17.04.2013 Views

marta sofia dos anjos ferreira aplicação do modelo de kubelka ...

marta sofia dos anjos ferreira aplicação do modelo de kubelka ...

marta sofia dos anjos ferreira aplicação do modelo de kubelka ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MARTA SOFIA DOS<br />

ANJOS FERREIRA<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro Departamento <strong>de</strong> Física<br />

Ano 2009<br />

APLICAÇÃO DO MODELO DE KUBELKA-MUNK À<br />

ANÁLISE DE FILMES SEMICONDUTORES


MARTA SOFIA DOS<br />

ANJOS FERREIRA<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro Departamento <strong>de</strong> Física<br />

Ano 2009<br />

APLICAÇÃO DO MODELO DE KUBELKA-MUNK À<br />

ANÁLISE DE FILMES SEMICONDUTORES<br />

dissertação apresentada à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro para cumprimento <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

requisitos necessários à obtenção <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> Mestre em Engenharia Física,<br />

realizada sob a orientação científica <strong>do</strong> Dr. António Ferreira da Cunha,<br />

Professor Auxiliar <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro


Dedico este trabalho ao Igor. Os Anjos existem…


o júri<br />

presi<strong>de</strong>nte Professor Doutor Fernão Rodrigues Vístulo Abreu<br />

professor auxiliar <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro<br />

vogal – arguente principal Professor Doutor José Maria Longras Figueire<strong>do</strong><br />

professor auxiliar <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Algarve<br />

vogal – orienta<strong>do</strong>r Professor Doutor António Ferreira da Cunha<br />

professor auxiliar <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro


agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Existem algumas pessoas que contribuíram gran<strong>de</strong>mente na<br />

concretização <strong>de</strong>ste trabalho. Em primeiro lugar, quero agra<strong>de</strong>cer ao<br />

Professor António Cunha, por to<strong>do</strong> o apoio, paciência e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transmitir conhecimento.<br />

Agra<strong>de</strong>ço também a to<strong>do</strong> o grupo <strong>de</strong> investigação pelo apoio, e por<br />

estarem lá sempre que necessitei. Em particular, uma nota <strong>de</strong><br />

agra<strong>de</strong>cimento ao André, que me auxiliou pacientemente ao longo <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> o processo.<br />

Gostaria também <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Professor António Luís Ferreira<br />

pelas frutuosas discussões acerca da implementação <strong>do</strong> algoritmo, e ao<br />

Professor Anthony Murphy pela disponibilida<strong>de</strong> e interesse em ajudar,<br />

mesmo à distância.<br />

À Catarina, Teresa, Rita, Tiago e Ana, por estarem lá. Pela amiza<strong>de</strong>,<br />

pelo apoio. A to<strong><strong>do</strong>s</strong> aqueles que se cruzaram comigo ao longo <strong>de</strong>ste<br />

percurso, o meu obrigada.<br />

À Catarina, Marta e Otílio, que surgiram na minha vida no momento<br />

certo. Não há palavras.<br />

Por fim, e como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, à minha família. Agra<strong>de</strong>ço à<br />

Celeste, ao Ricar<strong>do</strong>, e ao pilar da minha formação, aquela a quem <strong>de</strong>vo<br />

tu<strong>do</strong>, a minha Mãe.


palavras-chave<br />

resumo<br />

Reflectância, coeficientes <strong>de</strong> reflexão, <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka-Munk, <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong><br />

função <strong>de</strong> distribuição da reflectância bidireccional, <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> gradiente<br />

espectral projecta<strong>do</strong>.<br />

Com este trabalho, preten<strong>de</strong>u-se efectuar a caracterização <strong>de</strong> alguns<br />

parâmetros ópticos <strong>de</strong> filmes semicondutores, recorren<strong>do</strong> a medidas <strong>de</strong><br />

reflectância difusa, com o objectivo principal <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a energia <strong>de</strong> hiato<br />

<strong>de</strong>sses materiais.<br />

Desenvolveu-se um algoritmo computacional com base no <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka-<br />

Munk, modifican<strong>do</strong> as expressões originais <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as características<br />

<strong>do</strong> filme e <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> iluminação utiliza<strong>do</strong>. Optimizaram-se os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

aplican<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> gradiente espectral projecta<strong>do</strong>. A partir <strong>de</strong>ste méto<strong>do</strong>,<br />

obtiveram-se os valores <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção, espessura,<br />

coeficiente <strong>de</strong> dispersão e coeficiente <strong>de</strong> absorção, a partir <strong>do</strong> qual se<br />

<strong>de</strong>terminou a energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material. Testou-se o algoritmo no caso <strong>de</strong><br />

um filme <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> titânio (fase rutilo) num substrato <strong>de</strong> titânio, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

possível comparar com os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> encontra<strong><strong>do</strong>s</strong> na literatura. Aplicou-se o<br />

mesmo no caso <strong>de</strong> duas amostras <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> titânio (fase anatáse)<br />

<strong>de</strong>positadas sobre um substrato <strong>de</strong> molibdénio, ten<strong>do</strong>-se obti<strong>do</strong> uma energia<br />

<strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> 3,27 e 3,18 eV.


keywords<br />

abstract<br />

Reflectance, reflectance coefficients, Kubelka-Munk mo<strong>de</strong>l, bidirectional<br />

reflectance distribution function, spectral projected gradient.<br />

With this work, it was preten<strong>de</strong>d to <strong>do</strong> the characterization of some optical<br />

parameters of semiconductor films, through diffuse reflectance measurements.<br />

The main objective was to <strong>de</strong>termine the bandgap energy of those materials.<br />

A computational algorithm based on the Kubelka-Munk was <strong>de</strong>veloped,<br />

modifying the original expressions according to the film characteristics and the<br />

sort of illumination used. The results were optimized, applying the spectral<br />

projected gradient method. Values for the refraction in<strong>de</strong>x, thickness,<br />

dispersion and absorption coefficient were obtained. The bandgap energy was<br />

<strong>de</strong>termined from the latter parameter. The algorithm was tested for a rutile<br />

titanium dioxi<strong>de</strong> film <strong>de</strong>posited on a titanium substrate, and from these results it<br />

was possible to compare with the values from literature. The same algorithm<br />

was applied in the case of two samples of anatase titanium dioxi<strong>de</strong> <strong>de</strong>posited<br />

on a molib<strong>de</strong>nium substrate. A bandgap energy of 3.27 and 3.18 eV was<br />

obtained.


Índice<br />

1. Introdução ................................................................................................................................................. 1<br />

2. O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka‐Munk ...................................................................................................................... 5<br />

2.1. Resumo <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka‐Munk Original ............................................................................... 6<br />

2.2. Correcção para a Reflexão à Superfície ........................................................................................... 7<br />

2.3. Extensão para Radiação Inci<strong>de</strong>nte Colimada ................................................................................... 7<br />

2.4. Filmes com Superfícies Opticamente Rugosas ................................................................................. 8<br />

2.4.1. Nomenclatura Usada ............................................................................................................... 8<br />

2.4.2. Determinação da Reflectância ................................................................................................ 9<br />

2.4.3. Coeficientes <strong>de</strong> Dispersão e <strong>de</strong> Absorção Efectivos, S e K. ................................................... 10<br />

2.4.4. Determinação <strong><strong>do</strong>s</strong> Coeficientes <strong>de</strong> Reflexão ......................................................................... 11<br />

2.4.5. Reflexão <strong>de</strong> Luz Colimada numa Superfície Lisa ................................................................... 11<br />

2.4.6. Reflexão <strong>de</strong> Luz Colimada numa Superfície Rugosa .............................................................. 12<br />

2.4.7. Reflexão <strong>de</strong> Luz Difusa numa Superfície Rugosa ................................................................... 18<br />

2.4.8. Simulações Numéricas .......................................................................................................... 18<br />

2.4.9. Cálculo da Energia <strong>de</strong> Hiato <strong>de</strong> um Semicondutor ................................................................ 22<br />

3. Optimização ............................................................................................................................................. 23<br />

3.1. Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ajuste <strong>do</strong> Gradiente Espectral Projecta<strong>do</strong> ‐ SPG ......................................................... 23<br />

3.1.1. Restrições às Variáveis .......................................................................................................... 24<br />

3.1.2. Tamanho <strong>do</strong> Passo da Iteração ............................................................................................. 26<br />

3.1.3. Técnica <strong>de</strong> Busca <strong>de</strong> Linha Não‐monótona ........................................................................... 26<br />

3.2. Descrição <strong>do</strong> Algoritmo .................................................................................................................. 27<br />

3.3. Simulações Numéricas ................................................................................................................... 29<br />

4. Caso <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>: Aplicação <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> a Da<strong><strong>do</strong>s</strong> Experimentais .............................................................. 33<br />

4.1. Procedimento Experimental .......................................................................................................... 33<br />

4.2. Medidas Experimentais sobre um Filme <strong>de</strong> TiO2 ........................................................................... 34<br />

4.3. Aplicação <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> SPG aos Resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> Experimentais ............................................................. 36<br />

5. Conclusões ............................................................................................................................................... 39<br />

6. Anexos ..................................................................................................................................................... 41<br />

6.1. Coeficientes <strong>de</strong> Fresnel para Dois Meios Absorventes .................................................................. 41<br />

6.2. Derivadas Parciais da Reflectância Difusa ...................................................................................... 42<br />

6.3. Fluxogramas <strong><strong>do</strong>s</strong> algoritmos spg e ls .............................................................................................. 44<br />

7. Referências .............................................................................................................................................. 47


1. Introdução<br />

O estu<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s ópticas <strong>de</strong> um material tem um papel fundamental na sua<br />

caracterização. Quan<strong>do</strong> esse material é um semicondutor, é através <strong>de</strong>stas que é possível<br />

<strong>de</strong>terminar a sua estrutura <strong>de</strong> bandas. De um mo<strong>do</strong> muito simplifica<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar‐se a<br />

existência <strong>de</strong> duas bandas <strong>de</strong> energia: a banda <strong>de</strong> valência e a banda <strong>de</strong> condução. Na primeira,<br />

<strong>de</strong> menor energia, to<strong><strong>do</strong>s</strong> os esta<strong><strong>do</strong>s</strong> electrónicos estão ocupa<strong><strong>do</strong>s</strong>, e se não existirem electrões na<br />

banda <strong>de</strong> condução, o material <strong>de</strong>signa‐se por isola<strong>do</strong>r. Já na segunda, a partir <strong>do</strong> momento em<br />

que nela existam electrões livres, irá ocorrer condução. Entre estas duas bandas existe uma gama<br />

<strong>de</strong> energias não acessível aos porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> carga, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signada por energia <strong>de</strong> hiato, ou em<br />

inglês, bandgap. Este é um <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros mais importantes em física <strong>de</strong> semicondutores,<br />

<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> as proprieda<strong>de</strong>s eléctricas e ópticas <strong>de</strong>stes materiais [1, 2]. Graças a ele, os<br />

electrões excita<strong><strong>do</strong>s</strong> permanecem em níveis <strong>de</strong> energia mais eleva<strong><strong>do</strong>s</strong> por tempo suficiente para<br />

serem usa<strong><strong>do</strong>s</strong> consoante a <strong>aplicação</strong> <strong>de</strong>sejada (como corrente eléctrica, ou como corrente<br />

térmica, por exemplo). No caso <strong>de</strong> um metal, não existe esse hiato <strong>de</strong> energia, então após serem<br />

excita<strong><strong>do</strong>s</strong>, os electrões <strong>de</strong>caem muito rapidamente para o esta<strong>do</strong> fundamental através <strong>de</strong> níveis<br />

energéticos intermédios [3]. Na figura 1 encontram‐se <strong>do</strong>is esquemas simplifica<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> estruturas<br />

<strong>de</strong> bandas. Estes consistem num gráfico <strong>de</strong> energia, E, em função <strong>do</strong> momento, k, e neles se<br />

evi<strong>de</strong>nciam os esta<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> energia permiti<strong><strong>do</strong>s</strong> e proibi<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> o material semicondutor se encontra a baixa temperatura e não ilumina<strong>do</strong>, a<br />

banda <strong>de</strong> valência encontra‐se cheia e a <strong>de</strong> condução vazia. Ao se incidir radiação (fotões) com<br />

uma <strong>de</strong>terminada energia, po<strong>de</strong>rão ocorrer três situações. Na primeira, a energia da radiação é<br />

inferior à energia <strong>do</strong> hiato: (em que Eg é a energia <strong>de</strong> hiato e hν a energia <strong>do</strong> fotão<br />

inci<strong>de</strong>nte). Nesse caso, o material é transparente à radiação e os electrões permanecem na banda<br />

<strong>de</strong> valência. Nas restantes situações, os fotões possuem energia igual ou superior à <strong>do</strong> hiato,<br />

, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim excitar os electrões que se encontram na banda <strong>de</strong> valência. Estes irão<br />

atravessar a zona <strong>de</strong> hiato e passam para a banda <strong>de</strong> condução, tornan<strong>do</strong>‐se o material num<br />

condutor. Essa passagem po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> directo ou indirecto (figura 1(a) e 1(b),<br />

respectivamente). No primeiro caso, apenas é requerida a incidência <strong>de</strong> um fotão, a transição<br />

ocorre sem haver alteração no momento. Já no segun<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir a conservação <strong>do</strong><br />

momento, é necessária a existência <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> externa, uma vibração da re<strong>de</strong> com<br />

momento kp, <strong>de</strong>signada por fonão [1].<br />

a<br />

BC<br />

BV<br />

E<br />

Eg (directo)<br />

0 k<br />

Eg (indirecto)<br />

0 k<br />

Figura 1 – Representação esquemática <strong>de</strong> um diagrama <strong>de</strong> energia em função <strong>do</strong> momento para um semicondutor com<br />

energia <strong>de</strong> (a) hiato directo e (b) hiato indirecto. BV, BC, kp e E g correspon<strong>de</strong>m às bandas <strong>de</strong> valência e <strong>de</strong> condução,<br />

momento <strong>do</strong> fonão e à energia <strong>de</strong> hiato, respectivamente. Adapta<strong>do</strong> da referência [3].<br />

b<br />

E<br />

kp<br />

BC<br />

BV<br />

1


Note‐se que a incidência <strong>de</strong> radiação não é o único mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> excitação <strong><strong>do</strong>s</strong> electrões da<br />

banda <strong>de</strong> valência para a banda <strong>de</strong> condução. A temperatura também é uma variável<br />

fundamental, que influencia o comportamento <strong>do</strong> semicondutor. O aumento <strong>de</strong>sta po<strong>de</strong> levar à<br />

alteração da energia <strong>de</strong> hiato. Para além disso, a concentração <strong>de</strong> porta<strong>do</strong>res obe<strong>de</strong>ce a uma<br />

distribuição <strong>de</strong> Boltzmann, a qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura. Em geral, em semicondutores com<br />

hiato indirecto, apenas se verifica a absorção <strong>de</strong> fotões se existir um número suficiente <strong>de</strong> fonões<br />

que permitam a conservação <strong>do</strong> momento. Como consequência, este tipo <strong>de</strong> semicondutores<br />

possui uma absorção óptica inferior à <strong>do</strong> <strong>de</strong> hiato directo, e é mais fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

temperatura: quanto mais elevada, maior será a vibração da re<strong>de</strong>, o que irá induzir a uma maior<br />

percentagem <strong>de</strong> excitação térmica <strong>de</strong> electrões [3].<br />

No caso <strong>de</strong> o material em estu<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sob a forma <strong>de</strong> filme, é necessário ter em<br />

consi<strong>de</strong>ração os efeitos da superfície no estu<strong>do</strong> das suas proprieda<strong>de</strong>s ópticas. Esta é usualmente<br />

irregular e apresenta <strong>de</strong>feitos, o que vai introduzir variações na estrutura <strong>de</strong> bandas <strong>do</strong> material.<br />

Surgem então esta<strong><strong>do</strong>s</strong> localiza<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> energia na banda proibida, para on<strong>de</strong> os electrões da banda<br />

<strong>de</strong> valência po<strong>de</strong>m saltar quan<strong>do</strong> são excita<strong><strong>do</strong>s</strong> pela radiação inci<strong>de</strong>nte. A esses esta<strong><strong>do</strong>s</strong> dá‐se o<br />

nome <strong>de</strong> armadilhas, em inglês traps, as quais irão afectar as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> condução <strong>do</strong><br />

material, assim como as <strong>de</strong> absorção, o que po<strong>de</strong>rá ter influência nos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> aquan<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>terminação da energia <strong>de</strong> hiato.<br />

O semicondutor usa<strong>do</strong> como <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> neste trabalho é o dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> titânio, TiO2, um óxi<strong>do</strong><br />

metálico que po<strong>de</strong> apresentar‐se em três estruturas cristalinas: anatáse, rutilo e brookite [4]. Esta<br />

última apresenta uma estrutura ortorrômbica, enquanto as duas primeiras possuem estrutura<br />

tetragonal (figura 2). As energias <strong>de</strong> hiato da fase <strong>de</strong> anatáse, rutilo e brookite são muito elevadas,<br />

aproximadamente <strong>de</strong> 3,2 eV, 3,0 eV e 3,4 eV, respectivamente [5]. As várias estruturas <strong>do</strong> TiO2<br />

<strong>de</strong>vem‐se à sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste material em relação às características <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

[6].<br />

a b c<br />

Figura 2 – Representação das três estruturas mais comuns <strong>do</strong> TiO 2: (a) anatáse, (b) rutilo e (c) brookite. Os átomos <strong>de</strong><br />

Ti estão representa<strong><strong>do</strong>s</strong> a ver<strong>de</strong>, enquanto os átomos <strong>de</strong> O encontram‐se a vermelho. Adapta<strong>do</strong> da referência [7].<br />

Este material, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> na forma <strong>de</strong> filme apresenta, geralmente, uma estrutura<br />

nanocristalina, é poroso, exibe uma elevada área superficial, e a superfície das suas<br />

nanopartículas exibe uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esta<strong><strong>do</strong>s</strong> localiza<strong><strong>do</strong>s</strong> na banda proibida. Estas<br />

proprieda<strong>de</strong>s tornam‐no num material com forte aplicabilida<strong>de</strong>, principalmente sob a fase<br />

anatáse e rutilo [8]. Esta última é a mais frequente, e também a mais referenciada na literatura.<br />

Entre as diversas aplicações, o TiO2 po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> como fotocatalisa<strong>do</strong>r [9], em células solares<br />

para produção <strong>de</strong> energia eléctrica [10], como <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> gases [11], em filmes electrocrómicos<br />

[12, 13], entre outros.<br />

Actualmente, existem diversas técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> absorção, e<br />

consequentemente da energia <strong>de</strong> hiato, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> semicondutor em causa, bem<br />

como das características da amostra e da finalida<strong>de</strong> que se preten<strong>de</strong> atribuir ao material em<br />

2


estu<strong>do</strong>. Se a amostra for transparente e a sua superfície lisa, po<strong>de</strong>‐se efectuar uma combinação<br />

<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> transmitância e reflectância. Através <strong>de</strong>stas, e recorren<strong>do</strong> a equações que têm em<br />

consi<strong>de</strong>ração a reflexão e a transmissão em cada interface, é possível <strong>de</strong>terminar o coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção em função <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte. A partir <strong>de</strong>sse resulta<strong>do</strong>,<br />

perto da zona em que ocorre uma diminuição brusca na curva <strong>de</strong> absorção, é possível <strong>de</strong>terminar<br />

a energia <strong>de</strong> hiato, assim como a distribuição da absorção da luz em profundida<strong>de</strong>, no interior <strong>do</strong><br />

semicondutor [14, 15].<br />

Conhecen<strong>do</strong> a variação <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> absorção, , com o comprimento <strong>de</strong> onda da<br />

radiação inci<strong>de</strong>nte, é comum traçar‐se uma curva <strong>de</strong>ste parâmetro em função <strong>de</strong> hν, em que <br />

correspon<strong>de</strong> à constante <strong>de</strong> Planck e ν à frequência da radiação. Ajustan<strong>do</strong> os da<strong><strong>do</strong>s</strong> à expressão<br />

