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Vingamento em Cerejeiras 2011 - Cerfundão

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VINGAMENTO EM CEREJEIRAS<br />

(Floração, Polinização e Fecundação)<br />

Considerações Gerais


ÍNDICE<br />

- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

1 – Introdução ................................................................................................................. 2<br />

2 – A Biologia da floração .............................................................................................. 2<br />

3 – O processo de polinização ........................................................................................ 4<br />

4 – Período Efectivo de Polinização .............................................................................. 5<br />

5 – Eventos importantes no vingamento ....................................................................... 6<br />

6 - Factores que afectam o vingamento ........................................................................ 7<br />

6.1 - Efeito das condições climáticas no vingamento ................................................... 7<br />

6.2 – Sist<strong>em</strong>a de incompatibilidade gametofítica (GSI) - Esterilidade do pólen ....... 11<br />

6.3 – A importância das s<strong>em</strong>entes .............................................................................. 13<br />

6.4 – Competição entre os órgãos e os frutos ............................................................. 14<br />

6.4.1 – Competição entre os órgãos vegetativos e produtivos................................ 14<br />

6.4.2 – Competição entre os órgãos produtivos...................................................... 15<br />

6.5 – A influência das intervenções fitotécnicas na queda dos frutos ........................ 16<br />

6.5.1 – Nutrição ...................................................................................................... 16<br />

6.5.2 – O uso de reguladores de crescimento para aumentar o vingamento ........... 17<br />

6.5.3 – Intercepção de luz e ensombramentos ........................................................ 19<br />

6.5.4 – Pragas e doenças ......................................................................................... 19<br />

6.5.5 – Regulação da disponibilidade hídrica ......................................................... 20<br />

7 - Bibliografia .............................................................................................................. 23<br />

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1 – Introdução<br />

- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

O processo que marca a transição do ovário da flor ao fruto <strong>em</strong> desenvolvimento<br />

denomina-se vingamento (Figura 1)<br />

des<strong>em</strong>penhando um papel<br />

fundamental na produção frutícola<br />

moderna. Uma boa produção só pode<br />

ser obtida se as condições para a<br />

polinização e vingamento for<strong>em</strong><br />

favoráveis. No entanto, as flutuações<br />

produtivas são um sério probl<strong>em</strong>a<br />

que afecta as zonas mais t<strong>em</strong>peradas<br />

das regiões produtoras de cereja.<br />

Figura 1 – Frutos recém vingados<br />

O vingamento envolve uma série complexa de eventos, nenhum dos quais pode<br />

ser limitante no processo global. Tendo uma fonte de pólen viável, a primeira etapa é a<br />

transferência do pólen, natural ou artificial, para um estigma receptivo. A seguir ocorre<br />

a germinação sendo necessária uma compatibilidade entre o grão de pólen e o pistilo<br />

para o crescimento do tubo polínico. Estes processos são afectados por<br />

condicionalismos ambientais (principalmente a t<strong>em</strong>peratura), nutrição mineral e as<br />

características genéticas da fruteira <strong>em</strong> questão. Ao mesmo t<strong>em</strong>po o saco <strong>em</strong>brionário<br />

desenvolve-se na base do estilete. Posteriormente, a fecundação do ovário deverá<br />

ocorrer com o consequente desenvolvimento do <strong>em</strong>brião até se converter no fruto. Os<br />

processos que envolv<strong>em</strong> o vingamento pod<strong>em</strong> ser agrupados <strong>em</strong> três categorias: a<br />

floração, a polinização e a fecundação e ainda as condições que levam a um vingamento<br />

s<strong>em</strong> fecundação (partenocarpia). Todos os processos ligados à fecundação são afectados<br />

por reguladores hormonais, pela nutrição, pelo tipo de porta-enxerto e pela cultivar que<br />

poderão ser controlados pelo produtor.<br />

2 – A Biologia da floração<br />

A floração é o processo no qual as sépalas e as pétalas da flor se mov<strong>em</strong> e<br />

aumentam progressivamente de tamanho expondo o estigma e os estames (Figura 2).<br />

Quando 12 a 15% das flores estão abertas, ocorre o início da floração; quando 95-100%<br />

das flores estão abertas sucede o fim da floração. As diversas variedades existentes<br />

apresentam períodos de floração distintos sendo que se uma determinada cultiva,<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

supostamente polinizar outra, o seu período de polinização deverá ser coincidente ou<br />

pelo menos terá de apresentar um pequeno período de floração simultâneo para permitir<br />

a transferência de pólen.<br />

A distribuição dos grãos de pólen para os estigmas efectua-se por intermédio de<br />

insectos, principalmente as abelhas, que são atraídos pelos odores e coloração das<br />

formas florais (arquitectura e estrutura) e também pela necessidade de se alimentar<strong>em</strong><br />

do seu pólen ou néctar.<br />

Figura 2 – Corte longitudinal da flor da cerejeira (Stebbins, 2003).<br />

Ao depositar<strong>em</strong> os grãos de pólen no estigma do pistilo inicia-se a germinação.<br />

A exina (a capa externa dos grãos de pólen) abre-se, e a célula vegetativa do tubo<br />

polínico inicia a sua formação alargando progressivamente a intina (a capa interna). O<br />

tubo polínico cresce ao longo do estilete, através dos tecidos de transmissão (dos quais<br />

se vai alimentando) até alcançar o micrópilo libertando as células gaméticas: uma<br />

penetra até à ovocélula, fecundando os protoplastos (plasmogamia) e os núcleos<br />

(cariogamia), enquanto a outra se une ao núcleo secundário do saco <strong>em</strong>brionário. Assim<br />

origina-se o zigoto diplóide na ovocélula e um núcleo endospérmico triplóide no saco<br />

<strong>em</strong>brionário (Figura 3).<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

Figura 3 – Esqu<strong>em</strong>a de um pistilo e do crescimento do tubo polínico (Azcon-Bieto &<br />

Talon, 2000).<br />

O zigoto assim formado divide-se transversalmente, originando várias células<br />

que constitu<strong>em</strong> o pro<strong>em</strong>brião. As primeiras células irão formar o <strong>em</strong>brião enquanto as<br />

restantes formarão o endosperma secundário (o tecido de nutrição e de reserva para o<br />

