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1 Importância da cultura - Editora UFLA

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_________________________________________<br />

CULTURA DA GRAVIOLEIRA<br />

1 <strong>Importância</strong> <strong>da</strong> <strong>cultura</strong><br />

(Annona muricata)<br />

1 Aluno de graduação/<strong>UFLA</strong><br />

2 Aluno de Pós-Graduação em Fitotecnia/<strong>UFLA</strong><br />

3 Professor do Departamento de Agri<strong>cultura</strong>/<strong>UFLA</strong><br />

Keize Pereira Junqueira 1<br />

Márcio Ribeiro do Vale 3<br />

Rafael Pio 2<br />

José Darlan Ramos 3<br />

O Brasil vem se destacando mundialmente como um im-<br />

portante produtor e consumidor de frutas, especialmente as tro-<br />

picais e subtropicais. Muitas frutíferas são nativas do Brasil e<br />

grande parte ain<strong>da</strong> é pouco conheci<strong>da</strong> e estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

A gravioleira (Annona muricata L.) é uma frutífera tropical<br />

<strong>da</strong> família Annonaceae, originária <strong>da</strong> América Central e norte <strong>da</strong><br />

América do Sul, e destina<strong>da</strong> principalmente à indústria de sucos,<br />

abrangendo também a produção de sorvetes, doces e geléias.<br />

No Brasil, é uma fruta mais conheci<strong>da</strong> nos mercados <strong>da</strong>s Regi-<br />

ões Norte e Nordeste, embora ultimamente seu maior pólo de<br />

produção seja a região agroeconômica de Brasília e sul <strong>da</strong> Bahia.<br />

Na família <strong>da</strong>s Anonáceas, também se destacam economica-


6<br />

mente a pinha, ata ou fruta-do-conde (Annona squamosa), che-<br />

rimólia (Annona cherimola) e atemóia (híbrido entre cherimólia e<br />

pinha).<br />

São bastante recentes os interesses de exploração e prin-<br />

cipalmente de exportação <strong>da</strong> graviola. Entretanto, a crescente<br />

deman<strong>da</strong> e o interesse pela polpa de tal fruta, tanto por parte do<br />

consumidor como <strong>da</strong> indústria de sucos, já incluíram-na entre as<br />

frutas tropicais brasileiras de excelente valor comercial.<br />

2 Clima e solo<br />

A gravioleira prefere os solos com boa drenagem, profun-<br />

dos, com pH entre 6,0 e 6,5 e férteis naturalmente ou corrigidos.<br />

Quanto ao clima, a gravioleira não tolera gea<strong>da</strong>s e vegeta<br />

muito bem em altitudes de até 1200 metros.<br />

Em regiões agroeconômicas no sul de Minas Gerais, são<br />

encontra<strong>da</strong>s gravioleiras em quintais com boa frutificação, desde<br />

que não ocorram gea<strong>da</strong>s. Temperaturas inferiores a 12ºC provo-<br />

cam abortamento de flores e que<strong>da</strong>s de frutinhos. Por ser uma<br />

“novi<strong>da</strong>de”, ain<strong>da</strong> não há <strong>da</strong>dos sobre a existência de grandes<br />

plantios comerciais de gravioleiras no sul de Minas Gerais. Entre-<br />

tanto, caso as devi<strong>da</strong>s práticas <strong>cultura</strong>is sejam adota<strong>da</strong>s, a regi-<br />

ão tende a apresentar elevado potencial para a produção <strong>da</strong> gra-<br />

violeira, já que, nessas condições e<strong>da</strong>foclimáticas, as plantas


florescem de outubro a abril, época em que não ocorrem tempe-<br />

raturas baixas.<br />

3 Cultivares<br />

No Brasil, são conheci<strong>da</strong>s as cultivares nordestinas, Fao<br />

(mexicana), Lisa, Mora<strong>da</strong> e Blanca (cultivares colombianas e ve-<br />

nezuelanas). Dentre essas, constatou-se, mediante pesquisas<br />

realiza<strong>da</strong>s que as cultivares Mora<strong>da</strong> e Lisa foram as melhores<br />

quanto à produtivi<strong>da</strong>de e resistência a pragas e doenças na regi-<br />

ão dos cerrados.<br />

4 Propagação<br />

A gravioleira pode ser propaga<strong>da</strong> por sementes (pé-<br />

franco), estaquia e enxertia.<br />

Na maioria <strong>da</strong>s regiões produtoras, é propaga<strong>da</strong> usual-<br />

mente através <strong>da</strong> via sexual, isto é, por sementes. Entretanto,<br />

essa metodologia pode originar plantas diferentes <strong>da</strong> planta-mãe,<br />