(1)<br />

on<strong>de</strong> o índice toma o valor <strong>de</strong> 2 para semicondutores <strong>de</strong> hiato indirecto, e 1/2 para<br />

semicondutores <strong>de</strong> hiato directo, e A é uma constante in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da energia <strong>do</strong> fotão.<br />

Extrapolan<strong>do</strong> a zona linear <strong>de</strong>ste gráfico para zero, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por gráfico <strong>de</strong> Tauc, obtém‐se a<br />

energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material, Eg [14, 16].<br />

Quan<strong>do</strong> os filmes são finos e as superfícies lisas, é frequente recorrer‐se à técnica <strong>de</strong><br />

elipsometria espectroscópica, a qual permite uma caracterização das proprieda<strong>de</strong>s ópticas, a<br />

partir das características da luz reflectida (ou transmitida) pela amostra. Contu<strong>do</strong>, no caso em que<br />

a amostra não absorva fortemente, a precisão <strong>de</strong>sta técnica na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção é baixa [14, 17].<br />

No caso em que as amostras são opacas, não é possível aplicar nenhum <strong><strong>do</strong>s</strong> méto<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

anteriores, uma vez que apenas é possível efectuar medidas <strong>de</strong> reflectância. É usual recorrer‐se a<br />

um espectrofotómetro <strong>de</strong> UV‐visível, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a amostra (em pó) seja espessa o suficiente<br />

(entre 1 a 3mm), para absorver ou dispersar toda a luz inci<strong>de</strong>nte e a sua superfície seja lisa.<br />

Também po<strong>de</strong> ser razoável recorrer a este méto<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> os filmes a analisar são espessos [18,<br />

19].<br />

Nenhum <strong><strong>do</strong>s</strong> méto<strong><strong>do</strong>s</strong> menciona<strong><strong>do</strong>s</strong> anteriormente se aplica aos filmes aqui estuda<strong><strong>do</strong>s</strong>,<br />

uma vez que estes são opacos e a sua superfície é rugosa. Recorren<strong>do</strong> a um <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> radiativo <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fluxos, o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk, preten<strong>de</strong>‐se estudar as proprieda<strong>de</strong>s<br />

ópticas das amostras, recorren<strong>do</strong> tanto a méto<strong><strong>do</strong>s</strong> experimentais, através da medição da<br />

reflectância difusa, como a algoritmos computacionais que manipulam os parâmetros físicos, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> a se obterem valores óptimos para cada caso. O objectivo final será <strong>de</strong>terminar a energia<br />

<strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material semicondutor em estu<strong>do</strong>. Para isso, é necessário introduzir modificações ao<br />

<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk original.<br />

Este trabalho divi<strong>de</strong>‐se em três partes principais: (i) o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um algoritmo<br />

basea<strong>do</strong> no <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk, (ii) a <strong>aplicação</strong> <strong>de</strong>sse <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> a valores experimentais já<br />

reporta<strong><strong>do</strong>s</strong> em [14, 18, 20] e, por fim, (iii) a <strong>aplicação</strong> <strong>de</strong>sse mesmo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> em duas amostras<br />

preparadas e caracterizadas em laboratório. A criação <strong>do</strong> algoritmo acabou por tomar a maior<br />

parte <strong>do</strong> tempo disponível para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, em primeiro lugar, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

complexida<strong>de</strong> das equações envolvidas e <strong>do</strong> raciocínio que se encontra por trás <strong>de</strong> cada cálculo, e<br />

em segun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a certas incoerências que foram sen<strong>do</strong> encontradas nas referências, as quais<br />

se revelaram obstáculos por vezes difíceis <strong>de</strong> ultrapassar.<br />

Os da<strong><strong>do</strong>s</strong> analisa<strong><strong>do</strong>s</strong> na segunda parte <strong>do</strong> trabalho referem‐se à <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> uma camada<br />

<strong>de</strong> TiO2 (estrutura <strong>de</strong> rutilo), sobre um substrato <strong>de</strong> titânio (Ti). Quanto às amostras<br />

caracterizadas na terceira parte <strong>do</strong> trabalho, consistem num filme <strong>de</strong> TiO2 (estrutura <strong>de</strong> anatáse)<br />

<strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um substrato <strong>de</strong> molibdénio (Mo), o qual foi previamente <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num<br />

3


substrato <strong>de</strong> vidro. É importante salientar que o algoritmo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> tem uma forte<br />

aplicabilida<strong>de</strong>, não se restringin<strong>do</strong> apenas a este material. A<strong>de</strong>quan<strong>do</strong> os valores iniciais<br />

requeri<strong><strong>do</strong>s</strong> consoante o material que se preten<strong>de</strong> analisar, é possível obter os seus parâmetros<br />

característicos (índice <strong>de</strong> refracção, coeficiente <strong>de</strong> extinção e absorção, espessura média,<br />

coeficiente <strong>de</strong> dispersão e energia <strong>de</strong> hiato).<br />

No segun<strong>do</strong> capítulo efectua‐se uma <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk e da sua<br />

evolução ao longo <strong>do</strong> tempo. Apresentam‐se as expressões <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong><br />

Fresnel, para o caso geral <strong>de</strong> meios absorventes, os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> numéricos <strong>de</strong> reflectância difusa<br />

<strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO2 <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um substrato <strong>de</strong> Ti, e a sua <strong>de</strong>pendência com os diferentes<br />

parâmetros físicos.<br />

No terceiro capítulo, apresenta‐se o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> optimização utiliza<strong>do</strong>, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por<br />

méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> gradiente espectral projecta<strong>do</strong>, SPG (siglas provenientes <strong>do</strong> inglês spectral projected<br />

gradient), e a sua <strong>aplicação</strong> ao problema em causa. Efectuam‐se ajustes <strong>de</strong> valores teóricos e<br />

experimentais que foram extraí<strong><strong>do</strong>s</strong> das publicações <strong>de</strong> Murphy [14, 18, 20].<br />

No quarto capítulo apresentam‐se a análise e discussão da <strong>aplicação</strong> <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> no caso <strong>de</strong><br />

uma aquisição experimental. As conclusões e perspectivas <strong>de</strong> trabalho futuro são apresentadas<br />

no quinto capítulo. No sexto capítulo são incluí<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>is anexos, no primeiro <strong>de</strong>monstra‐se a<br />

<strong>de</strong>dução <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> Fresnel, e no segun<strong>do</strong> apresentam‐se as expressões para as<br />

<strong>de</strong>rivadas parciais da reflectância difusa.<br />

4


2. O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka­Munk<br />

A propagação <strong>de</strong> luz num meio, esteja ele no esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>, líqui<strong>do</strong> ou gasoso, é afectada<br />

<strong>de</strong> duas formas. Em primeiro lugar, a sua intensida<strong>de</strong> irá diminuir à medida que o atravessa. Em<br />

segun<strong>do</strong>, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento da radiação electromagnética será sempre inferior à <strong>do</strong><br />

vazio. A razão pela qual a intensida<strong>de</strong> diminui <strong>de</strong>ve‐se em gran<strong>de</strong> parte à absorção, embora em<br />

algumas circunstâncias a dispersão possa ser importante [21].<br />

Quan<strong>do</strong> ocorre uma mudança no meio <strong>de</strong> propagação, parte da luz é reflectida e a restante<br />

é transmitida através da interface entre os <strong>do</strong>is meios (fenómeno <strong>de</strong> refracção). As leis que regem<br />

estes <strong>do</strong>is princípios físicos são as já conhecidas lei da reflexão e lei da refracção, ou <strong>de</strong> Snell.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os meios em que a luz se propaga são transparentes, é usual recorrer a<br />

medidas <strong>de</strong> reflexão e transmissão, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o índice <strong>de</strong> refracção e o coeficiente <strong>de</strong><br />

extinção como função <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte [15, 22, 23]. Supon<strong>do</strong> que<br />

os meios em causa são absorventes, possuem índices <strong>de</strong> refracção complexos, e<br />

, on<strong>de</strong> a parte real <strong>de</strong>termina a velocida<strong>de</strong> da propagação da luz no meio, e a<br />

parte imaginária é <strong>de</strong>signada por coeficiente <strong>de</strong> extinção, o qual <strong>de</strong>termina o coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção [1]. O coeficiente <strong>de</strong> reflexão na interface entre eles, sob incidência normal, é da<strong>do</strong> por<br />

[24] :<br />

<br />

<br />

(2)<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a luz atravessa a amostra apenas uma vez, a partir da sua espessura, , e<br />

<strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> transmissão, tλ, facilmente se obtém o coeficiente<br />

<strong>de</strong> absorção, :<br />

exp<br />

(3)<br />

Se os filmes não forem transparentes, as medidas <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser aplicáveis,<br />

tornan<strong>do</strong>‐se <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> mais difícil <strong>de</strong>terminar as gran<strong>de</strong>zas físicas pretendidas. Nesse contexto,<br />

surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer a outros <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>s teóricos como o <strong>de</strong> Kubelka‐Munk,<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na década <strong>de</strong> 30 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> e largamente utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. As suas<br />

aplicações vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estu<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s ópticas <strong>de</strong> polímeros com pigmentos [25], teci<strong>do</strong><br />

humano [26, 27], materiais cristalinos [28], papel [29], indústria da pintura [30], revestimento <strong>de</strong><br />

painéis solares [30], entre outros.<br />

Antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à explicação <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> propriamente dito, é importante distinguir<br />

entre superfície opticamente lisa e opticamente rugosa. A primeira po<strong>de</strong> reflectir a luz em apenas<br />

uma direcção, enquanto a segunda ten<strong>de</strong> a dispersar a luz em várias direcções, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong><br />

irregular, isto é, essa dispersão po<strong>de</strong>rá ocorrer mais numas direcções <strong>do</strong> que noutras [31]. É<br />

frequente recorrer‐se ao critério <strong>de</strong> Rayleigh, para distinguir os <strong>do</strong>is conceitos. Este consi<strong>de</strong>ra que<br />

uma superfície é opticamente lisa quan<strong>do</strong><br />

<br />

<br />

(4)<br />

8sin <br />

em que h é a altura das irregularida<strong>de</strong>s da superfície, λ o comprimento <strong>de</strong> onda da radiação<br />

inci<strong>de</strong>nte e θi o seu ângulo <strong>de</strong> incidência [32].<br />

5


2.1. Resumo <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka­Munk Original<br />

O <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> original data <strong>de</strong> 1931 e foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Paul Kubelka e Franz Munk. Des<strong>de</strong><br />

então tem vin<strong>do</strong> a sofrer diversas alterações, à medida que a investigação na área se foi<br />

aprofundan<strong>do</strong> e começou a surgir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à generalização das equações.<br />

Inicialmente, consi<strong>de</strong>rou‐se a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> uma camada <strong>do</strong> material em estu<strong>do</strong> sobre um<br />

substrato, o qual po<strong>de</strong>ria, ou não, ser opaco. Assumiu‐se que o meio <strong>do</strong> material era semelhante<br />

ao meio <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a luz provinha (geralmente ar) e que apenas um la<strong>do</strong> da amostra era ilumina<strong>do</strong>,<br />

por uma fonte <strong>de</strong> radiação monocromática, embora também fosse possível aplicar a teoria no<br />

caso <strong>de</strong> radiação policromática, uma vez que se assumia que o material não era espectralmente<br />

selectivo. Também não foi tida em consi<strong>de</strong>ração uma eventual variação da absorção específica ou<br />

da dispersão com o comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte [33].<br />

Consi<strong>de</strong>rou‐se a existência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fluxos isotrópicos difusos, que se propagavam em<br />

direcções opostas, como se po<strong>de</strong> constatar na figura 3. Foi então introduzi<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong><br />

constante <strong>de</strong> absorção, K, e constante <strong>de</strong> dispersão, S, sen<strong>do</strong> estas específicas para o<br />

revestimento em consi<strong>de</strong>ração [34]. A importância <strong>de</strong>stas constantes, bem como o seu significa<strong>do</strong><br />

físico, serão aprofunda<strong><strong>do</strong>s</strong> posteriormente.<br />

dz<br />

Figura 3 – Esquema da geometria e das condições fronteira em z=0 <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk original. A ver<strong>de</strong> e a<br />

laranja representam‐se a propagação da luz no senti<strong>do</strong> positivo e negativo <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> z, respectivamente . Adapta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> [19].<br />

A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz difusa que viaja na direcção <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong>signa‐se por e a que<br />

viaja na direcção oposta, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à reflexão e à difracção, <strong>de</strong>signa‐se por [34]. O sistema <strong>de</strong><br />

equações diferenciais que resultam da consi<strong>de</strong>ração da intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fluxo existente numa dada<br />

“fatia” <strong>do</strong> filme <strong>de</strong> espessura , medida perpendicularmente, e que se encontra a uma distância<br />

da interface ar‐filme, é da<strong>do</strong> por:<br />

<br />

Note‐se que e apresentam sinais diferentes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto <strong>de</strong> aumentar e<br />

diminuir com o aumento <strong>de</strong> ( 0 correspon<strong>de</strong> ao la<strong>do</strong> ilumina<strong>do</strong> da amostra). Ignoran<strong>do</strong> as<br />

reflexões que ocorrem na interface frontal <strong>do</strong> filme, e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que<br />

e<br />

I0<br />

ar filme substrato<br />

J0<br />

Id(z)<br />

Jd(z)<br />

z=0 z=h<br />

z<br />

<br />

<br />

Substituin<strong>do</strong> no sistema <strong>de</strong> equações anterior, obtém‐se:<br />

1 (7)<br />

(5)<br />

(6)<br />

6


⁄ <br />

⁄ <br />

Soman<strong>do</strong> ambos os membros, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que / , e após alguma manipulação<br />

matemática, obtém‐se:<br />

<br />

21<br />

Designan<strong>do</strong> por o coeficiente <strong>de</strong> reflexão difusa para a radiação que atinge a interface<br />

filme‐substrato [35] e integran<strong>do</strong> a equação anterior sobre toda a espessura <strong>do</strong> revestimento,<br />

obtém‐se [33]:<br />

1<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

(10)<br />

1 coth<br />

on<strong>de</strong> RKM é a equação <strong>de</strong> Kubelka‐Munk para a reflectância difusa.<br />

(11)<br />

2.2. Correcção para a Reflexão à Superfície<br />

Originalmente, a formulação <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> não teve em consi<strong>de</strong>ração a reflexão parcial da<br />

radiação inci<strong>de</strong>nte na interface iluminada, nem a reflexão parcial da radiação difusa interna na<br />

interface filme‐ar, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à alteração <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção entre os <strong>do</strong>is meios [30, 35].<br />

Este estu<strong>do</strong> foi efectua<strong>do</strong> em 1942 por Saun<strong>de</strong>rson, e embora a correcção por ele<br />

efectuada não seja a única, ela é a mais usada [30]. Foram introduzi<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>is coeficientes <strong>de</strong><br />

<br />

reflexão, um externo e um interno: , para a radiação difusa inci<strong>de</strong>nte na interface ar‐filme, e<br />

, para a radiação difusa na interface filme‐ar, respectivamente [25]. A expressão da<br />

reflectância difusa corrigida é ent ão dada po r<br />

<br />

1 1 <br />

1 2.3. Extensão para Radiação Inci<strong>de</strong>nte Colimada<br />

Até aqui consi<strong>de</strong>rou‐se que a luz no interior <strong>do</strong> filme era difusa, o que apenas po<strong>de</strong> ocorrer<br />

se a radiação inci<strong>de</strong>nte também o for. Nesse contexto, Vargas e Niklasson esten<strong>de</strong>ram o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong><br />

original (já com a correcção <strong>de</strong> Saun<strong>de</strong>rson), para o caso <strong>de</strong> iluminação perpendicular colimada<br />

[36]. Efectuaram também uma comparação com o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> quatro fluxos, no qual se consi<strong>de</strong>ra<br />

que a radiação no interior <strong>do</strong> filme se propaga <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> difuso para cima, difuso para baixo,<br />

especular para cima ou especular para baixo [30]. Este <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> é mais geral, contu<strong>do</strong> mais<br />

complexo <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> formulação matemática.<br />

Vargas e Niklasson observaram que a diferença entre os <strong>do</strong>is méto<strong><strong>do</strong>s</strong> se <strong>de</strong>ve<br />

principalmente à dispersão e absorção das partículas, à concentração <strong>de</strong>stas e à espessura <strong>do</strong><br />

filme. A modificação por eles efectuada tornou o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para o caso <strong>de</strong> filmes<br />

(12)<br />

(8)<br />

(9)<br />

7


opticamente espessos, fracamente ou não‐absorsores e para filmes com partículas altamente<br />

dispersivas, <strong>de</strong> tamanhos superiores ao comprimento <strong>de</strong> onda [18, 36].<br />

2.4. Filmes com Superfícies Opticamente Rugosas<br />

Mais recentemente, em 2006, Murphy modificou o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

que fosse possível usá‐lo para <strong>de</strong>terminar a reflectância <strong>de</strong> revestimentos com superfícies<br />

opticamente rugosas, quan<strong>do</strong> iluminadas com radiação colimada [18]. A geometria <strong>do</strong> problema<br />

encontra‐se esquematizada na figura 4.<br />

Ic0<br />

r f ccIc0<br />

r f cdIc0<br />

(1 ‐ r b dd)Jd(0)<br />

ar filme substrato<br />

(1 – r f cc – r f cd)Ic0<br />

Jd(0)<br />

r b ddJd(0)<br />

z=0 z=h<br />

Figura 4 – Esquema da geometria e das condições fronteira em z = 0 e z = h <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk modifica<strong>do</strong><br />

por Murphy. A luz colimada é representada por setas a cheio e a luz difusa por setas a traceja<strong>do</strong>. A ver<strong>de</strong> e a laranja<br />

representa‐se a luz a propagar‐se no senti<strong>do</strong> positivo e negativo <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> z, respectivamente. Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> [18].<br />

A disposição das camadas é em tu<strong>do</strong> semelhante à <strong>de</strong>scrita na secção 2.1, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>‐se<br />

que a luz que inci<strong>de</strong> na amostra viaja no senti<strong>do</strong> positivo <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> z e é colimada. Consoante a<br />

rugosida<strong>de</strong> óptica da superfície, a luz por esta reflectida po<strong>de</strong> ser colimada, difusa ou<br />

parcialmente colimada e parcialmente difusa, enquanto a luz transmitida é principalmente difusa.<br />

Tal como já foi menciona<strong>do</strong> anteriormente, para aplicar o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fluxos, é necessário<br />

consi<strong>de</strong>rar que a luz no interior <strong>do</strong> filme é difusa. Contu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ra‐se que a luz reflectida na<br />

superfície frontal é constituída pelas componentes colimada e difusa. Embora este pressuposto<br />

possa parecer inconsistente com o anterior, na realida<strong>de</strong> não só permite verificar a sua valida<strong>de</strong><br />

como também aumentar generalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>. Por exemplo, em filmes com uma superfície<br />

frontal opticamente lisa, mas que são fortemente dispersores, a luz reflectida po<strong>de</strong> ser<br />

parcialmente colimada enquanto a luz no interior <strong>do</strong> filme é difusa. Também é vantajoso usar<br />

estas aproximações uma vez que o espectrofotómetro usa<strong>do</strong> permite efectuar a medição <strong>de</strong><br />

ambas as componentes da reflectância [18].<br />

2.4.1. Nomenclatura Usada<br />

Embora já tenham si<strong>do</strong> introduzidas algumas das variáveis usadas neste méto<strong>do</strong>, é útil<br />

concentrar as suas <strong>de</strong>finições nesta secção, para facilitar a leitura <strong>do</strong> resto da <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong><br />