<strong>em</strong>brião).<br />

3 – O processo de polinização<br />

A auto-incompatibilidade, característica da maioria das cultivares de cerejeira, é<br />

definida como a incapacidade de uma s<strong>em</strong>ente fértil e hermafrodita de produzir zigotos<br />

depois de uma polinização com o próprio pólen que usualmente é geneticamente<br />

inibidor da germinação ou do crescimento do tubo polínico evitando assim a<br />

fecundação. Só um conjunto restrito de variedades é auto-fértil e consegue produzir<br />

s<strong>em</strong>entes viáveis com pólen da mesma. Em variedades auto-férteis a polinização<br />

cruzada origina melhores produções do que a auto-polinização, no entanto esta última<br />

também permite alcançar boas produções daí a sua classificação de auto-férteis. A<br />

capacidade de uma determinada variedade ser classificada de boa polinizadora reside no<br />

potencial de produção de grãos de pólen. Após longos e frios Invernos poucos grãos de<br />

pólen são produzidos. As baixas t<strong>em</strong>peraturas durante o início da Primavera baixam<br />

drasticamente o número de grãos de pólen produzidos b<strong>em</strong> como a sua vitalidade e<br />

qualidade. As t<strong>em</strong>peraturas muito altas durante a Primavera também poderão originar a<br />

esterilidade do pólen produzido.<br />

A qualidade do pólen encontra-se dependente da sua capacidade de<br />

diss<strong>em</strong>inação e de adesão aos órgãos da flor e aos insectos polinizadores principalmente<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

as abelhas (Figura 4). A compatibilidade, a quantidade e qualidade do pólen e a<br />

preferência dada pelas abelhas são características para a grande maioria das variedades.<br />

Assim sendo, condições favoráveis envolvendo estes parâmetros deverão ser<br />

asseguradas antes de iniciar a plantação de um pomar.<br />

Figura 4 – Polinização pelas abelhas <strong>em</strong> flores de cerejeira.<br />

4 – Período Efectivo de Polinização<br />

Em cultivares diplóides, a diferenciação do óvulo coincide com a abertura das<br />

flores mantendo-se durante um determinado período de t<strong>em</strong>po para que o tubo polínico<br />

possa alcançar o saco <strong>em</strong>brionário de maneira a que ocorra a transferência dos gâmetas<br />

masculinos permitindo a fecundação. A velocidade de crescimento dos tubos polínicos é<br />

de grande importância uma vez que o óvulo apresenta um período de vida limitado<br />

coincidente com a abertura das flores e a fertilização dos gâmetas masculinos t<strong>em</strong> que<br />

efectuar-se durante este período para assegurar a fecundação. A duração deste período é<br />

equivalente à longevidade do óvulo entrando <strong>em</strong> consideração com o t<strong>em</strong>po necessário<br />

para que o tubo polínico alcance o saco <strong>em</strong>brionário correspondendo ao Período<br />

Efectivo de Polinização (Figura 5). A polinização que ocorra após este período não<br />

resultará <strong>em</strong> fecundação uma vez que dá-se uma degeneração nos tecidos da placenta<br />

antes de o tubo polínico chegar ao saco <strong>em</strong>brionário existindo diversos factores que<br />

poderão prolongar ou adiantar o crescimento do tubo polínico ou a longevidade do<br />

óvulo.<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

Figura 5 – Período Efectivo de Polinização (Azcon-Bieto & Talon, 2000).<br />

Os óvulos poderão degenerar logo após a abertura das flores ou ficar<strong>em</strong> viáveis<br />

por um longo período de t<strong>em</strong>po. Essa degeneração ocorre mais tarde nos gomos florais<br />

terminais do que nos laterais. Em algumas variedades de cerejeira como é o caso da<br />

“Windsor” mais de metade dos óvulos poderão degenerar <strong>em</strong> 2 dias enquanto 80%<br />

poderão ficar inviáveis <strong>em</strong> 4 dias. Mesmo na plena floração algumas variedades, como a<br />

“Schmit”, contêm apenas 38% de células do ovo viáveis.<br />

5 – Eventos importantes no vingamento<br />

Depois da fecundação, uma sequência importante de fenómenos fisiológicos<br />

ocorr<strong>em</strong> quando o fruto está para vingar e desenvolver-se. O primeiro pré-requisito para<br />

um bom vingamento é o desenvolvimento de bons gomos florais, que ocorre durante a<br />

anterior campanha necessitando de um determinado nível de fotoassimilados e de azoto.<br />

O segundo requerimento baseia-se no intervalo de t<strong>em</strong>peraturas durante e depois da<br />

floração para assegurar uma boa polinização, o crescimento do tubo polínico e uma boa<br />

fecundação. O terceiro factor essencial consiste na disponibilidade de um nível elevado<br />

de fotoassimilados após a fecundação a fim de permitir um bom desenvolvimento do<br />

jov<strong>em</strong> fruto. Se alguns desses factores for<strong>em</strong> deficitários, desenrolar-se-á um mau<br />

vingamento o que originará uma queda da grande maioria dos pequenos frutos.<br />

Geralmente, os bons fruticultores tentam assegurar níveis satisfatórios de factores sob o<br />

seu controlo, nomeadamente, níveis adequados de azoto e a protecção das folhas para<br />

permitir uma boa reserva de fotoassimilados, especialmente durante a Primavera.<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

6 - Factores que afectam o vingamento<br />

Muitos factores são responsáveis pela queda de frutos após a floração resultantes<br />

de distúrbios ocorridos durante o processo de vingamento.<br />

De uma maneira geral, as cerejeiras de maturação tardia apresentam, geralmente<br />

taxas mais elevadas de queda de frutos que é atribuído ao aborto do <strong>em</strong>brião. Nas outras<br />

mais precoces, o aborto do <strong>em</strong>brião ocorre durante a segunda fase de crescimento do<br />

pericarpo, consequent<strong>em</strong>ente, os restantes frutos mantêm-se até atingir<strong>em</strong> a maturação.<br />

As causas do aborto são ocasionadas principalmente pela competição de recursos entre<br />

as jovens s<strong>em</strong>entes e o pericarpo. Nas variedades precoces, a degeneração dos<br />

primórdios das s<strong>em</strong>entes poderão permanecer até à colheita quando o caroço já se<br />

encontra enrugado, onde anomalias s<strong>em</strong>elhantes poderão ocasionar queda de frutos para<br />

as variedades mais tardias.<br />

A queda pr<strong>em</strong>atura de frutos <strong>em</strong> cerejeira poderão ser originadas através de:<br />

anomalias nas flores devido a óvulos inviáveis, partenocarpia (formação de frutos s<strong>em</strong><br />

ocorrência de fecundação e consequente formação de s<strong>em</strong>ente) e frutos com <strong>em</strong>brião<br />

subdesenvolvido. Em algumas variedades como é o caso da ‘Napoleão’ a queda de<br />

frutos próximo da colheita poderá estar relacionada com a degeneração do endosperma.<br />

No entanto, a queda de frutos próximo da colheita apenas se observa <strong>em</strong> variedades<br />

muito produtivas com tendência para elevados vingamentos.<br />

De seguida serão analisados mais ao pormenor os principais factores<br />

influenciadores da taxa de vingamento nas cerejeiras.<br />

6.1 - Efeito das condições climáticas no vingamento<br />

A polinização é afectada pelas características ambientais, sobretudo pela<br />

t<strong>em</strong>peratura e a humidade relativa. O efeito da t<strong>em</strong>peratura poderá ser indirecto ao<br />

alterar a actividade das abelhas (principais polinizadoras das cerejeiras) ou directo ao<br />

afectar a germinação dos grãos de pólen, o crescimento do tubo polínico, a<br />

receptividade estigmática e a viabilidade do saco <strong>em</strong>brionário.<br />