às vezes de baixa produtivi<strong>da</strong>de. A multiplicação via estacas ain-<br />

<strong>da</strong> é um processo caro. Assim, a fim de ter uniformi<strong>da</strong>de entre as<br />

plantas do pomar, muitos produtores têm utilizado a enxertia.<br />

7


8<br />

4.1 Propagação por sementes<br />

Na formação de mu<strong>da</strong>s tipo pé-franco, as sementes são<br />

extraí<strong>da</strong>s de frutos maduros, lava<strong>da</strong>s e secas à sombra por 3 a 4<br />

dias. A seguir, podem ser semea<strong>da</strong>s ou armazena<strong>da</strong>s em refrige-<br />

rador doméstico (5-10ºC) por período de até 6 meses, acondi-<br />

ciona<strong>da</strong>s em sacos plásticos.<br />

Para regiões de eleva<strong>da</strong> insolação, deve-se fazer o viveiro<br />

com meia sombra, usando tela com 50% de insolação, cobertura<br />

com ripas, varas, bambus, capim ou qualquer cobertura que pro-<br />

picie 50% <strong>da</strong> luminosi<strong>da</strong>de.<br />

Os recipientes utilizados são sacos plásticos com dimen-<br />

sões entre 15 a 18 cm de diâmetro por 25 a 30 cm de altura, os<br />

quais devem ser preenchidos com um substrato composto de<br />

terra fértil e esterco de curral curtido em proporção de 3 partes<br />

de terra para 1 de esterco de curral. A ca<strong>da</strong> 1.000 litros dessa<br />

mistura, deve-se adicionar de 3 a 5 kg de superfosfato simples e<br />

1 kg de cloreto de potássio.<br />

Depois de preparado o substrato, deve-se encher os sa-<br />

cos plásticos e colocá-los lado a lado, formando canteiros nas<br />

dimensões de 10 x 1 m, espaçados de 0,6 m entre si para facili-<br />

tar os tratos <strong>cultura</strong>is dentro do viveiro.<br />

As sementes devem ser semea<strong>da</strong>s em número de 3 a 4<br />

em ca<strong>da</strong> recipiente, em profundi<strong>da</strong>de de 2 a 3 cm e cobertas com<br />

o próprio substrato ou terra peneira<strong>da</strong>. Rega-se de 1 a 2 vezes


por dia, de forma a deixar o substrato úmido todo o tempo, mas<br />

sem encharcar. A emergência ocorrerá após 20 a 30 dias, a de-<br />

pender <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> época <strong>da</strong> semeadura, realizando-se<br />

posteriormente o desbaste. A mu<strong>da</strong> estará pronta para ir para o<br />

campo após 18 meses, a partir <strong>da</strong> semeadura.<br />

Durante o desenvolvimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s no viveiro, podem<br />

surgir algumas pragas e doenças que devem ser combati<strong>da</strong>s<br />

preventiva e curativamente. É muito comum a ocorrência de tom-<br />

bamento, causado por fungos (Pythium, Rhizoctonia); antracnose<br />

na folhagem; e podridão de raízes e caule por Phytophthora<br />

(gomose). O controle pode ser feito com pulverizações semanais<br />

utilizando-se cal<strong>da</strong> bor<strong>da</strong>lesa ou cal<strong>da</strong> sulfocálcica (1 Kg de cal +<br />

1 Kg de cobre diluídos em 100 litros de água).<br />

4.2 Propagação por enxertia<br />

Para produzir mu<strong>da</strong>s enxerta<strong>da</strong>s, utiliza-se a própria<br />

gravioleira como porta-enxerto ou cavalo, seguindo-se os mes-<br />

mos passos descritos para a formação de mu<strong>da</strong>s por sementes.<br />

A semeadura é feita em sacos plásticos, dispostas em fileiras<br />

duplas no viveiro, permanecendo por mais 2 a 3 meses até o<br />

momento <strong>da</strong> enxertia. O tipo de enxertia mais utilizado é a garfa-<br />

gem. O melhor pegamento é obtido quando se utiliza porta-<br />

enxertos ou cavalos com diâmetro de cerca de 1,5 a 2 cm na re-<br />

gião <strong>da</strong> enxertia.<br />

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10<br />

O produtor deve retirar garfos de plantas matrizes produti-<br />

vas, cujos frutos tenham as características <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de. Tais<br />