<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>. Em primeiro lugar, é importante distinguir entre reflectância e coeficientes <strong>de</strong> reflexão. A<br />

primeira, <strong>de</strong>signada pela letra R, é dada pela razão entre o fluxo reflecti<strong>do</strong> e o fluxo inci<strong>de</strong>nte [37],<br />

e é referente à reflexão <strong>de</strong> luz <strong>do</strong> sistema filme‐substrato [18]. Por sua vez, os coeficientes <strong>de</strong><br />

reflexão, <strong>de</strong>signa<strong><strong>do</strong>s</strong> por r, são da<strong><strong>do</strong>s</strong> pela razão entre as amplitu<strong>de</strong>s das ondas reflectida e<br />

inci<strong>de</strong>nte [38], sen<strong>do</strong> relativos apenas à reflexão numa única superfície. Da<strong>do</strong> que a luz inci<strong>de</strong>nte<br />

é colimada, enquanto a luz no interior <strong>do</strong> filme é difusa, é necessário ter em atenção quatro<br />

Id(h)<br />

r s ddId(h)<br />

8


coeficientes <strong>de</strong> reflexão diferentes, i<strong>de</strong>ntifica<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>: , ,<br />

e .<br />

Os índices<br />

c e d correspon<strong>de</strong>m a luz colimada e difusa, respectivamente, e os índices f, b e s, consoante a<br />

reflexão em causa se dê na superfície frontal, ou traseira <strong>do</strong> filme (em 0), ou na parte frontal<br />

<br />

<strong>do</strong> substrato (em ), respectivamente [18]. Então, a título <strong>de</strong> exemplo, o coeficiente <strong>de</strong>verá ser li<strong>do</strong> como coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> luz colimada em luz difusa na superfície frontal <strong>do</strong><br />

filme.<br />

2.4.2. Determinação da Reflectância<br />

As equações diferenciais (3) <strong>de</strong>screvem o balanço <strong>de</strong> energia entre a luz difusa no senti<strong>do</strong><br />

positivo e no senti<strong>do</strong> negativo <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> z. A solução geral <strong>de</strong>ssas equações é dada por:<br />

(13)<br />

on<strong>de</strong> a e b foram <strong>de</strong>fini<strong><strong>do</strong>s</strong> nas equações (6) e (7), e são constantes <strong>de</strong>terminadas através<br />

das seguintes condições fronteira:<br />

e<br />

<br />

0 1 <br />

<br />

(14)<br />

0 (15)<br />

(16)<br />

Resolven<strong>do</strong> as equações anteriores, obtém‐se as seguintes expressões para as constantes<br />

e :<br />

e<br />

<br />

<br />

1 <br />

<br />

1 cosh sinh<br />

1 <br />

<br />

1 cosh sinh<br />

Por fim, substituin<strong>do</strong> nas equações (13) e (14), a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz difusa na direcção<br />

positiva <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> é dada por:<br />

1 <br />

<br />

<br />

1 cosh <br />

e a inte nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz difusa na direcção negativa <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> é obtida através d a expressão:<br />

1 <br />

<br />

1 <br />

<br />

1 cosh <br />

A reflectância total <strong>do</strong> sistema filme e substrato é dada pela soma entre a reflectância<br />

colimada, Rcc, e a reflectância difusa, Rcd. A primeira correspon<strong>de</strong> à componente reflectida<br />

colimada <strong>do</strong> fluxo radiativo inci<strong>de</strong>nte normaliza <strong>do</strong> ao fluxo radiativo inci<strong>de</strong>nte total [18]:<br />

<br />

(17)<br />

(18)<br />

(19)<br />

(20)<br />

(21)<br />

9


Já a reflectância difusa é dada pela soma da componente reflectida <strong>do</strong> fluxo radiativo<br />

inci<strong>de</strong>nte e o fluxo difuso que é transmiti<strong>do</strong> na direcção negativa <strong>do</strong> eixo <strong><strong>do</strong>s</strong> z, em 0, e<br />

normalizadas ao fluxo radiativo inci<strong>de</strong>nte: <br />

1 0<br />

Recorren<strong>do</strong> à equaçã o (20), para 0, e substituin<strong>do</strong> na anterior,<br />

obtém‐se:<br />

<br />

1 1<br />

<br />

1 Esta expressão é semelhante à equação (12), obtida por Saun<strong>de</strong>rson para a reflectância<br />

difusa no caso <strong>de</strong> iluminação difusa [18]. A reflectância difusa <strong>de</strong> Kubelka‐Munk é dada pela<br />

equação (11).<br />

2.4.3. Coeficientes <strong>de</strong> Dispersão e <strong>de</strong> Absorção Efectivos, S e K.<br />

O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka‐Munk investiga as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> absorção e dispersão da radiação<br />

<strong>de</strong> um material semicondutor numa camada <strong>de</strong>positada sobre um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> substrato. Para<br />

tal, é introduzi<strong>do</strong> um coeficiente efectivo <strong>de</strong> dispersão, S, e um coeficiente efectivo <strong>de</strong> absorção,<br />

K. O coeficiente efectivo <strong>de</strong> dispersão está relaciona<strong>do</strong> com o coeficiente <strong>de</strong> dispersão intrínseco<br />

por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento, s, através da equação<br />

21 <br />

on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por razão <strong>de</strong> dispersão no senti<strong>do</strong> positivo e é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como a razão entre a<br />

energia dispersa por uma partícula no hemisfério positivo e a energia dispersa total. Quan<strong>do</strong> as<br />

partículas que compõem o filme apresentam dimensões superiores ao comprimento <strong>de</strong> onda,<br />

estas encontram‐se muito próximas e existe coerência no seu comportamento. Então, a luz que<br />

nelas inci<strong>de</strong> irá sofrer interferência construtiva, ocorren<strong>do</strong> forte dispersão: a dispersão <strong>de</strong> Mie.<br />

Nesse caso, a dispersão é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte e<br />

1⁄ 2 1 [37]. Se as partículas possuem diâmetro da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong><br />

onda, isto é, inferiores a λ/15, o tipo <strong>de</strong> dispersão envolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa‐se por dispersão <strong>de</strong> Rayleigh.<br />

Nesta situação, as partículas encontram‐se distribuídas aleatoriamente no espaço, mais<br />

distanciadas entre si. Então o comportamento já não será coerente, uma vez que as ondas que<br />

interferem nas extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> filme já não estão em fase com as restantes. Como<br />

consequência, a dispersão diminui. Este é um caso limite da dispersão <strong>de</strong> Mie para partículas <strong>de</strong><br />

pequenas dimensões, e 1⁄ 2[18,<br />

37].<br />

Em relação ao coeficiente <strong>de</strong> absorção efectivo, este relaciona‐se com o coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção intrínseco por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento, k, através da expressão<br />

<br />

em que ε, correspon<strong>de</strong> ao factor <strong>de</strong> isotropia. Consi<strong>de</strong>ra‐se que o comprimento médio <strong>do</strong><br />

caminho que a luz difusa percorre ao atravessar uma distância é . Para a luz colimada, ε =<br />

1, enquanto para luz difusa semi‐isotrópica (isotrópica apenas na direcção <strong>de</strong> propagação), ε = 2<br />

[18, 35]. Numa fase inicial, ir‐se‐á consi<strong>de</strong>rar que 1/2 e 2, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que e<br />

2 [18]. Os valores consi<strong>de</strong>ra<strong><strong>do</strong>s</strong> para estes coeficientes serão estuda<strong><strong>do</strong>s</strong> com maior <strong>de</strong>talhe<br />

posteriormente.<br />

(22)<br />

(23)<br />

(24)<br />

(25)<br />

10


2.4.4. Determinação <strong><strong>do</strong>s</strong> Coeficientes <strong>de</strong> Reflexão<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão anteriormente menciona<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo<br />

<strong>de</strong> superfície em causa. Por um la<strong>do</strong>, esta po<strong>de</strong> ser opticamente lisa, e a luz reflectida é<br />

concentrada em torno da direcção especular [31]. Aí recorre‐se aos coeficientes <strong>de</strong> Fresnel mais<br />

comuns, que po<strong>de</strong>m ser consulta<strong><strong>do</strong>s</strong> em livros <strong>de</strong> óptica [19, 37, 39]. Por outro la<strong>do</strong>, se a<br />

superfície for opticamente rugosa, o tratamento terá que ser mais cuida<strong>do</strong>, uma vez que é<br />

necessário ter em conta a geometria da formação <strong>de</strong> imagens, bem como a da iluminação.<br />

Existem duas abordagens diferentes a este problema: uma baseada em óptica física (<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong><br />

Beckmann‐Spizzichino) e outra em óptica geométrica (<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Torrance‐Sparrow) [18]. A<br />

primeira estuda a reflexão da luz inci<strong>de</strong>nte recorren<strong>do</strong> à teoria <strong>de</strong> ondas electromagnéticas,<br />

sen<strong>do</strong> mais complexa <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista matemático. Já a segunda, embora matematicamente<br />

mais simples, apenas consi<strong>de</strong>ra radiação electromagnética <strong>de</strong> baixos comprimentos <strong>de</strong> onda<br />

(muito inferiores às dimensões das irregularida<strong>de</strong>s da superfície) para simplificar o problema [31].<br />

Muitas vezes esta aproximação não é válida, por isso ir‐se‐á recorrer à abordagem mais geral [18].<br />

2.4.5. Reflexão <strong>de</strong> Luz Colimada numa Superfície Lisa<br />

Quan<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> Rayleigh é satisfeito, e a superfície em estu<strong>do</strong> é opticamente lisa, a luz<br />

colimada inci<strong>de</strong>nte assim se irá manter aquan<strong>do</strong> da reflexão. Nesse caso, usam‐se os coeficientes<br />

<strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel. Na bibliografia é comum encontrarem‐se as equações para os casos mais<br />

simples, em que os meios não são absorventes (por exemplo, [37]), ou então apenas um <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

meios o é. (por exemplo, [18, 19]) Contu<strong>do</strong>, neste trabalho consi<strong>de</strong>rou‐se a situação mais geral,<br />

em que ambos os meios po<strong>de</strong>m ser absorventes e a incidência <strong>de</strong> luz po<strong>de</strong> ser efectuada em<br />

qualquer ângulo, entre 0 e π/2. A <strong>de</strong>monstração <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes usa<strong><strong>do</strong>s</strong> encontra‐se no anexo<br />

6.1, enquanto nesta secção se apresentam apenas os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> finais.<br />

Consi<strong>de</strong>re‐se que os meios possuem índices <strong>de</strong> refracção complexos, n1+ik1 e n2+ik2, em que<br />

n1 e n2 correspon<strong>de</strong>m à parte real <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção, e k1 e k2, ao coeficiente <strong>de</strong> extinção <strong>do</strong><br />

primeiro e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> meio, respectivamente. Designan<strong>do</strong> por e , respectivamente,<br />

coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> luz polarizada com o campo eléctrico paralelo e perpendicular ao plano<br />

<strong>de</strong> incidência, e sen<strong>do</strong> referente ao ângulo <strong>de</strong> incidência [18, 19, 37, 39], é <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em<br />

anexo que<br />

2 <br />

2 <br />

e que o coeficiente <strong>de</strong> reflexão paralelo é da<strong>do</strong> por:<br />

on<strong>de</strong><br />

e<br />

2 <br />

2 <br />

<br />

2 <br />

<br />

<br />

<br />

(26)<br />

(27)<br />

(28)<br />

(29)<br />

11


Sen<strong>do</strong> z* o complexo conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> z. O coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel para radiação<br />

não‐polarizada é da<strong>do</strong> pela média entre as equações (26) e (27) :<br />

1<br />

<br />

2<br />

(30)<br />

Com o intuito <strong>de</strong> confirmar a valida<strong>de</strong> das expressões anteriores, aplicaram‐se a <strong>do</strong>is casos<br />

específicos, semelhantes aos referi<strong><strong>do</strong>s</strong> na referência [19]. Os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> obti<strong><strong>do</strong>s</strong> são apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

na figura 5, on<strong>de</strong> as linhas a cheio e a traceja<strong>do</strong> representam o coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel<br />

perpendicular e paralelo, respectivamente. A vermelho apresenta‐se o caso <strong>de</strong> uma interface <strong>de</strong><br />

silício‐mercúrio (n1


z<br />

Figura 6 – Esquema da geometria da superfície, on<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciam os parâmetros σ (rugosida<strong>de</strong> da superfície) e<br />

τ (comprimento <strong>de</strong> autocorrelação), assim como o efeito <strong>de</strong> sombra e <strong>de</strong> máscara. Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> [40].<br />

Assume‐se que a distribuição <strong>de</strong> alturas na superfície é gaussiana e espacialmente<br />

isotrópica. Assim, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que um ponto da superfície esteja <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> intervalo z e<br />

z+dz é dada por:<br />

1<br />

<br />

√2 <br />

(31)<br />

2 A altura média é z=0 e a rms <strong>do</strong> <strong>de</strong>clive da superfície é proporcional a σ0/τ. O cálculo <strong>do</strong><br />

campo eléctrico numa superfície rugosa revela‐se uma tarefa complexa, uma vez que é necessário<br />

ter em consi<strong>de</strong>ração os efeitos <strong>de</strong> difracção e interferência. Nesse contexto, surge a aproximação<br />

<strong>de</strong> Kirchhoff, também <strong>de</strong>signada por aproximação <strong>do</strong> plano tangente, na qual se consi<strong>de</strong>ra que o<br />

valor <strong>do</strong> campo eléctrico num da<strong>do</strong> ponto à superfície é igual ao que existiria se esta fosse<br />

substituída por um plano tangente [40]. Assume‐se então que o raio <strong>de</strong> curvatura das<br />

irregularida<strong>de</strong>s da superfície é eleva<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o comprimento <strong>de</strong> onda da<br />

radiação inci<strong>de</strong>nte [31]. Thorsos <strong>de</strong>monstrou que a aproximação é precisa para / 1 e quan<strong>do</strong><br />

se usa um tratamento <strong>de</strong> sombras a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> [18].<br />

Os integrais que se apresentam em seguida são <strong>de</strong>termina<strong><strong>do</strong>s</strong> consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que as<br />

superfícies ou são muito rugosas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista óptico, isto é, 2/ 1, on<strong>de</strong> σ é a<br />

rugosida<strong>de</strong> efectiva da superfície, ou que estas possuem <strong>de</strong>clives suaves, ou seja, / 1.<br />

Despreza‐se a ocorrência <strong>de</strong> múltiplas reflexões à superfície, o que se verifica quan<strong>do</strong> a superfície<br />

é opticamente lisa [18].<br />

Segun<strong>do</strong> He et al., [40], o coeficiente <strong>de</strong> reflexão r é obti<strong>do</strong> através da função <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> reflectância bidireccional (BRDF, <strong>do</strong> inglês bidirectional reflectance distribution<br />

function), ρ, pela expressão:<br />

<br />

/<br />

<br />

<br />

<br />

As coor<strong>de</strong>nadas usadas neste <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> apresentam‐se na figura 7:<br />

Figura 7 – Coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> iluminação e reflexão usadas no <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> BRDF [40].<br />

(32)<br />

13


No caso <strong>de</strong> luz não polarizada, a BRDF é dada pela soma entre a componente especular e a<br />

componente difusa:<br />

em que a componente especular é dada por<br />

(33)<br />

<br />

∆ (34)<br />

<br />

on<strong>de</strong> θi é o ângulo polar <strong>de</strong> incidência, é o ângulo sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> incidência e Δ é uma função<br />

<strong>de</strong>lta, igual à unida<strong>de</strong> no cone <strong>de</strong> reflexão especular e zero na restante área. Por sua vez, é<br />

o coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel avalia<strong>do</strong> no ângulo <strong>de</strong> bissecção:<br />

A componente difusa é obtida através d a expressão:<br />

/2<br />

(35)<br />

<br />

<br />

<br />

on<strong>de</strong> θr correspon<strong>de</strong> ao ângulo polar <strong>de</strong> reflexão. Seja φ r o ângulo azimutal <strong>de</strong> reflexão, e<br />

assumin<strong>do</strong> que o ângulo az imutal <strong>de</strong> incidência, φ i =0, o factor geométrico, G, é da<strong>do</strong> por:<br />

41 <br />

<br />

A função <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> da superfície <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> incidência como <strong>do</strong><br />

ângulo <strong>de</strong> reflexão, e é obtida atra vés da equação:<br />

on<strong>de</strong><br />

2<br />

<br />

<br />

Deste mo<strong>do</strong>, é possível <strong>de</strong>termin ar a função <strong>de</strong> distrib uição, D:<br />

<br />

4 <br />

<br />

expg ! <br />

<br />

4 <br />

<br />

(36)<br />

(37)<br />

(38)<br />

(39)<br />

2<br />

sin 2sin sin cos sin / (40)<br />

O cálculo da função <strong>de</strong> distribuição envolve valores muito eleva<strong><strong>do</strong>s</strong> para m, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> causar<br />

problemas numéricos. Usam‐se então as aproximações apresentadas por Nayar et al.[31], para o<br />

caso em que a superfície é lisa, em que g 1:<br />

<br />

4 <br />

(41)<br />

4<br />

<br />

1<br />

<br />

4<br />

(42)<br />

Dada a rugosida<strong>de</strong> da superfície, é <strong>de</strong> esperar que ocorram efeitos <strong>de</strong> sombra e <strong>de</strong><br />

máscara, tal como já foi menciona<strong>do</strong> anteriormente. De mo<strong>do</strong> a consi<strong>de</strong>rar esse facto, He et al<br />

introduziram o conceito <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> efectiva, dada pela expressão:<br />

14


1 / / (43)<br />

Esta permite a consi<strong>de</strong>ração da média da superfície apenas nas suas partes visíveis e<br />

iluminadas. Torna‐se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para ângulos <strong>de</strong> incidência ou <strong>de</strong> reflexão baixos, em<br />

que irá tomar valores substancialmente inferiores aos da rugosida<strong>de</strong> σ0. Na equação anterior, z0 é<br />

obti<strong>do</strong> através da raiz da seguinte equação:<br />

e<br />

<br />

2 <br />

4 <br />

(44)<br />

2 /2 /2 <br />

Dada a natureza da equação (44), não é possível <strong>de</strong>terminar algebricamente os seus zeros.<br />

Para além disso, é necessário ter em atenção a sua <strong>de</strong>pendência com os ângulos <strong>de</strong> incidência e<br />

reflexão: para cada ângulo existe uma raiz diferente. Ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>rou‐se<br />

que θi=0 (incidência normal), efectuan<strong>do</strong>‐se um estu<strong>do</strong> mais exaustivo <strong>de</strong>sta expressão e da sua<br />

<strong>de</strong>pendência com o ângulo <strong>de</strong> reflexão. Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> cálculo numérico, as raízes foram<br />

<strong>de</strong>terminadas recorren<strong>do</strong> à função fzero <strong>do</strong> MatLab, usan<strong>do</strong> as seguintes linhas <strong>de</strong> código:<br />

for i= 1:length(theta_r)<br />

Kr(i)= tan(theta_r(i)).*erfc((tau.*cot(theta_r(i)))./(2.*sigma0));<br />

z0(i) = fzero(@(z) fzer(z,Kr(i), sigma0),100);<br />

end<br />

em que fzer é uma função dada por<br />

function F = fzer(z,Kr,sigma_0)<br />

F =(sigma_0./4).*(Kr).*exp(-(z.*z)./(2.*sigma_0.*sigma_0)) -<br />

sqrt(pi./2).*z ;<br />

on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rou que 0. Na figura 8 apresentam‐se <strong>do</strong>is gráficos exemplificativos <strong>de</strong>sse<br />

comportamento.<br />

Figura 8 – Dependência <strong>de</strong> y y ⁄ 4 ⁄ 2 ⁄ 2<br />

com a altura da superfície,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma rugosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superfície média <strong>de</strong> 10 e 1000 nm, e τ/σ0 = 10. Cada curva representa um ângulo<br />

