LULA VEM-1 AO OESTE - Nosso Tempo Digital
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CUBATOES<br />
"Brasil é detentor do vergonhoso e mórbido troféu de<br />
quarto lugar em mortalidade<br />
infantil entre os países da américa Latina"<br />
- Cicero Ble's Ir -<br />
Náuseas. Arrependimento tardio<br />
não resolverá amanhã os problemas<br />
ambientais que estão sendo criados no<br />
Brasil de hoje. Cubatão, atualmente o<br />
maior símbolo do descaso contra a<br />
vida humana, reflete intensamente um<br />
processo que é comum em todo o pais:<br />
degradação ambiental, doença e morte<br />
sob a nuvem cáustica da crise que,<br />
paradoxalmente, "justifica" a aniquilação<br />
da vida pela imperiosa necessidade<br />
de desenvolvimento econômico.<br />
Um sofisma, pois a degradação<br />
ambiental tem as mesmas raízes da<br />
degradação de nossa economia.<br />
Em verdade, a causa fundamental<br />
da grande poluição de Cubatão vem da<br />
mesma raiz que se espalha por todo o<br />
Brasil, alastrando seus maléficos<br />
efeitos na forma de nuvens de milhões<br />
de toneladas de produtos agrotõxicos<br />
na nossa agricultura/ laboratório de<br />
testes, sob o estrondo das árvores<br />
sendo derrubadas no meio da floresta<br />
amazônica, ou na silenciosa e indigna<br />
cumplicidade com a morte lenta e<br />
certa de 92 crianças de cada mil<br />
nascidos vivas neste pais, por fome ou<br />
ingestão de água contaminada, OU<br />
pelas duas coisas ao mesmo tempo.<br />
Esgotos, ratos e água também<br />
fazem parte da questão ambiental.<br />
Atalmente, apenas 2,3% (menos de<br />
7 milhões) das residências do Brasil<br />
são atendidas por redes de esgoto.<br />
Pouco mais de 53% das casas recebem<br />
água tratada. Não é à toa que um<br />
quarto das mortes que acontecem no<br />
pais sejam de crianças - o que nos<br />
vale o vergonhoso e mórbido trofeu de<br />
quarto lugar em mortalidade infantil<br />
entre todos os países da Ameri':a<br />
Latina.<br />
Preocupação com o meio ambiente<br />
é também preocupação com a<br />
qualidade de vida. isto é ecologia<br />
humana. E, neste ponto, é impossível<br />
dissociar a miséria do processo<br />
econômico. O modelo entreguista e<br />
concentrador - responsável hoje pela<br />
derrubada de árvores e de vidas<br />
humanas e pela rapinagem de nossos<br />
recursos naturais que estão embaixo<br />
da terra, sobre ela e dentro da água -<br />
cresceu baseado na depredação da<br />
própria economia nacional, devastada<br />
em grande escala inicialmente nos<br />
anos 50, quando indústrias nacionais<br />
caiam em difiulddes e eram<br />
compradas por dólares que entravam<br />
no pais como "investimento", num<br />
processo de desnacionalização que se<br />
acentuou nos anos seguintes.<br />
Esmagado pelas pressões externas,<br />
o capital nacional não teve como se<br />
recuperar ou reagir a essas pressões,<br />
pois, 1á a partir de 1964, a opção pela<br />
troca internacional foi intensificada.<br />
Para assegurar a entrada de capital<br />
estrangeiro, a dupla oferta de recursos<br />
naturais "inesgotáveis" e mão de obra<br />
barata foi acrescida de "rentabilidade<br />
assegurada", através de um regime<br />
ditatorial que, já em SeLI primeiro ano<br />
de vigencia, concedia recursos Íman-<br />
- ------ ------<br />
.-<br />
- -<br />
--<br />
a empresas estrangeiras, er<br />
volumes dei vezes maiores que os<br />
concedidos às fábricas brasileiras. Só<br />
em 1965, cinco) mil fábricas nacionais<br />
fecharam por falta de recursos,<br />
agitando um torvelinho que engoliu<br />
milhares de outras nos últimos 20 anos.<br />
O mesmo) não tardou a acontecer<br />
com a base econômica agricola.<br />
NOSSOS cam pos, transformados em<br />
laboratórios de testes químicos internacionais,<br />
consomem, hoje, 10.5.474<br />
toneladas de produtos agrotóxicos/ano<br />
- um setor no qual o distanciamento<br />
da critica popular é mantido a ferro e<br />
fogo pelos donos do poder. O<br />
envolvimento de altas autoridades<br />
econômicas nesse promissor mercado<br />
de CR$ 400 bilhões/ano) já ê notório e<br />
faz parte do vergonhoso álbum de<br />