Tanto a germinação como a taxa de crescimento de compatíveis ou parcialmente<br />

compatíveis grãos de pólen são comandados pela t<strong>em</strong>peratura. A germinação do pólen<br />

não depende linearmente da t<strong>em</strong>peratura mas dependente fort<strong>em</strong>ente da variedade. No<br />

entanto, a performance dos grãos de pólen e do crescimento do tubo polínico<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

apresentam uma resposta à t<strong>em</strong>peratura praticamente linear independent<strong>em</strong>ente do<br />

efeito no estigma. No caso concreto das cerejeiras exist<strong>em</strong> evidências de que os grãos<br />

de pólen aderentes consegu<strong>em</strong> germinar e penetrar nos tecidos de transmissão com<br />

t<strong>em</strong>peraturas próximas dos 10ºC, e que com t<strong>em</strong>peraturas próximas dos 20ºC a<br />

germinação era alcançada por 90% enquanto com valores de 30ºC apenas 27%<br />

conseguiam germinar e 22% conseguia penetrar. As t<strong>em</strong>peraturas elevadas induz<strong>em</strong> um<br />

aumento da adesão dos grãos de pólen e um crescimento rápido do tubo polínico no<br />

estilete mas reduz<strong>em</strong> a germinação, a sua penetração e o crescimento inicial do tubo<br />

polínico na transição entre o estigma e o estilete.<br />

Relativamente à receptividade estigmática, a capacidade de o estigma suportar a<br />

germinação do pólen e o consequente crescimento inicial do tubo polínico, a relação<br />

com a t<strong>em</strong>peratura não é tão linear apesar de o seu papel continuar a ser fundamental.<br />

No estigma, três processos diferentes ocorr<strong>em</strong> antes do crescimento do tubo<br />

polínico no estilete: a adesão do grão de pólen, a sua germinação e a penetração do tubo<br />

polínico no tecido de transmissão. Em cerejeiras estes processos estão negativamente<br />

relacionados com o aumento da t<strong>em</strong>peratura. O efeito da t<strong>em</strong>peratura é mais elevado na<br />

capacidade das flores de suportar<strong>em</strong> a germinação dos grãos de pólen e na sua<br />

penetração nos tecidos de transmissão do que na sua adesão ao estigma. Assim, com<br />

t<strong>em</strong>peraturas próximas dos 10ºC, a germinação do pólen e o crescimento inicial do tubo<br />

polínico poderá durar até 9 dias depois da ântese, enquanto a 20ºC e a 30ºC a sua<br />

capacidade perde-se <strong>em</strong> 5 e 2 a 3 dias depois da ântese, respectivamente. A germinação<br />

dos grãos de pólen perde-se ao fim de 8 dias com t<strong>em</strong>peraturas de 10ºC, ao fim de 4<br />

dias com valores de 20ºC e <strong>em</strong> 2 dias com t<strong>em</strong>peraturas médias de 30ºC. Não se<br />

registam diferenças significativas entre a germinação e a penetração evidenciando que a<br />

germinação dos grãos de pólen é o processo chave do des<strong>em</strong>penho do pólen no estigma<br />

e a etapa mais vulnerável às elevadas t<strong>em</strong>peraturas.<br />

Assim sendo, verifica-se que estes processos são extr<strong>em</strong>amente sensíveis a<br />

pequenas variações das t<strong>em</strong>peraturas contribuindo para explicar recordes de redução dos<br />

vingamentos sob condições de Primaveras quentes. O estigma perde a capacidade de<br />

suporte, inicialmente, para a penetração do pólen, posteriormente, para a germinação e<br />

finalmente para a sua adesão. O efeito da t<strong>em</strong>peratura é mais pronunciado na<br />

germinação do pólen e na sua penetração do que na sua adesão. As t<strong>em</strong>peraturas<br />

elevadas reduz<strong>em</strong> a capacidade de germinação dos grãos de pólen logo após o primeiro<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

dia da ântese num período <strong>em</strong> que não exist<strong>em</strong> sinais aparentes de degeneração do<br />

estigma.<br />

A eficácia das abelhas no transporte do pólen também é fort<strong>em</strong>ente influenciada<br />

pelas t<strong>em</strong>peraturas sendo a sua actividade maximizada com valores médios de 20 a<br />

22ºC e praticamente nula quando inferior a 12ºC (Figura 6).<br />

Figura 6 – Polinização efectuada pelas abelhas<br />

A humidade relativa baixa (90%) pod<strong>em</strong><br />

dificultar a deiscência das anteras e reduzir a fixação do pólen no estigma.<br />

A insolação é também muito importante na fecundação e vingamento uma vez<br />

que o ensombramento total ou parcial depois da floração reduz o número de flores<br />

vingadas e aumenta abcisão dos frutos <strong>em</strong> desenvolvimento.<br />

Os Invernos amenos com menos de 1 000 horas de frio abaixo dos 7ºC são<br />

predominantes <strong>em</strong> mais de metade do País, levantando o probl<strong>em</strong>a da endodormência<br />

não ser totalmente quebrada, levando a distúrbios no abrolhamento, na entrada <strong>em</strong><br />

floração e consequent<strong>em</strong>ente na polinização, fecundação e crescimento dos frutos, b<strong>em</strong><br />

como um desguarnecimento nos lançamentos do ano, devido ao excessivo número de<br />

gomos que não abrolham ou originam lançamentos de reduzido vigor. Nas regiões<br />

quentes de Inverno t<strong>em</strong>perado ou d<strong>em</strong>asiadamente curto, surg<strong>em</strong> irregularidades na<br />

floração e frutificação associadas à prolongada endodormência, como resultado de um<br />

desenvolvimento anormal dos gomos florais. Os gomos florais são mais sensíveis que<br />

os foliares, não sofrendo estes últimos, normalmente, qualquer disfunção. Durante uma<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

dormência prolongada, os gomos florais, estão normalmente subdesenvolvidos<br />

estruturalmente, estando os pistilos <strong>em</strong> muitos casos ananicados, os primórdios florais<br />

abortam e os gomos florais cai<strong>em</strong> <strong>em</strong> diferentes estados do seu desenvolvimento.<br />