<strong>de</strong> reflexão diferente, entre 0 e π/2.<br />

Verifica‐se que com o aumento <strong>de</strong> σ0, z também vai aumentar, e que não existe gran<strong>de</strong><br />

influência com o <strong>de</strong>clive da superfície, τ/σ0. Nas expressões anteriores, a função erfc é o<br />

complementar da função <strong>de</strong> erro, da<strong>do</strong> genericamente por [41]:<br />

(45)<br />

15


1 2<br />

√<br />

<br />

<br />

<br />

A função <strong>de</strong> sombra, Z, é a fracção da superfície que tanto é iluminada como vista, a qual é<br />

obtida pelo produto entre a função <strong>de</strong> sombra correspon<strong>de</strong>nte à radiação inci<strong>de</strong>nte e a da<br />

radiação reflectida.<br />

em que<br />

11<br />

2 ⁄ 2 Λ 1<br />

11<br />

2 ⁄ 2 Λ 1<br />

Λ 1<br />

2 2 √ <br />

(48)<br />

2 As equações <strong>de</strong> BRDF, (34) e (36), ficam <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> completamente <strong>de</strong>finidas. Na prática,<br />

estas expressões simplificam substancialmente, uma vez que se consi<strong>de</strong>ra incidência normal<br />

(θi=0), o que, por consequência, torna a função BRDF in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ângulo azimutal, φr, que<br />

consta nas equações (37) e (40).<br />

O coeficiente <strong>de</strong> reflexão total po<strong>de</strong> ser dividi<strong>do</strong> nas suas componentes especular e difusa:<br />

(49)<br />

Usan<strong>do</strong> as equações (32) e (36), a componente difusa <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> reflexão total é<br />

dada por:<br />

<br />

/<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

No caso da componente especular, θr = θi e φr = π, o que implica que θ’ = θi. Para além disso,<br />

para uma superfície perfeitamente reflectora <strong>do</strong> tipo espelho, rF(0)=1 e rs=1. Então, no caso <strong>de</strong><br />

superfícies opticamente rugosas, o coeficiente <strong>de</strong> reflexão especular<br />

é da<strong>do</strong> por:<br />

<br />

Na figura 9 apresenta‐se um gráfico da <strong>de</strong>pendência angular <strong>do</strong> integran<strong>do</strong> da expressão<br />

(50), para a situação em que θi=0 e para um comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> radiação inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 500<br />

nm. Observa‐se uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> integran<strong>do</strong> como inverso <strong>do</strong> <strong>de</strong>clive médio da<br />

superfície, τ/σ0, e uma fraca <strong>de</strong>pendência com σ0. Isto significa que o coeficiente <strong>de</strong> reflexão<br />

difusa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente <strong>do</strong> <strong>de</strong>clive das superfícies, não tanto da altura das imperfeições. É <strong>de</strong><br />

notar que o integran<strong>do</strong> é nulo para θr=0, uma vez que neste caso a reflexão é consi<strong>de</strong>rada como<br />

especular. Contu<strong>do</strong>, e nomeadamente no caso <strong>de</strong> τ/σ0 ser eleva<strong>do</strong>, o seu valor aumenta<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente para baixos ângulos <strong>de</strong> reflexão. Isto significa que uma gran<strong>de</strong> parte da<br />

reflexão <strong>de</strong> luz difusa se dá para ângulos mais próximos <strong>de</strong> zero <strong>do</strong> que para ângulos superiores<br />

[18].<br />

(46)<br />

(47)<br />

(50)<br />

(51)<br />

16


Figura 9 – Dependência <strong>do</strong> integran<strong>do</strong> na expressão <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> reflexão difuso com o ângulo <strong>de</strong> reflexão,<br />

para diferentes valores <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> média e inverso <strong>do</strong> <strong>de</strong>clive médio da superfície. Assume‐se que o coeficiente<br />

<strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel para incidência normal é <strong>de</strong> 100% e o comprimento <strong>de</strong> onda é <strong>de</strong> 500 nm.<br />

As medidas <strong>de</strong> reflectância foram realizadas recorren<strong>do</strong> a um espectrofotómetro com uma<br />

esfera integra<strong>do</strong>ra. Neste caso, a luz colimada inci<strong>de</strong>nte tem um ângulo <strong>de</strong> incidência, 0 e<br />

consi<strong>de</strong>ra‐se que a luz reflectida num cone <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong> aceitação 2ψ, centra<strong>do</strong> em<br />

torno <strong>de</strong> 0 é medida como luz especular reflectida [18] (figura 10).<br />

Figura 10 – Ilustração da luz colimada que inci<strong>de</strong> na amostra (seta a ver<strong>de</strong>) e <strong>do</strong> cone <strong>de</strong> aceitação da luz reflectida<br />

colimada (cone a laranja), consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que θ i = θ r = 0.<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a esta geometria, o coeficiente <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> luz colimada em luz colimada<br />

requeri<strong>do</strong> pelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Mu nk é da<strong>do</strong> por:<br />

<br />

| <br />

Isto é, no interior <strong>do</strong> cone <strong>de</strong> aceitação é necessário ter em atenção as componentes<br />

especular e difusa da luz que é reflectida. Fora <strong><strong>do</strong>s</strong> limites <strong>de</strong>sse cone, a luz reflectida é difusa, e o<br />

coeficiente <strong>de</strong> reflexão é:<br />

(52)<br />

<br />

| (53)<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que rF(θi) = rF(0), a BRDF é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ângulo azimutal, φr, e Z=1 para<br />

reflexão especular, atravé s das expressões (50) e (51 ) obtém‐se:<br />

e<br />

<br />

<br />

0 2 /2 <br />

/<br />

<br />

2 /2 <br />

(54)<br />

(55)<br />

17


No cálculo <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> Fresnel que constam nas equações anteriores,<br />

recorreu‐se às expressões apresentadas na secção anterior, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que N1 é o índice <strong>de</strong><br />

refracção <strong>do</strong> ar, e N2 o índice refracção <strong>do</strong> revestimento.<br />

2.4.7. Reflexão <strong>de</strong> Luz Difusa numa Superfície Rugosa<br />

A luz difusa reflectida numa superfície opticamente rugosa assim o permanece, e o<br />

coeficiente <strong>de</strong> reflexão é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> uma média angular sobre to<strong><strong>do</strong>s</strong> os ângulos <strong>de</strong><br />

incidência <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> reflexão d e Fresnel (expressões apresentadas na secção 2.4.5) [18]:<br />

2<br />

<br />

/<br />

<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o valor médio sobre to<strong><strong>do</strong>s</strong> os ângulos <strong>de</strong> incidência, e que no caso <strong>de</strong> uma<br />

superfície rugosa as múltiplas reflexões à superfície são ignoradas, a luz total reflectida po<strong>de</strong> ser<br />

aproximada à <strong>de</strong> uma superfície opticamente lisa. Por esse motivo, os coeficientes <strong>de</strong> reflexão são<br />

semelhantes em ambos os casos. Para um filme com índice <strong>de</strong> refracção complexo ,<br />

<strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um substrato com índice <strong>de</strong> refracção complexo , os coeficientes<br />

<strong>de</strong> reflexão difusa na superfície traseira <strong>do</strong> filme e na superfície frontal <strong>do</strong> substrato são da<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

por [18]:<br />

<br />

, , Note‐se que o índice <strong>de</strong> refracção <strong>do</strong> ar apenas possui parte real, sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> neste<br />

caso igual à unida<strong>de</strong>.<br />

2.4.8. Simulações Numéricas<br />

Recorren<strong>do</strong> aos da<strong><strong>do</strong>s</strong> da referência [18], apresenta<strong><strong>do</strong>s</strong> na figura 11 (a), <strong>de</strong>terminaram‐se<br />

os quatro coeficientes <strong>de</strong> reflexão menciona<strong><strong>do</strong>s</strong> anteriormente, , ,<br />

e ,<br />

para um filme<br />

<strong>de</strong> TiO2 com estrutura <strong>de</strong> rutilo, <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um substrato <strong>de</strong> Ti. Para isso, recorreu‐se às<br />

equações (54 – 57), e obtiveram‐se os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> que constam na figura 11 (b). Consi<strong>de</strong>rou‐se que<br />

o cone <strong>de</strong> aceitação tinha uma largura <strong>de</strong> meio ângulo ψ=3.2°, a rugosida<strong>de</strong> média da superfície<br />

era <strong>de</strong> σ0 = 570 nm, e o comprimento <strong>de</strong> autocorrelação, τ = 6480 nm.<br />

<br />

Verifica‐se que a componente difusa da reflexão na superfície frontal da amostra, é<br />

<br />

muito superior à componente especular, , como seria <strong>de</strong> esperar. Então, a luz que é transmitida<br />

para o interior <strong>do</strong> filme é principalmente difusa, o que possibilita a <strong>aplicação</strong> <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong><br />

modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk [18]. Também se observa que o comportamento das curvas é muito<br />

semelhante ao comportamento <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção <strong>do</strong> TiO2, aumentan<strong>do</strong> à medida que o<br />

comprimento <strong>de</strong> onda aumenta, até atingir os 320 nm, valor a partir <strong>do</strong> qual começa a <strong>de</strong>crescer.<br />

No caso <strong>do</strong> , observa‐se uma particularida<strong>de</strong>: após os 320 nm dá‐se uma ligeira diminuição<br />

<strong>de</strong>ste coeficiente, aumentan<strong>do</strong> <strong>de</strong> novo aos 350 nm, e tornan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>crescer em seguida <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>do</strong> suave (ocorre um <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> 6% <strong><strong>do</strong>s</strong> 400 nm aos 800 nm).<br />

(56)<br />

(57)<br />

18


a b<br />

Figura 11 – (a) Partes real e imaginária <strong><strong>do</strong>s</strong> índices <strong>de</strong> refracção <strong>de</strong> TiO 2 e <strong>de</strong> Ti. Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> [18]. (b) Coeficientes<br />

<strong>de</strong> reflexão para um filme <strong>de</strong> TiO 2 <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num substrato <strong>de</strong> Ti, com σ 0 = 570 nm, τ = 6.5 μm e ψ = 3.2°.<br />

A reflectância difusa segue, em geral, o mesmo comportamento que os coeficientes <strong>de</strong><br />

reflexão, como se po<strong>de</strong> observar na figura 12. Contu<strong>do</strong>, em torno <strong><strong>do</strong>s</strong> 390 nm, esta <strong>de</strong>cresce e<br />

subitamente volta a aumentar. Isto <strong>de</strong>ve‐se ao facto <strong>de</strong> nesta zona o coeficiente <strong>de</strong> absorção <strong>do</strong><br />

<br />

TiO2 se aproximar <strong>de</strong> zero. Até esse comprimento <strong>de</strong> onda, a absorção é elevada e . <br />

Quan<strong>do</strong> a absorção é fraca (ou nula), . É aqui que se obtém a informação acerca da<br />

energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> filme <strong>de</strong> TiO2.<br />

Figura 12 – Reflectância difusa (R cd) calculada numericamente e medida <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO 2 <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num<br />

substrato <strong>de</strong> Ti, com espessura <strong>de</strong> 2000nm, coeficiente <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong>sprezável (S = 10 ‐6 nm ‐1 ). A curva medida foi<br />

adaptada da referência [18].<br />

Perante a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parâmetros que influenciam os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, é importante estudar<br />

os seus efeitos separadamente, nomeadamente o efeito da variação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção, <strong>do</strong><br />

coeficiente <strong>de</strong> extinção, <strong>do</strong> factor <strong>de</strong> isotropia, da espessura e <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> dispersão <strong>do</strong><br />

filme <strong>de</strong> TiO2 num substrato <strong>de</strong> Ti. No caso <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção e <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção,<br />

estas são variáveis que vão influenciar a reflectância difusa a partir <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão.<br />

Apresentam‐se então <strong>do</strong>is gráficos (figuras 13 e 14): um em que se estuda o comportamento <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

coeficientes <strong>de</strong> reflexão para diferentes valores <strong>de</strong> n(TiO2) e k(TiO2) – figuras 13 e 14 (a) – e outro<br />

em que se observa a variação da reflectância difusa – figuras 13 e 14 (b).<br />

19


Verifica‐se que a reflectância difusa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção <strong>do</strong> filme,<br />

ao longo <strong>de</strong> to<strong><strong>do</strong>s</strong> os comprimentos <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> radiação inci<strong>de</strong>nte. Isto <strong>de</strong>ve‐se ao facto <strong>de</strong> to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

os coeficientes <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem <strong>de</strong>ste valor. No caso da curva a ver<strong>de</strong> (0.75nc), esta segue<br />

o mesmo comportamento da curva inicial. Quan<strong>do</strong> o índice <strong>de</strong> refracção diminui para meta<strong>de</strong>, o<br />

comportamento da curva já varia substancialmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à variação no comportamento <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

coeficientes <strong>de</strong> reflexão (figura 13 (a)). Observan<strong>do</strong> cuida<strong><strong>do</strong>s</strong>amente a figura, verifica‐se que no<br />

caso <strong>do</strong> , quan<strong>do</strong> se varia o índice <strong>de</strong> refracção, há uma mudança na forma da curva. Não se<br />

<br />

observa gran<strong>de</strong> alteração no caso <strong>do</strong> , e em relação aos outros <strong>do</strong>is coeficientes, embora haja<br />

uma diminuição <strong>do</strong> seu valor, as curvas seguem o mesmo tipo <strong>de</strong> comportamento, quan<strong>do</strong> se<br />

reduz o nc. Isso irá justificar o facto <strong>de</strong> que quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>cresce o índice <strong>de</strong> refracção em 25%, a<br />

reflectância difusa diminuir consi<strong>de</strong>ravelmente, mas não altera o seu comportamento: esta<br />

<br />

função é maioritariamente influenciada pelo valor <strong>de</strong> . Quan<strong>do</strong> o índice <strong>de</strong> refracção <strong>de</strong>cai para<br />

meta<strong>de</strong>, passa a haver uma contribuição muito significativa <strong>do</strong> no comportamento da<br />

reflectância difusa.<br />

a<br />

Figura 13 – Efeito da variação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção, (a) nos coeficientes <strong>de</strong> reflexão. As curvas a traceja<strong>do</strong>, traço‐<br />

ponto e a cheio correspon<strong>de</strong>m a 0.5n (TiO 2), 0.75n (TiO 2) e ao n(TiO 2) inicial, respectivamente, e (b) na reflectância<br />

difusa <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO 2 <strong>de</strong> 1μm <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num substrato <strong>de</strong> Ti, com σ 0 = 571nm e τ = 6480 nm.<br />

b<br />

Quanto à influência <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção (figura 14) verifica‐se que esta ocorre<br />

principalmente para a radiação inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> baixos comprimentos <strong>de</strong> onda, e para a zona em que<br />

<br />

kc se aproxima <strong>de</strong> zero. No caso <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> reflexão , não se verifica gran<strong>de</strong> variação<br />

com kc (figura 14 (a)). Contu<strong>do</strong>, para os restantes coeficientes há uma gran<strong>de</strong> variação para<br />

comprimentos <strong>de</strong> onda até 350nm. Isto significa que a absorção <strong>do</strong> material vai interferir na<br />

<br />

reflexão da luz colimada em luz difusa na parte frontal <strong>do</strong> filme ( e )<br />

e <strong>de</strong> luz difusa em luz<br />

difusa na parte traseira <strong>de</strong>ste (), não haven<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong>sta variável no caso da<br />

reflexão <strong>de</strong> luz colimada em luz colimada. A reflectância difusa (figura 14 (b)) varia<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente entre os 250 e os 350nm, zona em que o coeficiente <strong>de</strong> extinção aumenta,<br />

entran<strong>do</strong> em seguida numa região em que permanece constante, a qual correspon<strong>de</strong> à<br />

diminuição <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção, voltan<strong>do</strong> a haver uma discrepância na região em que o<br />

coeficiente <strong>de</strong> extinção atinge valores próximos <strong>de</strong> zero. Para radiação com comprimento <strong>de</strong> onda<br />

eleva<strong><strong>do</strong>s</strong>, o valor da reflectância é semelhante nos três casos estuda<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Em relação à variação da reflectância difusa com ε (figura 15 (a)), esta não é muito<br />

significativa, quer a luz inci<strong>de</strong>nte seja semi‐isotrópica (ε = 1,0), difusa (ε = 2,0), ou quer esteja<br />

entre os <strong>do</strong>is casos (ε = 1,5). A única diferença ocorre na zona em que kc ten<strong>de</strong> para zero. Note‐se<br />

que pela equação (25), uma diminuição <strong>de</strong> ε leva a uma diminuição <strong>de</strong> K.<br />

20


a<br />

Figura 14 – Efeito da variação <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção, (a) nos coeficientes <strong>de</strong> reflexão. As curvas a traceja<strong>do</strong>, traço‐<br />

ponto e a cheio correspon<strong>de</strong>m a 1.5k (TiO2), 0.75k (TiO 2), e k(TiO 2) inicial, respectivamente e (b) na reflectância difusa<br />

<strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO 2 <strong>de</strong> 1μm <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num substrato <strong>de</strong> Ti, com σ 0 = 571 nm e τ = 6480 nm.<br />

A variação da espessura <strong>do</strong> filme também vai interferir com os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> (figura 15 (b)). Na<br />

realida<strong>de</strong>, enquanto nos restantes casos apenas havia uma mudança na reflectância difusa (no<br />

eixo das or<strong>de</strong>nadas), aqui verifica‐se um <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> máximo que ocorre em torno <strong><strong>do</strong>s</strong> 400<br />

nm para a esquerda quan<strong>do</strong> a espessura é baixa, e para a direita quan<strong>do</strong> esta aumenta<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente. Este facto irá repercutir‐se na <strong>de</strong>terminação da energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material,<br />

como se verá mais adiante.<br />

Por fim, varian<strong>do</strong> a razão <strong>de</strong> dispersão no senti<strong>do</strong> positivo, ζ, e manten<strong>do</strong> o coeficiente <strong>de</strong><br />

dispersão s com um valor próximo <strong>de</strong> zero ( 10 ), não se observa nenhuma mudança<br />

no comportamento da reflectância difusa, como se po<strong>de</strong> constatar pela figura 15 (c). Aumentan<strong>do</strong><br />

o valor <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> dispersão, os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> já irão ser afecta<strong><strong>do</strong>s</strong> para comprimentos <strong>de</strong><br />

onda superiores a 350 nm. Verifica‐se que para longos comprimentos <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> radiação<br />

inci<strong>de</strong>nte, a reflectância difusa é mais afectada quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra a dispersão <strong>de</strong> Rayleigh<br />

(ζ=0.5) <strong>do</strong> que no caso da dispersão <strong>de</strong> Mie (0.5 < ζ < 1).<br />

a<br />

b<br />

c<br />

Figura 15 – Efeito da variação <strong>de</strong> (a) factor <strong>de</strong> isotropia, (b) espessura da amostra e (c) razão <strong>de</strong> dispersão no senti<strong>do</strong><br />

positivo e <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> dispersão na reflectância difusa <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO 2 <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num substrato <strong>de</strong> Ti, com<br />

