.<br />
*Referente à matéria seca total.<br />
Fonte: da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s
45<br />
Tabela 7: Altura (cm), diâmetro <strong>do</strong> caule (mm), matéria seca (g planta -1 ) <strong>de</strong><br />
raiz, caule, folha e total e a relação parte aérea/raiz <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong><br />
umbuzeiro após 75 dias da aplicação <strong>do</strong>s diferentes tratamentos 1 .<br />
Tratamento Raiz Caule Folha Total P.A/R<br />
Completo 7,21ab 33,15a<br />
14,24a 54,61a 6,57ab<br />
- B<br />
5,28bc 12,21d<br />
4,42cd 22,92c 3,36c<br />
- Cu<br />
7,12ab 30,66ab 13,9a 51,69a 6,32ab<br />
- Fe<br />
3,92c 6,92d<br />
2,84d 13,69c 2,50c<br />
- Mn<br />
7,93a 33,90a 12,63a 54,46a 5,86ab<br />
- Zn<br />
5,73bc 23,78c 7,58bc 37,10b 5,56b<br />
- (Zn+Cu) 5,25bc 24,56bc<br />
11,17ab 40,98b 6,97a<br />
D.M.S. 2,07 6,44<br />
3,96 11,53 1,36<br />
C.V. (%) 14,85 11,80<br />
18,08 39,35 11,18<br />
1<br />
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem significativamente ao nível<br />
<strong>de</strong> 5 % <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> pelo teste Tukey.<br />
Fonte: Sá et al. (2003).<br />
NITROGÊNIO<br />
6.4. Sintomas <strong>de</strong> Deficiência Nutricional<br />
6.4.1. Macronutrientes<br />
As folhas mais velhas per<strong>de</strong>m, gradualmente, a tonalida<strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-<br />
escura e passa para ver<strong>de</strong>-páli<strong>do</strong>, com posterior amarelecimento distribuí<strong>do</strong>,<br />
uniformemente, por to<strong>do</strong> o limbo foliar (Figura 7 B).
Com a intensificação da <strong>de</strong>ficiência, toda a planta se torna<br />
amarelecida, apresentan<strong>do</strong> um reduzi<strong>do</strong> crescimento; as folhas per<strong>de</strong>m o<br />
brilho, ocorren<strong>do</strong> queda prematura.<br />
FÓSFORO<br />
As plantas apresentam uma coloração amarelada nas bordas das<br />
folhas mais velhas (Figura 7 C2). Há uma alteração na arquitetura das<br />
plantas <strong>de</strong>ficientes em P - o ângulo <strong>do</strong>s ramos plagiotrópicos fica mais<br />
fecha<strong>do</strong> em relação ao ramo ortotrópicos, no senti<strong>do</strong> da base para o ápice<br />
(Figura 7 C1).<br />
As raízes crescem mais, sen<strong>do</strong> esse um mecanismo <strong>do</strong> umbuzeiro<br />
para sobreviver e produzir em solos pobres em P, como naqueles em que<br />
sua ocorrência é natural.<br />
POTÁSSIO<br />
Inicialmente, caracteriza-se por uma clorose das folhas mais novas<br />
(Figura 7 D) (re<strong>de</strong> ver<strong>de</strong> fina das nervuras sobre fun<strong>do</strong> amarela<strong>do</strong>); esse<br />
sintoma também é <strong>de</strong>scrito para a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Fe. Malavolta et al. (1997)<br />
citam que em algumas culturas a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K induz a uma <strong>de</strong>ficiência<br />
<strong>de</strong> Fe, em razão <strong>do</strong> acúmulo <strong>de</strong>sse último nos internódios (dificulda<strong>de</strong>s no<br />
46
47<br />
transporte). Posteriormente, com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, é observada<br />
uma pequena necrose marginal das pontas das folhas, inician<strong>do</strong>-se pelas<br />
folhas mais velhas.<br />
A Completo B<br />
C1<br />
- P Completo<br />
Figura 7: Folhas sem sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência nutricional (A); sintomas foliares<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> N (B); <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> inserção <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong><br />
plantas <strong>de</strong>ficientes em P comparadas com plantas <strong>do</strong> tratamento<br />
completo (C1); sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> P nas folhas(C2) e<br />
sintomas iniciais <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K (D) em umbuzeiro.<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
C2<br />
D<br />
- N<br />
- K
CÁLCIO<br />
A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Ca acarreta anormalida<strong>de</strong>s visuais nas folhas mais<br />
novas, seguidas <strong>de</strong> murchamento das gemas terminais, com posterior morte<br />
<strong>de</strong>stas (Figura 8 A). Há uma necrose ao longo das margens das folhas,<br />
caracterizada por “queimaduras” <strong>de</strong> coloração par<strong>do</strong>-escura e enrolada sobre<br />
si mesma, com as bordas recurvadas para cima. Com a evolução da<br />
<strong>de</strong>ficiência, há queda prematura das folhas.<br />
Na Figura 8 B, é apresenta<strong>do</strong> o sistema radicular <strong>do</strong> umbuzeiro<br />
cresci<strong>do</strong> na ausência <strong>de</strong> Ca. As raízes mostraram-se engrossadas e pouco<br />
volumosas e com uma aparência esbranquiçada.<br />
MAGNÉSIO<br />
A princípio, as folhas mais velhas apresentam uma leve coloração<br />
amarela ao longo da nervura principal. Com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, a<br />
clorose expan<strong>de</strong>-se entre as nervuras das folhas, permanecen<strong>do</strong> a região<br />
próxima da nervura principal colorida <strong>de</strong> amarelo mais intenso (Figura 8 C).<br />
Antece<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à abscisão, as folhas passaram da coloração amarela para uma<br />
cor arroxeada. Nesse estágio, ao simples toque <strong>do</strong>s <strong>de</strong><strong>do</strong>s, as folhas<br />
<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>m-se da planta.<br />
48
49<br />
A<br />
C D<br />
- Mg<br />
Figura 8: Planta <strong>de</strong>ficiente em Ca (A), <strong>de</strong>talhe das raízes <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong>ficientes em<br />
Ca (B), evolução <strong>do</strong>s sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Mg (C) e sintoma <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> S (D) em umbuzeiro.<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
ENXOFRE<br />
Os sintomas caracterizam-se por uma leve clorose nas folhas mais<br />
novas (Figura 8 D). Os últimos pares <strong>de</strong> folhas lança<strong>do</strong>s apresentam-se mais<br />
B<br />
- Ca - Ca<br />
- S
estreitos em relação aos últimos pares lança<strong>do</strong>s em uma planta sem<br />
problemas nutricionais (Figura 7 A).<br />
A parte terminal <strong>do</strong> caule apresenta-se com uma textura levemente<br />
mais lisa e uma coloração ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao marrom, enquanto em plantas não<br />
<strong>de</strong>ficientes, a cor <strong>do</strong> caule é esver<strong>de</strong>ada.<br />
6.4.2. Micronutrientes<br />
Na figura 9 verificam-se algumas das alterações ocorridas no<br />
umbuzeiro quan<strong>do</strong> o nutriente foi omiti<strong>do</strong> na solução nutritiva, contrastan<strong>do</strong><br />
com o tratamento completo (Figura 9 A).<br />
BORO<br />
A <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> boro é observada nas folhas mais novas, que<br />
mesmas apresentam uma leve clorose internerval, que evolui <strong>do</strong> centro para<br />
as bordas da folhas. Em seguida, essas folhas tornam-se amareladas,<br />
<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se um fun<strong>do</strong> levemente clorótico. Em seqüência, as folhas<br />
encurvam-se e se retorcem-se para baixo, ocorren<strong>do</strong> uma acentuada queda<br />
<strong>do</strong>s primeiros pares <strong>de</strong> folhas, persistin<strong>do</strong> as mais velhas. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> B<br />
50
51<br />
<strong>de</strong>termina também a morte <strong>do</strong>s pontos vegetativos apicais (Figura 9 B), em<br />
parte, provocan<strong>do</strong> secamento <strong>do</strong>s ápices <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte (dieback).<br />
A <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> B em umbuzeiros causa a formação <strong>de</strong> folhas menores e<br />
mais espessas em relação às folhas normais.<br />
FERRO<br />
A falta <strong>de</strong> Fe causa alteração na coloração das folhas novas,<br />
conforme mostra a Figura 9 C, apresentan<strong>do</strong> uma tonalida<strong>de</strong> arroxeada no<br />
caule, contrastan<strong>do</strong> nitidamente com o resto amarela<strong>do</strong> <strong>do</strong> limbo. Com a<br />
severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência e conseqüente queda <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> clorofila, as<br />
folhas tornam-se totalmente cloróticas e, em seguida, esbranquiçadas,<br />
contribuin<strong>do</strong> para o atraso <strong>do</strong> crescimento das plantas.<br />
MANGANÊS<br />
Os sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> Mn, na fase inicial, são bran<strong>do</strong>s e<br />
visualiza<strong>do</strong>s nas folhas mais sombreadas, tornan<strong>do</strong> mais perceptível (Figura<br />
9 D) com a severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência. As folhas mais jovens, no início da<br />
<strong>de</strong>ficiência, apresentam-se com esparsas áreas cloróticas adjacentes à<br />
nervura principal. Com a severida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência, observa-se nas folhas a<br />
progressão <strong>do</strong>s pontos cloróticos a necróticos, sem contu<strong>do</strong>, ocasionar a
queda das mesmas. As plantas <strong>de</strong>ficientes em Mn apresentam, durante um<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senvolvimento aparentemente normal, com as<br />
folhas atingin<strong>do</strong> dimensões até mesmo maiores, quan<strong>do</strong> comparadas às<br />
plantas sem <strong>de</strong>ficiência. Uma característica bastante interessante observada<br />
nas plantas <strong>de</strong>ficientes em Mn é um engrossamento da parte basal <strong>do</strong> caule<br />
(fase <strong>de</strong> muda).<br />
ZINCO<br />
Plantas <strong>de</strong>ficientes em Zn manifestam alterações morfológicas mais<br />
pronunciadas nas folhas mais jovens. Conforme po<strong>de</strong> ser visualiza<strong>do</strong> na<br />
Figura 10 A, observa-se que o principal sintoma <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> zinco<br />
consiste na produção <strong>de</strong> folhas pequenas e estreitas, algumas vezes<br />
retorcidas. Além da formação <strong>de</strong> folhas pequenas próximas entre si e com<br />
áreas cloróticas entre as nervuras, há a formação <strong>de</strong> ramos com internódios<br />
curtos.<br />
52
53<br />
A<br />
C D<br />
Figura 9: Mudas <strong>de</strong> umbuzeiro submetida à omissão <strong>de</strong> micronutrientes:<br />
(A) (completa); (B) ausência <strong>de</strong> B; (C) ausência <strong>de</strong> Fe; (D)<br />
ausência <strong>de</strong> Mn.<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
COBRE<br />
As plantas <strong>de</strong>ficientes em Cu apresentam inicialmente áreas<br />
cloróticas e esparsas nas folhas mais novas. À medida que a <strong>de</strong>ficiência se<br />
agrava, os limbos foliares mostraram-se com alterações morfológicas, e as<br />
folhas tomam uma disposição “vertical” (orelha <strong>de</strong> zebu), conforme Figura<br />
B
9 H. É observa<strong>do</strong> em umbuzeiros <strong>de</strong>ficientes em Cu a emissão <strong>de</strong> gemas<br />
vegetativas axilares múltiplas, originan<strong>do</strong> brotações com folhas diminutas.<br />
C<br />
A B<br />
+ Zn - Zn<br />
Figura 10: Mudas <strong>de</strong> umbuzeiro submetidas à omissão <strong>de</strong><br />
micronutrientes:(A) ausência <strong>de</strong> Zn; (B) ausência <strong>de</strong> Cu: (C<br />