Assim sendo, as t<strong>em</strong>peraturas elevadas reduz<strong>em</strong> drasticamente a capacidade de<br />

recepção do estigma e aumentam a degeneração dos óvulos sendo favoráveis para a taxa<br />

de crescimento do tubo polínico significando uma adaptação da parte masculina para<br />

uma curta receptividade f<strong>em</strong>inina. Por outro lado, as baixas t<strong>em</strong>peraturas poderão actuar<br />

contra os grãos de pólen reduzindo a sua germinação e taxa de crescimento limitando o<br />

sucesso da fecundação. Neste caso, o pistilo parece compensar o efeito do pólen<br />

aumentando a receptividade estigmática e atrasando a degeneração do estilete e do<br />

óvulo. Estas evidências d<strong>em</strong>onstram que a fecundação, tanto no lado masculino como<br />

no f<strong>em</strong>inino, poderá ser assegurada num intervalo alargado de t<strong>em</strong>peraturas. A<br />

interacção entre o pólen e o estigma é a primeira etapa na interacção entre o pólen e o<br />

pistilo durante o processo de reprodução.<br />

A queda pr<strong>em</strong>atura de frutos é causada, <strong>em</strong> regra, por um conjunto complexo de<br />

factores incluindo a elevada probabilidade de condições climáticas adversas. Os<br />

acontecimentos meteorológicos antes, durante e após o aparecimento das flores, a<br />

floração e o vingamento e a queda dos frutos são altamente decisivos. Em climas<br />

t<strong>em</strong>perados, as geadas tardias que ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> Abril e Maio provocam estragos<br />

consideráveis nos gomos florais, nas flores e nos jovens primórdios dos frutos<br />

principalmente através da destruição de tecidos condutores importantes que originam a<br />

queda de frutos antes e depois do seu vingamento (Figura 7).<br />

Figura 7 – Frutos de cerejeira recém vingados danificados pelas geadas.<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

As t<strong>em</strong>peraturas registadas durante a floração influenciam directamente a<br />

vitalidade e a longevidade do saco <strong>em</strong>brionário, que condicionam as hipóteses de<br />

vingamento. Desde que estas não ultrapass<strong>em</strong> os 17ºC, cada grau a mais irá diminuir a<br />

vida útil do saco <strong>em</strong>brionário <strong>em</strong> um dia enquanto as t<strong>em</strong>peraturas abaixo do ponto de<br />

congelação irão também danificá-lo. Os estragos poderão permanecer disfarçados e<br />

causar<strong>em</strong> parcial ou totalmente a esterilidade da flor aumentando a taxa de queda de<br />

flores.<br />

As geadas primaveris ameaçam principalmente as flores mais desenvolvidas e<br />

que floresc<strong>em</strong> antecipadamente. Se as primeiras for<strong>em</strong> danificadas as próximas, as<br />

flores secundárias, apresentam uma maior probabilidade de desenvolver<strong>em</strong> um fruto<br />

podendo, <strong>em</strong> alguns casos, originar uma maior percentag<strong>em</strong> de vingamento.<br />

As flores fertilizadas por auto-polinização são mais susceptíveis às vagas de frio<br />

devido à menor produção de tubos polínicos que penetram no ovário e menor produção<br />

de substâncias de crescimento que funcionam como contrapeso à queda das flores.<br />

T<strong>em</strong> sido observado que o progresso da lenhificação do caroço se encontra<br />

associado à redução da importância da queda dos frutos causada pelas condições<br />

ambientais fundamentalmente a t<strong>em</strong>peratura.<br />

6.2 – Sist<strong>em</strong>a de incompatibilidade gametofítica (GSI) - Esterilidade do pólen<br />

A esterilidade pode ser induzida por factores climáticos mas as causas mais relevantes<br />

são as genéticas (gamética, citológica e homogenética) que influenciam<br />

substancialmente a receptividade estigmática dos grãos de pólen e o posterior<br />

crescimento do tubo polínico. O sist<strong>em</strong>a de incompatibilidade gametofítica (GSI),<br />

também denominado por sist<strong>em</strong>a de auto-incompatibilidade, é um mecanismo presente<br />

<strong>em</strong> plantas com flores hermafroditas que impede a auto-fecundação, permitindo um<br />

aumento da variabilidade genética ao promover o cruzamento entre variedades<br />

diferentes, contribuindo assim para a evolução da espécie estando presente <strong>em</strong><br />

praticamente todas as fruteiras. Este mecanismo é determinado pelo genótipo haplóide<br />

de cada grão de pólen e pelo genótipo diplóide dos tecidos do pistilo, ocorrendo<br />

incompatibilidade quando os alelos S são comuns entre o pólen e o pistilo. Esta<br />

incompatibilidade traduz-se na inibição do crescimento do tubo polínico, ao nível do<br />

estilete, do grão de pólen que possui o alelo comum ao pistilo. Pode ainda ser feita a<br />

distinção entre incompatibilidade total, quando todos os grãos de pólen contêm alelos<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

presentes no pistilo; e s<strong>em</strong>i-incompatibilidade, quando uma parte dos grãos de pólen<br />

contêm um alelo diferente dos que exist<strong>em</strong> no pistilo. Quando todos os grãos de pólen<br />

têm o seu alelo diferente dos que exist<strong>em</strong> no pistilo, não existe incompatibilidade<br />

gametofítica (Figura 8).<br />

No Quadro 1 (<strong>em</strong> Anexo) são apresentados alguns grupos de incompatibilidade<br />

de variedades de cerejeira enquanto na Figura 8 são ilustradas simulações dos<br />

fenómenos de compatibilidade e incompatibilidade entre grãos de pólen e o estigma e a<br />

base do estilete.<br />

Figura 8 – Esqu<strong>em</strong>atização da compatibilidade e incompatibilidade de variedades de<br />

cerejeira (Andersen et al.. 2001).<br />

O sist<strong>em</strong>a de auto incompatibilidade é determinado pelo locus S, que é um locus<br />

multialélico contendo alguns genes, entre os quais um gene com múltiplos alelos que codifica<br />

uma ribonuclease específica S (S-RNase) que apenas é sintetizada nos pistilos das flores antes<br />

da sua abertura (ântese) e controla a especificidade do próprio pistilo. Uma vez que o gene da S-<br />

RNase controla apenas a parte do pistilo, t<strong>em</strong> sido sugerido que a parte do pólen é regulada por<br />

um outro gene que se pensa estar geneticamente relacionado ao gene da S-RNase. Este gene S<br />

específico do pólen foi identificado <strong>em</strong> algumas espécies, nomeadamente <strong>em</strong> alperce, amêndoa<br />

e cerejeira. Como esperado, o gene que governa a componente de especificidade do pólen é<br />

expresso especificamente no pólen sendo altamente polimórfico.<br />

O modelo actualmente aceite para explicar a especificidade de rejeição do pólen pela S-<br />