σ 0= 571 nm e τ = 6480 nm. Em (a) e (c) a espessura consi<strong>de</strong>rada foi <strong>de</strong> 1μm.<br />

b<br />

21


Com base em tu<strong>do</strong> o que foi exposto anteriormente, chega‐se à conclusão que na região<br />

em que ocorre o súbito aumento da reflectância difusa, em torno <strong><strong>do</strong>s</strong> 400 nm, todas as variáveis<br />

analisadas po<strong>de</strong>rão interferir com os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, assim como o coeficiente <strong>de</strong> extinção <strong>do</strong> TiO2,<br />

que nessa zona se aproxima <strong>de</strong> zero. Na próxima secção analisa‐se qual a influência das<br />

discrepâncias obtidas na <strong>de</strong>terminação da energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a variação<br />

da espessura da amostra.<br />

2.4.9. Cálculo da Energia <strong>de</strong> Hiato <strong>de</strong> um Semicondutor<br />

Recorren<strong>do</strong> às medidas <strong>de</strong> reflectância difusa, é prática comum <strong>de</strong>terminar directamente a<br />

energia <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material em estu<strong>do</strong>. Para isso, basta calcular a absorvância:<br />

(58)<br />

on<strong>de</strong> Rmax correspon<strong>de</strong> ao valor máximo <strong>de</strong> Rcd para valores <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda superiores<br />

ao vale que existe em torno <strong><strong>do</strong>s</strong> 400 nm. Deste mo<strong>do</strong>, o valor mínimo da absorvância é zero, e o<br />

comprimento <strong>de</strong> onda <strong>do</strong> hiato (<strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> equivalente, a energia <strong>de</strong> hiato) é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

ajustan<strong>do</strong> a zona da curva <strong>de</strong> absorvância que possui um <strong>de</strong>clive negativo a uma recta que<br />

intersecte o eixo das abcissas. O ponto <strong>de</strong> intersecção correspon<strong>de</strong> ao valor pretendi<strong>do</strong>.<br />

Aplican<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong> aos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> anteriores, efectuaram‐se os cálculos para filmes <strong>de</strong><br />

TiO2 com três espessuras diferentes. Conforme se observa na figura 16, a espessura <strong>do</strong> filme vai<br />

interferir com a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda <strong>do</strong> hiato. Para amostras mais espessas<br />

este toma um valor mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> que para amostras mais finas. Aplican<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

mínimos <strong>de</strong>svios quadráticos, obtiveram‐se para os filmes <strong>de</strong> 1 μm, 100 nm e 10 μm <strong>de</strong><br />

espessura, um comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> 405,40 nm, 390,64 nm e 415,78 nm,<br />

respectivamente. Verifica‐se então uma diferença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 25,2 nm <strong>do</strong> filme mais espesso para<br />

o filme mais fino. Isto irá reflectir‐se numa variação <strong>de</strong> 0,19 eV na energia <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong>ste<br />

semicondutor.<br />

Figura 16 – Dependência da absorvância com o comprimento <strong>de</strong> onda, <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> TiO 2 sobre um substrato <strong>de</strong> Ti,<br />

para três espessuras diferentes. As rectas cinzentas a traceja<strong>do</strong> resultam <strong>do</strong> ajuste linear efectua<strong>do</strong>, e permitem inferir<br />

quanto ao comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> hiato <strong>do</strong> material.<br />

Dada a forte <strong>de</strong>pendência <strong><strong>do</strong>s</strong> resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> com as variáveis em causa, surge a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> optimizar o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, recorren<strong>do</strong> a um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> ajuste que permita aproximar os valores<br />

<strong>de</strong>termina<strong><strong>do</strong>s</strong> numericamente <strong><strong>do</strong>s</strong> experimentais, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> os valores óptimos <strong>de</strong> quatro<br />

variáveis que influenciam os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>: nc, kc, s e h.<br />

22


3. Optimização<br />

O méto<strong>do</strong> SPG foi utiliza<strong>do</strong> para optimizar os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> obti<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> assim os<br />

valores óptimos <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros anteriormente menciona<strong><strong>do</strong>s</strong>. Este méto<strong>do</strong>, usa<strong>do</strong> na<br />

minimização <strong>de</strong> funções continuamente diferenciáveis <strong>de</strong> conjuntos não‐vazios, fecha<strong><strong>do</strong>s</strong> e<br />

convexos [42], tem vin<strong>do</strong> a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e aplica<strong>do</strong> em diversas áreas ao longo das últimas<br />

décadas [20]. Existem inúmeras publicações que a ele recorrem, apresentan<strong>do</strong> novas abordagens<br />

<strong>do</strong> tema, quer a nível <strong>de</strong> formulação teórica (através <strong>de</strong> novas expressões que permitam<br />

aumentar a rapi<strong>de</strong>z da convergência), quer a nível <strong>de</strong> aplicações práticas. As referências [42‐46] e<br />

[47, 48] são alguns exemplos <strong>do</strong> primeiro e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> casos, respectivamente.<br />

Birgin et al. <strong>de</strong>senvolveram um algoritmo basea<strong>do</strong> neste méto<strong>do</strong> (disponível online para<br />

<strong>do</strong>wnload [49]) a partir <strong>do</strong> qual é possível <strong>de</strong>terminar o índice <strong>de</strong> refracção, o coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção e a espessura <strong>de</strong> filmes usan<strong>do</strong> da<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> transmissão. Já Vargas et al. aplicaram um<br />

méto<strong>do</strong> semelhante, no qual inverteram as equações <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk. A partir<br />

<strong>de</strong>stas, e <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> transmitância, <strong>de</strong>terminaram o índice <strong>de</strong> refracção e o coeficiente <strong>de</strong><br />

extinção <strong>de</strong> filmes finos em substratos absorventes [20, 22].<br />

O méto<strong>do</strong> SPG <strong>de</strong>scrito por Birgin et al. [42] combina o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> gradiente projecta<strong>do</strong><br />

clássico, o qual apresenta uma taxa <strong>de</strong> convergência muito baixa, com os trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

por Grippo et al. a partir <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Newton [50], <strong>de</strong> on<strong>de</strong> retiraram os esquemas <strong>de</strong> procura<br />

não‐monótona <strong>de</strong> linha, e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> passo <strong>de</strong> iteração dada por Barzilai e Borwein, a qual foi<br />

mais amplamente analisada por Raydan [45]. Estas consi<strong>de</strong>rações tornam o algoritmo mais<br />

eficiente em relação a outros méto<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> convergência <strong>do</strong> gradiente.<br />

3.1. Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ajuste <strong>do</strong> Gradiente Espectral Projecta<strong>do</strong> ­ SPG<br />

Este méto<strong>do</strong> consiste na minimização da função<br />

<br />

, , , <br />

<br />

em que Rcd exp são os valores <strong>de</strong> reflectância difusa medi<strong><strong>do</strong>s</strong> experimentalmente e Rcd os valores<br />

obti<strong><strong>do</strong>s</strong> numericamente pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk modifica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>scrito no capítulo anterior.<br />

A espessura <strong>do</strong> filme é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte. O objectivo<br />

é ajustar as diferentes variáveis <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que os valores teóricos se aproximem <strong><strong>do</strong>s</strong> valores<br />

experimentais, isto é, que a diferença entre os <strong>do</strong>is tenda para zero. Para isso, vai analisar‐se<br />

ponto por ponto, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o gradiente local e varian<strong>do</strong> os parâmetros, até que a função<br />

atinja o valor mínimo.<br />

Na prática, é mais simples consi<strong>de</strong>rar que é uma função <strong>do</strong> vector Z, o qual possui 3p +1<br />

componentes, e é da<strong>do</strong> por:<br />

<br />

<br />

<br />

, 1,2, … , <br />

, 1, 2, … ,2<br />

(60)<br />

, 2 1,2 2, … ,3<br />

, 3 1<br />

De um mo<strong>do</strong> esquemático, este é um vector linha, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das quatro variáveis <strong>do</strong><br />

seguinte mo<strong>do</strong>:<br />

(59)<br />

23


Tabela 1 – Esquematização <strong>do</strong> vector Z e da sua <strong>de</strong>pendência com as variáveis em causa.<br />

Z1<br />

Zp Zp+1<br />

Z2p Z2p+1<br />

Z3p Z3p+1<br />

λ1<br />

s1<br />

…<br />

λp<br />

sp<br />

λ1<br />

kc1<br />

…<br />

λp<br />

kcp<br />

λ1<br />

nc1<br />

…<br />

λp<br />

ncp<br />

‐<br />

h<br />

Rcd exp1 Rcd expp Rcd exp1 Rcd expp Rcd exp1 Rcd expp Rcd exp<br />

Genericamente, o gradiente da função é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> através das <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> <br />

em or<strong>de</strong>m a , sen<strong>do</strong> este substituí<strong>do</strong> po r s(λi), kc(λ i), nc(λ i)<br />

e h:<br />

<br />

2 ,,, ,,, (61)<br />

<br />

Resta então encontrar expressões para as <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> Rcd. No caso da <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong><br />

Rcd em or<strong>de</strong>m ao coeficiente <strong>de</strong> dispersão e à espessura, estas são <strong>de</strong>terminadas algebricamente a<br />

partir das equações (11) e (23). Já as <strong>de</strong>rivadas em or<strong>de</strong>m à parte real e imaginária <strong>do</strong> índice <strong>de</strong><br />

refracção <strong>do</strong> filme, não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminadas algebricamente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à complexida<strong>de</strong> das<br />

expressões <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> r eflexão . Saben<strong>do</strong> que<br />

<br />

, ,,,,, ,,<br />

,,<br />

p o<strong>de</strong>‐se usar a regra da ca<strong>de</strong>ia para <strong>de</strong>terminar as d uas <strong>de</strong>rivadas parciais pretendidas:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

(64)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Os valores <strong>de</strong> , , ⁄ <br />

, ⁄ , , <br />

, ⁄ , ⁄ foram calcula<strong><strong>do</strong>s</strong> usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> numérico <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

três pontos, o qual é genericamente da<strong>do</strong> por<br />

<br />

<br />

1, , (65)<br />

1 on<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser substituí<strong>do</strong> por cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão em causa. O mesmo<br />

raciocínio é aplica<strong>do</strong> na <strong>de</strong>rivação <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficient es <strong>de</strong> refl exão em<br />

or<strong>de</strong>m a . As <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> Rcd em or<strong>de</strong>m a K, , ,<br />

e foram <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>rivan<strong>do</strong><br />

parcialmente as equações (11) e (23). Quanto à <strong>de</strong>rivada parcial <strong>de</strong> K em or<strong>de</strong>m a kc, esta é obtida<br />

através da <strong>de</strong>rivação parcial das equações 2 e 4/. As equações <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>rivada<br />

parcial encontram‐se explicitadas no anexo 6.2.<br />

3.1.1. Restrições às Variáveis<br />

O méto<strong>do</strong> SPG permite que se introduzam restrições a cada variável, estabelecen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste<br />

mo<strong>do</strong> os limites <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> (ou <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> equivalente, <strong>de</strong> , , ,).<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que se refere ao valor inicial da espessura, os limites foram fixos como:<br />

<br />

<br />

(62)<br />

(63)<br />

24


1 5<br />

10 2<br />

10 10 <br />

0.9 <br />

1.1 Note‐se que o valor mínimo que tanto como po<strong>de</strong>m tomar terá que ser superior a<br />

zero, caso contrário, as expressões <strong>de</strong> Rcd e RKM ten<strong>de</strong>rão para infinito. Consequentemente, os<br />

resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> obti<strong><strong>do</strong>s</strong> afastar‐se‐ão <strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> se analisa a variação <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção, para além da restrição<br />

mencionada, é necessário introduzir uma condição que permita alcançar a convergência<br />

rapidamente e outra que mantenha os seus valores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites razoáveis. A primeira<br />

implica que o comprimento <strong>de</strong> onda <strong>do</strong> hiato não possa aumentar mais <strong>do</strong> que 50 nm <strong>do</strong> seu<br />

valor inicial, . Para além <strong>de</strong> aumentar a convergência para valores razoáveis <strong>de</strong> kc, não é<br />

necessariamente restritiva, uma vez que o valor <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> hiato para o TiO2<br />

sob a estrutura rutilo não irá variar al ém <strong>de</strong>sse valor [20]. A condição é dada por<br />

<br />

50<br />

Na prática, esta restrição implementa‐se no mesmo algoritmo em que se <strong>de</strong>finem as<br />

restantes restrições, no limite superior <strong>de</strong> kc. Para comprimentos <strong>de</strong> onda superiores a 350nm, o<br />

limite superior é da<strong>do</strong> pelo mínimo entre o valor que kc tomou 50 nm antes e 2, sen<strong>do</strong> este último<br />

o limite superior absoluto <strong>de</strong> kc. Em linguagem <strong>de</strong> programação, esta condição <strong>de</strong>fine‐se por:<br />

if i >= 2*p+51 % para um c<strong>do</strong> superior a 350 nm<br />

u(i) = min(Z(i-25),2);<br />

else<br />

u(i)=2;<br />

end<br />

A segunda condição implica que o coeficiente <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong>ve diminuir com o aumento<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda. Isto está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o espera<strong>do</strong>, da<strong>do</strong> que a partir <strong>do</strong> comprimento<br />

<strong>de</strong> onda <strong>de</strong> hiato, os fotões que atinjam o material em estu<strong>do</strong> irão passar por este sem<br />

interagirem com ele (comprimentos <strong>de</strong> onda eleva<strong><strong>do</strong>s</strong> correspon<strong>de</strong>m a energias baixas,<br />

insuficientes para excitar o electrão da banda <strong>de</strong> valência para a banda <strong>de</strong> condução). Quan<strong>do</strong> a<br />

condição é violada, acrescenta‐se um termo <strong>de</strong> penalização à função . A condição é, neste caso,<br />

dada por<br />

0<br />

(68)<br />

<br />

Esta irá ser introduzida no cálculo da função, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o máximo entre a diferença <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>is coeficientes <strong>de</strong> absorção adjacentes, e zero. O factor <strong>de</strong> penalização<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é <strong>de</strong> 0,1. Na prática, introduzem‐se as seguintes linhas <strong>de</strong> código:<br />

f1=(Rcd_exp(i) - Rcd(i));<br />

if i>=2<br />

pen=max(0,(Z(2*p+i) - Z(2*p+i-1))).*0.1;<br />

f1=sqrt(f1.^2+pen.^2);<br />

end<br />

f=f + f1.^2;<br />

Esta condição ainda não está optimizada, e há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r a um estu<strong>do</strong><br />

mais completo da sua influência na execução <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. As condições <strong>de</strong>verão ser modificadas<br />

consoante a informação previamente disponível acerca <strong>do</strong> material em estu<strong>do</strong>.<br />

(66)<br />

(67)<br />

25


Preten<strong>de</strong>‐se então calcular o vector Z por forma a que a função objectivo, , tome o<br />

valor mais baixo possível para , isto é, até a norma <strong>do</strong> gradiente ser inferior a uma<br />

tolerância numérica previamente estabelecida. O algoritmo começa com o valor <strong>de</strong> ,<br />

pertencente ao <strong>do</strong>mínio da função , o qual é calcula<strong>do</strong> numericamente através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>scrito no capítulo anterior e consi<strong>de</strong>ra como constante um número inteiro, m ≥ 1. Em seguida,<br />

é necessário introduzir um parâmetro pequeno, αmin >0, e um parâmetro gran<strong>de</strong>, αmax > αmin; um<br />

parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>créscimo γ 0,1 e <strong>do</strong>is parâmetros que garantam a fiabilida<strong>de</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> valores<br />

obti<strong><strong>do</strong>s</strong>, como será explica<strong>do</strong> na secção 3.1.3, σ1=0,1 e σ2=0,9. Inicialmente, consi<strong>de</strong>ra‐se que α0<br />

pertence ao intervalo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por αmin e αmax. Ao longo das iterações, αk irá mudar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com o algoritmo <strong>de</strong>scrito em 3.1.3. A projecção ortogonal <strong>de</strong> um ponto arbitrário, Z, no <strong>do</strong>mínio<br />

da função, é dada por . Resta <strong>de</strong>finir o tamanho <strong>do</strong> passo da iteração e a<br />

técnica não‐monótona <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> linha.<br />

3.1.2. Tamanho <strong>do</strong> Passo da Iteração<br />

O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> gradiente é iterativo, e cada uma das variáveis é <strong>de</strong>terminada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

a equação<br />

(69)<br />

em que e é o pa sso da iteração, um esca lar da<strong>do</strong><br />

por<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

on<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong> à matriz transposta e 1,2,3, … até se atingir o critério <strong>de</strong> tolerância<br />

numérica, ou até que se alcance um número máximo <strong>de</strong> iterações. Este quociente, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por<br />

“quociente <strong>de</strong> Rayleigh inverso” [42], está relaciona<strong>do</strong> com os valores próprios da matriz Hessiana<br />

no minimiza<strong>do</strong>r e não com o valor da função objectivo [45]. Este tipo <strong>de</strong> passo da iteração tem um<br />

baixo custo computacional, para além <strong>de</strong> aumentar consi<strong>de</strong>ravelmente a rapi<strong>de</strong>z da convergência,<br />

face a outros méto<strong><strong>do</strong>s</strong> que recorrem a méto<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> gradiente conjuga<strong>do</strong> [45].<br />

O algoritmo que implementa o méto<strong>do</strong> SPG é da<strong>do</strong> por [51]:<br />

0. <br />

Ω,Ω .<br />

Ω<br />

<br />

<br />

, <br />

, . , ,. 0, <br />

,, ,⁄ . 1;<br />

<br />

3.1.3. Técnica <strong>de</strong> Busca <strong>de</strong> Linha Não­monótona<br />

O méto<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> requer o uso <strong>de</strong> uma técnica <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> linha que garanta um<br />

<strong>de</strong>créscimo da função, contu<strong>do</strong>, não é necessário que este ocorra <strong>de</strong> uma forma monótona. A<br />

técnica a que se recorre mais frequentemente foi <strong>de</strong>senvolvida por Grippo et al.[50], e constitui<br />

uma generalização da reg ra <strong>de</strong> Armijo. O algoritmo usad o tem a seguinte<br />

estrutura:<br />

, 0 , 1; ; , ; 1<br />

(70)<br />

26


0.5 <br />

⁄ <br />

<br />

| | ; /2 <br />

. <br />

<br />

.<br />

A i<strong>de</strong>ia é <strong>de</strong>terminar um valor para α que satisfaça a condição <strong>de</strong>finida no ciclo while.<br />

Inicialmente, assume‐se que α=1. Se não produzir um resulta<strong>do</strong> aceitável, ter‐se‐á que<br />

retroce<strong>de</strong>r, diminuin<strong>do</strong> α até se obter um valor que satisfaça a condição. Em relação ao<br />

parâmetro γ, este é bastante pequeno (neste caso, γ = 10 ‐4 ) e, como tal, dificilmente será<br />

necessário retroce<strong>de</strong>r mais <strong>do</strong> que uma vez, garantin<strong>do</strong> assim que a rapi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> algoritmo não seja<br />

afectada [52].<br />

Inicialmente, conhece‐se o valor <strong>de</strong> 0 e 0 . Após a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> , também se toma conhecimento <strong>de</strong> . A uma<br />

dimensão é possível mo<strong>de</strong>lar a uma forma quadrática , a qual satisfaz<br />

0 0 +0 0 O valor mínimo que α po<strong>de</strong> tomar satisfaz a condição<br />

<strong>de</strong> 0, e é da<strong>do</strong> por<br />

0<br />

<br />

2 <br />

0 0<br />

Classicamente, <strong>de</strong>finia‐se , como o intervalo <strong>de</strong> valores que α po<strong>de</strong>ria tomar.<br />