e D) ausência simultânea <strong>de</strong> Cu e Zn.<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
D<br />
54
55<br />
DEFICIÊNCIA SIMULTÂNEA DE ZINCO E COBRE<br />
Nos sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências, quan<strong>do</strong> ocorrem conjuntamente,<br />
observa-se que limbos foliares apresentam uma superfície<br />
enrugada/<strong>de</strong>formada, originan<strong>do</strong> folhas diminutas, cloróticas e com leve<br />
crestamento nas pontas. As plantas formam folhas pequenas, mais estreitas<br />
e, com o agravamento da <strong>de</strong>ficiência, essas folhas pequenas e mais estreitas<br />
mostraram-se pen<strong>de</strong>ntes, com seus ápices volta<strong>do</strong>s para baixo, conforme a<br />
Figura 10 C. De mo<strong>do</strong> semelhante à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Cu, é observada a<br />
emissão <strong>de</strong> gemas vegetativas axilares múltiplas, originan<strong>do</strong> brotações com<br />
folhas diminutas (Figura 10 D).<br />
6.5. Exportação <strong>de</strong> N, P e K<br />
Silva et al. (1991a) analisaram os teores <strong>de</strong> N, P e K em diversas<br />
partes <strong>do</strong> umbuzeiro na fase da frutificação e concluíram que, ao final<br />
<strong>de</strong>ssa, as folhas continham os teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> N (21,5 g kg -1 ) em<br />
relação às <strong>de</strong>mais partes da planta, enquanto os teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> K<br />
(33,5 g kg -1 ) foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s na polpa da túbera, sen<strong>do</strong> esse último o<br />
nutriente mais exporta<strong>do</strong> (1,90 kg tonelada -1 <strong>de</strong> fruto) pelo fruto por
ocasião da colheita, segui<strong>do</strong> pelo N (1,19 kg por tonelada <strong>de</strong> fruto) e, em<br />
menor quantida<strong>de</strong>, pelo P (0,28 kg por tonelada <strong>de</strong> fruto), conforme<br />
apresenta<strong>do</strong> na Tabela 8.<br />
Tabela 8: Quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nutrientes exporta<strong>do</strong>s por ocasião da colheita, em<br />
mg fruto -1 e em g ton -1 <strong>de</strong> fruto fresco e em mg 100g -1 <strong>de</strong> polpa<br />
fresca <strong>de</strong> umbu.<br />
Nutriente mg fruto -1 g ton -1 fruto fresco mg 100g -1 <strong>de</strong><br />
polpa<br />
N<br />
23,7<br />
1.190,0<br />
69,0<br />
P<br />
5,6<br />
281,0<br />
18,0<br />
K<br />
37,9<br />
1.903,0<br />
146,0<br />
Fonte: Silva et al. (1991a)<br />
A época <strong>do</strong> ano influencia a concentração <strong>de</strong> um mesmo nutriente,<br />
conforme a parte amostrada e durante o repouso vegetativo. Os teores<br />
foliares <strong>de</strong> N, P e K ten<strong>de</strong>ram a se reduzir <strong>do</strong> início para o final da<br />
frutificação. O crescimento mais acelera<strong>do</strong> <strong>do</strong>s frutos se dá <strong>do</strong> trigésimo ao<br />
sexagésimo dia <strong>do</strong> início da frutificação, sen<strong>do</strong> a absorção <strong>de</strong> N, P e K<br />
maior nesse perío<strong>do</strong>, como apresenta<strong>do</strong> na Tabela 9.<br />
56
57<br />
Tabela 9: Concentração (g kg -1 ) e acumulação (mg fruto -1 ) <strong>de</strong> nitrogênio, fósforo e<br />
potássio ocorridas durante o crescimento <strong>do</strong> fruto <strong>de</strong> umbu na região <strong>do</strong><br />
Curimatau Pernambucano.<br />
Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fruto Nitrogênio Fósforo o Potássio o<br />
(dias) g kg -1 mg<br />
fruto -1<br />
g kg -1 mg fruto -1 g kg -1 mg fruto -<br />
1<br />
15<br />
30<br />
45<br />
60<br />
75<br />
90<br />
7,90<br />
12,00<br />
8,70<br />
7,30<br />
6,10<br />
5,40<br />
0,40<br />
2,20<br />
10,00<br />
11,50<br />
12,80<br />
14,60<br />
Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Silva et al. (1991b).<br />
1,40<br />
1,70<br />
1,50<br />
1,20<br />
1,20<br />
1,00<br />
0,07<br />
0,31<br />
1,72<br />
1,88<br />
2,52<br />
2,70<br />
6.6. Tolerância a Ambientes Salinos<br />
13,40<br />
16,10<br />
14,30<br />
13,50<br />
15,5<br />
14,30<br />
0,70<br />
2,90<br />
16,44<br />
21,19<br />
32,55<br />
38,61<br />
Até então, apenas no trabalho <strong>de</strong> Neves (2003) testou-se a tolerância<br />
<strong>do</strong> umbuzeiro à salinida<strong>de</strong> por NaCl, sen<strong>do</strong> o mesmo conduzi<strong>do</strong> na fase <strong>de</strong><br />
muda e em solução nutritiva. Os resulta<strong>do</strong>s são interessantes, pois<br />
constatou-se uma tolerância mo<strong>de</strong>rada das mudas quan<strong>do</strong> cultivadas em<br />
solução conten<strong>do</strong> até 31 mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a uma<br />
condutivida<strong>de</strong> elétrica <strong>de</strong> 3,2 dS m -1 (Tabela 10).<br />
Nessa concentração, as mudas reduziram a produção <strong>de</strong> matéria seca<br />
em 40%; entretanto, não se <strong>de</strong>tectaram sintomas visuais <strong>de</strong> injúrias causa<strong>do</strong>s
por sódio, o que só ocorreu em concentrações superiores a 40 mmol L -1 <strong>de</strong><br />
NaCl. Esses foram caracteriza<strong>do</strong>s por clorose, seguida <strong>de</strong> necrose no ápice<br />
e margens das folhas mais velhas, <strong>de</strong>sfolhamento e morte <strong>de</strong> plantas na<br />
concentração máxima testada (100 mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl), conforme Figura 11<br />
a,b.<br />
Tabela 10: Classificação das mudas <strong>de</strong> umbuzeiro quanto à tolerância à<br />
salinida<strong>de</strong> em solução nutritiva.<br />
Classificação Redução na<br />
produção da matéria<br />
Tolerante<br />
Mo<strong>de</strong>radamente tolerante<br />
Mo<strong>de</strong>radamente sensível<br />
Sensível<br />
Fonte: Neves (2003).<br />
seca (%)<br />
< 20<br />
21 - 40<br />
41 - 60<br />
> 60<br />
NaCl (mmol L -<br />
1 )<br />
< 16,0<br />
16,0 – 31,0<br />
31,1 – 53,0<br />
> 53,0<br />
58<br />
<strong>Produção</strong> <strong>de</strong> matéria<br />
seca apresentada (g<br />
planta -1 )<br />
13,24 - 10,60<br />
10,59 – 7,98<br />
7,97 – 5,28<br />
< 5,27
59<br />
Figura 7: Folhas sem sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência nutricional (A); sintomas foliares<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> N (B); <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> inserção <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong><br />
plantas <strong>de</strong>ficientes em P comparadas com plantas <strong>do</strong> tratamento<br />
completo (C1); sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> P nas folhas(C2) e<br />
sintomas iniciais <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> K (D) em umbuzeiro.<br />
Fotos: Orlan<strong>do</strong> S. C. Neves<br />
Quan<strong>do</strong> o umbuzeiro foi submeti<strong>do</strong> a uma baixa concentração salina,<br />
houve uma compartimentalização <strong>do</strong> sódio nas raízes. Quan<strong>do</strong> a<br />
concentração <strong>de</strong> Na no meio foi aumentada, as mudas não conseguiram<br />
manter o mesmo nível <strong>de</strong> compartimentalização nas raízes, translocan<strong>do</strong><br />
mais sódio para a parte aérea (Figura 12 b) e, assim, as plantas sentiram as<br />
injúrias da toxi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Na.<br />
a b
Analisan<strong>do</strong> a Figura 12.a, verifica-se que até a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 20 mmol L -1<br />
<strong>de</strong> NaCl, o sódio praticamente não se acumulou nas folhas, enquanto o<br />
acúmulo nas raízes já era consi<strong>de</strong>rável. Com esse resulta<strong>do</strong>, infere-se que as<br />
mudas <strong>de</strong> umbuzeiro não têm mecanismo <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> Na <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />
absorção; entretanto, elas toleram uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Na graças à<br />
compartimentalização nas raízes.<br />
〇 R: y = 15,053 + 1,0987x – 0,0103x 2 R 2 = 0,77**<br />
ٱ C: y = 5,822 + 0,4193x – 0,0035x 2 R 2 = 0,66**<br />
∆ F: y = 1,9047 + 2,7182x – 0,0205x 2 R 2 = 0,95**<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
a b<br />
0 20 40 60 80 100<br />
mmol L-1 <strong>de</strong> NaCl<br />
60<br />
〇 Na: y = 12,444 + 0,510x R 2 = 0,92**<br />
ٱ Cl: y = 44,502 + 0,751x –0,0045x 2 R 2 = 0,98**<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0 20 40 60 80 100<br />
mmol L -1 <strong>de</strong> NaCl<br />
Figura 12: Acúmulo <strong>de</strong> Na nas raízes-R, caule-C e folhas-F (a) e<br />
translocação <strong>de</strong> Na e Cl para a parte aérea <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong><br />
umbuzeiro. (**) significativo a 1%.<br />
Fonte: Neves (2003).<br />
Para o <strong>de</strong>senvolvimento inicial <strong>de</strong> umbuzeiros no campo, na época<br />
não chuvosa, faz-se necessária a prática da irrigação. Na região semi-árida<br />
nor<strong>de</strong>stina, uma das formas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> água para essa prática é por
61<br />
meio <strong>de</strong> poços tubulares que, na maioria das vezes, apresentam água salina.<br />
Saben<strong>do</strong> que o umbuzeiro, na fase <strong>de</strong> muda, tolera mo<strong>de</strong>radamente uma<br />
certa concentração salina, po<strong>de</strong>rá ser utilizada a água proveniente <strong>de</strong>ssa<br />
fonte nos primeiros meses <strong>de</strong> implantação da cultura. Essa área <strong>do</strong><br />
conhecimento ainda é bastante carente <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s mais aprofunda<strong>do</strong>s,<br />
tornan<strong>do</strong>-se assim, um campo aberto à pesquisa.<br />
7. UTILIZAÇÃO ATUAL<br />
O umbuzeiro é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a região nor<strong>de</strong>stina porque<br />
representa a principal fonte <strong>de</strong> ingresso para muitas famílias na época da<br />
safra; contu<strong>do</strong>, a sua exploração ainda é praticamente toda extrativista.<br />
O umbu costuma ser consumi<strong>do</strong> in natura e na forma <strong>de</strong> suco, mas sua<br />
polpa é muito usada em <strong>do</strong>ces, sorvetes, licores e na tradicional<br />
“umbuzada”, muito apreciada pelos sertanejos (Corrêa, 1978).<br />
Sua polpa passou a ser consi<strong>de</strong>rada para compor misturas <strong>de</strong> sucos<br />
tropicais para o merca<strong>do</strong> externo, o que levou as indústrias a fazerem<br />
investimentos consi<strong>de</strong>ráveis em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 80 visan<strong>do</strong> a produzir<br />
sucos <strong>de</strong> fruteiras tropicais, inclusive <strong>do</strong> umbu. Apesar <strong>de</strong>ssa situação, a
produção comercial <strong>de</strong> umbuzeiro continuou insignificante (Queiroz et al.,<br />
1993).<br />
Sua ma<strong>de</strong>ira é utilizada para obras internas, caixotaria e pastas para<br />
papel. A casca tem aplicações medicinais (Corrêa, 1978).<br />
Os xilopódios são usa<strong>do</strong>s para a fabricação <strong>do</strong>s aprecia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ces <strong>de</strong><br />
cafofa. Elas fornecem também água potável <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s medicinais,<br />
usada na medicina caseira para a cura <strong>de</strong> diarréias e verminoses. A casca <strong>do</strong><br />
caule é também recomendada para o tratamento <strong>de</strong> diarréias e <strong>de</strong> outras<br />
moléstias. Segun<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s (1990), o suco das túberas é uma bebida<br />