garfos devem medir aproxima<strong>da</strong>mente 15 cm de comprimento,<br />

devendo ser mantidos em sacos plásticos à sombra durante o<br />

procedimento de enxertia.<br />

Os processos de enxertia tipo garfagem mais utilizados<br />

são o de fen<strong>da</strong> cheia e à inglesa simples.<br />

A enxertia é feita com um corte em bisel a cerca de 25 cm<br />

do colo do porta-enxerto e outro corte bisel no enxerto. Unem-se<br />

as duas partes com uma fita plástica transparente, sendo esta<br />

retira<strong>da</strong> após o pegamento <strong>da</strong> enxertia (45 a 60 dias após a reali-<br />

zação do processo) (Figura 1).<br />

As mu<strong>da</strong>s enxerta<strong>da</strong>s devem ser manti<strong>da</strong>s no viveiro por<br />

um período de 20 meses após a semeadura do porta-enxerto.<br />

Figura 1: Etapas de enxertia tipo garfagem lateral no topo ou inglesa simples,<br />

a<strong>da</strong>ptado de Pinto e Silva, 1994.


5 Instalação do pomar<br />

5.1 Correção e preparo do solo<br />

A correção deve ser feita de acordo com a análise do solo,<br />

nas cama<strong>da</strong>s de 0 a 20 cm de profundi<strong>da</strong>de. O pH do solo deve-<br />

rá ser ajustado para a faixa de 6,0 a 6,5. A fosfatagem, se ne-<br />

cessária, deve ser feita na linha de plantio, abrangendo uma fai-<br />

xa de 1,5 metro de largura e, no mínimo, 20 cm de profundi<strong>da</strong>de.<br />

O preparo do solo é similar ao de qualquer outra frutífera, obser-<br />

vando-se os aspectos de conservação do solo (plantio em nível e<br />

terraço).<br />

5.2 Espaçamento<br />

Os espaçamentos para cultivo <strong>da</strong> gravioleira variam de<br />

região para região; os mais usuais são: 7 x 4m; 7 x 5m; 7 x 6m; 7<br />

x 7m; 8 x 5m; 8 x 6m. Os pomares mais tecnificados têm adotado<br />

o espaçamento 7 x 4m. Há uma tendência em reduzir esse espa-<br />

çamento, mediante a adoção de po<strong>da</strong>s mais intensas nas plan-<br />

tas.<br />

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12<br />

5.3 Cultivos intercalares<br />

Considerando-se amplo distanciamento entre as plantas e<br />

fileiras <strong>da</strong> gravioleira, e visando reduzir os custos de implantação<br />

e formação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>, pode-se adotar cultivos intercalares de<br />

ciclo médio para curto como: maracujazeiro, mamoeiro, abacaxi-<br />

zeiro, entre outros. O tempo de duração desse consórcio depen-<br />

derá do espaçamento adotado.<br />

5.4 Coveamento<br />

Em plantios não irrigados, as covas deverão ter dimen-<br />

sões de 60 x 60 x 60 cm. Se o plantio for irrigado e o solo fértil,<br />

as mu<strong>da</strong>s podem ser planta<strong>da</strong>s em covas de 30 x 30 x 30 cm ou<br />

em sulcos.<br />

5.5 Adubação <strong>da</strong>s covas<br />

Ca<strong>da</strong> cova deve receber de 10 a 15 litros de esterco de<br />

gado curtido, 1200g de superfosfato simples, 200g de calcário<br />

dolomítico e 200g de cloreto de potássio. Todos devem ser bem<br />

misturados e colocados nas covas, preferencialmente 2 meses<br />

antes do plantio.


Em geral, invertem-se as cama<strong>da</strong>s do solo <strong>da</strong> superfície e<br />

do fundo <strong>da</strong> cova; usa-se metade do calcário dolomítico com es-<br />

terco curtido na parte inferior, e a outra metade com adubo mine-<br />

ral, na porção superior <strong>da</strong> cova (Figura 2).<br />

Figura 2: Abertura e preparo de cova para plantio de gravioleira.<br />

5.6 Plantio<br />

Deve ser feito no inicio <strong>da</strong>s chuvas se o sistema não for<br />

irrigado. Sob irrigação, o melhor período para o plantio é de<br />

agosto a outubro, para a Região Sudeste.<br />

Por ocasião do plantio, as mu<strong>da</strong>s deverão apresentar pelo<br />

menos 40 cm em altura e bom estado fitossanitário.<br />

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14<br />

6 Tratos <strong>cultura</strong>is<br />

6.1 Po<strong>da</strong><br />

Quando as mu<strong>da</strong>s atingirem 60 cm em altura, elas devem<br />

ter seu broto terminal cortado. Isso deve ser feito para evitar que<br />

elas cresçam muito em altura e a colheita seja dificulta<strong>da</strong>.<br />