Contu<strong>do</strong>, aqui assume‐se que o intervalo é da<strong>do</strong> por , , <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir que a<br />

interpolação efectuada seja <strong>de</strong> confiança. Segun<strong>do</strong> Birgin et al., este procedimento revelou ser<br />

mais eficaz <strong>do</strong> que o tradicional [51].<br />

Quan<strong>do</strong> se rejeita o primeiro ponto, os próximos são calcula<strong><strong>do</strong>s</strong> ao longo da mesma<br />

direcção. Como consequência, a operação <strong>de</strong> projecção é efectuada apenas uma vez por iteração.<br />

Esta estratégia <strong>de</strong> procura <strong>de</strong> linha assegura que é menor que o máximo da função<br />

objectivo nas últimas m iterações. Quan<strong>do</strong> 1, a estratégia reduz‐se à regra monótona <strong>de</strong><br />

Armijo, a qual força a uma diminuição monótona da função objectivo em cada iteração. Isso irá<br />

afectar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convergência <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> [50]. Segun<strong>do</strong> Vargas, varian<strong>do</strong> entre 10 e 500<br />

não introduz alterações significativas aos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> [22]. Como tal, optou‐se por usar 100.<br />

3.2. Descrição <strong>do</strong> Algoritmo<br />

O algoritmo que aplica o méto<strong>do</strong> SPG <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Birgin et al. [42, 51] encontra‐se<br />

disponível online, nas linguagens <strong>de</strong> programação FORTRAN e C. Foi então necessário “traduzi‐lo”<br />

para MatLab, e adaptá‐lo ao problema em estu<strong>do</strong>.<br />

O algoritmo SPGMA tem como variáveis <strong>de</strong> entrada, os valores teóricos <strong>de</strong> nc, kc, ns, ks,<br />

comprimento <strong>de</strong> onda, γ e ε, assim como o valor experimental da reflectância difusa. Este será, na<br />

fase inicial da execução <strong>do</strong> programa, a interface entre o utiliza<strong>do</strong>r e o resto <strong>do</strong> algoritmo,<br />

enquanto uma interface mais “amigável” não for criada. Os parâmetros <strong>de</strong> saída <strong>de</strong>ste algoritmo<br />

são grava<strong><strong>do</strong>s</strong> num ficheiro com extensão .txt, o qual possui duas colunas: a primeira correspon<strong>de</strong><br />

ao número <strong>de</strong> iterações, e a segunda ao vector que melhor se ajustou aos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>. Também<br />

é cria<strong>do</strong> um ficheiro <strong>de</strong> output <strong>do</strong> MatLab, no qual se indicam o valor da iteração, <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminações da função, o valor final <strong>de</strong> e a sua norma superior. É possível controlar a<br />

(71)<br />

(72)<br />

27


evolução <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, através da visualização <strong><strong>do</strong>s</strong> resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> cálculos intermédios na janela<br />

principal <strong>de</strong> coman<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> MatLab. Para isso, <strong>de</strong>ve‐se atribuir à constante iprint um valor diferente<br />

<strong>de</strong> zero. Durante a sua execução, recorre‐se à função inip.m, a qual <strong>de</strong>fine o vector inicial e os<br />

limites <strong>de</strong> variação <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros que constituem esse vector, já <strong>de</strong>fini<strong><strong>do</strong>s</strong> na secção 3.1.2.<br />

Ao longo <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> algoritmo, foram efectuadas diversas modificações ao<br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálculo usa<strong>do</strong> para <strong>de</strong>terminar cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão. Começou por se<br />

<strong>de</strong>terminar cada coeficiente <strong>de</strong> cada vez que se <strong>de</strong>terminava a função e o seu gradiente. Em<br />

seguida, e uma vez que o gradiente se calculava sempre a seguir à função, <strong>de</strong>terminaram‐se os<br />

coeficientes nesta última e usavam‐se os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> no cálculo <strong>do</strong> gradiente. Numa outra<br />

abordagem, <strong>de</strong>terminaram‐se inicialmente todas as <strong>de</strong>pendências em θr (as quais não iriam variar<br />

ao longo da execução <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>), restan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminação <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes consoante a<br />

variação <strong>de</strong> nc e kc. Por fim, foi cria<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> matrizes no início da <strong>aplicação</strong> <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

SPG, uma para cada coeficiente <strong>de</strong> reflexão. Estes parâmetros variam com o comprimento <strong>de</strong><br />

onda, com o índice <strong>de</strong> refracção e com o coeficiente <strong>de</strong> extinção. Então, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> estes<br />

coeficientes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> valores plausível, abrangen<strong>do</strong> to<strong><strong>do</strong>s</strong> os comprimentos <strong>de</strong><br />

onda, e percorren<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> valores para os restantes parâmetros, por exemplo,<br />

250: 2: 800, 1: 0,2: 5,2 e 0:0,2:2,2, <strong>de</strong>terminaram‐se to<strong><strong>do</strong>s</strong> os coeficientes <strong>de</strong><br />

reflexão. Os cálculos subsequentes da função e da sua <strong>de</strong>rivada local foram feitos com base nas<br />

matrizes criadas, interpolan<strong>do</strong> os valores que iam sen<strong>do</strong> ajusta<strong><strong>do</strong>s</strong>. No caso da <strong>de</strong>terminação da<br />

função, usaram‐se as seguintes linhas <strong>de</strong> código para o cálculo <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes:<br />

rccf=RCCF(ic<strong>do</strong>,inc,ikc)+ (RCCF(ic<strong>do</strong>,inc+1,ikc)- RCCF(ic<strong>do</strong>,inc,ikc))* ...<br />

(nc-nc1(inc))/( nc1(inc+1)-nc1(inc))+ ...<br />

(RCCF(ic<strong>do</strong>,inc,ikc+1)- RCCF(ic<strong>do</strong>,inc,ikc))*(kc-kc1(ikc))/( kc1(ikc+1)-kc1(ikc));<br />

On<strong>de</strong> nc e kc correspon<strong>de</strong>m aos parâmetros que estão a ser optimiza<strong><strong>do</strong>s</strong>, e nc1 e kc1 são<br />

da<strong><strong>do</strong>s</strong> pelos vectores <strong>de</strong>fini<strong><strong>do</strong>s</strong> anteriormente. Para os restantes coeficientes, os cálculos foram<br />

efectua<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> semelhante.<br />

Assim, como os cálculos intermédios no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> SPG não envolveram<br />

operações complexas, mas sim localização <strong>de</strong> valores através <strong><strong>do</strong>s</strong> índices das matrizes, o tempo<br />

que o algoritmo <strong>de</strong>morou a efectuar as iterações necessárias foi muito reduzi<strong>do</strong>. Em média, o<br />

algoritmo <strong>de</strong>morou cerca <strong>de</strong> três minutos a efectuar 2000 iterações.<br />

A função usada em seguida é a spg.m, a qual constitui o núcleo <strong>do</strong> algoritmo, isto é, on<strong>de</strong> o<br />

méto<strong>do</strong> SPG é aplica<strong>do</strong>. Esta função possui como parâmetros <strong>de</strong> entrada o vector , o número<br />

total <strong>de</strong> pontos (n), ε, o número máximo <strong>de</strong> iterações <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> (maxiter) e o número máximo <strong>de</strong><br />

avaliações da função (maxfc), para além <strong><strong>do</strong>s</strong> valores <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda, ns e ks, e <strong>de</strong> saída,<br />

o valor óptimo <strong>do</strong> vector , o respectivo valor da função optimizada, o número <strong>de</strong> iterações<br />

efectuadas, e <strong>de</strong> cálculo da função. Em primeiro lugar, <strong>de</strong>termina os coeficientes RDDB, RCCF,<br />

RCDF e RDDS, consoante explica<strong>do</strong> anteriormente. Em seguida, efectua uma estimativa inicial <strong>do</strong><br />

valor da função , e da norma superior <strong>do</strong> seu gradiente. Nesta fase, também calcula as funções<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas <strong>de</strong> e <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda, isto é, , uma vez que estas<br />

permanecem constantes à medida que se efectua a minimização. Deste mo<strong>do</strong>, estas são<br />

calculadas apenas uma vez, e são <strong>de</strong>claradas como variáveis globais, o que permite melhorar<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente o tempo <strong>de</strong> cálculo. Em seguida, inicia‐se um ciclo <strong>de</strong> iterações, até se atingir a<br />

tolerância ε, o máximo <strong>de</strong> iterações ou <strong>de</strong> avaliações da função. Nesse ciclo, será efectuada uma<br />

aproximação da função teórica à experimental da reflectância difusa, calculan<strong>do</strong> sucessivamente<br />

novos valores <strong>do</strong> vector Z que melhor se ajustem às condições pré‐estabelecidas. Na figura 28 <strong>do</strong><br />

anexo 6.4. apresenta‐se um fluxograma on<strong>de</strong> se esquematizam os cálculos envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> nesta<br />

função. Durante o ciclo <strong>de</strong> iterações, é chamada a função ls.m, a qual fará a busca da linha (line<br />

28


search), seguin<strong>do</strong> a condição formulada por Raydan [45], <strong>de</strong>scrita na secção 3.1.3, e cujo<br />

algoritmo se encontra esquematiza<strong>do</strong> no fluxograma da figura 29, no anexo 6.4.<br />

A função evalg.m permite avaliar a <strong>de</strong>rivada ponto a ponto (<strong>de</strong>rivada local), e através da<br />

função evalf.m, <strong>de</strong>termina‐se a função nesse ponto. A função proj.m enquadra o gradiente e a<br />

função nos <strong>de</strong>vi<strong><strong>do</strong>s</strong> limites.<br />

Quan<strong>do</strong> as condições são verificadas, o algoritmo pára, obten<strong>do</strong>‐se então o valor óptimo <strong>de</strong><br />

que minimiza a função (caso seja atingi<strong>do</strong> ε), ou caso se alcance o número máximo <strong>de</strong> iterações<br />

ou <strong>de</strong> avaliações da função.<br />

3.3. Simulações Numéricas<br />

Aplicou‐se o méto<strong>do</strong> SPG, permitin<strong>do</strong> a variação <strong><strong>do</strong>s</strong> quatro parâmetros. Em geral, os<br />

resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> obti<strong><strong>do</strong>s</strong> melhoraram significativamente. O programa atingiu o limite <strong>de</strong> iterações, 10 5 ,<br />

sem atingir a convergência <strong>de</strong>sejada, 10 . Observa‐se pela figura 17 que o ajuste efectua<strong>do</strong><br />

vai <strong>de</strong> encontro aos valores experimentais, verifican<strong>do</strong>‐se uma sobreposição completa entre os<br />

valores experimentais e o ajuste. O valor <strong>de</strong> obti<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 8,47 10 e a norma superior final<br />

<strong>do</strong> gradiente tomou o valor <strong>de</strong> 7.23 10 .<br />

Figura 17 – Variação da reflectância difusa com o comprimento <strong>de</strong> onda, usan<strong>do</strong> os valores experimentais, calcula<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

inicialmente e ajusta<strong><strong>do</strong>s</strong>, varian<strong>do</strong> os parâmetros s, n c, k c e h.<br />

Na figura 18 comparam‐se os valores obti<strong><strong>do</strong>s</strong> através <strong>do</strong> ajuste e os valores iniciais <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

parâmetros k, nc e s. Em relação ao coeficiente <strong>de</strong> extinção, k, este apresenta um comportamento<br />

relativamente próximo <strong>do</strong> referencia<strong>do</strong> em [20], aumentan<strong>do</strong> para comprimentos <strong>de</strong> onda curtos,<br />

como se observa na figura 18(a). Na gama entre os 375 e os 410 nm observa‐se um <strong>de</strong>slocamento<br />

para a direita. O facto <strong>de</strong> k se manter constante nessa região não é realista [20], o que implica a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar o algoritmo. Esta questão po<strong>de</strong>rá ser melhorada ten<strong>do</strong> em atenção a<br />

penalização atribuída cada vez que a equação (68) não se verifica.<br />

Pela análise da figura 18 (b) constata‐se que entre os 250 e os 300 nm, o índice <strong>de</strong> refracção<br />

comporta‐se <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> relativamente irregular, aumentan<strong>do</strong>, no máximo, cerca <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong>, aos 275 nm. Em torno <strong><strong>do</strong>s</strong> 400 nm verifica‐se um aumento <strong>de</strong>ste parâmetro, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

uma diminuição súbita. Este comportamento irá repercutir‐se nos coeficientes <strong>de</strong> reflexão, como<br />

se verá à frente, e ocorre na zona on<strong>de</strong> a reflectância difusa atinge o segun<strong>do</strong> máximo. Já para<br />

comprimentos <strong>de</strong> onda mais eleva<strong><strong>do</strong>s</strong>, o índice <strong>de</strong> refracção praticamente não variou. Na<br />

referência [20], o comportamento <strong>de</strong>sta variável é ligeiramente diferente, nomeadamente na<br />

29


gama <strong><strong>do</strong>s</strong> 400 nm, on<strong>de</strong> se verifica que existe um aumento <strong>de</strong> nc, embora não tão acentua<strong>do</strong>,<br />

segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma diminuição mais suave <strong>do</strong> que a que aqui se verifica.<br />

Quanto ao coeficiente <strong>de</strong> dispersão, figura 18 (c), este foi manti<strong>do</strong> abaixo <strong>de</strong> 10 m ‐1 ,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a dispersão neste caso é <strong>de</strong>sprezável [20]. O comportamento aqui observa<strong>do</strong> é<br />

relativamente irregular, principalmente na gama entre os 380 e os 405 nm. Segun<strong>do</strong> Murphy, este<br />

valor manteve‐se sempre abaixo <strong><strong>do</strong>s</strong> 10 5 m ‐1 , não apresentan<strong>do</strong> influência no comportamento da<br />

reflectância difusa. Por fim, a espessura <strong>do</strong> filme obtida pelo ajuste foi <strong>de</strong> 2008 nm, valor inferior<br />

ao obti<strong>do</strong> por Murphy, <strong>de</strong> 2090 nm [20].<br />

Figura 18 – Variação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção (à esquerda) e <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção (à direita) com o comprimento <strong>de</strong> onda. A curva<br />

a traceja<strong>do</strong> representa o valor inicial, e a curva a cheio representa o ajuste varian<strong>do</strong> os parâmetros s, nc, kc e h.<br />

Através <strong><strong>do</strong>s</strong> valores obti<strong><strong>do</strong>s</strong> pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> optimização, po<strong>de</strong>‐se <strong>de</strong>terminar a variação<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> reflexão, os quais constam na figura 19. Não se observam gran<strong>de</strong>s variações<br />

nos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, à excepção <strong><strong>do</strong>s</strong> baixos comprimentos <strong>de</strong> onda, para os quais existe também uma<br />

maior discrepância em Rcd, e aos 400 nm, fruto da variação observada tanto em nc como em kc.<br />

Figura 19 – Coeficientes <strong>de</strong> reflexão , ,<br />

e para os valores iniciais e para os melhores ajustes da amostra<br />

em estu<strong>do</strong>.<br />

<br />

<br />

<br />

10<br />

30


A estimativa da energia <strong>de</strong> hiato é efectuada a partir <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> extinção, através <strong>do</strong><br />

gráfico <strong>de</strong> Tauc representa<strong>do</strong> na figura 20. Essa estimativa é muito influenciada pelo<br />

comportamento da curva na região em que esse coeficiente atinge o zero. Com os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

obti<strong><strong>do</strong>s</strong> até ao momento, essa região é constante, e como tal, não é possível estimar o valor com<br />

gran<strong>de</strong> precisão. Contu<strong>do</strong>, efectuan<strong>do</strong> um ajuste à região linear <strong>do</strong> gráfico, a energia <strong>de</strong> hiato<br />

estimada é <strong>de</strong> 3,20 eV, valor superior ao reporta<strong>do</strong> por Murphy, <strong>de</strong> 3,00 eV [14].<br />

Figura 20 – Gráfico <strong>de</strong> Tauc <strong>do</strong> filme <strong>de</strong> TiO 2 (rutilo) <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um substrato <strong>de</strong> Ti. A recta a cinzento resulta da<br />

regressão linear efectuada.<br />

Prevê‐se que ao se efectuarem ajustes ao algoritmo, os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> se aproximem<br />

sucessivamente até serem similares. Em particular, <strong>de</strong>ver‐se‐á dar atenção à penalização<br />

efectuada, a qual não é <strong>de</strong>scrita nas referências, e se revelou muito importante na<br />

implementação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. Também se <strong>de</strong>verá estudar a influência <strong>de</strong> cada um <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros,<br />

assim como as restrições usadas.<br />

31


4. Caso <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>: Aplicação <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> a Da<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

Experimentais<br />

Após o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> algoritmo, e a sua <strong>aplicação</strong> no caso <strong>de</strong> valores já reporta<strong><strong>do</strong>s</strong>, é<br />

importante testar o méto<strong>do</strong> com da<strong><strong>do</strong>s</strong> experimentais adquiri<strong><strong>do</strong>s</strong> em laboratório. Efectuou‐se a<br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>do</strong>is filmes <strong>de</strong> TiO2 sobre um filme <strong>de</strong> Mo, previamente <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> sobre um<br />

substrato <strong>de</strong> vidro. A pasta <strong>de</strong> TiO2 usada foi elaborada no laboratório <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física,<br />

ten<strong>do</strong> por base a seguinte composição em massa: 18% <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> TiO2, com aproximadamente 5<br />

nm <strong>de</strong> diâmetro, 9% <strong>de</strong> ethyl cellulose, 73% <strong>de</strong> terpineol e uma certa percentagem (não calculada)<br />

<strong>de</strong> etanol [53].<br />

4.1. Procedimento Experimental<br />

A <strong>de</strong>posição foi efectuada pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>ctor‐blading, o qual consiste na <strong>aplicação</strong> <strong>de</strong><br />

uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta, que é espalhada ao longo <strong>do</strong> substrato com o auxílio <strong>de</strong> uma<br />

vareta <strong>de</strong> vidro. Em seguida, os filmes sofreram um tratamento térmico, segun<strong>do</strong> o perfil <strong>de</strong><br />

temperatura apresenta<strong>do</strong> na figura 21. Note‐se que após atingir a temperatura máxima <strong>de</strong><br />

tratamento (450ºC), <strong>de</strong>ixou‐se a amostra arrefecer naturalmente até atingir novamente a<br />

temperatura ambiente, conforme ilustra<strong>do</strong> pela recta <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive negativo na figura.<br />

Figura 21 – Perfil <strong>de</strong> temperaturas utiliza<strong>do</strong> no tratamento térmico das amostras. Após a permanência nos 450ºC,<br />

proce<strong>de</strong>u‐se ao arrefecimento natural da amostra, por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, o solvente foi evapora<strong>do</strong> e as partículas <strong>de</strong> TiO2 reorganizaram‐se,<br />

cristalizan<strong>do</strong> sob a estrutura <strong>de</strong> anatáse. Devi<strong>do</strong> a esse facto, o índice <strong>de</strong> refracção complexo<br />

<strong>de</strong>ste material será diferente <strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> anteriormente. Contu<strong>do</strong>, os da<strong><strong>do</strong>s</strong> encontra<strong><strong>do</strong>s</strong> na<br />

literatura para este tipo <strong>de</strong> estrutura cristalina são mais escassos, e como o parâmetro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição usa<strong>do</strong>, assim como das condições em que esta é efectuada, não existe<br />

gran<strong>de</strong> congruência entre as várias referências. Consequentemente, consi<strong>de</strong>rou‐se inicialmente<br />

que os valores são semelhantes em ambas as estruturas. Ao ser efectua<strong>do</strong> o ajuste, espera‐se que<br />

estes parâmetros se aproximem mais <strong>do</strong> valor real [6, 8]. A elipsometria espectroscópica é uma<br />

técnica frequentemente usada para <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s ópticas <strong>de</strong> filmes finos.<br />