saudável, proporcionan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ses apreciáveis <strong>de</strong> sais minerais (Tabelas 3 e 4)<br />
e <strong>de</strong> vitaminas, principalmente <strong>de</strong> vitamina C, com eficiente efeito curativo<br />
nos casos <strong>de</strong> escorbuto.<br />
A maior importância econômica para o umbu está na sua<br />
industrialização sob a forma <strong>de</strong> polpa. Seu suco tem boa aceitação, o que<br />
propicia o surgimento <strong>de</strong> indústrias para o processamento e a conservação<br />
<strong>do</strong> produto <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> interno e externo. Para isso, bastaria o<br />
incentivo para o cultivo em escala comercial.<br />
62
63<br />
8. VALOR NUTRICIONAL<br />
O umbu é uma fruta saborosa e nutritiva, rica em minerais, ami<strong>do</strong> e<br />
vitamina C. Representa uma das principais fontes <strong>de</strong> vitamina C <strong>de</strong> que<br />
dispõe a população da zona semi-árida nor<strong>de</strong>stina. Em 100 g da polpa,<br />
encontram-se 44 calorias, 33,3 mg <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico, 20 mg <strong>de</strong> Ca, 2 mg<br />
<strong>de</strong> Fe, 14 mg <strong>de</strong> P, 0,6 g <strong>de</strong> proteína, 30 mg <strong>de</strong> vitamina A, 0,04 mg <strong>de</strong><br />
vitamina B1, 0,04 mg <strong>de</strong> vitamina B2 e 33 mg <strong>de</strong> vitamina C (Almeida &<br />
Valsechi, 1966). Em média, os sóli<strong>do</strong>s solúveis totais, medi<strong>do</strong> em ºBrix, é<br />
<strong>de</strong> 11,6.<br />
9. PRAGAS E DOENÇAS (Gomes et al., 1986; Men<strong>de</strong>s, 1990)<br />
Como se sabe, quase to<strong>do</strong> umbu colhi<strong>do</strong> é proveniente <strong>do</strong><br />
extrativismo, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que os apanha<strong>do</strong>res a<strong>de</strong>ntram matas ou<br />
fazendas semi-<strong>de</strong>smatadas e, nesses ambientes, ainda há um certo equilíbrio<br />
ecológico, e, por isso, as pragas e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> umbuzeiro não provocam<br />
gran<strong>de</strong>s danos. A partir <strong>do</strong> momento em que os gran<strong>de</strong>s plantios comerciais
se instalarem, os estu<strong>do</strong>s das pragas e <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>spertarão maior interesse<br />
<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.<br />
9.1. Pragas<br />
COCHONILHA ESCAMA-FARINHA<br />
A cochonilha escama-farinha (Pinnaspis spp.) é um coccí<strong>de</strong>o provi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
carapaça, pertencente à or<strong>de</strong>m Homoptera, que parasita os ramos finos e os<br />
frutos <strong>do</strong> umbuzeiro, forman<strong>do</strong> colônias. Para o seu controle, pulveriza-se<br />
toda a planta com óleos emulsionáveis a 1% (1 L <strong>do</strong> produto para 100 L <strong>de</strong><br />
água), <strong>de</strong> preferência nas últimas horas da tar<strong>de</strong> para evitar queimaduras nas<br />
folhas.<br />
CUPIM<br />
O cupim (Cryptotermes spp) escava galerias no caule, prejudican<strong>do</strong> o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da planta. No sertão nor<strong>de</strong>stino, é a principal praga<br />
registrada. O controle <strong>de</strong>ve ser feito à base <strong>de</strong> inseticidas fumigantes. Essa<br />
praga não causa a morte da planta, mesmo com alguns prejuízos a ela -<br />
64
65<br />
ambos (planta e cupim) conseguem sobreviver. Pela observação <strong>de</strong> campo,<br />
percebe-se que as plantas mais velhas são mais afetadas.<br />
ABELHA IRAPUÁ<br />
A abelha irapuá (Trigona spinipis) <strong>de</strong>strói parcialmente a casca e a polpa<br />
<strong>do</strong>s frutos, <strong>de</strong> preferência aqueles semimaduros, provocan<strong>do</strong> sua queda e o<br />
apodrecimento precoce. Para seu controle, a forma mais eficiente é a<br />
<strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s ninhos que ficam, na mesma planta e/ou em plantas não<br />
muito distanciadas.<br />
MOSCA-BRANCA<br />
As folhas <strong>do</strong> umbuzeiro são atacadas pela mosca-branca (Aleurodicus<br />
cocois), que forma colônias nas folhas, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sugam a seiva. As folhas<br />
ficam cloróticas, <strong>de</strong>pois secam e caem. Seu ataque propicia a formação <strong>de</strong><br />
fumagina, prejudican<strong>do</strong> a fotossíntese. Recomenda-se, para seu controle, a<br />
aplicação <strong>de</strong> inseticidas sistêmicos, como os fosfora<strong>do</strong>s, adicionan<strong>do</strong>-se<br />
óleos emulsionáveis.
LAGARTA-DE-FOGO<br />
A lagarta-<strong>de</strong>-fogo (Megalopyge lantana) ataca as folhas, <strong>de</strong>voran<strong>do</strong>-as.<br />
Se o controle não for feito logo, os danos po<strong>de</strong>m ser bastante significativos,<br />
pois a área fotossintética das plantas fica comprometida. O controle po<strong>de</strong> ser<br />
feito com a aplicação <strong>de</strong> inseticidas à base <strong>de</strong> carbamatos e fosfora<strong>do</strong>s.<br />
VAQUINHA-PATRIOTA<br />
A vaquinha-patriota (Diabrotica specosa) alimenta-se das folhas.<br />
Recomenda-se no seu controle o uso <strong>de</strong> fosfora<strong>do</strong>s sistêmicos.<br />
MANÉ-MAGRO<br />
O mané-magro (Stipbra algabobae) é um inseto que ataca as folhas <strong>do</strong><br />
umbuzeiro, e para o controle, recomenda-se o uso <strong>de</strong> inseticidas fosfora<strong>do</strong>s.<br />
VERRUGOSE<br />
9.2. Doenças<br />
A verrugose <strong>do</strong> umbuzeiro é ocasionada pelo patógeno Elsinoe sp.<br />
afetan<strong>do</strong> diretamente a produção <strong>de</strong> frutos. Os sintomas iniciais nas folhas,<br />
66
67<br />
ramos e frutos são pequenas manchas nas quais o teci<strong>do</strong> apresenta aparência<br />
encharcada, <strong>de</strong>primida e <strong>de</strong>pois essas manchas apresentam-se como lesões<br />
corticosas, salientes, <strong>de</strong> coloração cinza-escura. No seu controle, os<br />
fungicidas cúpricos têm apresenta<strong>do</strong> eficiência. Quan<strong>do</strong> a incidência é<br />
baixa, apenas uma pulverização é suficiente, preferencialmente após a<br />
florada. Quan<strong>do</strong> a incidência é alta, <strong>de</strong>vem-se efetuar duas aplicações: a<br />
primeira, antes <strong>do</strong> florescimento, visan<strong>do</strong> à diminuição <strong>do</strong> inoculo, e a<br />
segunda, quan<strong>do</strong> 2/3 das flores tiverem caí<strong>do</strong>.<br />
SEPTORIOSE<br />
A septoriose é ocasionada pelo patógeno Septoria sp. A planta infectada<br />
apresenta folhas com manchas necróticas, superficiais, circulares, <strong>de</strong><br />
coloração cinzenta com pontuações negras, que são os picnídios <strong>do</strong> fungo. A<br />
<strong>do</strong>ença ocasiona, geralmente, um intenso <strong>de</strong>sfolhamento. Para seu controle,<br />
é recomendada a retirada das folhas atacadas, além <strong>de</strong> eventual tratamento<br />
com fungicida cúprico.
10. COLHEITA E PÓS-COLHEITA<br />
A colheita <strong>do</strong> umbu é feita manualmente, e a safra perdura por <strong>do</strong>is a<br />
três meses. Para uma boa comercialização, impõe-se uma colheita cuida<strong>do</strong>sa<br />
e criteriosa. Os frutos não <strong>de</strong>vem sofrer quaisquer injúrias que venham ferir<br />
significativamente a casca (na linguagem <strong>do</strong>s apanha<strong>do</strong>res: “não <strong>de</strong>ve<br />
rachar”), pois seria porta aberta para a proliferação <strong>de</strong> agentes patogênicos,<br />
além <strong>de</strong> causar mau aspecto <strong>do</strong> produto comercializa<strong>do</strong> in natura.<br />
O umbu é um fruto climatério, ou seja, completa sua maturação após a<br />
colheita. Portanto, os frutos <strong>de</strong>vem ser colhi<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> estiverem bem<br />
forma<strong>do</strong>s e se apresentarem no estádio <strong>de</strong> vez ou próximo <strong>de</strong>le, isto é,<br />
quan<strong>do</strong> a cor da casca começar a se transformar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-escura para ver<strong>de</strong>-<br />
clara brilhante a ligeiramente amarelada. Nesse ponto, a textura da casca<br />
apresenta-se mais lisa em relação ao fruto ainda ver<strong>de</strong>.<br />
Narain et al. (1991) realizaram um estu<strong>do</strong> na qual atestaram ser o<br />
estádio <strong>de</strong> vez o mais indica<strong>do</strong> para a colheita, tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista físico<br />
quanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista químico, como está apresenta<strong>do</strong> na Tabela 11.<br />
Pela análise <strong>de</strong>ssa tabela, verifica-se que os frutos no estádio <strong>de</strong> vez são<br />
mais pesa<strong>do</strong>s e volumosos, apresentan<strong>do</strong> também um maior percentual <strong>de</strong><br />
polpa (64,62%) em relação às <strong>de</strong>mais partes <strong>do</strong> fruto, sen<strong>do</strong> esse percentual<br />
68
69<br />
<strong>de</strong> 54,48 e 54,24 para os frutos ver<strong>de</strong>s e maduros, respectivamente. Os<br />
valores referentes ao brix e ao pH são maiores nos frutos maduros;<br />
entretanto, como é um fruto climatério, se for colhi<strong>do</strong> no estádio <strong>de</strong> vez,<br />
esses valores ten<strong>de</strong>m a aumentar, pois o processo <strong>de</strong> maturação irá<br />
continuar. Além <strong>do</strong> mais, o fruto no estádio <strong>de</strong> vez apresenta maior<br />
consistência, o que proporciona maior resistência ao transporte e influência<br />
na manutenção <strong>do</strong> fruto por maior tempo no merca<strong>do</strong>.<br />
Tabela 11: Alguns parâmetros físicos e químicos <strong>de</strong> frutos <strong>do</strong> umbuzeiro (valores<br />
médios).<br />
----------------------- grau <strong>de</strong> amadurecimento ----------------------<br />
Parâmetro ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> vez (“incha<strong>do</strong>”) Maduro<br />
pH<br />
º Brix<br />
Peso <strong>do</strong> fruto (g)<br />
Peso da semante (g)<br />
Peso da casca (g)<br />
Peso da polpa (g)<br />
Volume <strong>do</strong> fruto (cm 3 2,9<br />
3,0<br />
3,3<br />
9,3<br />
8,9<br />
10,2<br />
10,95<br />
19,02<br />
16,19<br />
2,19<br />
3,05<br />
4,28<br />
2,72<br />
3,66<br />
2,90<br />
6,04<br />
12,32<br />
9,01<br />
) 10,3<br />
16,43<br />
14,40<br />
Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Narain et al. (1991).<br />
Como os umbuzeiros são plantas altas e <strong>de</strong> copa larga, recomenda-se<br />
a utilização <strong>de</strong> escadas ou colbe<strong>do</strong>r <strong>de</strong> saco (tetéia) para facilitar a operação<br />
<strong>de</strong> colheita. No sertão nor<strong>de</strong>stino, é comum a colheita ser realizada sem<br />
esses instrumentos. O apanha<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua habilida<strong>de</strong>, sobe no<br />
umbuzeiro e, com um saco (pano ou nylon) amarra<strong>do</strong> à cintura ou
<strong>de</strong>pendura<strong>do</strong> ao pescoço, colhe os frutos sem causar-lhes danos físicos.<br />
Entretanto, essa é uma operação que, muitas vezes, acaba em pequenos<br />
aci<strong>de</strong>ntes, pois a casca <strong>do</strong>s galhos é bastante lisa e a ma<strong>de</strong>ira não tem alta<br />
resistência.<br />
Infelizmente, graças ao incentivo <strong>de</strong> alguns produtores <strong>de</strong> polpa, a<br />