Após o corte do broto terminal, o produtor deve deixar 3 a<br />

4 brotos laterais mais vigorosos nos últimos 20 cm <strong>da</strong> haste prin-<br />

cipal, responsáveis pela formação <strong>da</strong> copa. Outras po<strong>da</strong>s devem<br />

ser feitas no sentido de evitar que a planta cresça na vertical.<br />

Recomen<strong>da</strong>-se ain<strong>da</strong> a po<strong>da</strong> de limpeza e raleio. A po<strong>da</strong><br />

de limpeza consiste em retirar todos os ramos secos e indesejá-<br />

veis, anualmente, no período pouco antes <strong>da</strong>s chuvas. A po<strong>da</strong> de<br />

raleio consiste em abrir a copa para permitir a entra<strong>da</strong> de luz em<br />

seu interior. Isso é necessário porque, para florescer, os ramos<br />

internos <strong>da</strong> copa precisam receber a luz solar, pois de contrário<br />

as plantas ficam muito vigorosas e não frutificam. Esse tipo de<br />

po<strong>da</strong> é feito pela eliminação de alguns galhos centrais e, se ne-<br />

cessário, de alguns galhos laterais. Pincelar com pasta bor<strong>da</strong>lesa<br />

todos os locais po<strong>da</strong>dos.


6.2 Adubação de formação e de manutenção<br />

A adubação deve ser realiza<strong>da</strong> no período <strong>da</strong>s chuvas. Até<br />

o terceiro ano de i<strong>da</strong>de, deve ser feita na base de 1 Kg de adubo<br />

por ano, dividido em até 8 vezes/ano. As opções de formulados<br />

são:10 - 15 – 15, 10 - 13 - 15 ou 10 - 10 – 10.<br />

Outra alternativa é fazer uma mistura à base de 3 sacos<br />

de sulfato de amônio + 1 saco de cloreto de potássio, e aplicar,<br />

por planta, de 60 a 120 g dessa mistura a ca<strong>da</strong> 45 dias. Se o<br />

plantio não for irrigado, as adubações devem ser inicia<strong>da</strong>s no<br />

começo <strong>da</strong>s chuvas, porém em doses maiores.<br />

A partir do quarto ano de i<strong>da</strong>de, a quanti<strong>da</strong>de de adubo<br />

aplica<strong>da</strong> deve ser de 4 Kg por planta, divididos em até 8 vezes.<br />

No período de junho a agosto, não se recomen<strong>da</strong>m adubações,<br />

pelo fato de a gravioleira reduzir ou paralisar sua ativi<strong>da</strong>de meta-<br />

bólica em função do frio. A análise de solo anualmente poderá<br />

fornecer subsídios para o esquema de adubação.<br />

6.3 Controle de plantas <strong>da</strong>ninhas<br />

Em plantas ain<strong>da</strong> pequenas, o controle <strong>da</strong>s plantas <strong>da</strong>ni-<br />

nhas deve ser feito coroando-se as mu<strong>da</strong>s com enxa<strong>da</strong>s ou utili-<br />

zando-se herbici<strong>da</strong>s com o uso do protetor de derivas, como o<br />

"chapéu-de-napoleão" ou bacia de plástico. A bacia de plástico<br />

ain<strong>da</strong> é o melhor protetor de deriva, pois ela gira quando toca em<br />

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16<br />

algum obstáculo. Nesse caso, basta fazer um furo ou orifício bem<br />

no centro do fundo de uma bacia de plástico com 40 cm em diâ-<br />

metro, onde será inserido o bico do pulverizador costal.<br />

Nas entrelinhas, recomen<strong>da</strong>-se o uso de herbici<strong>da</strong>s.<br />

Quando se fizer uso desses, o produtor deve tomar cui<strong>da</strong>do para<br />

não atingir as folhas. Os herbici<strong>da</strong>s utilizados podem ser a base<br />

de glifosate, paraquat e diquat.<br />

7 Polinização<br />

A polinização manual <strong>da</strong> gravioleira é uma condição indis-<br />

pensável para aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do fruto.<br />

Por meio de pesquisas realiza<strong>da</strong>s, constataram-se acréscimos<br />

superiores a 60% no índice de pegamento de frutos em plantas<br />

poliniza<strong>da</strong>s artificialmente.<br />

Nas flores <strong>da</strong> gravioleira, observa-se o fenômeno <strong>da</strong> pro-<br />

togenia, isto é, a maturação dos órgãos femininos e masculinos<br />

nas flores não ocorrem simultaneamente, mas em dias distintos,<br />

ou seja, em um botão floral recém-aberto, a parte feminina (es-<br />

tigma) encontra-se receptiva, mas a parte masculina (anteras<br />

com os grãos de pólen) ain<strong>da</strong> não está viável. No dia seguinte ou<br />