Contu<strong>do</strong>, não foi possível recorrer a essa técnica neste estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à elevada rugosida<strong>de</strong><br />

óptica da superfície <strong>do</strong> filme. Além disso, essa técnica não permite uma <strong>de</strong>terminação precisa <strong>do</strong><br />

33


valor <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> absorção para comprimentos <strong>de</strong> onda em que esta não ocorra fortemente<br />

[14].<br />

O Mo é um metal <strong>de</strong> transição, usa<strong>do</strong> muito frequentemente como contacto traseiro em<br />

células solares CIGS (nomenclatura usada a partir <strong><strong>do</strong>s</strong> materiais que as compõem: cobre, índio,<br />

gálio e selénio). Este é caracteriza<strong>do</strong> por não reagir com os elementos que constituem essas<br />

células e por apresentar uma boa condutivida<strong>de</strong>, a qual não se <strong>de</strong>grada com o tempo. Contu<strong>do</strong>,<br />

apresenta fraca a<strong>de</strong>são ao vidro. Para ultrapassar esse facto, foram <strong>de</strong>positadas duas camadas:<br />

uma com boa a<strong>de</strong>são, na qual os átomos se encontram mais próximos, e outra em que se<br />

privilegia a condutivida<strong>de</strong> eléctrica. O índice <strong>de</strong> refracção complexo usa<strong>do</strong> nos cálculos foi obti<strong>do</strong><br />

a partir <strong>do</strong> website da SOPRA [54], e apresenta a <strong>de</strong>pendência com o comprimento <strong>de</strong> onda<br />

ilustrada na figura 22.<br />

Figura 22 ‐ Partes real e imaginária <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> refracção <strong>do</strong> Mo. Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> [54].<br />

4.2. Medidas Experimentais sobre um Filme <strong>de</strong> TiO2<br />

Após a <strong>de</strong>posição <strong><strong>do</strong>s</strong> filmes <strong>de</strong> TiO2, proce<strong>de</strong>u‐se à aquisição <strong><strong>do</strong>s</strong> espectros <strong>de</strong> reflectância<br />

difusa. O espectrofotómetro utiliza<strong>do</strong>, um Shimadzu UV‐3600, permite adquirir espectros <strong>de</strong><br />

reflectância difusa e <strong>de</strong> reflectância total, a qual correspon<strong>de</strong> à soma das componentes difusa e<br />

especular. A geometria <strong>do</strong> equipamento usa<strong>do</strong> é um pouco diferente da que foi reportada por<br />

Murphy [18], apresentan<strong>do</strong> um cone <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> reflexão especular <strong>de</strong> 8°, valor superior ao<br />

que foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> na análise anterior.<br />

A espessura <strong>do</strong> filme, a rugosida<strong>de</strong> da superfície, σ0, e o comprimento <strong>de</strong> autocorrelação, τ,<br />

foram estima<strong><strong>do</strong>s</strong> recorren<strong>do</strong> à técnica <strong>de</strong> perfilometria. Efectuou‐se um corte no material (até<br />

atingir o substrato <strong>de</strong> vidro), e outro numa zona da amostra que apenas contivesse Mo, e<br />

colocou‐se a amostra no interior da câmara <strong>do</strong> perfilómetro. Em seguida, estabeleceu‐se a<br />

distância <strong>de</strong> varrimento da agulha (zona <strong>de</strong> interesse) e obteve‐se o padrão <strong>do</strong> perfil em várias<br />

zonas da amostra. Proce<strong>de</strong>u‐se <strong>de</strong> igual mo<strong>do</strong> para a zona da amostra que continha apenas a<br />

camada <strong>de</strong> Mo, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a po<strong>de</strong>r‐se subtrair a sua espessura. É <strong>de</strong> notar que os valores obti<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

são fruto <strong>de</strong> uma estimativa, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ter uma gran<strong>de</strong> influência nos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, por<br />

eventualmente não se a<strong>de</strong>quarem à realida<strong>de</strong>. Os valores introduzi<strong><strong>do</strong>s</strong>, quer no cálculo numérico<br />

<strong>de</strong> Rcd, quer no algoritmo SPG, apresentam‐se na tabela 3.<br />

34


Tabela 2 – Proprieda<strong>de</strong>s das amostras <strong>de</strong> TiO 2 sobre substrato <strong>de</strong> Mo: espessura, h, rms da rugosida<strong>de</strong> da superfície, σ 0<br />

e comprimento <strong>de</strong> autocorrelação, τ.<br />

Amostra h (nm) σ0 (nm) τ (nm)<br />

1<br />

2<br />

3100<br />

2670<br />

227 45000<br />

Os gráficos da reflectância difusa e da reflectância especular adquiri<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

experimentalmente, para as duas amostras, constam na figura 23 (a). Na mesma figura apresenta‐<br />

se a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Rcd com o comprimento <strong>de</strong> onda, <strong>de</strong>terminada numericamente recorren<strong>do</strong><br />

aos valores <strong>de</strong> n(TiO2) e k(TiO2) usa<strong><strong>do</strong>s</strong> no capítulo anterior. Na figura 23 (b) apresenta‐se um<br />

gráfico da reflectância difusa <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> Mo <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> num substrato <strong>de</strong> vidro, com o<br />

objectivo <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r analisar as diferenças entre a reflectância das duas camadas (figura 23 (b)).<br />

O comportamento da reflectância para estas amostras difere significativamente <strong><strong>do</strong>s</strong> da<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

experimentais que se utilizaram no capítulo anterior, uma vez que entre os 250‐320 nm esta toma<br />

o valor mínimo, aumenta<strong>do</strong> abruptamente ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> 100 nm seguintes, voltan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>crescer,<br />

<strong>de</strong>sta vez <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> mais suave, até ao final <strong>do</strong> espectro. Essa diferença po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ver‐se quer<br />

à pasta <strong>de</strong> TiO2 utilizada, ao méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição usa<strong>do</strong> ou ao tipo <strong>de</strong> substrato utiliza<strong>do</strong>. Em<br />

primeiro lugar, como já foi menciona<strong>do</strong>, estes filmes <strong>de</strong> TiO2 cristalizaram sob a estrutura anatáse,<br />

a qual difere da rutilo estudada anteriormente. Em segun<strong>do</strong>, o próprio tamanho <strong><strong>do</strong>s</strong> grãos <strong>de</strong> TiO2<br />

po<strong>de</strong>rá ser diferente, o que também tem interferência nos resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>. Também é necessário ter<br />

em atenção que o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição usa<strong>do</strong> é diferente, e tal como foi reporta<strong>do</strong> inúmeras<br />

vezes, isso influencia gran<strong>de</strong>mente os coeficientes <strong>de</strong> reflexão das amostras, e<br />

consequentemente, a sua reflectância. Por fim, o facto <strong>de</strong> o substrato ser <strong>de</strong> Mo po<strong>de</strong>rá ter ti<strong>do</strong><br />

influência, possivelmente através <strong>de</strong> reacções que po<strong>de</strong>rão ter ocorri<strong>do</strong> na fase <strong>do</strong> tratamento<br />

térmico.<br />

a<br />

Figura 23 – Valores experimentais da reflectância total e difusa para (a) as duas amostras analisadas e (b) para o<br />

substrato <strong>de</strong> Mo utiliza<strong>do</strong>. Na figura (a), a vermelho e a azul apresenta‐se o comportamento para a amostra 1 e 2,<br />

respectivamente.<br />

Outro aspecto a ter em conta é a diferença entre a reflectância difusa <strong>do</strong> substrato, e <strong>do</strong><br />

filme nele <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>. O filme <strong>de</strong> Mo apresentava um aspecto espelha<strong>do</strong>, o que levava a crer que<br />

o factor que mais iria contribuir para a reflectância total era a componente especular. Como se<br />

po<strong>de</strong> observar pela figura 23 (b), a reflectância difusa é cerca <strong>de</strong> 50% inferior à reflectância total,<br />

<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> a pre<strong>do</strong>minância da componente especular na reflectância total.<br />

b<br />

35


4.3. Aplicação <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> SPG aos Resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> Experimentais<br />

Perante a discrepância existente entre os valores experimentais e os valores calcula<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

numericamente, surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicar o méto<strong>do</strong> SPG. Contu<strong>do</strong>, os limites para nc e kc<br />

irão ser diferentes, uma vez que estes parâmetros variam com a fase cristalina em causa. Assim,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que 0,5 < nc < 6,5, 10 ‐6 < kc < 2, e 10 1 < s < 10 4 m ‐1 e 10 2 < s < 10 4 m ‐1 , para a primeira<br />

e segunda amostras, respectivamente, e para um máximo <strong>de</strong> 50 000 iterações obtiveram‐se os<br />

resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> da figura 24 (a) e (b) para a amostra 1 e 2, respectivamente. No caso da amostra 1<br />

alcançou‐se a convergência <strong>de</strong> 10 ‐5 , com um valor <strong>de</strong> F final <strong>de</strong> 5,92 10 . Contu<strong>do</strong>, embora<br />

haja boa sobreposição <strong>do</strong> ajuste com os valores experimentais até 700 nm, após esse valor<br />

observa‐se que o ajuste fica aquém <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>. Varian<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> convergência não<br />

produziu variações significativas nesta zona, o que po<strong>de</strong>rá indicar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> optimizar as<br />

restrições <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros em análise. Já para a amostra 2, o ajuste já não segue o<br />

comportamento <strong><strong>do</strong>s</strong> valores experimentais como no primeiro caso, notan<strong>do</strong>‐se maior divergência<br />

para baixos comprimentos <strong>de</strong> onda (até 370 nm) e na gama entre os 400 e 460 nm. O valor <strong>de</strong> F<br />

obti<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 1,21 10 . Para melhorar os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>de</strong>ver‐se‐ia aumentar o número máximo<br />

<strong>de</strong> iterações, assim como efectuar um estu<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> limites permiti<strong><strong>do</strong>s</strong> para cada um<br />

<strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros envolvi<strong><strong>do</strong>s</strong> no méto<strong>do</strong>.<br />

a b<br />

Figura 24 – Reflectância difusa <strong>de</strong>terminada numericamente (a ver<strong>de</strong>) medida experimentalmente (a azul) e ajuste<br />

efectua<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> SPG (a vermelho) para a amostra 1 (a) e para a amostra 2 (b). Efectuaram‐se 50000<br />

iterações sem atingir convergência.<br />

Os gráficos da figura 25 <strong>de</strong>screvem o comportamento <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros que foram<br />

optimiza<strong><strong>do</strong>s</strong> pela <strong>aplicação</strong> <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> SPG. Em relação ao coeficiente <strong>de</strong> absorção, este<br />

apresenta um valor inferior ao inicial, para ambas as amostras (figura 25 (a)), sen<strong>do</strong> bastante<br />

irregular no caso da segunda amostra. Para esta, entre os 420 e os 446 nm, verifica‐se que há um<br />

aumento <strong>de</strong>ste coeficiente. Tal não seria <strong>de</strong> esperar, dadas as restrições impostas ao longo da<br />

execução <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. O índice <strong>de</strong> refracção também <strong>de</strong>monstra um comportamento<br />

relativamente irregular e que se afasta muito <strong>do</strong> inicial (figura 25 (b)), nomeadamente para baixos<br />

comprimentos <strong>de</strong> onda (até 360 nm), em que toma valores entre 0,7 e 1,5, aumentan<strong>do</strong><br />

consi<strong>de</strong>ravelmente ao longo <strong><strong>do</strong>s</strong> 50 nm seguintes, on<strong>de</strong> atinge o valor máximo (cerca <strong>de</strong> 6),<br />

<strong>de</strong>crescen<strong>do</strong> em seguida <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> regular até atingir um valor próximo <strong>do</strong> inicial (nc=2,63) no<br />

caso da segunda amostra, e um valor ligeiramente mais baixo no caso da primeira (nc=2,02). Tal<br />

como já foi menciona<strong>do</strong>, este parâmetro também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> estrutura cristalina<br />

em causa, assim como <strong>do</strong> tamanho <strong><strong>do</strong>s</strong> grãos que compõem o filme e <strong>do</strong> próprio tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição efectuada. Assim, perante o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> valor teórico <strong>de</strong>sta variável para este<br />

caso, não é possível afirmar se o ajuste está, ou não, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o espera<strong>do</strong>. Por fim, os<br />

36


coeficientes <strong>de</strong> dispersão (figura 25 (c)) também apresentam uma variação muito irregular, ao<br />

longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o espectro. Neste caso, é necessário ter em atenção o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição que foi<br />

efectua<strong>do</strong> e o tratamento térmico a que o filme foi sujeito. Estes factores irão interferir na<br />

morfologia <strong>do</strong> filme, na distância entre grãos, na sua regularida<strong>de</strong> e uniformida<strong>de</strong>. Assim, o tipo<br />

<strong>de</strong> dispersão envolvida po<strong>de</strong>rá variar. Este ponto <strong>de</strong>veria ser estuda<strong>do</strong> com maior profundida<strong>de</strong>,<br />

analisan<strong>do</strong> a morfologia das amostras através <strong>de</strong> microscopia electrónica <strong>de</strong> varrimento (SEM), ou<br />

recorren<strong>do</strong> a um microscópio <strong>de</strong> força atómica (AFM), por exemplo.<br />

a<br />

b<br />

c<br />

Figura 25 – Variação <strong>de</strong> (a) coeficiente <strong>de</strong> extinção, (b) índice <strong>de</strong> refracção e (c) coeficiente <strong>de</strong> dispersão com o<br />

comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte, para ambas as amostras. As linhas a traceja<strong>do</strong> representam os valores<br />

iniciais e as linhas com traço‐ponto o melhor ajuste. Os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> da amostra 1 e da amostra 2 apresentam‐se a<br />

vermelho e a ver<strong>de</strong>, respectivamente.<br />

Em relação à espessura das amostras, o valor obti<strong>do</strong> após a <strong>aplicação</strong> <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> é superior<br />

ao valor inicial em ambos os casos. Obteve‐se uma espessura <strong>de</strong> 3590 nm e 3324 nm para a<br />

amostra 1 e 2, respectivamente.<br />

O gráfico <strong>de</strong> Tauc, apresenta<strong>do</strong> na figura 26, evi<strong>de</strong>ncia a <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong><br />

absorção, k, com a energia <strong>de</strong> fotão inci<strong>de</strong>nte. O comportamento observa<strong>do</strong> é muito irregular,<br />

contu<strong>do</strong>, efectuan<strong>do</strong> um ajuste linear na região em que o coeficiente <strong>de</strong> absorção se aproxima <strong>de</strong><br />

zero, é possível estimar a energia <strong>de</strong> hiato das amostras estudadas.<br />

37


Figura 26 – Gráfico <strong>de</strong> Tauc para as duas amostras.<br />

No caso da amostra 1, obteve‐se uma energia <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> 3,27 eV, e para a amostra 2 uma<br />

energia <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> 3,18 eV. Estes valores estão muito próximos <strong>do</strong> que já foi reporta<strong>do</strong>: uma<br />

energia <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> 3,2 eV para a estrutura anatáse [5]. Embora os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> estejam próximos,<br />

ainda se verifica uma diferença que não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar. Aumentan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> pontos em<br />

análise, o número <strong>de</strong> iterações <strong>do</strong> programa, e efectuan<strong>do</strong> as alterações mencionadas no capítulo<br />

anterior, bem como uma análise mais aprofundada <strong><strong>do</strong>s</strong> efeitos <strong>de</strong> cada restrição, prevê‐se que<br />

estes valores se aproximem mais, dan<strong>do</strong> mais credibilida<strong>de</strong> ao valor da energia <strong>de</strong> hiato obti<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, para se obter maior confiança em relação ao algoritmo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ver‐se‐ia<br />

proce<strong>de</strong>r à análise <strong>de</strong> mais amostras, em primeira abordagem, com energias <strong>de</strong> hiato conhecidas,<br />

para se po<strong>de</strong>r confirmar a aplicabilida<strong>de</strong>, e em segunda, partir para novos materiais<br />

semicondutores.<br />

38


5. Conclusões<br />

O estu<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s ópticas <strong>de</strong> filmes finos opacos nem sempre se revela uma tarefa<br />

fácil. Nesse contexto, surgem diferentes méto<strong><strong>do</strong>s</strong> computacionais que permitem inferir quanto<br />

aos parâmetros estuda<strong><strong>do</strong>s</strong>, entre os quais o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kubelka‐Munk. Este <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> tem si<strong>do</strong><br />

adapta<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo, consoante as necessida<strong>de</strong>s foram surgin<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> hoje em dia<br />

aplicável a filmes finos, opacos e <strong>de</strong> superfícies opticamente rugosas.<br />

Ao longo <strong>de</strong>ste ano <strong>de</strong> trabalho, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong> raiz um algoritmo computacional que<br />

implementou as equações inerentes ao méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kubelka‐Munk modifica<strong>do</strong> para o tipo <strong>de</strong><br />

amostras em causa, assim como <strong>do</strong>is méto<strong><strong>do</strong>s</strong> diferentes: um <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> luz – o<br />

<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> BRDF (função <strong>de</strong> distribuição bidireccional da reflectância) e outro <strong>de</strong> minimização <strong>de</strong><br />

funções – o méto<strong>do</strong> SPG (gradiente espectral projecta<strong>do</strong>). A execução <strong>de</strong>ste algoritmo revelou ser<br />

uma tarefa algo complexa, em primeiro lugar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos conceitos teóricos que estão por trás, e a<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas expressões e em segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminadas incoerências que se<br />

encontraram na bibliografia, o que resultou em entraves por vezes difíceis <strong>de</strong> ultrapassar.<br />

Contu<strong>do</strong>, a tarefa acabou por se tornar compensa<strong>do</strong>ra, uma vez que os conhecimentos<br />

adquiri<strong><strong>do</strong>s</strong>, assim como os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> a que se chegou foram muito motiva<strong>do</strong>res.<br />

Numa primeira fase preten<strong>de</strong>u‐se testar a valida<strong>de</strong> <strong>do</strong> algoritmo, analisan<strong>do</strong> da<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong><br />

publicações e tentan<strong>do</strong> confirmar os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> referencia<strong><strong>do</strong>s</strong>. Embora não se tenha atingi<strong>do</strong> a<br />

mesma solução, os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> obti<strong><strong>do</strong>s</strong> estão muito próximos <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>. Até ao momento, o<br />

<strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> apresenta falhas na gama em que a absorção se aproxima <strong>de</strong> zero, a qual constitui uma<br />

região <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para o cálculo da energia <strong>de</strong> hiato. Consi<strong>de</strong>ra‐se, contu<strong>do</strong>, que com a<br />

optimização <strong>do</strong> algoritmo, esta situação seja ultrapassada, e os objectivos propostos sejam<br />

atingi<strong><strong>do</strong>s</strong>.<br />

Aplican<strong>do</strong> o algoritmo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a duas amostras <strong>de</strong>positadas no laboratório,<br />

obtiveram‐se valores <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> hiato muito aproxima<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>de</strong> 3,27 eV e 3,18 eV, apesar da<br />

estimativa <strong><strong>do</strong>s</strong> valores iniciais <strong>de</strong> n(TiO2) e k(TiO2) na fase anatáse não estar correcta, e <strong>de</strong> a<br />

estimativa <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros σ0, τ e h ser bastante grosseira. Esse facto é motiva<strong>do</strong>r para continuar<br />

a explorar este méto<strong>do</strong>, e aplicá‐lo a outros casos <strong>de</strong> materiais semicondutores, para os quais o<br />

valor da energia <strong>de</strong> hiato ainda seja um parâmetro <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>.<br />