colheita em algumas regiões não tem obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> aos critérios anteriormente<br />
cita<strong>do</strong>s e os frutos, ainda ver<strong>de</strong>s (imaturos), <strong>de</strong> vez e maduros, são<br />
<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma indistinta, juntamente com a <strong>de</strong>rruba <strong>de</strong> folhas e galhos<br />
novos. Esse procedimento coloca em risco a vida produtiva das plantas e sua<br />
produtivida<strong>de</strong> para as colheitas futuras.<br />
Por esses e outros motivos, o extrativismo está com seus dias<br />
conta<strong>do</strong>s. Frutos advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> plantios comerciais <strong>de</strong>verão, em médio prazo,<br />
superar aqueles <strong>do</strong> extrativismo e nesse, caso, espera-se maior<br />
racionalização no processo <strong>de</strong> colheita.<br />
Para uma boa apresentação ao merca<strong>do</strong>, principalmente o <strong>do</strong> fruto in<br />
natura, os frutos colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser acondiciona<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>samente em<br />
caixas plásticas, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minimizar danos mecânicos, e<br />
mantidas à sombra, para evitar o aquecimento e aceleração da maturação.<br />
Os frutos <strong>de</strong>vem ser lava<strong>do</strong>s, secos, seleciona<strong>do</strong>s por tamanho e grau <strong>de</strong><br />
maturação, <strong>de</strong>scartan<strong>do</strong>-se os <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>s e/ou imprestáveis para o<br />
70
71<br />
consumo. Ressalta-se que a maioria <strong>do</strong> umbu comercializa<strong>do</strong> no país não<br />
segue esses cuida<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong>, ainda, transporta<strong>do</strong>s “a granel” em caminhões.<br />
10.1. Utilização <strong>do</strong> Xilopódio<br />
A utilização <strong>do</strong> xilopódio <strong>do</strong> umbuzeiro para a fabricação <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces,<br />
farinhas, retirada <strong>de</strong> água etc é uma prática comum entre os sertanejos;<br />
entretanto, ocorre em pequena escala, pois os subprodutos <strong>de</strong>sse fruto são<br />
<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s apenas à culinária local. A expansão da retirada <strong>de</strong>ssas estruturas<br />
para níveis comerciais se torna preocupante, pois elas servem como reserva<br />
<strong>de</strong> água e nutrientes para as plantas, dan<strong>do</strong>-lhes suporte para enfrentar as<br />
condições adversas ocasionadas pela falta d’água.<br />
Cavalcanti et al. (2002) publicaram um estu<strong>do</strong> no qual verificaram<br />
que a retirada parcial (1 quadrante por ano) <strong>de</strong> xilopódios não é fator<br />
limitante na frutificação <strong>do</strong> umbuzeiro. Entretanto, mesmo não sen<strong>do</strong> fator<br />
limitante, há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar que nas safras posteriores à retirada <strong>de</strong> cada<br />
quadrante, houve uma redução na produção <strong>de</strong> frutos (Tabela 12). Esse<br />
estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> para apenas um ciclo <strong>de</strong> retiradas. Os mesmos autores<br />
alertaram que a redução na produção <strong>de</strong> frutos também foi verificada nas
plantas em que não se retiraram os xilopódios (grupo II); assim, essa<br />
redução não esteve associada somente à retirada <strong>de</strong>ssas estruturas.<br />
Tabela 12: Percentuais <strong>de</strong> redução na produção <strong>de</strong> frutos nas plantas <strong>de</strong><br />
umbuzeiros <strong>do</strong>s grupos I (com retirada <strong>de</strong> xilopódios*) e II (sem<br />
retira da xilopódios), avaliadas <strong>de</strong> 1996 a 1999.<br />
Grupo I % <strong>de</strong> redução na produção Grupo II % <strong>de</strong> redução na produção<br />
<strong>de</strong> frutos em relação à safra<br />
<strong>de</strong> frutos em relação à safra<br />
anterior<br />
anterior<br />
Safra/96<br />
-5,56<br />
Safra/96<br />
-7,55<br />
Safra/97<br />
-11,94<br />
Safra/97<br />
-19,85<br />
Safra/98<br />
-14,24<br />
Safra/98<br />
-24,83<br />
Safra/99<br />
*um quadrante safra<br />
-15,52<br />
Safra/99<br />
-7,75<br />
-1 .<br />
Fonte: adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cavalcanti et al. (2002)<br />
Toda e qualquer técnica em que se lance mão <strong>de</strong> práticas predativas<br />
é maléfica para a sustentabilida<strong>de</strong>, levan<strong>do</strong>, conseqüentemente, a um<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio ambiental.<br />
Um único umbuzeiro po<strong>de</strong> produzir até 3.000 kg <strong>de</strong> xilopódios; no<br />
entanto, em média, essa produção é <strong>de</strong> 700 Kg por planta e <strong>de</strong> 1,93 kg por<br />
xilopódio.<br />
72
73<br />
10.2. Mão-<strong>de</strong>-Obra empregada na coleta <strong>do</strong> umbu<br />
A agricultura familiar da região semi-árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste brasileiro<br />
tem sua sustentabilida<strong>de</strong> na exploração <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> subsistência (milho,<br />
feijão e mandioca) e, principalmente, na criação <strong>de</strong> caprinos e <strong>de</strong> ovinos. Os<br />
pequenos agricultores <strong>de</strong>ssa região convivem com uma situação bastante<br />
peculiar quanto às fontes <strong>de</strong> renda, das quais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m para sua<br />
sobrevivência, pois seus sistemas <strong>de</strong> produção são constituí<strong>do</strong>s basicamente<br />
pela agricultura <strong>de</strong> subsistência e pela pecuária extensiva.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, há outras fontes <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-<br />
obra, bastante significativas, como o extrativismo vegetal, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> especial<br />
o <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro. Essa ativida<strong>de</strong> assegura em maior parte a<br />
subsistência <strong>do</strong>s pequenos agricultores, cujo processo produtivo baseia-se,<br />
principalmente, na agricultura <strong>de</strong> subsistência.<br />
Segun<strong>do</strong> Araujo (2000), os negócios com o umbu na região semi-<br />
árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a colheita, comercialização,<br />
processamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces e polpas, chegam a ren<strong>de</strong>r cerca <strong>de</strong> R$ 6 milhões ao<br />
ano para economia regional. Talvez essa estimativa esteja subvalorizada,<br />
pois aí não se conta, por exemplo, os frutos que são consumi<strong>do</strong>s pelas<br />
famílias nas áreas <strong>de</strong> coleta, nem os animais que são ceva<strong>do</strong>s (suínos, por
exemplo) e vendi<strong>do</strong>s ou consumi<strong>do</strong>s. Na Tabela 13, é apresentada a<br />
distribuição <strong>do</strong> trabalho das famílias localizadas próximas a comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
coleta <strong>do</strong> umbu, no Esta<strong>do</strong> da Bahia, em época <strong>de</strong> safra. O extrativismo <strong>do</strong><br />
fruto <strong>do</strong> umbuzeiro é muito importante para a maioria das famílias <strong>de</strong><br />
pequenos agricultores das 16 comunida<strong>de</strong>s analisadas. Em média, 79,11%<br />
das famílias <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s tiveram pessoas envolvidas na colheita <strong>do</strong><br />
fruto <strong>do</strong> umbuzeiro, com <strong>de</strong>staque para a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barracão, on<strong>de</strong><br />
100% das famílias participaram <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> (Cavalcanti et al., 1998,<br />
cita<strong>do</strong> por Cavalcanti et al., 2002).<br />
Quanto ao tempo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à colheita, na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fazendinha,<br />
os agricultores trabalharam em média 71 dias colhen<strong>do</strong> umbu. Outras<br />
comunida<strong>de</strong>s que se <strong>de</strong>stacaram foram a <strong>de</strong> Xique-xique e Conceição, on<strong>de</strong><br />
os agricultores <strong>de</strong>dicaram-se, em média, 68 dias à colheita <strong>do</strong> umbu. A<br />
média geral entre as comunida<strong>de</strong>s foi <strong>de</strong> 59,69 dias por agricultor <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s<br />
à colheita.<br />
Por meio <strong>de</strong>sses resulta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>monstra-se a importância <strong>de</strong>ssa<br />
ativida<strong>de</strong> na absorção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para os pequenos agricultores <strong>de</strong>ssa<br />
região, principalmente, pelo ao fato <strong>de</strong> que no perío<strong>do</strong> da safra <strong>do</strong> umbu não<br />
há outras alternativas para absorção da mão-<strong>de</strong>-obra disponíveis na região.<br />
Já em relação à geração <strong>de</strong> renda, a venda <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro<br />
74
75<br />
proporcionou aos agricultores uma renda média <strong>de</strong> 2,22 salários mínimos<br />
vigentes na época.<br />
Em termos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a média <strong>de</strong> frutos<br />
colhi<strong>do</strong>s por grupo <strong>de</strong> produtores, a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fazendinha <strong>de</strong>stacou-se,<br />
com uma produção média <strong>de</strong> 3.419,36 kg <strong>de</strong> frutos colhi<strong>do</strong>s por agricultor.<br />
Tabela 13: Distribuição absoluta e relativa <strong>do</strong>s pequenos agricultores das<br />
Comunida<strong>de</strong>s<br />
Faz. Saco<br />
Conceição<br />
Morro Branco<br />
Fazendinha<br />
Mulumgu<br />
Favela<br />
Barração<br />
Várzea<br />
Riacho <strong>do</strong> Mocó<br />
Lage Gran<strong>de</strong><br />
São Miguel<br />
Santo Antonio<br />
Xique-xique<br />
Boa Sorte<br />
Lagoa <strong>do</strong>s<br />
Currais<br />
Russinha<br />
comunida<strong>de</strong>s que participam <strong>do</strong> extrativismo <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> umbuzeiro<br />
na safra <strong>de</strong> 1998.<br />
Nº <strong>de</strong><br />
famílias<br />
envolvidas<br />
na colheita<br />
(n) -1 (%)<br />
17---77,27<br />
13 -- 92,86<br />
8 - 72,73<br />
25 – 86,21<br />
5 ---71,43<br />
18---–90,0<br />
23 -----100<br />
14 -–73,68<br />
6 ----75,0<br />
5 ----62,5<br />
4 ----6,67<br />
28-- 84,85<br />
14---82,35<br />
12 – 85,71<br />
7-- 77,78<br />
4 – 66,67<br />
Nº <strong>de</strong> pessoas<br />
que<br />
participam da<br />
colheita<br />
família -1<br />
(n) -2 (%)<br />
3 -------60,00<br />
4 ------ 57,14<br />
2 ------ 66,67<br />
3 ------ 75,00<br />
2 ------ 66,67<br />
4 ------ 80,00<br />
4 ------ 71,43<br />
3 ------– 75,0<br />
2 –---- 50,00<br />
2 –---- 66,67<br />
3 –---- 100,0<br />
4 –---- 80,00<br />
4 –---- 66,67<br />
3 –---- 75,00<br />
2 -----–66,67<br />
2 ----– 50,00<br />
Perío<strong>do</strong><br />
médio <strong>de</strong><br />
colheita<br />
(dias)<br />
(horas)<br />
64 -------7<br />
68--------6<br />
62—-----8<br />
71--------6<br />
67—----4<br />
65—-----6<br />
64-----—8<br />
66--------7<br />
47—-----6<br />
56—-----6<br />
44—-----7<br />
62—-----8<br />
68—-----7<br />
46--------6<br />
47—-----6<br />
58--------6<br />
Média <strong>de</strong><br />
frutos<br />