escândalos nacionais. Um valor<br />
infinitamente superior a essa quantia<br />
está em jogo, pois os agrotóxicos S()<br />
apenas pequenos componentes de um<br />
pacote tecnológico que envolve<br />
máquinas, equipamentos, subornos e o<br />
uso, ideológico da ciência como forma<br />
de dominação econômica.<br />
Tanto isso é verdade, que o último<br />
empréstimo-jumbo do FMI ao Brasil<br />
foi retido) pelos banqueiros internacionais<br />
em troca da inviolabilidade do<br />
mercado) de agrotos icos. Durante<br />
quatro) meses O) envio dos recursos<br />
financeiros ficou suspenso) pelas<br />
multinacionais, via FMI, representado<br />
aqui pelos detentores do poder. Tudo<br />
isso para assegurar que o bilitmário<br />
mercado de veneno agrícola permaneça<br />
into)cavel pelas leis de regulamentação<br />
de uso desses agrotõxicos,<br />
atualmente exigidos pela Imputação,<br />
que sente nos pulmões, nas veias e na<br />
hora das refeições, o acido efeito do<br />
lucro embolsado pelos retuindos<br />
banqueiros internacionais.<br />
'Bendita poluição que gera empregos<br />
e que será responsável pelo<br />
crescimento de nossa economia' -<br />
dizem os senhores de colarinho<br />
branco, confortavelmente instalados<br />
em suas poltronas estrfadas, enquanto<br />
cI Ulse 20 milhões de h asileiros vagam<br />
pelo) pais com suas marmitas vazias, ou<br />
quando muito com a coriida fria que<br />
nau chega a ser requentada pelos<br />
cálidos argumentos tecnocráticos desses<br />
senhores.<br />
O comodismo dos palácios é o<br />
mesmo que impede que a proteção ao<br />
meio ambiente seja feita de forma séria<br />
e eficaz neste pais onde os parâmetros<br />
de medição) da poluição) ambiental são<br />
os mesmos usados em países onde a<br />
neve cai seis meses por ano. Tudo isso<br />
para permitir o depauperamento dos<br />
recursos naturais que, decididamente,<br />
são esgotáveis. E essa verdade é<br />
negada pelos ouvidos dos mercadores<br />
empenhados na manutenção do<br />
acordo de troca de capital por mão de<br />
obra e recursos naturais.<br />
Urge desenvolvermos tecnologias<br />
próprias para controle da poluição<br />
ambiental. Urge encontrarmos mecanismos<br />
fortes para aplicação de uma<br />
l)Olitica que permita coibir os abusos e<br />
ataques que causam danos ao nosso<br />
presente e inviabilizam O) nosso futuro.<br />
Diz o poeta que, "apesar do próprio<br />
homem, ainda é tempo". Mas não<br />
haverá muito tempo enquanto o poder,<br />
ao qual o povo não tem acesso, estiver<br />
sendo exercido) por mercadores de<br />
esquina, que transformam O) pais num<br />
balcão de negócios, em que esses<br />
homens decidem entregar princípios e<br />
a própria vida dos outros em troca de<br />
melhor oferta.<br />
Não adianta discutirmos aqui se o<br />
"eleito estufa" irá afetar o Brasil num<br />
futuro remoto. O grande programa de<br />
defesa e preservação ambiental deve<br />
começar pelas questões mais próximas<br />
Cofio o controle efetivo do uso de<br />
agrototxicos, questionamento do modelo<br />
agrícola e o desenvolvimento de<br />
tecnologia autóctone, através de fortes<br />
intenções que, mais que em leis,<br />
resultem em ações concretas de<br />
mudança. E para isso, e necessário<br />
olhar para as necessidades mais caras<br />
que o, povo brasileiro sente ao, seu<br />
redor e que refletem necessidades de<br />
mudanças no) meio ambiente corno uni<br />
10(h), em sua dimensão, social e<br />
institucional. Devemos preservar a<br />
natureza e não esse vergonhoso estado<br />
de coisas que está causando a erosão,<br />
fl(J somente dos solos, como também<br />
da alma brasileira. A questão ecológica<br />
já não se restringe ã defesa das baleias,<br />
ou á preservação dos parques<br />
nacionais e santuarios naturais. A<br />
questão ecológica também deságua no<br />
mar de vontades nacionais hoje a favor<br />
de eleições diretas para presidente da<br />
República, constituinte e moratória,<br />
premissas básicas para a efetivação de<br />
um grande pacto) social, onde a<br />
o,uestão ambiental fatalmente seria<br />
tratada, pois sua raiz é