após 1 a 2 dias, ocorre uma inversão nas partes reprodutivas, ou<br />

seja, a parte feminina não estará mais receptiva, enquanto as


anteras estarão liberando grãos de pólen para polinizar estigmas<br />

de outras flores que se encontram no estádio feminino.<br />

Para realização <strong>da</strong> polinização artificial (manual com pin-<br />

cel), segue-se o seguinte método: deve-se coletar botões florais<br />

no estádio feminino ao final <strong>da</strong>s tardes, deixando-os em local<br />

arejado até o dia seguinte pela manhã, quando a parte masculina<br />

(anteras) já estará se abrindo e liberando os grãos de pólen, que<br />

poderão ser transferidos (polinização). A polinização manual de-<br />

ve ser feita com auxílio de um pincel. Ca<strong>da</strong> flor poderá render<br />

pólen para polinizar 5 a 6 outras flores. O período de melhor re-<br />

sultado <strong>da</strong> polinização é <strong>da</strong>s 6 às 10 horas <strong>da</strong> manhã, quando as<br />

flores estiverem semi-abertas.<br />

8 Principais pragas<br />

a) Broca-do-coleto (Heilipus catagraphus):<br />

É um besouro do tipo caruncho ou gorgulho, preto, com<br />

duas faixas laterais brancas de aproxima<strong>da</strong>mente 2 cm de com-<br />

primento. Ataca preferencialmente a região do coleto de plantas<br />

adultas, fazendo várias galerias e provocando, inicialmente, ama-<br />

relecimento unilateral e, posteriormente, tombamento e morte<br />

<strong>da</strong>s plantas. Essa praga ain<strong>da</strong> não foi observa<strong>da</strong> em plantios irri-<br />

gados.<br />

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18<br />

b) Broca-do-tronco (Cratosomus bombina bombina):<br />

É um besouro que ataca os ramos, galhos e o tronco <strong>da</strong><br />

gravioleira. Primeiramente, provoca exsu<strong>da</strong>ções escuras, como<br />

um escorrimento preto, que ocorre nos ramos mais novos, nos<br />

quais são observados pequenos furos. Aos poucos, a praga vai<br />

abrindo galerias em direção ao tronco e aos galhos mais grossos;<br />

os furos vão se tornando ca<strong>da</strong> vez maiores e os sinais mais per-<br />

ceptíveis. Nas plantas jovens, a praga deposita os ovos nos ra-<br />

mos mais novos e nas intersecções dos ramos mais grossos,<br />

também provocando o aparecimento de manchas escuras.<br />

c) Broca-<strong>da</strong>-semente (Bephrateloides masculicollis):<br />

Quando adulta, é uma vespinha semelhante a um marim-<br />

bondo, de cor escura e com manchas amarelas nas laterais.<br />

Possui asas transparentes com uma listra preta transversal e<br />

cerca de 0,6 cm de comprimento. Seus ovos são depositados<br />

sobre os frutos e, ao nascerem, as larvas entram na polpa e se<br />

instalam no interior <strong>da</strong> semente, completando ali seu ciclo de vi-<br />

<strong>da</strong>. Assim, quando saem do fruto, deixam orifícios na semente,<br />

polpa e casca.<br />

d) Broca-do-fruto (Cerconota anonella):<br />

Quando adulto, o inseto é uma mariposa de coloração<br />

branco-acinzenta<strong>da</strong> com reflexos prateados. Possui cerca de 2,5


cm de envergadura e hábito noturno. É a praga de maior impor-<br />

tância na região dos cerrados e a de mais difícil controle.<br />

Os ovos são depositados na casca e, ao nascerem, as<br />

larvas entram na polpa, onde podem empupar e completar seu<br />

ciclo. As larvas desenvolvi<strong>da</strong>s medem em torno de 2 cm de com-<br />

primento e têm coloração variando de marrom ao verde-pardo.<br />

No fruto, aparecem manchas escuras com galerias. O ataque<br />

aos frutos pequenos provoca, geralmente, a que<strong>da</strong> dos mesmos.<br />

e) Lagarta-<strong>da</strong>s-folhas (Gonodonta spp., Cocitius anteus e<br />

Pseudodirphia sp.):<br />

As lagartas de Gonodonta spp. alimentam-se <strong>da</strong>s folhas<br />

<strong>da</strong> gravioleira e medem até 3,5 cm. Podem trazer grandes prejuí-<br />

zos para o produtor quando atacam mu<strong>da</strong>s recém-planta<strong>da</strong>s no<br />

campo.<br />

As lagartas de Cocitius anteus são verdes ou cinzas, me-<br />

dem até 10 cm em comprimento e ocorrem isola<strong>da</strong>mente. Ge-<br />

ralmente estão parasita<strong>da</strong>s por Hymenopteros, caracterizando a<br />

presença de grande quanti<strong>da</strong>de de pupas brancas sobre a lagar-<br />

ta.<br />

As Pseudodirphia sp. são lagartas que medem até 10 cm<br />

de comprimento, têm coloração cinza com listras escuras no dor-<br />

so e cer<strong>da</strong>s rígi<strong>da</strong>s mais alonga<strong>da</strong>s nas extremi<strong>da</strong>des do corpo.<br />