colhi<strong>do</strong>s por<br />
pessoa<br />
(kg perío<strong>do</strong> -<br />
1<br />
)<br />
3.015,68<br />
3.151,12<br />
2.486,82<br />
3.419,36<br />
3.295,06<br />
3.001,05<br />
2.833,28<br />
2.652,54<br />
1.963,19<br />
2.644,32<br />
2.120,36<br />
2.489,92<br />
2.796,16<br />
1.985,82<br />
2.076,46<br />
2.627,40<br />
(-1) Número <strong>de</strong> famílias por comunida<strong>de</strong><br />
(-2) Número <strong>de</strong> pessoas; Obs. Salário mínimo da época R$ 120,00<br />
Fonte: Cavalcanti et al. (1998), cita<strong>do</strong> por Cavalcanti et al. (2002).<br />
Renda<br />
média por<br />
pessoa<br />
R$<br />
301,57<br />
315,11<br />
248,68<br />
341,94<br />
329,51<br />
300,11<br />
283,33<br />
265,25<br />
196,32<br />
264,43<br />
212,04<br />
248,99<br />
279,62<br />
198,58<br />
207,65<br />
262,74
11. COMERCIALIZAÇÃO<br />
A comercialização é feita diretamente pelos atravessa<strong>do</strong>res das<br />
comunida<strong>de</strong>s, que fazem o extrativismo <strong>do</strong> umbu nas margens das ro<strong>do</strong>vias<br />
e feiras livres. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no Parque Dom Pedro, nos meses <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro a fevereiro, é comum o comércio <strong>de</strong> umbu. Esse umbu é<br />
originário, em sua maioria, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia e é transporta<strong>do</strong> em<br />
caminhões abertos.<br />
Devi<strong>do</strong> á gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> genética existente no umbuzeiro, as<br />
qualida<strong>de</strong>s organolépticas <strong>do</strong>s frutos que são transporta<strong>do</strong>s num mesmo<br />
carregamento são muito variáveis. Assim, um consumi<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> comprar<br />
frutos originários <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada planta, os quais são a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>s e têm<br />
a casca pouco espessa, e outro, comprar frutos <strong>do</strong> mesmo comerciante,<br />
aze<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> casca muito espessa. Ou seja, na comercialização <strong>do</strong> umbu, não<br />
existe ainda uma padronização para o fruto.<br />
Num teste realiza<strong>do</strong> pelo autor na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória da Conquista –<br />
Ba, em três supermerca<strong>do</strong>s, no ano <strong>de</strong> 1999, foram expostos, la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>,<br />
frutos <strong>de</strong> umbu seleciona<strong>do</strong>s e acondiciona<strong>do</strong>s em embalagens plásticas,<br />
com 12 frutos cada uma, e frutos não seleciona<strong>do</strong>s e amontoa<strong>do</strong>s, sem que<br />
houvesse distinção <strong>de</strong> preço e os consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ram preferência aos frutos<br />
76
77<br />
amontoa<strong>do</strong>s e não seleciona<strong>do</strong>s. Tal escolha se <strong>de</strong>veu ao hábito <strong>do</strong>s<br />
consumi<strong>do</strong>res em “apertar” os frutos, comportamento esse secular,<br />
provavelmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>sconfiança <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res quanto aos<br />
produtores. Felizmente, esse comportamento tem muda<strong>do</strong> nos últimos anos<br />
e, num futuro próximo, talvez não se encontrem frutas que não tenham um<br />
padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e classificação, mesmo que em pequenas quantida<strong>de</strong>s.<br />
O umbu é uma fruta altamente perecível. Depois <strong>de</strong> colhida no seu<br />
estádio <strong>de</strong> vez, se não for acondicionada em ambientes refrigera<strong>do</strong>s, sua vida<br />
útil é <strong>de</strong> aproximadamente 4 dias. Essa característica é mais um entrave à<br />
comercialização.<br />
Almeida (1999) sugere que frutos maduros <strong>de</strong> umbu sejam conserva<strong>do</strong>s<br />
sob refrigeração a 5º C, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser armazena<strong>do</strong>s nessas condições por até<br />
15 dias. Caso os frutos sejam colhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vez, esses po<strong>de</strong>rão ser<br />
armazena<strong>do</strong>s sob refrigeração a 10º C por até 30 dias.<br />
12 PRODUÇÃO NACIONAL<br />
O umbuzeiro é uma espécie frutífera ainda pouco explorada, com<br />
pequenas áreas <strong>de</strong>stinadas ao cultivo comercial, porém, com gran<strong>de</strong>
potencial sócio-econômico. Sua produção está restrita a algumas regiões <strong>do</strong><br />
Nor<strong>de</strong>ste e <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. A fruta é consumida em<br />
quase toda sua totalida<strong>de</strong> in natura, no merca<strong>do</strong> interno <strong>de</strong>ssas regiões ou<br />
em gran<strong>de</strong>s centros, como São Paulo e Brasília, on<strong>de</strong> sua aceitação tem si<strong>do</strong><br />
crescente.<br />
É oportuno ressaltar que, no ano <strong>de</strong> 1982, a produção <strong>de</strong> umbu<br />
registrada pelo IBGE foi <strong>de</strong> 37.555 toneladas (Cunha, 1982). Essa produção<br />
reduziu para cerca <strong>de</strong> 19.000 toneladas em 1989 e 11.639 toneladas em<br />
1994 (IBGE , 1994). No ano <strong>de</strong> 2001, esse valor atingiu 9.919 toneladas.<br />
Essa redução é um reflexo da extração predativa praticada pelos<br />
apanha<strong>do</strong>res nas regiões <strong>de</strong> coleta e da falta <strong>de</strong> renovação <strong>do</strong> plantel natural,<br />
pois plantas novas <strong>de</strong> umbuzeiro dificilmente conseguem crescer em<br />
ambientes on<strong>de</strong> existam ovinos, caprinos ou bovinos, pois, por serem<br />
palatáveis, suas folhas são preferidas por esses animais.<br />
Espera-se que nos próximos anos a produção <strong>de</strong> umbu retome seu<br />
crescimento, pois aí já <strong>de</strong>verão estar inseridas as produções oriundas <strong>do</strong>s<br />
novos plantios comerciais.<br />
Ressalta-se apenas a preocupação para a conservação das plantas<br />
nativas e, na instalação <strong>de</strong> pomares comerciais, essas <strong>de</strong>vem ser<br />
78
79<br />
conservadas, mesmo que inferiores produtivamente, pois isso garantirá a<br />
variabilida<strong>de</strong> genética da espécie.<br />
Até então, a consciência da maioria <strong>do</strong>s nor<strong>de</strong>stinos é a da<br />
preservação <strong>do</strong> umbuzeiro, pois não raro se vêem terras <strong>de</strong>smatadas, on<strong>de</strong> a<br />
única espécie que resta é a <strong>do</strong> umbuzeiro - “árvore sagrada <strong>do</strong> sertão”. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, também o po<strong>de</strong>r público está agin<strong>do</strong> e, na maioria <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
nor<strong>de</strong>stinos, existem leis <strong>de</strong>claran<strong>do</strong> o umbuzeiro como planta não-passível<br />
<strong>de</strong> corte.<br />
Antes <strong>de</strong> se falar em merca<strong>do</strong> externo para essa fruta, tem-se que<br />
torná-la conhecida pelos brasileiros das regiões não-produtoras. Lima et al.<br />
(2000) citam o <strong>de</strong>sejo da conquista <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> exterior, principalmente o<br />
europeu, pois, segun<strong>do</strong> esses autores, existem boas perspectivas em nível<br />
mundial, com amplas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação <strong>do</strong> suco, o que, segun<strong>do</strong><br />
Khan et al. (2003), já vem acontecen<strong>do</strong> com a polpa, que, no ano <strong>de</strong> 2003,<br />
foi exportada para Alemanha, Holanda e Suíça.<br />
Na Tabela 14, é ressalta<strong>do</strong> o total <strong>de</strong> polpas produzidas na região<br />
su<strong>de</strong>ste da Bahia. De um total <strong>de</strong> 18.646,0 t, 5,1% referem-se à polpa <strong>de</strong><br />
umbu, ou seja, 950 t, sen<strong>do</strong> necessária para a produção <strong>de</strong>ssa polpa a<br />
compra <strong>de</strong> 1.803,7 t <strong>do</strong> fruto. Analisan<strong>do</strong> os valores apresenta<strong>do</strong>s por Khan<br />
et al. (2003), po<strong>de</strong>-se ter uma idéia <strong>de</strong> que os valores apresenta<strong>do</strong>s pelo
IBGE (9.919 t) para a produção anual <strong>de</strong> umbu parecem não ser<br />
representativos daquilo que realmente é produzi<strong>do</strong>, servin<strong>do</strong> apenas para um<br />
comparativo, que leva à conclusão <strong>de</strong> que a produção global diminuiu nos<br />
últimos anos.<br />
Tabela 14: Destino e quantida<strong>de</strong> comercializada da produção <strong>de</strong> polpas <strong>de</strong><br />
frutas das agroindústrias da Região Su<strong>de</strong>ste da Bahia, 2002.<br />
Destino das vendas<br />
Merca<strong>do</strong> interno<br />
Quantida<strong>de</strong> (t) %<br />
Acre<br />
69,3<br />
0,4<br />
Alagoas<br />
4,0<br />
0,0<br />
Bahia<br />
11.883,2<br />
63,7<br />
Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />
929,2<br />
5,0<br />
Espírito Santo<br />
247,8<br />
1,3<br />
Goiás<br />
109,0<br />
0,6<br />
Minas Gerais<br />
2.795,3<br />
15,0<br />
Pernambuco<br />
34,7<br />
0,2<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
511,4<br />
2,8<br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte<br />
18,0<br />
0,1<br />
Sergipe<br />
25,4<br />
0,1<br />
São Paulo<br />
903,7<br />
4,8<br />
Subtotal<br />
Merca<strong>do</strong> externo<br />
17.531,0<br />
94,0<br />
Alemanha<br />
361,6<br />
1,9<br />
Holanda<br />
361,6<br />
1,9<br />
Suíça<br />
391,8<br />
2,2<br />
Subtotal<br />
1.115,0<br />
6,0<br />
TOTAL<br />
Fonte: Khan et al. (2003).<br />
18.646,0<br />
100,0<br />
80
81<br />
12.1 Esta<strong>do</strong>s Produtores<br />
De to<strong>do</strong> umbu produzi<strong>do</strong> no Brasil, 99,7% são advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Nor<strong>de</strong>ste, sen<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> da Bahia responsável por 86,4%, Pernambuco<br />
com 6,5% e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte com 2,8%. O restante da produção é<br />
proveniente da Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Piauí.<br />
Na safra 2003/2004, o saco com 50 kg <strong>de</strong> umbu, colhi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />
extrativa, foi pago aos apanha<strong>do</strong>res a R$ 15,00 no município <strong>de</strong> Dom<br />
Basílio-Ba. Cabe esclarecer que a maior parte <strong>do</strong>s lucros advin<strong>do</strong> <strong>do</strong> umbu<br />
acaba por ficar nas mãos <strong>do</strong>s atravessa<strong>do</strong>res. Políticas públicas que<br />
incentivem a industrialização <strong>do</strong>s frutos po<strong>de</strong>m incrementar a renda média<br />
das famílias que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> extrativismo <strong>do</strong> umbu na época <strong>de</strong> coleta. O<br />
governo da Bahia vem tentan<strong>do</strong>, sem gran<strong>de</strong> sucesso, por meio da EBDA<br />
(Empresa Baiana <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrícola), programas que visam à<br />
agregação <strong>de</strong> valor e melhoria da renda das famílias das áreas <strong>de</strong> coleta.<br />
Entre esses programas, <strong>de</strong>staca-se a distribuição <strong>de</strong> mudas enxertadas, <strong>de</strong><br />
potencial produtivo comprova<strong>do</strong> e com características <strong>do</strong>s frutos que<br />
agradam aos consumi<strong>do</strong>res.