RNase, é o modelo da activação/inibição. Este modelo sugere que poucos dias antes da ântese, o<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

pistilo começa a sintetizar S-RNases, de modo que, quando a flor abre, as S-RNases estão já<br />

presentes no lúmen do pistilo. Um grão de pólen que poise no estigma começa a germinar para<br />

o interior do pistilo e as S-RNases entram para dentro do tubo polínico, independent<strong>em</strong>ente do<br />

seu haplótipo. No tubo polínico, as S-RNases que apresentam um haplótipo diferente do<br />

haplótipo do grão de pólen são “marcadas” pelas SLF/SFB, ligando uma pequena proteína<br />

chamada ubiquitina, para posteriormente ser<strong>em</strong> degradadas pelos proteossomas, enquanto as S-<br />

RNases que apresentam um haplótipo idêntico ao do pólen são protegidas da degradação,<br />

possivelmente também pela proteína SLF/SFB. Como consequência, as S-RNases que não<br />

foram degradadas, vão actuar como citotoxinas degradando por sua vez o RNA do pólen<br />

necessário para a tradução proteica, levando a uma incapacidade de produzir novas proteínas,<br />

interrompendo <strong>em</strong> último caso o crescimento do tubo polínico. Apesar deste modelo ser aquele<br />

que actualmente melhor explica o funcionamento e actuação da S-RNase, alguns dados<br />

permanec<strong>em</strong> inconsistentes com este modelo, estando ainda por identificar alguns dos<br />

intervenientes neste processo.<br />

Devido à possibilidade de existência de incompatibilidades entre variedade é<br />

importante efectuar um correcto dimensionamento do pomar de forma a não existir uma<br />

polinização deficiente entre as variedades. Deverão ser seleccionadas cultivares<br />

compatíveis na proximidade umas das outras b<strong>em</strong> como apresentar<strong>em</strong> um período de<br />

floração coincidente.<br />

6.3 – A importância das s<strong>em</strong>entes<br />

As s<strong>em</strong>entes, especialmente o seu endosperma, são locais de síntese, onde<br />

substâncias de crescimento são produzidas. Inicialmente, à medida que o endosperma se<br />

vai formando, o fruto começa a crescer intensamente sob o efeito das auxinas.<br />

Consequent<strong>em</strong>ente, o <strong>em</strong>brião consome o endosperma, coincidindo com um atraso no<br />

crescimento do fruto associado à queda de frutos. Após, o <strong>em</strong>brião ter completado o seu<br />

crescimento, inicia-se a formação do endosperma secundário que continua a produzir<br />

auxinas inibindo a abcisão.<br />

As auxinas absorv<strong>em</strong> não só substâncias orgânicas mas influenciam também a<br />

distribuição de citoquininas para os frutos, que são consumidores activos de<br />

metabólitos. Os jovens órgãos compet<strong>em</strong> sucessivamente com os órgãos adultos das<br />

árvores, sendo essa relação drasticamente alterada com a eliminação das s<strong>em</strong>entes.<br />

Em frutos com uma única s<strong>em</strong>ente – como é o caso dos frutos de caroço<br />

(prunóideas) – o conteúdo da s<strong>em</strong>ente não deixa alternativa senão sim ou não à<br />

fecundação. A queda dos frutos está dependente do desenvolvimento do <strong>em</strong>brião do<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

único caroço efectivando a queda quando o crescimento é intenso. Em frutos normais, o<br />

<strong>em</strong>brião cresce de uma forma contínua enquanto nos frutos caídos o <strong>em</strong>brião pára de<br />

crescer cerca de um terço do tamanho normal.<br />

O conteúdo das s<strong>em</strong>entes dos frutos, como fábrica de produção de auxinas, é um<br />

importante factor de manutenção nas árvores. Em frutos s<strong>em</strong> s<strong>em</strong>entes<br />

(partenocárpicos) o mecanismo normal não se processa transferindo-se para outras<br />

zonas como a epiderme (no caso da laranja e das uvas). A produção de substâncias<br />

fisiológicas e de crescimento é muito menos intensa do que do efeito regular das<br />

s<strong>em</strong>entes, mas parece ser suficiente para prevenir o aborto e dos frutos.<br />

6.4 – Competição entre os órgãos e os frutos<br />

6.4.1 – Competição entre os órgãos vegetativos e produtivos<br />

A relação entre os crescimentos vegetativos e o vingamento vai-se alterando de<br />

uma forma contínua ao longo do ciclo vegetativo. É reconhecido que os primórdios dos<br />

jovens frutos ainda contêm cloroplastos fotossinteticamente activos que permitam a sua<br />

auto-sustentação. Posteriormente, perd<strong>em</strong> essa capacidade, e a função de produtores ou<br />

de consumidores de fotoassimilados é transferida para órgãos diferentes. Os produtos da<br />

fotossíntese das folhas são transportados pelo flo<strong>em</strong>a para os jovens frutos. Se a fonte<br />

produtora e consequent<strong>em</strong>ente o transporte for<strong>em</strong> restringidos, (no caso das folhas<br />

próximas dos frutos ser<strong>em</strong> eliminadas ou danificadas) os frutos irão cair ou irão<br />

apresentar calibre muito reduzidos. A baixa relação entre a área foliar e o número de<br />

frutos poderá ocasionar uma queda próxima do período de colheita.<br />

O número de frutos que se mantêm nas árvores, depende do somatório de<br />

nutrientes orgânicos fornecidos pelas folhas existentes na sua proximidade, enquanto os<br />

restantes estão condenados a cair. O aparelho fotossintético da árvore é carregado<br />

simultaneamente pelo crescimento dos frutos e pelos novos crescimentos vegetativos. O<br />

peso dos frutos na árvore, depende mais do número de frutos do que do volume de cada<br />

fruto. O desenvolvimento do endocarpo do caroço é influenciado essencialmente pela<br />

competição dos órgãos vegetativos da árvore nomeadamente o balanço entre as folhas e<br />

os frutos.<br />

Um desenvolvimento fraco da área foliar próximo da floração (baixa relação<br />

entre as folhas e as flores) reduz as hipóteses de vingamento aumentando<br />

consideravelmente a possibilidade de queda de frutos. No entanto, os crescimentos<br />

muito vigorosos poderão também originar queda de frutos devido à forte competição<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

pelos fotoassimilados. As folhas adultas poderão estimular a abcisão dos frutos devido à<br />

translocação do ácido abcísico destas para os frutos, no entanto, as jovens folhas<br />

poderão atrasar este processo. A inibição do efeito dos crescimentos vegetativos é<br />

s<strong>em</strong>pre influenciada pelo abastecimento de nutrientes pela árvore ou localmente pelos<br />

ramos podendo a queda de frutos localizar-se pontualmente dependendo da inserção e<br />

do posicionamento dos ramos.<br />

O equilíbrio existente entre os órgãos vegetativos e os produtivos é fundamental<br />

para se poder alcançar boas taxas de vingamento sendo o uso de porta-enxertos<br />

ananicantes uma ferramenta importante para atingir esse balanço e <strong>em</strong> alguns dos caso<br />

desequilibrá-lo para os órgãos produtivos, atingindo-se por vezes excessos de<br />

vingamentos e consequent<strong>em</strong>ente probl<strong>em</strong>as de baixos calibres na produção obtida.<br />