São urticantes. Durante o dia, permanecem agrega<strong>da</strong>s no tronco<br />

e, à noite, alimentam-se de folhas.<br />

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20<br />

f) Formigas cortadeiras:<br />

As responsáveis pelos maiores <strong>da</strong>nos são as saúvas.<br />

9 Principais doenças<br />

a) Cancro depressivo ou cancrose:<br />

É uma doença causa<strong>da</strong> pelo fungo Phomopsis sp, que<br />

penetra nos tecidos por aberturas naturais, intersecções de ra-<br />

mos ou ferimentos em plantas de qualquer i<strong>da</strong>de. O fungo provo-<br />

ca a morte dos ramos e até <strong>da</strong> planta.<br />

Inicialmente, aparecem exsu<strong>da</strong>ções ou manchas pretas<br />

nas intersecções dos ramos. Sob essas manchas encontra-se<br />

um tecido morto. Em alguns casos, a cancrose manifesta-se pri-<br />

meiramente em forma de rachaduras nos ramos e nos troncos.<br />

Quando há progressão <strong>da</strong> doença sob a casca, ocorrem depres-<br />

são e morte dos tecidos.<br />

b) Podridão-<strong>da</strong>-casca ou podridão-seca-do-fruto (Botryodi-<br />

plodia theobromae):<br />

É um fungo que ataca ramos, tronco, botões florais e<br />

frutos. Quando atinge ramos e tronco, provoca lesões escuras<br />

sob a casca, morte de ramos e secamento de ponteiros. Entre-<br />

tanto, são os botões florais e os frutinhos recém-nascidos os<br />

mais atingidos, causando um considerável prejuízo para o produ-


tor, pois provoca a que<strong>da</strong> dos frutinhos logo que nascem ou sa-<br />

em <strong>da</strong> flor.<br />

Esse fungo ataca também frutos já desenvolvidos. A pene-<br />

tração ocorre através do pedúnculo ou por ferimentos causados<br />

pela broca-<strong>da</strong>-semente.<br />

c) Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides):<br />

É um fungo que ataca ramos jovens, frutinhos, botões flo-<br />

rais e frutos já desenvolvidos. Nos ramos jovens, as lesões pro-<br />

voca<strong>da</strong>s são características. Nos botões florais e frutos peque-<br />

nos, causa lesões escuras, provocando morte e que<strong>da</strong>. Quando<br />

o fungo ataca frutos já desenvolvidos, incita lesões escuras com<br />

formações róseas no centro (esporos ou propágulos). Podem<br />

ocorrer, dependendo <strong>da</strong> situação, rachaduras na casca e, poste-<br />

riormente, apodrecimento do fruto.<br />

d) Podridão-par<strong>da</strong>-do-fruto (Rhizopus stolonifer):<br />

Os frutos já desenvolvidos são os principais alvos desse<br />

fungo. Causa uma podridão aquosa e torna a polpa escura e com<br />

odor desagradável. É uma doença que ocorre com maior inci-<br />

dência no período de fevereiro a junho, especialmente se estive-<br />

rem ocorrendo chuvas prolonga<strong>da</strong>s e temperaturas noturnas a-<br />

baixo de 15ºC.<br />

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22<br />

Essa doença também é chama<strong>da</strong> de podridão-aquosa e a<br />

denominação "podridão-par<strong>da</strong>" refere-se à coloração <strong>da</strong> casca e<br />

<strong>da</strong> polpa dos frutos atacados.<br />

10 Controle <strong>da</strong>s principais pragas e doenças<br />

a) Broca-do-coleto: O controle dessa praga exige o uso de inse-<br />

tici<strong>da</strong>s mais fortes e tóxicos. Dessa forma, recomen<strong>da</strong>-se ao pro-<br />

dutor procurar um engenheiro agrônomo logo que os sinais <strong>da</strong><br />

praga forem detectados.<br />

b) Broca-do-tronco: O produtor deve localizar os orifícios nos<br />

locais onde existem escorrimentos escuros. Em segui<strong>da</strong>, aplicar<br />

insetici<strong>da</strong>s caseiros (tipo Spray) à base de aletrina de<br />

deltamethrina.<br />

c) Broca-do-fruto e broca-<strong>da</strong>-semente: Se estiver ocorrendo<br />

ataque dessas pragas, recomen<strong>da</strong>-se aplicar, diretamente sobre<br />

os frutinhos e botões florais, a ca<strong>da</strong> 10 dias, uma mistura à base<br />

de 1,5 ml de Decis, 1,2g de Benlate e 5 ml de Arsist. O Benlate<br />

deve ser intercalado com Dithane ou Manzate a 3g/ litro.