13. INDUSTRIALIZAÇÃO<br />
A industrialização <strong>do</strong> fruto, nas formas <strong>de</strong> <strong>do</strong>ce, geléia, compotas,<br />
concentra<strong>do</strong> para sorvete, polpa, suco e passas, po<strong>de</strong> garantir uma maior<br />
expansão <strong>de</strong>ssa cultura (Men<strong>de</strong>s, 1990). O sabor agri<strong>do</strong>ce e a excelente<br />
característica <strong>de</strong> aroma são fatores fundamentais para a industrialização da<br />
polpa e para compor misturas <strong>de</strong> sucos tropicais, objetivan<strong>do</strong> a expansão <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> interno e abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo, o que minimizaria gran<strong>de</strong>s<br />
perdas durante as safras e incentivaria a intensificação <strong>do</strong> cultivo comercial.<br />
O processamento <strong>do</strong> umbu para a produção <strong>de</strong> polpa é a principal<br />
forma <strong>de</strong> industrialização <strong>de</strong>ssa fruta, exceto o consumo in natura, é<br />
consumi<strong>do</strong> a maior parte <strong>do</strong>s frutos colhi<strong>do</strong>s. Diversas empresas já<br />
comercializam sua polpa regularmente. Entretanto, há dificulda<strong>de</strong>s na<br />
regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecimento da matéria-prima pela falta <strong>de</strong> seu cultivo em<br />
larga escala.<br />
As etapas para o processamento da polpa <strong>de</strong> umbu acompanham o<br />
seguinte cronograma: inicia-se com a recepção da matéria-prima; a seguir,<br />
os frutos são conduzi<strong>do</strong>s para a seção <strong>de</strong> lavagem e <strong>de</strong>sinfestação externa, e<br />
posteriormente, para a área <strong>de</strong> seleção e remoção das sementes. O próximo<br />
passo é a <strong>de</strong>sintegração, que é feita em <strong>de</strong>spolpa<strong>do</strong>r. As etapas finais são: a<br />
82
83<br />
<strong>de</strong>saeração a vácuo, necessária para a manutenção da cor, aroma, sabor e <strong>do</strong><br />
teor <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico <strong>do</strong> produto final; após a <strong>de</strong>saeração, proce<strong>de</strong>-se à<br />
pasteurização e, finalmente, o produto é acondiciona<strong>do</strong> em embalagens que<br />
serão comercializadas. O armazenamento se dá sob resfriamento.<br />
A produção <strong>de</strong> picles <strong>do</strong> xilopódio <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbu, com até 120<br />
dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser uma alternativa a mais <strong>de</strong> renda para os produtores,<br />
pois, em uma avaliação sensorial realizada por Cavalcanti et al. (1998), esse<br />
produto, prepara<strong>do</strong> à base <strong>de</strong> 2,5% <strong>de</strong> salmoura e 0,5 <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> ascórbico,<br />
teve uma boa aceitação. A produção <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbu po<strong>de</strong> ser realizada<br />
durante to<strong>do</strong> o ano; assim, o picles po<strong>de</strong> ser uma fonte <strong>de</strong> renda para os<br />
produtores, sem a distinção <strong>de</strong> época.<br />
13.1 Industrialização Caseira <strong>do</strong> Umbu<br />
Quanto ao aspecto sócio-econômico, a maior importância <strong>do</strong> umbu<br />
parece estar na sua “face oculta”, isto é, no seu aproveitamento em termos<br />
da sua industrialização. Essa ativida<strong>de</strong> proporcionaria uma melhoria na<br />
renda das populações pobres <strong>do</strong> meio rural on<strong>de</strong> o umbu é abundante. No<br />
mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong>ste ano, em reportagem sobre frutíferas <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, o
Globo Repórter <strong>de</strong>stacou as potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> umbu e indicou a sua<br />
industrialização caseira como uma alternativa para os sertanejos.<br />
O potencial <strong>de</strong> aproveitamento <strong>do</strong> umbu é pouco explora<strong>do</strong>, haja<br />
vista que simples tecnologias não chegam aos agricultores. Buscan<strong>do</strong> dar<br />
uma nova perspectiva para as famílias que vivem próximas às áreas <strong>de</strong><br />
coleta <strong>do</strong> umbu, a EBDA catalogou e divulgou as principais receitas<br />
caseiras <strong>de</strong> subprodutos <strong>de</strong>ssa fruta (Campos, 1994). Algumas <strong>de</strong>ssas<br />
receitas são apresentadas aqui:<br />
UMBUZADA RÚSTICA<br />
Ingredientes:<br />
1 litro <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong> ou “incha<strong>do</strong>”<br />
1 litro e meio <strong>de</strong> água<br />
2 xícaras <strong>de</strong> raspas <strong>de</strong> rapadura<br />
1 litro e meio <strong>de</strong> leite<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar:<br />
Lavar os umbus, colocá-los numa panela com a água, levan<strong>do</strong>-os ao<br />
fogo para cozinhar. Após o cozimento (o ponto <strong>de</strong> cozimento coinci<strong>de</strong> com<br />
o ponto <strong>de</strong> fervura da água) <strong>do</strong>s umbus, escorrer a água, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os esfriar.<br />
84
85<br />
Em seguida, utilizar uma peneira para separar a massa <strong>do</strong>s caroços;<br />
acrescenta-se o leite e a raspa <strong>de</strong> rapadura. Depois, é só servir.<br />
UMBUZADA MODERNA<br />
Ingredientes:<br />
1 litro <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong> ou “incha<strong>do</strong>”<br />
1 litro e meio <strong>de</strong> água<br />
1 xícara e meia <strong>de</strong> açúcar (+/- 220 g)<br />
1 litro e meio <strong>de</strong> leite<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar:<br />
Lavar os umbus, colocá-los numa panela com a água, levan<strong>do</strong>-os ao<br />
fogo para cozinhar. Após o cozimento (o ponto <strong>de</strong> cozimento coinci<strong>de</strong> com<br />
o ponto <strong>de</strong> fervura da água) <strong>do</strong>s umbus, escorrer a água, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os esfriar.<br />
Em seguida, utilizar uma peneira para separar a massa <strong>do</strong>s caroços, levan<strong>do</strong>-<br />
a ou liquidifica<strong>do</strong>r; acrescenta-se o leite e o açúcar. Depois, é só servir,<br />
natural ou gelada.
DOCE DE UMBU<br />
Ingredientes:<br />
3 litros <strong>de</strong> umbu ver<strong>de</strong>, que darão 3 xícaras <strong>de</strong> massa<br />
3 xícaras <strong>de</strong> açúcar<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />
Lavar os frutos, retirar os pedúnculos e colocar <strong>de</strong> molho por 12 horas<br />
(opcional). Cozinhar os umbus até o ponto <strong>de</strong> fervura; em seguida, escorrer,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> esfriar para passar na peneira (para separar a massa <strong>do</strong>s caroços).<br />
Depois, mistura-se a massa ao açúcar e leve ao fogo bran<strong>do</strong>, mexa até que a<br />
mistura solte <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> da panela. Uma boa maneira <strong>de</strong> verificar o ponto é<br />
quan<strong>do</strong> uma gota <strong>do</strong> produto conserva sua forma quan<strong>do</strong> jogada em água<br />
fria.<br />
Neves et al. (1999) sugerem a relação <strong>de</strong> 0,7:1 (açúcar: massa) e a<br />
adição <strong>de</strong> 0,01% <strong>de</strong> sorbato <strong>de</strong> potássio para a conservação, sem<br />
refrigeração, por até 6 meses, em vasilhas fechadas. Sem a adição <strong>de</strong>sse<br />
conservante, Xavier (1999) conseguiu 2 meses <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> prateleira para o<br />
<strong>do</strong>ce <strong>de</strong> umbu armazena<strong>do</strong> em temperatura ambiente.<br />
86
87<br />
COMPOTA DE UMBU<br />
Ingredientes:<br />
2 litros <strong>de</strong> umbu “incha<strong>do</strong>”<br />
1 litro <strong>de</strong> água<br />
1 quilo <strong>de</strong> açúcar<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />
Para obter a calda, mistura-se a água com o açúcar, leva-se ao fogo<br />
bran<strong>do</strong>, sempre mexen<strong>do</strong>, até o ponto <strong>de</strong> fervura. Caso se utilize o açúcar<br />
não refina<strong>do</strong>, adicionar meia clara <strong>de</strong> ovo bati<strong>do</strong> em neve para clarificar a<br />
calda, coan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois.<br />
Descascar os frutos ou, se preferir, po<strong>de</strong> utilizá-los com casca. Em<br />
seguida, colocar os frutos e a calda em vidros esteriliza<strong>do</strong>s, fechar e colocar<br />
em banho-maria durante 30 minutos. Deixar esfriar e acondicionar, <strong>de</strong><br />
preferência, em local fresco.<br />
SUCO INTEGRAL DE UMBU<br />
Lavar os frutos maduros, esmagá-los e, em seguida, separar os caroços<br />
com auxílio <strong>de</strong> uma peneira.
SUCO DE UMBU (POLPA COMERCIAL)<br />
1 litro <strong>de</strong> leite / água<br />
3 polpas <strong>de</strong> 200 g<br />
8 colheres <strong>de</strong> açúcar<br />
PASTA CONCENTRADA DE UMBU<br />
Utilizar frutos ver<strong>de</strong>s ou “incha<strong>do</strong>s”, lavan<strong>do</strong>-os e, em seguida, levar<br />
ao fogo até o ponto <strong>de</strong> fervura da água. Deixar esfriar e retirar os caroços.<br />
Mexer até formar uma pasta; colocar o concentra<strong>do</strong> em vidros esteriliza<strong>do</strong>s<br />
e fecha<strong>do</strong>s. O concentra<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> na fabricação <strong>de</strong> umbuzada,<br />
picolé, sorvete, geléia, refresco, etc. Caso se tenha on<strong>de</strong> congelar, po<strong>de</strong> ser<br />
conserva<strong>do</strong> por vários meses.<br />
XAROPE DE UMBU<br />
Ingredientes:<br />
800 mL <strong>de</strong> suco integral <strong>de</strong> umbu<br />
½ kg <strong>de</strong> açúcar refina<strong>do</strong><br />
½ litro <strong>de</strong> água<br />
88
89<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar<br />
Misturar a água com o açúcar, levan<strong>do</strong> ao fogo e mexen<strong>do</strong> sempre, até<br />
o ponto <strong>de</strong> fervura, para fazer a calda. Posteriormente, junta-se à calda o<br />
suco integral e continue mexen<strong>do</strong> até o ponto da nova fervura. Coe e <strong>de</strong>ixe<br />
esfriar e estará pronto para o consumo.<br />
UMBUZEITONA<br />
O termo umbuzeitona foi cria<strong>do</strong> pelo fato <strong>de</strong> a azeitona ser bastante<br />
conhecida no meio culinário e a conserva <strong>do</strong>s frutos ver<strong>de</strong>s <strong>do</strong> umbu ser<br />
pouco conhecida.<br />
Os frutos <strong>de</strong>vem ser colhi<strong>do</strong>s ainda ver<strong>de</strong>s (figas), retiran<strong>do</strong>-se os<br />
pedúnculos e lava<strong>do</strong>s em água filtrada, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os secar à sombra. Depois,<br />
colocar os frutos em recipientes <strong>de</strong> vidro com capacida<strong>de</strong> para 500 mL, com<br />
tampa, <strong>de</strong>vidamente esteriliza<strong>do</strong> e acrescentar o sal <strong>de</strong> cozinha na proporção<br />
<strong>de</strong> uma colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal para cada vidro. Ao término <strong>de</strong> 30 dias, o<br />
produto estará pronto para o consumo, substituin<strong>do</strong>, assim, as azeitonas.