6.4.2 – Competição entre os órgãos produtivos<br />

É do conhecimento geral que numa quantidade elevada de flores ou de<br />

primórdios de frutos, a acumulação de matéria orgânica não óptima causando uma<br />

queda vigorosa de frutos (Figura 9). Regra geral, uma floração muito abundante resulta<br />

numa taxa de vingamento muito baixa. A explicação fisiológica baseia-se no facto de as<br />

primeiras flores que se desenvolveram tornam-se dominantes <strong>em</strong> relação às outras que<br />

se atrasaram criando uma forte competição pelos fotoassimilados e restantes nutrientes.<br />

Figura 9 – Frutos de cerejeira vingados <strong>em</strong> competição.<br />

O sinal correlativo de dominância induz um processo de abcisão através do<br />

ácido abcísico e do etileno produzidos <strong>em</strong> células senescentes posicionadas longe das<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

respectivas camadas de abcisão. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, as auxinas surg<strong>em</strong> com uma acção<br />

contrária à do etileno, aparecendo este último na base do pedúnculo do fruto como um<br />

factor prevenindo a acção das auxinas de inibição da abcisão. Os efeitos posteriores são:<br />

a inibição da síntese e da translocação das auxinas e a estimulação da decomposição da<br />

formação e ligação de conjugados das auxinas.<br />

Neste processo o papel das giberelinas também se encontra envolvido uma vez<br />

que o seu movimento dos gomos apicais e dos frutos apicais estimulam o movimento<br />

das auxinas.<br />

No processo de dominância correlativa as citoquininas também des<strong>em</strong>penham<br />

uma acção antagonista às auxinas tendo um efeito de estimulação da ramificação lateral<br />

diminuindo substancialmente a dominância apical, reduzindo a exportação de auxinas<br />

especialmente dos frutos dominantes, induzindo a queda de frutos.<br />

6.5 – A influência das intervenções fitotécnicas na queda dos frutos<br />

As intervenções fitotécnicas, nomeadamente a regulação da disponibilidade<br />

hídrica, a nutrição e as técnicas culturais, são essenciais para a obtenção de bons<br />

vingamentos e consequent<strong>em</strong>ente de boas produtividades e boa qualidade na produção<br />

alcançada.<br />

É muito complicado determinar qual é o factor mais relevante para um bom<br />

vingamento sendo que o ideal será tentar assegurar níveis satisfatórios nos processos<br />

que conseguimos controlar como são uma adequada nutrição (principalmente <strong>em</strong> azoto<br />

e boro), protecção das folhas para uma boa produção de fotoassimilados, a disposição<br />

adequada das diferentes variedades no pomar (sincronização t<strong>em</strong>poral e espacial entre<br />

polinizadas e polinizadoras) e a escolha dos porta-enxertos mais adequados aos<br />

condicionalismos edafoclimáticos do pomar. Por todas estas razões compreender todo o<br />

mecanismo do vingamento poderá fazer a diferença entre o sucesso e o completo<br />

fracasso na produção de fruteiras.<br />

6.5.1 – Nutrição<br />

A quantidade excessiva de frutos induz, geralmente, a queda de jovens frutos<br />

devido à escassez de nutrientes. Começando no processo de floração, a competição<br />

entre as flores, e posteriormente, entre os frutos recém-vingados e os crescimentos<br />

vegetativos, produz os sintomas de carência.<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

Reveste-se de enorme importância o equilíbrio nutricional do pomar não<br />

descurando nenhum dos nutrientes essenciais ao seu bom desenvolvimento. No entanto,<br />

no período floral exist<strong>em</strong> dois nutrientes de importância crucial que dev<strong>em</strong> ser<br />

realçados, nomeadamente o Azoto e o Boro.<br />

O papel do Azoto é essencial para o normal vingamento e posteriormente para<br />

evitar uma queda acentuada dos frutos, no entanto, níveis elevados do nutriente poderão<br />

ter o efeito inverso. O Azoto é um el<strong>em</strong>ento essencial ao crescimento das árvores<br />

podendo melhorar a indução floral e o nível de produção. A fertilização neste nutriente<br />

estimula a formação da floração nos gomos e reduz a tendência para a alternância. As<br />

suas aplicações aumentam, aparent<strong>em</strong>ente, o tamanho das primeiras folhas e a sua taxa<br />

fotossintética inicial, que ocasiona um incr<strong>em</strong>ento na iniciação floral dos gomos.<br />

Supõ<strong>em</strong>-se que poderá ter um efeito benéfico na fecundação através do aumento da<br />

longevidade dos óvulos e da receptividade do estigma.<br />

O Boro des<strong>em</strong>penha um papel fulcral na floração e consequente vingamento dos<br />

frutos. As grandes quantidades requeridas nesta altura são transportadas a partir das<br />

reservas feitas pelas árvores durante o período de dormência. È um nutriente essencial<br />

para o vingamento dos frutos influenciando preponderant<strong>em</strong>ente a sua quantidade e as<br />

suas qualidades uma vez que existe uma relação directa entre o peso do fruto e o seu<br />

conteúdo neste nutriente. Ele t<strong>em</strong> também um papel na fase inicial de crescimento das<br />

árvores jovens através do desenvolvimento dos botões florais e dos gomos foliares.<br />

As aplicações de Azoto e de Boro no final do Verão enquanto as folhas estão<br />

fotossinteticamente activas pod<strong>em</strong> prolongar a longevidade do óvulo b<strong>em</strong> como o<br />

período de polinização efectiva aumentando a taxa de vingamento.<br />

6.5.2 – O uso de reguladores de crescimento para aumentar o vingamento<br />

As condições de t<strong>em</strong>peraturas elevadas desde o abrolhamento até à floração<br />

provocam a rápida degeneração do saco <strong>em</strong>brionário e do nucelo após a ântese<br />

resultando numa redução drástica dos vingamentos. As flores que se desenvolv<strong>em</strong> sob<br />

condições de t<strong>em</strong>peraturas próximas dos 25ºC apresentam um conteúdo <strong>em</strong> giberelinas<br />

(GA) endógenas muito superiores do que as flores desenvolvidas sob valores de 15ºC.<br />

As giberelinas endógenas são sintetizadas nos ápices radiculares e nas jovens folhas<br />

sendo posteriormente translocadas para os órgãos produtivos. O aumento do nível de<br />