Em termos <strong>de</strong> trabalho futuro, será <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a optimização o algoritmo para que este<br />

se torne mais rápi<strong>do</strong> e fiável, aplican<strong>do</strong> outras técnicas <strong>de</strong> busca no méto<strong>do</strong> SPG, implementan<strong>do</strong><br />

outros mo<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>de</strong> calcular os integrais e as <strong>de</strong>rivadas. Também se <strong>de</strong>verão analisar os da<strong><strong>do</strong>s</strong> com<br />

maior precisão, efectuar um estu<strong>do</strong> mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> em relação ao índice <strong>de</strong> refracção, à<br />

espessura das amostras, σ0 e τ. Estudar a influência <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> pasta usada, o tamanho das<br />

esferas e o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Também terá interesse proce<strong>de</strong>r‐se a uma análise <strong><strong>do</strong>s</strong> erros<br />

associa<strong><strong>do</strong>s</strong> aos valores obti<strong><strong>do</strong>s</strong> através <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, e a sensibilida<strong>de</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros que se<br />

analisaram. Por fim, esten<strong>de</strong>r a sua <strong>aplicação</strong> no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> materiais semicondutores diferentes,<br />

numa primeira fase, ten<strong>do</strong> conhecimento prévio <strong><strong>do</strong>s</strong> parâmetros que se estão a analisar, e numa<br />

segunda, estudar materiais cuja energia <strong>de</strong> hiato seja ainda <strong>de</strong>sconhecida.<br />

39


6. Anexos<br />

6.1. Coeficientes <strong>de</strong> Fresnel para Dois Meios Absorventes<br />

Nesta secção efectua‐se a <strong>de</strong>dução das equações <strong><strong>do</strong>s</strong> coeficientes <strong>de</strong> Fresnel para a interface entre<br />

<strong>do</strong>is meios absorventes, conforme esquematiza<strong>do</strong> na figura 27.<br />

Figura 27 – Representação esquemática da reflexão e refracção <strong>de</strong> uma onda electromagnética plana na fronteira<br />

entre <strong>do</strong>is meios absorventes. Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> [19]<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os meios possuem índices <strong>de</strong> refracção complexos ni=n1+ik1 e nt=n2+ik2, a<br />

amplitu<strong>de</strong> no plano <strong>de</strong> incidência e no pla no perpendi cular a este é, respectivamente, dada por:<br />

e<br />

tan tan sin sin Por outro la<strong>do</strong>, a partir da lei d e Snell obtém‐se:<br />

sin sin sin sin Usan<strong>do</strong> a equação fundamental da trigonometria, e após alguma manipulação<br />

algébrica, obtém‐se:<br />

cos / <br />

<br />

on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rou que <br />

. Da equação (A.2) tem‐ s e que<br />

<br />

sin <br />

sin sin cos sin cos <br />

sin cos sin cos <br />

Multiplican<strong>do</strong> e dividin<strong>do</strong> por N, ch ega‐se<br />

à equação:<br />

cos <br />

cos <br />

Substituin<strong>do</strong> nas equaçõ es (A.1) e ( A.2), obtém‐se :<br />

<br />

<br />

<br />

θr<br />

θi<br />

<br />

<br />

n1 + ik1<br />

0<br />

2 cos <br />

<br />

<br />

2 cos (A.1)<br />

(A.2)<br />

(A.3)<br />

(A.4)<br />

(A.5)<br />

(A.6)<br />

(A.7)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, saben<strong>do</strong> que tan sin⁄ cos , facilmente se obtém:<br />

θt<br />

n2 + ik2<br />

z<br />

41


cos Após alguma manipulação algébrica,<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

cos <br />

<br />

cos cos <br />

2sin 2sin Em que correspon<strong>de</strong> à multiplicação da equação 29 pelo seu complexo conjuga<strong>do</strong> e 2a não<br />

é mais que a soma entre o número complexo e o seu conjuga<strong>do</strong>. Estes cálculos foram efectua<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

directamente no MatLab.<br />

6.2. Derivadas Parciais da Reflectância Difusa<br />

Nesta secção apresentam‐se as expressões obtidas para as <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> Rcd em função das variáveis<br />

em estu<strong>do</strong>.<br />

• Derivada da reflectância dif usa em or<strong>de</strong>m ao coefic iente <strong>de</strong> dispersão,<br />

S:<br />

1 <br />

<br />

1<br />

⁄<br />

<br />

1 (A.8)<br />

(A.9)<br />

⁄ ⁄ coth<br />

coth⁄ <br />

coth coth 1 coth⁄ ⁄ coth<br />

coth⁄ <br />

coth coth <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

(A.10)<br />

(A.11)<br />

(A.12)<br />

<br />

csch (A.13)<br />

<br />

<br />

2 1<br />

• Derivada da reflectância dif usa em or<strong>de</strong>m à espessura da amostra, h:<br />

1 <br />

<br />

1<br />

⁄<br />

<br />

1 coth⁄ coth<br />

coth 1 coth coth⁄ <br />

coth ⁄ (A.14)<br />

<br />

(A.15)<br />

(A.16)<br />

42


coth <br />

csch<br />

<br />

(A.17)<br />

• Derivada da reflectância dif usa em or<strong>de</strong>m ao coefic iente <strong>de</strong> extinção,<br />

K:<br />

1 <br />

<br />

1<br />

⁄<br />

<br />

1 / ⁄ coth coth⁄ <br />

coth coth 1 coth⁄ ⁄ coth<br />

coth⁄ <br />

coth <br />

<br />

1<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

2 1<br />

<br />

<br />

8<br />

<br />

(A.18)<br />

(A.19)<br />

(A.20)<br />

⁄ (A.21)<br />

(A.22)<br />

• Derivada da reflectância difusa em or<strong>de</strong>m aos coeficientes <strong>de</strong> reflexão, usa<strong><strong>do</strong>s</strong> nas expressões das<br />

<strong>de</strong>rivadas parciais em or<strong>de</strong>m a nc e kc (equa ções 63 e 64):<br />

<br />

1 <br />

1 1 <br />

1 <br />

1 1 1 1<br />

1<br />

1<br />

<br />

1 1 <br />

1<br />

<br />

⁄ 1 coth coth coth (A.23)<br />

(A.24)<br />

(A.25)<br />

(A.26)<br />

(A.27)<br />

coth 43


6.3. Fluxogramas <strong><strong>do</strong>s</strong> algoritmos spg e ls<br />

Fbest=F;<br />

Zbest=Z;<br />

sim<br />

F < Fbest?<br />

não<br />

Calcula o novo parâmetro λ:<br />

λ=max(λ min,min(sts/sty,λ max))<br />

Projecta e calcula a norma superior:<br />

gp=proj(gp)<br />

gp=gp‐Z;<br />

gpsupn=max(gpsupn,(abs(gp)));<br />

Figura 28 – Fluxograma associa<strong>do</strong> ao algoritmo spg.<br />

Parâmetros <strong>de</strong> entrada:<br />

n, Z, ε, maxit, maxfc, iprint, λ, ns, k s, R cd_exp<br />

Consi<strong>de</strong>ra<br />

m=100;<br />

λmin=10 ‐30 ; λ max=10 30<br />

Calcula RDDS, RCCF, RCDF,<br />

RDDB, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>:<br />

n c1=1:0,2:5,2<br />

kc1=0:0,2:2,2<br />

Projecta a estimativa inicial:<br />

Z=proj(Z);<br />

calcula<br />

F=evalf(Z);<br />

g=evalg(Z);<br />

no ponto inicial<br />

Determina a norma superior e projecta‐a:<br />

gp= Z‐g;<br />

gp=proj(gp);<br />

gp=gp‐Z;<br />

gpsupn=max(gpsupn,abs(gp(i))<br />

Determina<br />

s=znew‐z;<br />

y=gnew‐g;<br />

s,s; y,y<br />

If gpsupn>ε<br />

iter


Parâmetros <strong>de</strong> entrada:<br />

n, Z, F, g, d, m, lastfv, maxfc, fcnt, λ, ns, k s, R cd_exp<br />

α =α/2;<br />

Figura 29 – Fluxograma associa<strong>do</strong> ao algoritmo ls.<br />

Define<br />

γ=10 ‐4 ;<br />

α=1;<br />

Calcula<br />

Fmax = max(fmax,lastfv);<br />

Gtd=gtd + g.d<br />

Znew=Z + α.d;<br />

Fnew=evalf(Znew);<br />

if Fnew>Fmax+γ.α.gtd;<br />

fcnt


7. Referências<br />

1. Sze, S.M. and K.K. Ng, Physics of Semiconductor Devices. 3rd ed. 2007: Wiley Interscience<br />

(John Wiley & Sons, Inc.).<br />

2. Gerthsen, C., Kneser, and H. Vogel, Física. 2ª ed. 1998: Fundação Calouste Gulbenkian.<br />

3. Nelson, J., The Physics of Solar Cells. 2003, UK: Imperial College Press.<br />

4. Rath, C., et al., Oxygen vacancy induced structural phase transformation in TiO2<br />

nanoparticles. J. Phys. D: Appl. Phys., 2009. 42: p. 6.<br />

5. Hossain, F.M., et al., Optical properties of anatase and rutile titanium dioxi<strong>de</strong>: Ab initio<br />

calculations for pure and anion‐<strong>do</strong>ped material. Journal of Physics and Chemistry of<br />

Solids, 2008. 69(7): p. 1820‐1828.<br />

6. Flory, F.R., Thin Films for Optical Systems. Optical Engineering. Vol. 49. 1995, New York:<br />

Marcel Dekker, Inc.<br />

7. Pighini, C., Synthèses <strong>de</strong> nanocristaux <strong>de</strong> TiO2 anatase à distribuition <strong>de</strong> taille contrôlée, in<br />

Sciences 2006, Université <strong>de</strong> Bourgogne.<br />

8. Tanemura, S., et al., Fabrication and characterization of anatase/rutile‐TiO2 thin films by<br />

magnetron sputtering: a review. Science and Technology of Advanced Materials, 2005.<br />

6(1): p. 11‐17.<br />

9. Znaidi, L., et al., A semi‐continuous process for the synthesis of nanosize TiO2 pow<strong>de</strong>rs and<br />

their use as photocatalysts. Materials Research Bulletin, 2001. 36(5‐6): p. 811‐825.<br />

10. Gratzel, M., Photoelectrochemical cells. Nature, 2001. 414(6861): p. 338‐344.<br />

11. Baraton, M.‐I. and L. Merhari, Surface chemistry of TiO2 nanoparticles: influence on<br />

electrical and gas sensing properties. Journal of the European Ceramic Society, 2004. 24:<br />

p. 1399‐1404.<br />

12. Aliev, A.E. and H.W. Shin, Nanostructured materials for electrochromic <strong>de</strong>vices. Solid State<br />

Ionics, 2002. 154: p. 425‐431.<br />

13. Dinh, N.N., et al., Electrochromic properties of TiO2 anatase thin films prepared by a<br />

dipping sol‐gel method. Thin Solid Films, 2003. 423(1): p. 70‐76.<br />

14. Murphy, A.B., Band‐gap <strong>de</strong>termination from diffuse reflectance measurements of<br />

semiconductor films, and application to photoelectrochemical water‐splitting. Solar<br />

Energy Materials and Solar Cells, 2007. 91(14): p. 1326‐1337.<br />

15. Shanthi, E., et al., Electrical and Optical‐Properties of Un<strong>do</strong>ped and Antimony‐Doped Tin<br />

Oxi<strong>de</strong>‐Films. Journal of Applied Physics, 1980. 51(12): p. 6243‐6251.<br />

16. Hasan, M.M., et al., Effects of Annealing Treatment on Optical Properties of Anatase TiO2<br />

Thin Films. International Journal of Natural Sciences and Engineering, 2008. 1(2).<br />

17. Fujiwara, H., Spectroscopic Ellipsometry: Principles and Applications. 2007: John Wiley &<br />

Sons Ltd.<br />

18. Murphy, A.B., Modified Kubelka‐Munk mo<strong>de</strong>l for calculation of the reflectance of coatings<br />

with optically‐rough surfaces. Journal of Physics D‐Applied Physics, 2006. 39(16): p. 3571‐<br />

3581.<br />

19. Wendlandt, W.W. and H.G. Hecht, Reflectance Spectroscopy. 1966, New York:<br />

Interscience (Wiley Interscience).<br />

20. Murphy, A.B., Optical properties of an optically rough coating from inversion of diffuse<br />

reflectance measurements. Applied Optics, 2007. 46(16): p. 3133‐3143.<br />

21. Jenkins, F. and H. White, Fundamentals of Optics. 3rd ed. 1957: McGraw‐Hill Book<br />

Company, Inc.<br />

22. Vargas, W.E., D.E. Azofeifa, and N. Clark, Retrieved optical properties of thin films on<br />

absorbing substrates from transmittance measurements by application of a spectral<br />

projected gradient method. Thin Solid Films, 2003. 425(1‐2): p. 1‐8.<br />

47


23. Vargas, W.E., et al., Optical and electrical properties of hydri<strong>de</strong>d palladium thin films<br />

studied by an inversion approach from transmittance measurements. Thin Solid Films,<br />

2006. 496(2): p. 189‐196.<br />

24. Burgers, A.R., Optical measurement on transparent sheet‐ and sandwich samples:<br />

<strong>de</strong>termining the optical properties n(λ) and k(λ) from reflection and transmission<br />

measurements. 2001, ECN ‐ R.<br />

25. Saun<strong>de</strong>rson, J.L., Calculation of the color of pigmented plastics. Journal of the Optical<br />

Society of America, 1942. 32(12): p. 727‐736.<br />

26. van Gemert M. J. C., Welch A. J., and S.W. M., Tissue optics for a slab geometry in the<br />

diffusion approximation. Lasers Mater. Sci., 1987. 2.<br />

27. Poirier, G., Human Skin Mo<strong>de</strong>lling and Ren<strong>de</strong>ring, in Computer Science. 2003, Waterloo<br />

University.<br />

28. Sardar, D.K. and L.B. Levy, Comparative evaluation of absorption coefficients of KCl:Eu2+<br />

and CaF2:Eu2+ using a spectrophotometer and an integrating sphere. Journal of Applied<br />

Physics, 1996. 79(3): p. 1759‐1762.<br />

29. Yang, L. and R.D. Hersch, Kubelka‐Munk mo<strong>de</strong>l for imperfectly diffuse light distribution in<br />

paper. Journal of Imaging Science and Technology, 2008. 52(3): p. ‐.<br />

30. Orel, Z.C., M.K. Gun<strong>de</strong>, and B. Orel, Application of the Kubelka‐Munk theory for the<br />

<strong>de</strong>termination of the optical properties of solar absorbing paints. Progress in Organic<br />

Coatings, 1997. 30(1‐2): p. 59‐66.<br />

31. Nayar, S.K., K. Ikeuchi, and T. Kana<strong>de</strong>, Surface Reflection ‐ Physical and Geometrical<br />

Perspectives. Ieee Transactions on Pattern Analysis and Machine Intelligence, 1991. 13(7):<br />

p. 611‐634.<br />

32. Beckmann, P. and A. Spizzichino, The Scattering of Electromagnetic Waves from Rough<br />

Surfaces. 1987, Norwood: Artech House.<br />

33. Kubelka, P., New Contributions to the Optics of Intensely Light‐Scattering Materials .1.<br />

Journal of the Optical Society of America, 1948. 38(5): p. 448‐457.<br />

34. Kubelka, P. and F. Munk, Ein Beitrag zur Optik <strong>de</strong>r Farbanstriche. Z. Tech. Phys. (Leipzig),<br />

1931. 12: p. 593‐601.<br />

35. Vargas, W.E., Inversion methods from Kubelka‐Munk analysis. Journal of Optics a‐Pure<br />

and Applied Optics, 2002. 4(4): p. 452‐456.<br />

36. Vargas, W.E. and G.A. Niklasson, Applicability conditions of the Kubelka‐Munk theory.<br />

Applied Optics, 1997. 36(22): p. 5580‐5586.<br />

37. Hecht, E., Óptica. 3ª ed, ed. F.C. Gulbenkian. 2002.<br />

38. Ferreira, M., Óptica e Fotónica. 1ª ed, ed. Li<strong>de</strong>l. 2003.<br />

39. Bohren, C.F., Applicability of Effective‐Medium Theories to Problems of Scattering and<br />

Absorption by Nonhomogeneous Atmospheric Particles. Journal of the Atmospheric<br />

Sciences, 1986. 43(5): p. 468‐475.<br />

40. He, X.D., et al., A Comprehensive Physical Mo<strong>de</strong>l for Light‐Reflection. Siggraph 91<br />

Conference Proceedings, 1991. 25: p. 175‐186.<br />

41. Spiegel, M.R., S. Lipschutz, and J. Liu, Mathematical Handbook of Formulas and Tables.<br />

3rd ed. 2009: McGraw‐Hill.<br />

42. Birgin, E.G., J.M. Martinez, and M. Raydan, Nonmonotone spectral projected gradient<br />

methods on convex sets. Siam Journal on Optimization, 2000. 10(4): p. 1196‐1211.<br />

43. Yu, Z.S., Solving bound constrained optimization via a new nonmonotone, spectral<br />

projected gradient method. Applied Numerical Mathematics, 2008. 58(9): p. 1340‐1348.<br />

44. Crema, A., M. Loreto, and M. Raydan, Spectral projected subgradient with a momentum<br />

term for the Lagrangean dual approach. Computers & Operations Research, 2007. 34(10):<br />

p. 3174‐3186.<br />

48


45. Raydan, M., The Barzilai and Borwein gradient method for the large scale unconstrained<br />

minimization problem. Siam Journal on Optimization, 1997. 7(1): p. 26‐33.<br />

46. Dai, Y.H., J.Y. Yuan, and Y.X. Yuan, Modified two‐point stepsize gradient methods for<br />

unconstrained optimization. Computational Optimization and Applications, 2002. 22(1): p.<br />

103‐109.<br />

47. Bonettini, S., R. Zanella, and L. Zanni, A scaled gradient projection method for constrained<br />

image <strong>de</strong>blurring. Inverse Problems, 2009. 25(1): p. ‐.<br />

48. Bello, L. and M. Raydan, Convex constrained optimization for the seismic reflection<br />

tomography problem. Journal of Applied Geophysics, 2007. 62(2): p. 158‐166.<br />

49. Birgin, E.G. TANGO project (Trustable Algorithms for Nonlinear General Optimization).<br />

2008 [cited 01.12.2009]; Available from:<br />

http://www.ime.usp.br/~egbirgin/tango/in<strong>de</strong>x.php.<br />

50. Grippo, L., F. Lampariello, and S. Lucidi, A Nonmonotone Line Search Technique for<br />

Newton Method. Siam Journal on Numerical Analysis, 1986. 23(4): p. 707‐716.<br />

51. Birgin, E.G., J.M. Martinez, and M. Raydan, Algorithm 813: SPG ‐ Software for convex‐<br />

constrained optimization. Acm Transactions on Mathematical Software, 2001. 27(3): p.<br />

340‐349.<br />

52. Dennis, J.E.J. and R.B. Schnabel, Numerical Methods for Unconstrained Optimization and<br />

Nonlinear Equations, ed. C.I.A. Mathematics. Vol. 16. 1996: SIAM.<br />

53. Ito, S., et al., Fabrication of thin film dye sensitized solar cells with solar to electric power<br />

conversion efficiency over 10%. Thin Solid Films, 2008. 516(14): p. 4613‐4619.<br />

54. SOPRA. http://www.sopra‐sa.com/metrology‐tools‐manufacture.php. 2006 [cited<br />

29.Outubro.2009].<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!