SALADA DE FOLHAS VERDES DE UMBU<br />
Retirar galhos com folhas novas e sadias, lavar em água e, em seguida,<br />
temperar com sal, limão, cebola, azeite e ornamentar com umbuzeitona e<br />
tomates em ro<strong>de</strong>las.<br />
LICOR DE UMBU<br />
Selecione frutos maduros e sadios e lave-os em água corrente.<br />
Esmague os frutos com as mãos e coloque a casca e a polpa em uma vasilha,<br />
adicione aguar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cana e <strong>de</strong>ixe a mistura em repouso durante 8 dias.<br />
Depois, filtre em coa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pano e acondicione o prepara<strong>do</strong> à calda (0,5 kg<br />
<strong>de</strong> açúcar em 1L <strong>de</strong> água), na relação <strong>de</strong> meio litro <strong>de</strong> calda para um litro <strong>de</strong><br />
prepara<strong>do</strong>. Em seguida, acondicione em garrafas <strong>de</strong> vidro.<br />
Essas foram algumas das receitas mais utilizadas pelos sertanejos,<br />
existin<strong>do</strong> entretanto, muitas outras.<br />
14. UMA REFLEXÃO<br />
O pesquisa<strong>do</strong>r da Embrapa Everal<strong>do</strong> Rocha Porto publicou (via<br />
internet) um texto intitula<strong>do</strong>: “O Semi-Ári<strong>do</strong> Brasileiro: quem me <strong>de</strong>ra ter<br />
90
91<br />
um!”. Nesse, o pesquisa<strong>do</strong>r relata que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> criança escuta<br />
comentários, inclusive <strong>de</strong> pessoas forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> opinião, que o “problema<br />
<strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> brasileiro é a terrível falta d’água”. Em cima disso, os<br />
políticos exploram o discurso da miséria, com o objetivo <strong>de</strong> provocar pena e<br />
compaixão e, como conseqüência, incorpora-se a cultura da falta <strong>de</strong><br />
perspectivas da população em conseguir um <strong>de</strong>senvolvimento rural que lhe<br />
proporcione dias melhores.<br />
Porto ressalva que os problemas realmente existem, mas que essas<br />
lamentações não representam propostas, mas sim, criam espaços para<br />
acomodações. Lembra, ainda, que ao se comparar o trópico semi-ári<strong>do</strong><br />
brasileiro com outras zonas áridas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, se verá que aqui as<br />
potencialida<strong>de</strong>s são bem maiores. Por exemplo, quão rica é a biodiversida<strong>de</strong><br />
da caatinga que, graças a milhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> adaptação, <strong>de</strong>senvolveu<br />
estruturas e mecanismos que tornam possíveis a sobrevivência e<br />
regeneração <strong>de</strong> espécies ao ambiente ári<strong>do</strong> e num curto espaço <strong>de</strong> tempo.<br />
Para <strong>de</strong>stacar o potencial da caatinga, é apresenta<strong>do</strong> o umbuzeiro,<br />
que em <strong>de</strong>terminada época <strong>do</strong> ano apresenta uma aparência esquelética,<br />
<strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> folhas, aparentemente sem vida e, ao simples anunciar da<br />
chuva, po<strong>de</strong>-se observar que essa planta, símbolo <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, floresce toda,
anuncian<strong>do</strong> a regeneração das plantas da caatinga. Planta ímpar, que antes<br />
mesmo <strong>de</strong> lançar novas folhas, já se cobre <strong>de</strong> flores.<br />
Duque (1980) dizia que ao se conhecer melhor as potencialida<strong>de</strong>s da<br />
biodiversida<strong>de</strong> da caatinga, ali se instalaria o progresso. Entretanto, como<br />
diz o dita<strong>do</strong> popular, “antes tar<strong>de</strong> <strong>do</strong> que nunca”, nos últimos anos, o<br />
interesse por essa biodiversida<strong>de</strong> tem aumenta<strong>do</strong> muito. Para <strong>de</strong>stacar esse<br />
interesse, cita-se o Programa 17 – Sistema <strong>de</strong> <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> Frutas - cria<strong>do</strong><br />
pela Embrapa em 1998, que engloba 534 projetos relativos à fruticultura no<br />
Nor<strong>de</strong>ste. Desse total, 8 são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> umbuzeiro,<br />
representan<strong>do</strong> 1,5% das ações. Parece pouco, mas é o maior incentivo à<br />
pesquisa que essa planta já teve. Espera-se que ações como essa sejam<br />
rotineiras e tecnicamente conduzidas e não eventuais e <strong>de</strong> cunho político.<br />
92<br />
“Falar sobre a cultura <strong>do</strong> umbuzeiro é falar um pouco da<br />
cultura <strong>do</strong> sertanejo, da forma difícil que se lida com a<br />
sobrevivência e <strong>de</strong> toda a esperança num futuro mais<br />
próspero. Essa planta, que ao simples sinal <strong>de</strong> água no<br />
sertão, se prepara para frutificar, é como o sertanejo que<br />
dali não arreda o pé, pois sabe que após uma seca terrível,<br />
haverá <strong>de</strong> ver a riqueza <strong>do</strong> ver<strong>de</strong> <strong>do</strong> sertão”.<br />
Orlan<strong>do</strong> Sílvio Caires Neves
93<br />
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Diante das informações apresentadas neste Boletim, percebe-se que a<br />
cultura <strong>do</strong> umbuzeiro carece, ainda, <strong>de</strong> muitos estu<strong>do</strong>s.<br />
O incentivo por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público é <strong>de</strong> fundamental importância<br />
para que essa cultura se <strong>de</strong>senvolva, seja fomentan<strong>do</strong> a pesquisa, difundin<strong>do</strong><br />
as informações ou facilitan<strong>do</strong> o conhecimento <strong>do</strong> umbu por parte da<br />
população, ou seja, realizan<strong>do</strong> um marketing <strong>do</strong> produto.<br />
O valor nutricional <strong>de</strong>sse fruto <strong>de</strong>ve ser mais bem estuda<strong>do</strong>,<br />
sobretu<strong>do</strong>, em relação ao seu teor <strong>de</strong> vitamina C e <strong>de</strong> potássio, pois esses<br />
são consi<strong>de</strong>ráveis na composição <strong>do</strong> umbu.<br />
Acredita-se que uma planta capaz <strong>de</strong> crescer e produzir sob as<br />
condições <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino merece muita atenção e, sen<strong>do</strong> uma<br />
planta passível <strong>de</strong> exploração econômica, essa atenção <strong>de</strong>ve ser re<strong>do</strong>brada,<br />
pois, se torna uma alternativa <strong>de</strong> melhoria da renda da população sertaneja.<br />
Assim, espera-se que o umbuzeiro passe a ser visto como uma cultura que<br />
gere renda e não somente como uma cultura que sacia a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino.
16 LITERATURA CONSULTADA<br />
ALMEIDA, J. R.; VALSECHI, O. Guia <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> frutas.<br />
Piracicaba: Instituto Zimotécnico, ESALQ-USP, 1996. (Boletim, 21).<br />
ALMEIDA, M. M. <strong>de</strong>. Armazenagem refrigerada <strong>de</strong> umbu (Spondias<br />
tuberosa Arruda Câmara): alterações das características físicas e<br />
químicas <strong>de</strong> diferentes estádios <strong>de</strong> maturação. 1999. 89 p. Dissertação<br />
(Mestra<strong>do</strong> em Engenharia Agrícola) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba,<br />
Campina Gran<strong>de</strong>.<br />
ANDRADE, L. <strong>de</strong> A.; SILVA, H.; SILVA, A. Q. da. Imbuzeiro. In: LIMA,<br />
D. <strong>de</strong> A. Plantas da Caatinga. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />
Ciências, 1989a. 243 p.<br />
ANDRADE, L. <strong>de</strong> A.; SILVA, H.; SILVA, A. Q. da. Propagação assexuada<br />
<strong>do</strong> umbuzeiro através <strong>de</strong> estacas com uso <strong>de</strong> IBA e sacarose e concentração<br />
<strong>de</strong> NPK na planta matriz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />
FRUTICULTURA, 10., 1989, Fortaleza. Resumos ... Fortaleza, 1989b. p.<br />
446-452.<br />
ARAÚJO, F. P. <strong>de</strong>; CASTRO NETO, M. T. <strong>de</strong>. Influência <strong>do</strong>s fatores<br />
fisiológicos <strong>de</strong> plantas-matrizes e época <strong>do</strong> ano no pegamento <strong>de</strong> diferentes<br />
méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> enxertia <strong>do</strong> umbuzeiro. Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura,<br />
Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 752-755, <strong>de</strong>z. 2002.<br />
ARAÚJO, F. P. <strong>de</strong>; SANTOS, A. C.; CAVALCANTI, N. B. Cultivo <strong>do</strong><br />
umbuzeiro. Petrolina: EMBRAPA, 2000. (Instruções Técnicas da Embrapa<br />
Semi-ári<strong>do</strong>, n. 24).<br />
BARBOSA, I. <strong>do</strong> S.; MENDONÇA, R. M. N.; SILVA, H. Estu<strong>do</strong><br />
pomológico <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> umbu <strong>de</strong> diferentes regiões da Paraíba. In:<br />
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 10., 1989, Fortaleza.<br />
Resumos... Fortaleza, 1989. p. 442-445.<br />
BRAGA, R. Imbu. In: BRAGA, R. Plantas <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, especialmente <strong>do</strong><br />
Ceará. 3. ed. Mossoró: ESAM/FGD, 1976. p. 284-286. (Coleção<br />
Mossorense, 42).<br />
94
95<br />
BRITO. L. T. L.; CAVALCANTI, N. B.; RESENDE, G. M.; OLIVEIRA,<br />
C. A. V. Produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> imbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam. ) na<br />
região semi-árida <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste brasileiro: um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso. In:<br />
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 14., 1996, Curitiba.<br />
Resumos... Curitiba, 1996. p. 389.<br />
CAMPOS, C. <strong>de</strong> O. Estu<strong>do</strong> da quebra <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmência da semente <strong>de</strong><br />
umbuzeiro (Spondias tuberossa, Arr. Cam.). 1986. 71 p. Dissertação<br />
(Mestra<strong>do</strong>) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ceara, Fortaleza.<br />
CAMPOS, C. <strong>de</strong> O. Industrialização caseira <strong>do</strong> umbu: uma nova<br />
perspectiva para o semi-ári<strong>do</strong>. Salva<strong>do</strong>r: EBDA, 1994.<br />
CAVALCANTI, N. <strong>de</strong> B.; RESENDE, G. M.; BRITO, L. T. <strong>de</strong> L.<br />
Levantamento da produção <strong>de</strong> xilopódios e os efeitos <strong>de</strong> sua retirada sobre a<br />
frutificação e persistência <strong>de</strong> plantas nativas <strong>de</strong> umbuzeiros (Spondias<br />
tuberosa Arr. Câm.). Ciência e Agrotecnologia, Lavras - MG, v. 26, n. 5, p.<br />
927-942, set./out. 2002.<br />
CAVALCANTI, N. <strong>de</strong> B.; SANTOS, C. A. F.; RESENDE, G. M.; BRITO,<br />
L. T. <strong>de</strong>.<br />
Avaliação sensorial <strong>de</strong> xilopódios <strong>do</strong> imbizeiro (Spondias tuberosa Arr.<br />
Cam.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15., 1998,<br />
Lavras. Resumos... Lavras -MG: <strong>UFLA</strong>, 1998. p. 724.<br />
CODEVASF. Censo frutícola. 2001. Programa Fruticultura, relatório das<br />
fases produtivas. Disponível em .<br />
Acesso em: ago. 2003.<br />
CORRÊA, M. P. <strong>Umbuzeiro</strong>. In: PIO CORREIA, M. Dicionário das<br />
plantas úteis <strong>do</strong> Brasil e das exóticas cultivadas. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Ministério da Agricultura, IBDF, 1978. v. 6, p. 336.<br />
CUNHA, M. A. P. da. A pesquisa no <strong>de</strong>senvolvimento da fruticultura no<br />
Nor<strong>de</strong>ste. Cruz das Almas: EMBRAPA/CNPMF, 1982. 35 p. (Documentos.<br />
3/82).<br />
DUQUE, J. G. O umbuzeiro. In: DUQUE, J. G. O Nor<strong>de</strong>ste e as lavouras<br />
xerófilas. 3. ed. Mossoró: ESAM/FGD, 1980. p. 283-289. (Coleção<br />
Mossorense, 143).