ácido giberélico nas flores expostas a elevadas t<strong>em</strong>peraturas, poderá relacionar-se com a<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

activação dos órgãos de síntese da hormona próximos das flores e dos ramos mas<br />

também ao nível das raízes.<br />

Os tratamentos à base de ácido giberélico <strong>em</strong> cerejeiras aceleram a degeneração<br />

do saco <strong>em</strong>brionário enquanto a aplicação de inibidores da síntese de giberelinas actua<br />

no sentido inverso. Exist<strong>em</strong> experiências que comprovam que <strong>em</strong> cerejeiras tratadas<br />

com GA3 à floração, a percentag<strong>em</strong> de inflorescências com óvulos não viáveis<br />

ultrapassam os 50% nos primeiros 3 dias após a ântese enquanto nas flores das árvores<br />

test<strong>em</strong>unha não passava dos 30% nos primeiros 6 dias após a ântese.<br />

As aplicações de benziladenina e do ácido 2,4-diclorfenoxiacético também<br />

reduz<strong>em</strong> a longevidade dos óvulos mas os seus efeitos não são tão fortes como no caso<br />

das giberelinas.<br />

Assim sendo, devido à relação entre as t<strong>em</strong>peraturas elevadas e o aumento<br />

progressivo de giberelinas endógenas, com o consequente aumento da degeneração dos<br />

sacos <strong>em</strong>brionários, a inibição do seu nível nas flores através da manutenção destas a<br />

situações de baixas t<strong>em</strong>peraturas por intermédio de ensombramento induzido ou através<br />

da aplicação de inibidores da síntese de giberelinas poder<strong>em</strong>os melhorar os vingamentos<br />

das cerejeiras <strong>em</strong> anos de Primaveras quentes.<br />

A presença de auxinas nas s<strong>em</strong>entes durante o seu desenvolvimento inicial<br />

favorece a prevenção da abcisão dos frutos recém-vingados. A extinção das s<strong>em</strong>entes é<br />

promotora da queda dos frutos podendo esta ser inibida com a inclusão de auxinas<br />

sintéticas como o ácido naftalenoacético (ANA) existindo assim uma relação com a<br />

persistência das s<strong>em</strong>entes e a sua acção devido à presença de substâncias reguladoras do<br />

desenvolvimento por elas sintetizadas.<br />

O ácido abcísico (ABA) é um regulador do desenvolvimento implicado na<br />

abcisão sendo a sua presença geral nos frutos com ou s<strong>em</strong> s<strong>em</strong>entes. A sua acção<br />

interage com os promotores (auxinas, giberelinas e citoquininas) para que o equilíbrio<br />

entre estes grupos de reguladores de crescimento que irá determinar o vingamento e o<br />

desenvolvimento do fruto ou a sua abcisão.<br />

O papel das auxinas como substâncias fundamentais na abcisão t<strong>em</strong> o seu<br />

reflexo na queda fisiológica dos frutos. Esta inicia-se 10 dias depois do máximo pico na<br />

concentração de auxinas e alcança o seu máximo 15 a 20 dias depois, quando a sua<br />

concentração é mais baixa. A evolução do conteúdo <strong>em</strong> ABA atinge o seu máximo, 5 a<br />

7 dias após a ântese e outro aos 30 a 35 dias. Estes aumentos associados à drástica<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

descida da concentração de auxinas anteced<strong>em</strong> a abcisão dos frutos e deverão ser os<br />

sinais que iniciam o processo<br />

6.5.3 – Intercepção de luz e ensombramentos<br />

A luz é factor fundamental para o desenvolvimento vegetativo e produtivo das<br />

árvores de fruto. A produtividade encontra-se relacionada directamente com a<br />

quantidade de luz interceptada por unidade de superfície. A formação de gomos florais,<br />

o crescimento dos frutos e a resistência ao frio são também afectados pela radiação<br />

solar. Durante o desenvolvimento dos frutos, o ensombramento reduz o calibre dos<br />

frutos, a produtividade, a coloração e a quantidade de sólidos solúveis, o vingamento e<br />

poderá induzir a queda de frutos.<br />

Estima-se que seja necessário <strong>em</strong> cerejeira pelo menos 20% do total da radiação<br />

solar para uma formação adequada de gomos florais sendo os ensombramentos<br />

interiores da copa causadores de uma frutificação irregular. Normalmente, exist<strong>em</strong> mais<br />

gomos florais no topo e na periferia da copa do que nas zonas interiores devido às<br />

exigências <strong>em</strong> luz.<br />

Deverão ser adoptadas estratégias fitotécnicas, nomeadamente ao nível da<br />

condução das árvores, que promovam uma boa intercepção de luz e a optimização da<br />

sua penetração na copa numa tentativa de redução dos ensombramentos.<br />

6.5.4 – Pragas e doenças<br />

Todos os procedimentos deverão ser acautelados no sentido de evitar quaisquer<br />

estragos provocados quer por pragas quer por doenças nos órgãos vegetativos (folhas e<br />

ramos) e produtivos (flores e frutos).<br />

Algumas pragas e doenças que afectam as cerejeiras são susceptíveis de alterar o<br />

metabolismo de órgãos das plantas que directa ou indirectamente poderão ocasionar<br />

distúrbios na floração e a queda pr<strong>em</strong>atura de frutos recém vingados.<br />

No caso concreto das cerejeiras as pragas que poderão ser mais prejudiciais no<br />

período compreendido entre a entrada <strong>em</strong> floração e o vingamento dos jovens frutos são<br />

o Piolho Negro e as Traças Desfolhantes (Operophtera brumata L. e Hedya nubiferana<br />

Haw.). No caso do piolho negro os estragos são menos polífagos uma vez que costuma<br />

atacar individualmente as cerejeiras seleccionando s<strong>em</strong>pre as mesmas ao longo dos<br />

ciclos culturais existindo pouca propensão para se diss<strong>em</strong>inar para as árvores vizinhas.<br />

Os estragos mais comuns são o enrolamento das folhas e uma atrofia dos crescimentos<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

anuais nos ramos atacados. Relativamente às Traças Desfolhantes os estragos poderão<br />

ser de maiores dimensões uma vez que se não for<strong>em</strong> devidamente intervencionadas a<br />

intensidade do ataque poderá ser muito severa induzindo uma forte desfoliação,<br />

chegando mesmo a atacar os frutos recém vingados.<br />

No que diz respeito às doenças as mais importantes a realçar são a Moniliose,<br />