d) Lagarta-<strong>da</strong>s-folhas: Utilizar a catação manual e, no caso de<br />

Pseudodirphya sp., aplicar insetici<strong>da</strong>s à base de fenthion ou feni-<br />

trotion.<br />

e) Cancrose e podridão-seca-do- fruto: Ao notar as manchas<br />

escuras nas interseções de ramos, o produtor deve fazer imedia-<br />

tamente o pincelamento do local atacado com uma pasta à base<br />

de 12g de Benlate, + 50 ml de óleo de soja + caolim 500g + 300<br />

a 500 ml de água.<br />

f) Antracnose e podridão-seca-do-fruto: Utilizar a mesma mis-<br />

tura recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para as brocas-do-fruto e <strong>da</strong> semente.<br />

g) Podridão-par<strong>da</strong>-do- fruto: É causa<strong>da</strong> por um fungo de difícil<br />

controle. Até o momento não foi encontrado um fungici<strong>da</strong> com<br />

boa ação contra Rhizopus stolonifer. Dessa forma, recomen<strong>da</strong>-<br />

se retirar e destruir todos os frutos atacados.<br />

OBS: Sempre que utilizar qualquer defensivo agrícola, deve-se<br />

procurar uma orientação técnica para serem discutidos o período<br />

de carência e o grau toxicológico do produto.<br />

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24<br />

11 Produção e produtivi<strong>da</strong>de<br />

No Distrito Federal, obtiveram-se em plantios de graviolei-<br />

ras "Mora<strong>da</strong>" (pé-franco, não irrigados e com cerca de 10 anos<br />

de i<strong>da</strong>de) 16 frutos (de 3,2 Kg ca<strong>da</strong>) por planta/ano, em média.<br />

Por outro lado, no mesmo local, em plantio irrigado, com 3<br />

anos de i<strong>da</strong>de, composto pela cultivar Mora<strong>da</strong>, enxerta<strong>da</strong>, obte-<br />

ve-se uma produtivi<strong>da</strong>de de 4,6 frutos (de 4,2 Kg ca<strong>da</strong>) por plan-<br />

ta/ano.<br />

12 Colheita, classificação e armazenamento<br />

Os frutos devem ser colhidos quando começarem a amo-<br />

lecer a ponta ou ápice. Na prática, o produtor pode identificar o<br />

ponto de colheita antes do amolecimento do fruto, quando a colo-<br />

ração <strong>da</strong> casca passar de verde-escura para verde mais clara, e<br />

as espículas (um tipo de "espinho" grosso sobre a casca) se<br />

quebrarem facilmente. Quando o produtor perceber que o fruto<br />

está quase amadurecendo, ele deve ensacá-lo para evitar que o<br />

mesmo se despren<strong>da</strong> do ramo, amasse ou suje em contato com<br />

o solo. Sacolinhas de supermercado ou sacos para embalar re-<br />

polho, batata ou maracujá podem ser usados.


Quando atingir o ponto ideal de amadurecimento, os frutos<br />

devem ser colhidos manualmente e colocados em caixas ou<br />

bandejas de paredes lisas.<br />

Ain<strong>da</strong> não existem critérios definidos, uma vez que o fruto<br />

é, na maioria <strong>da</strong>s vezes, comercializado na forma de polpa con-<br />

gela<strong>da</strong>, sucos e sorvetes.<br />

Para conservar por mais tempo, os frutos devem ser man-<br />

tidos sob temperaturas de 5 a 12,5ºC, nas quais podem ser con-<br />

servados por 7 dias. No entanto, para conservá-lo por até 2 anos,<br />

recomen<strong>da</strong>-se, após seu amadurecimento, lavar, retirar sua cas-<br />

ca, eliminar as partes escuras provoca<strong>da</strong>s pelo ataque de fungos<br />

ou pragas e colocá-lo, com as sementes, em sacos de plástico<br />

apropriados. Após lacrar os sacos, colocá-los em freezer ou câ-<br />

maras de congelamento.<br />

13 Preparo <strong>da</strong> polpa<br />

Antes <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> casca, o fruto deve ser lavado em<br />