FERREIRA, F. R.; FERREIRA, S. A. N.; CARVALHO, J. E. U. Espécies<br />
frutíferas pouco exploradas, com potencial econômico e social para o Brasil.<br />
Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Cruz das Almas, v. 9, n. 1, p.11-12,<br />
1987.<br />
GIACOMETTI, D. C. Recursos genéticos <strong>de</strong> fruteiras nativas <strong>do</strong> Brasil. In:<br />
SIMPÓSIO NACIONAL DE RECURSOS GENÉTICOS DE FRUTEIRAS<br />
NATIVAS. Resumos ... Cruz das Almas: EMBRAPA/CNPMF, 1993. p.<br />
13-27.<br />
GOIS, M. P. P.; MELO, A. S. <strong>de</strong>; ARAÚJO, F. P. <strong>de</strong>; BRITO, M. E. B.;<br />
VIÉGAS, P. R. A. Influência da adubação fosfatada sobre o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento inicial <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.<br />
Câm.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 27., 2002,<br />
Belem. Resumos... Belém: SBF, 2002. CD-ROM.<br />
GOMES, J. B.; SILVA, H.; SILVA, A. Q. da; FARIAS, M. A. Observações<br />
sobre pragas e <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa A. Cam.) na<br />
região <strong>do</strong> Cariri paraibano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />
FRUTICULTURA, 8., 1986, Brasília. Resumos... Brasília: SBF, 1986. v.<br />
7, p. 463-467.<br />
GOMES, P. O imbuzeiro. In: ____. Fruticultura brasileira. 11. ed. São<br />
Paulo: Nobel, 1989. p. 426-428.<br />
GONDIM, T. M. <strong>de</strong> S.; SILVA, H.; SILVA, A. Q. Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocorrência e<br />
formação <strong>de</strong> xilopódios em plantas <strong>de</strong> umbu (Spondias tuberosa Arr. Cam.)<br />
propagadas sexuada e assexuadamente. Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura,<br />
Cruz das Almas, v. 13, n.2, p. 33-38, 1991.<br />
GONZAGA NETO, L.; LEDERMAN, I. E.; BECERRA, J. E. F. Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
enrraizamento <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.).<br />
Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Cruz das Almas, v. 11, n. 1, p. 31-33,<br />
1989.<br />
GUERRA, P. <strong>de</strong> B. O umbuzeiro: a civilização da seca. Fortaleza:<br />
DNOCS, 1981. p. 186-188.<br />
IBGE. <strong>Produção</strong> <strong>de</strong> extração vegetal e da silvicultura. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
1994. v. 9, 261 p.<br />
96
97<br />
IBGE. <strong>Produção</strong> e extração vegetal e da silvicultura.<br />
. Acessa<strong>do</strong> em: junho <strong>de</strong> 2004.<br />
KHAN, A. S.; SILVA, L. M. R.; ARAÚJO, A. C. <strong>de</strong>; MAYOGRA, R. D.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> polpa <strong>de</strong> frutas produzidas na região su<strong>de</strong>ste da<br />
Bahia. Revista Econômica <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, Fortaleza, v. 34, n. 2, p. 308-327,<br />
abr./jun. 2003.<br />
LEDERMAN, I. E.; BEZERRA, J. E. F.; ASCHOFF, M. N. A.;<br />
OLIVEIRA, E. N. M. <strong>de</strong>; ROSA, J. M. G. Propagação vegetativa <strong>do</strong><br />
umbuzeiro e da graviola (Anona muricata L.) através da alporquia. Revista<br />
Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Cruz das Almas, v. 13, n. 1, p. 55-58, 1991.<br />
LIMA, D. <strong>de</strong> A. Imbuzeiro: plantas da caatinga. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Aca<strong>de</strong>mia<br />
Brasileira <strong>de</strong> Ciências, 1989. p. 166-169.<br />
LIMA, F. L. N.; ARAÚJO, J. E. V.; ESPINDÓLA, A. C. M. Umbu<br />
(Spondias tuberosa Arr. Câm.). Jaboticabal: Funep, 2000. 29 p. (Série<br />
frutas nativas, 6)<br />
LIMA, L. F. <strong>do</strong> N.; FERREIRA, P. V.; LEMOS, E. E. <strong>de</strong>. Caracterização<br />
<strong>do</strong>s frutos <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> umbuzeiros (Spondias tuberosa Arr. Cam.) no<br />
sertão alagoano. In: CNGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA,<br />
14., 1996, Curitiba. Resumos... Curitiba: SBF, 1996.<br />
LIMA FILHO, J. M. P. Internal water relations of the umbu tree un<strong>de</strong>r semiarid<br />
conditions. Revista Basileira <strong>de</strong> Fruticultura, Jaboticabal, v. 23, n. 3,<br />
p. 518-521, <strong>de</strong>z. 2001.<br />
LIMA FILHO, J. M. Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no cultivo <strong>do</strong> umbu.<br />
. Acesso em: jun.<br />
2004.<br />
LIMA FILHO, J. M. P.; SILVA, C. M. M. <strong>de</strong> S. Aspectos fisiológicos <strong>do</strong><br />
umbuzeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.23, n. 10, p.<br />
1091-1094, out. 1988.<br />
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e cultivo <strong>de</strong><br />
plantas arbóreas nativas <strong>do</strong> Brasil. Piracicaba: Plantarum, 1992. 352 p.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba:<br />
POTAFOS, 1997. 319 p.<br />
MENDES, B. V. <strong>Umbuzeiro</strong> (Spondias tuberosa Arr. Cam.): importante<br />
fruteira <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong>. Mossoró: ESAM, 1990. 67 p. (Coleção Mosoroense,<br />
v. DLXIV).<br />
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and<br />
bioassys with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum,<br />
Copenhagen, n. 15, p. 473-479, 1962.<br />
NARAIN, N.; BORA, P. S.; HOLSCHUH, H. J.; VASCONCELOS, M. A.<br />
da S. Variation in physical and chemical composition during maturation of<br />
umbu (Spondias tuberosa). Food Chemistry, Barking, n. 44, p. 255-259,<br />
1992.<br />
NASCIMENTO, C. E. <strong>de</strong> S.; SANTOS, C. A. F.; OLIVEIRA, V. R. <strong>de</strong>.<br />
<strong>Produção</strong> <strong>de</strong> mudas enxertadas <strong>de</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa<br />
Arruda). Petrolina: Embrapa Semi Ári<strong>do</strong>, 2000. (Circular Técnica da<br />
Embrapa Semi-ári<strong>do</strong>, n. 48).<br />
NEVES, O. S. C. Nutrição mineral e crescimento <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong><br />
umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.), em solução nutritiva, em<br />
função <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>. 2003. 70 p. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em<br />
Solos e Nutrição <strong>de</strong> Plantas) - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras, Lavras,<br />
MG.<br />
NEVES, O. S. C.; CARVALHO, J. G.; HOJO, R. H. Nível ótimo <strong>de</strong><br />
saturação por bases para mudas <strong>de</strong> umbuzeiro cultivadas em Latossolo<br />
Vermelho Distroférrico. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE<br />
DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS - FERTBIO, 26.; REUNIÃO<br />
BRASILEIRA SOBRE MICORRIZAS, 10.; SIMPÓSIO BRASILEIRO<br />
SOBRE MICROBIOLOGIA DO SOLO, 8.; REUNIÃO BRASIELIRA DE<br />
BIOLOGIA DO SOLO, 5., 2004, Lages. Anais... Lages, 2004. CD-ROM.<br />
NEVES, O. S. C.; FIGUEIREDO, R. M.; FIGUEIREDO, M. P. Efeito da<br />
adição <strong>de</strong> sorbato <strong>de</strong> potássio sobre o tempo <strong>de</strong> prateleira <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> umbu<br />
(Spondias tuberosa). In: CONGRESSO TÉCNICO-CIENTÍFICO E III<br />
98
99<br />
SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 4., 1999, Vitória da<br />
Conquista. Resumos... Vitória da Conquista: UESB, 1999. p. 159.<br />
OLIVEIRA, C. S.; SATO, A.; ESQUIBEL, M. A.; QUEIROZ, M. A.;<br />
OLIVEIRA, V. R. Propagação <strong>de</strong> Spondias tuberosa Arr. Cam. (umbu)<br />
através <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1, p.<br />
69, 1989.<br />
PEDROSA, A. C.; LEDERMAN, I. E.; BEZERRA, J.E.F.; DANTAS, A.<br />
P.; GONZAGA NETO, L. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> enxertia <strong>do</strong> umbuzeiro (Spondias<br />
tuberosa Arr. Cam.) em viveiro. Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Cruz<br />
das Almas, v. 13, n. 1, p. 59-62, 1991.<br />
PIRES, I. E.; OLIVEIRA, V. R. <strong>de</strong>. Estrutura floral e sistema<br />
reprodutivo <strong>do</strong> umbuzeiro. Petrolina: EMBRAPA, 1986. v. 7, n. 50, p. 1-<br />
2.<br />
PIRES, M. das G. <strong>de</strong> m. Estu<strong>do</strong> taxonômico e área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong><br />
Spondias tuberosa Arr. Cam. no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pernambuco. 1990. 234 p.<br />
Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco,<br />
Recife.).<br />
PORTO, E. R. O semi-ári<strong>do</strong> brasileiro: quem me <strong>de</strong>ra ter um!<br />
. acesso em: jun. 2004.<br />
QUEIROZ, M. B. <strong>de</strong>; NASCIMENTO, C. E. <strong>de</strong> S.; SILVA, C. M.M.;<br />
LIMA, J. L. <strong>do</strong>s S. Fruteiras nativas <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong> <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste brasileiro:<br />
algumas reflexões sobre seus recursos genéticos. In: SIMPÓSIO<br />
NACIONAL DE RECURSOS GENÉTICOS DE FRUTEIRAS NATIVAS,<br />
1993., Cruz das Almas. Anais... Cruz das Almas, 1996. p. 87-92.<br />
RAIJ, B. Van. Fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e adubação. São Paulo: Ceres, Potafos,<br />
1991. 343 p.<br />
SÁ, J. R.; NEVES, O. S. C.; CARVALHO, J. G.; VILAS BOAS, R. C.<br />
Efeito DA omissão <strong>de</strong> B, Cu, Fe, Mn e Zn na solução nutritiva sobre o<br />
crescimento <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> umbuzeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />
CIÊNCIA DO SOLO, 21., 2003, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto,<br />
2003. CD-ROM.
100<br />
SANTOS, C. A. F.; NASCIMENTO, C. E. <strong>de</strong> S.; CAMPOS, C. <strong>de</strong> O.<br />
Preservação da variabilida<strong>de</strong> genética e melhoramento <strong>do</strong> umbuzeiro.<br />
Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura. Jaboticabal, v. 21, n. 2, p. 104-109,<br />
1999.<br />
SILVA, A. Q. da; SILVA, H.; OLIVEIRA, B. E. M. acumulação <strong>de</strong> NPK<br />
durante o crescimento e maturação <strong>de</strong> frutos <strong>de</strong> umbu (Spondias tuberosa<br />
Arr. Cam). Revista Brasileira <strong>de</strong> Fruticultura, Cruz das Almas, v. 13, n.<br />
4. p. 253-259, 1991b.<br />
SILVA, A. Q. da; SILVA, H.; SILVA, H, M. <strong>do</strong> M.; CARDOSO, E. <strong>de</strong> A.<br />
Esta<strong>do</strong> nutricional <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> umbu (Spondias tuberosa Arr. Cam.) e<br />
absorção <strong>de</strong> NPK pelos frutos por ocasião da colheita. Revista Brasileira<br />
<strong>de</strong> Fruticultura, Cruz das Almas, v. 13, n. 4. p. 259-263, 1991a.<br />
SILVA, C. M. M. <strong>de</strong>; PIRES, I. E.; SILVA, H. D. da. Caracterização <strong>do</strong>s<br />
frutos <strong>do</strong> umbuzeiro. Petrolina: EMBRAPA, 1987. 17 p. (Boletim <strong>de</strong><br />
Pesquia, 34).<br />
SILVA, C. M. M. <strong>de</strong>; PIRES, I. E.; SILVA, H. D. da. Variação fenotípica<br />
<strong>do</strong>s frutos <strong>do</strong> umbuzeiro. Petrolina: EMBRAPA/CPATSA, 1980.<br />
SILVA, E. <strong>de</strong> B.; GONÇALVES, N. P.; PINHO, P. J. <strong>de</strong>; CANUTO, R. da<br />
S. Requerimentos nutricionais <strong>do</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr Câm.).<br />
In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E<br />
NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 25.; REUNIÃO BRASILEIRA SOBRE<br />
MICORRIZAS, 9.; SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DO<br />
SOLO, 7.; REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO, 4., 2002,<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro. Resumos... Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRRJ, 2002. CD-ROM.<br />
SILVA, H.; SILVA, A. Q. da; ROQUE, M. L.; MALAVOLTA, E.<br />
Composição mineral <strong>do</strong> umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.). In:<br />
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 7., 1983,<br />
Florianópolis. Anais... Florianólopis: SBF/EMPASC, 1984. v. 4, p.1129-<br />
1134.<br />
SOUZA, J. C. Variabilida<strong>de</strong> genética e sistema <strong>de</strong> cruzamento em<br />
populações naturais <strong>de</strong> umbuzeiros (Spondias tuberosa Arr. Câm.).<br />
2000. 86 p. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Genética e Melhoramento) – Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, Viçosa - MG.
101<br />
XAVIER, A. N. Caracterização química e vida-se-prateleira <strong>do</strong> <strong>do</strong>ce em<br />
massa <strong>de</strong> umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara). 1999. 82 p.<br />
Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Ciência <strong>do</strong>s Alimentos) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte - MG.