Gnomonia, Crivado e Cilindrosporiose. No caso específico da Moniliose os estragos<br />

poderão ser acentuados nos órgãos florais e posteriormente nos frutos vingados. Nas<br />

restantes doenças a principal preocupação deverá incidir sobre os possíveis estragos nas<br />

folhas e os distúrbios que poderão provocar no aparelho fotossintético limitando a<br />

obtenção de energia luminosa.<br />

6.5.5 – Regulação da disponibilidade hídrica<br />

A falta de água baixa drasticamente a produtividade das fruteiras estando<br />

directamente relacionada com as produções e o rendimento das árvores. As<br />

necessidades <strong>em</strong> água das fruteiras variam consoante a espécie e mesmo dentro desta<br />

apresentam valores diferentes ao longo do ciclo vegetativo. Durante o período de<br />

dormência as necessidades <strong>em</strong> água são reduzidas. Quando as folhas se encontram<br />

totalmente desenvolvidas e os frutos se encontram na árvore, as necessidades são muito<br />

maiores. Daqui até à fase final de crescimento do ciclo vegetativo o uso de água vai<br />

aumentando. É imperativo que as necessidades <strong>em</strong> água sejam cumpridas no início da<br />

fase de crescimento quando os vingamentos ocorr<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> como quando acontece a<br />

diferenciação floral e finalmente quando se dá o desenvolvimento do fruto até ao<br />

período de colheita. Em condições de défice hídrico a capacidade de absorção das folhas<br />

é mais forte do que os frutos ficando estes mais susceptíveis às situações de stress e à<br />

consequente queda fisiológica. A iniciação e a diferenciação dos gomos florais são<br />

processos que requer<strong>em</strong> energia proveniente da fotossíntese sendo por isso<br />

minimamente exigentes <strong>em</strong> termos hídricos.<br />

Em contrapartida, o excesso de água no solo também poderá originar um<br />

conjunto de situações de stress para a planta como são a redução do oxigénio<br />

ocasionando condições anaeróbias para as células das raízes; acumulação fitotóxica de<br />

iões reduzidos; diminuição de microrganismos do solo aeróbios; acumulação fitotóxica<br />

de produtos de anaerobiose; ataques de patogéneos como Phytophtora e Phytium e a<br />

redução das resistências estomáticas. A severidade e a taxa de resposta da fruteira ao<br />

excesso de água depend<strong>em</strong> não só da duração deste tipo de stress mas também do<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

genótipo da espécie, das exigências <strong>em</strong> transpiração e a altura do ciclo que se encontra<br />

relacionado com a t<strong>em</strong>peratura do solo.<br />

A frequência da administração da água à planta e a dotação das regas deverão<br />

ser ponderadas consoante os valores de evapotranspiração para cada estado fenológico<br />

tendo também <strong>em</strong> consideração a fruteira <strong>em</strong> questão (coeficiente cultural específico da<br />

espécie e do estado fenológico correspondente).<br />

Trabalho elaborado por:<br />

Filipe Costa<br />

(Coordenador Técnico da CERFUNDÃO)<br />

Nota: Este trabalho foi realizado através da adaptação de diversos artigos técnicos<br />

descritos na bibliografia com a respectiva correspondência aos pontos <strong>em</strong> questão.<br />

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- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

Quadro 1 – Grupos de incompatibilidade e período de polinização de algumas cultivares de cerejeira (I – Flor. precoce e V – Flor. tardia).<br />

GRUPOS DE<br />

COMPATIBILIDADE<br />

Grupo I (S1 S2) Black<br />

PERÍODO DE POLINIZAÇÃO<br />

I II III IV V<br />

Tartarian.<br />

22<br />

Summit.<br />

Grupo II (S1 S3) Samba. Van; Early Robin. Cristalina; Olympus;<br />

Grupo III (S3 S4) Sommerset. Bing; Royal Anne (Napoleon);<br />

Emperor Francis; Badacsony.<br />

Sonnet.<br />

Grupo VI (S3 S6) Hartland. Attika (Kordia); Starks Gold.<br />

Grupo VII (S3 S5) Hedelfingen.<br />

Grupo IX (S1 S4) Rainier; Black Republican;<br />

Grupo XIII (S2 S4) Royalton. Sam.<br />

Bada.<br />

Grupo XVI (S3 S9) Chelan; Burlat. Tieton.<br />

Sylvia.<br />

Regina<br />

Hudson.<br />

Grupo XXII (S3 S12) Schneiders; 0900 Ziraat.<br />

Auto-fertéis<br />

(Polinizadoras<br />

universais)<br />

Lapins;<br />

Sweetheart;<br />

Index.<br />

Nota: Adaptado de www.extension.oregon.state.edu<br />

Staccato; Stella;<br />

Symphony; Selah;<br />

Santina; Celeste;<br />

Newstar.<br />

Skeena; Sandra Rose;<br />

Sunburst; Sonata;<br />

Cashmere; Glacier;<br />

White Gold.<br />

Stardust; Benton;<br />

Black Gold.


7 - Bibliografia<br />

- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

AZCON-BIETO, J., TALON, M. (2000). Fundamentos de Fisiologia Vegetal.<br />

McGraw-Hill Interamericana. Edicions Universitat de Barcelona.<br />

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New York Fruit Quarterly. Vol. 9 (1).<br />

BRANCO, F.M.B.P.C. (2010). Análise dos alelos S das cerejeiras ‘De Saco do Douro’<br />

e ‘De Saco da Cova da Beira’. Estabelecimento de um método para a avaliação da<br />

polinização e vingamento <strong>em</strong> condições de campo. Dissertação para obtenção do Grau<br />

de Mestre <strong>em</strong> Engenharia Agronómica. Instituto Superior de Agronomia. Universidade<br />

Técnica de Lisboa. (Ponto 6.2)<br />

FAUST, F. (1989). Physiology of T<strong>em</strong>perate Zone Fruit Trees. John Wiley & Sons.<br />

(Pontos 1 a 6.1)<br />

FLORE, J., & LAYNE, D. (1999). Photoassimilate Production and Distribution in<br />

Cherry. HortScience. Vol. 34(6) 1015-1019. (Ponto 6.5.3)<br />

HERRERO, M., et al.. (2003). The effect of t<strong>em</strong>perature on stigmatic receptivity in<br />

sweet cherry (Prunus avium L.). Plant, Cell and Environment, 26: 1673-1680. (Ponto<br />

6.1 e 6.2)<br />

KENJI, B., et al.. (2001). Embryo Sac Development and Fruit Set of ‘Satohnishiki’<br />

Sweet Cherry as Affected by T<strong>em</strong>perature, GA3 and Paclobutrazol. J. Japan Soc. Hort.<br />

Sci., 70 (2): 157-162. (Ponto 6.5.2)<br />

RACSKÓ, J., et al.. (2007). Fruit Drop: The role of inner agents and environmental<br />

factors in the drop of flowers and fruits. International Journal of Horticultural Science,<br />

13 (3): 13-23. (Pontos 6.2 a 6.4)<br />

STEBBINS, R., (2003). Sweet Cherry Varieties in Oregon. Oregon State University.<br />

Extension Service.<br />

23


- Embalamento e Comercialização de Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />

WLODZIMIERZ, L., et al.. (2008). Biology of Sweet Cherry Flowering. Journal of<br />

Fruit and Ornamental Plant Research, Vol. 16: 189-199. (Ponto 6.2)<br />

24

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