água limpa. Depois de descascado, o fruto pode ser congelado<br />

com as sementes para posterior ou imediato processamento.<br />

Caso seja armazenado com as sementes, ao serem retirados do<br />

freezer, os frutos devem ser passados na despolpadeira imedia-<br />

tamente, pois não podem mais voltar à temperatura ambiente. Se<br />

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26<br />

isso acontecer, ocorrem alterações no sabor e na cor <strong>da</strong> polpa,<br />

que fica amarela<strong>da</strong>.<br />

A retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s sementes e preparo <strong>da</strong> polpa podem ser<br />

feitos utilizando-se despolpadeiras de frutas que, além <strong>da</strong> gravio-<br />

la, despolpam frutas de outras espécies.<br />

Se a produção for pequena, o produtor pode a<strong>da</strong>ptar um<br />

liquidificador comum para esse fim. Nesse caso, basta retirar a<br />

hélice central do mesmo e substituí-la por uma peça simples, fei-<br />

ta a partir de um ralo de pia inox (Figura 3).


Figura 3: A<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> peça central de um liquidificador comum, em que a<br />

hélice é substituí<strong>da</strong> e sol<strong>da</strong><strong>da</strong> a um ralo de pia inox.<br />

Esse despolpador doméstico também pode ser utilizado<br />

eficientemente para despolpar outras frutas, tais como maracujá<br />

e acerola.<br />

Após a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s sementes, a polpa deve ser embala<strong>da</strong><br />

em sacos de plástico, congela<strong>da</strong> e comercializa<strong>da</strong> em lanchone-<br />

tes, clubes, hotéis, etc.<br />

14 Embalagem e comercialização<br />

Atualmente, a graviola é comercializa<strong>da</strong> primitivamente na<br />

forma de polpa congela<strong>da</strong>, néctar e suco industrializado. Em fei-<br />

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ras e sacolões, podem ser comercializados frutos inteiros, mas<br />

com restrições por causa <strong>da</strong> sua alta perecibili<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s dificul-<br />

<strong>da</strong>des para se acertar o ponto de colheita. Caso não seja colhido<br />

no ponto certo, geralmente o fruto escurece.<br />

15 Aspectos mercadológicos<br />

A graviola tem a agroindústria como principal destino. Sua<br />

produtivi<strong>da</strong>de no Brasil tem variado de região para região, em<br />

função <strong>da</strong> tecnologia adota<strong>da</strong> pelos produtores. De forma geral, a<br />

produção por hectare dessa frutífera varia de 3 a 20 t/ha de fruta<br />

fresca, de acordo com a varie<strong>da</strong>de e tratos <strong>cultura</strong>is recebidos.<br />

O mercado tem pago ao fruticultor um preço interessante<br />

nas últimas safras. Os preços praticados nos últimos anos têm<br />

variado entre US$ 0,50 a 1,00/kg <strong>da</strong> fruta, mas tendem a se es-<br />

tabilizar nos próximos anos em torno de US$ 0,25/kg. O custo <strong>da</strong><br />

produção <strong>da</strong> graviola para o produtor tecnificado tem ficado em<br />

torno de US$2.000,00). Apesar de a agroindústria ser a grande<br />

compradora dessa fruta, a tendência nos próximos anos é que a<br />

graviola ocupe a ca<strong>da</strong> ano uma fatia maior do mercado de fruta<br />

fresca, bastando, para isso, ajustar o ponto de colheita, o trans-<br />

porte até o destino final de consumo, uso adequado de embala-<br />

gens e outros cui<strong>da</strong>dos simples.


16 Referências Bibliográficas<br />

JUNQUEIRA, N. T. V.; CUNHA, M. M. <strong>da</strong>; OLIVEIRA, M. A. S.;<br />

PINTO, A. C. de Q. Graviola para exportação: aspectos fitossanitários.<br />

Brasília: Embrapa-SPI, 1996. 67 p. (Série Publicações<br />

técnicas FRUPEX, 22).<br />

JUNQUEIRA, N. T. V.; OLIVEIRA, M. A. S.; ICUMA, I. M.; RA-<br />

MOS, V. H. V. Cultura <strong>da</strong> graviola. In: SILVA, J. M. de M. (Coord.).<br />

Incentivo à fruti<strong>cultura</strong> no Distrito Federal: manual de<br />

fruti<strong>cultura</strong>. 2. ed. rev. atual. Brasília: OCDF; COOLABORA,<br />

1999. p. 96-103.<br />

PINTO, A. C. de Q.; SILVA, E. M. <strong>da</strong>. Graviola para exportação:<br />

aspectos técnicos <strong>da</strong> produção. Brasília: Embrapa-SPI, 1994. 41<br />

p. (Série Publicações técnicas FRUPEX, 7).<br />

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