Considerações gerais para o delineamento de um ... - Cerfundão
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<strong>Consi<strong>de</strong>rações</strong> <strong>gerais</strong> <strong>para</strong> o <strong><strong>de</strong>lineamento</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong><br />
Pomar Mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Cerejeira<br />
(Aspectos <strong>gerais</strong> e análise <strong>de</strong> investimento à plantação)<br />
1
INDICE<br />
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
1 – Introdução ................................................................................................................. 3<br />
2 – Planeamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> Pomar Mo<strong>de</strong>rno e Intensivo <strong>de</strong> Cerejeira ........................... 4<br />
2.1 – Selecção das componentes <strong>para</strong> <strong>um</strong> correcto <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> ................................ 5<br />
2.1.1 – O factor radiação solar .................................................................................. 5<br />
2.2 – Compreen<strong>de</strong>r a fisiologia da copa – a chave <strong>para</strong> o funcionamento do pomar ... 6<br />
2.2.1 – Relação directa entre a produtivida<strong>de</strong> e a intercepção <strong>de</strong> luz ....................... 6<br />
2.2.2 – Copa necessária <strong>para</strong> optimizar a intercepção <strong>de</strong> luz ................................... 7<br />
2.2.3 – A luz é a fonte da fruta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ............................................................ 8<br />
2.2.4 – O uso dos princípios no <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> do pomar e na resolução <strong>de</strong><br />
problemas práticos .................................................................................................. 10<br />
2.3 – O porta-enxerto como <strong>um</strong>a componente essencial <strong>para</strong> a intensificação .......... 11<br />
2.4 – A importância da varieda<strong>de</strong> ............................................................................... 12<br />
2.5 – Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e a intercepção <strong>de</strong> luz – chaves <strong>para</strong> as produções<br />
precoces e sustentáveis ............................................................................................... 13<br />
2.5.1 – Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação .............................................................................. 13<br />
2.5.2 – Elevada intercepção <strong>de</strong> luz no estado adulto do pomar .............................. 14<br />
2.5.3 – A distribuição <strong>de</strong> luz na copa do pomar adulto .......................................... 16<br />
2.6 – Qualida<strong>de</strong> das árvores – <strong>um</strong>a parte importante no sucesso da plantação .......... 18<br />
2.6.1 – Características mínimas das árvores ........................................................... 19<br />
2.7 – Sistema <strong>de</strong> suporte – <strong>um</strong> investimento que propícia muitos divi<strong>de</strong>ndos ........... 20<br />
2.8 – Sistema <strong>de</strong> condução – Desenvolvimento e manutenção da arquitectura do<br />
pomar .......................................................................................................................... 20<br />
2.8.1 – Desenvolvimento da copa das árvores........................................................ 21<br />
2.8.2 – Manutenção da área ver<strong>de</strong> <strong>para</strong> promoção da produtivida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong><br />
da fruta .................................................................................................................... 22<br />
2.9- Alcançar o equilíbrio entre os crescimentos vegetativos e a produção ............... 23<br />
2.9.1 – Poda e condução: princípios fisiológicos ................................................... 24<br />
2.9.2 - Poda e condução: nos primeiros anos <strong>de</strong> vida do pomar ............................ 26<br />
2.9.3 – Poda <strong>de</strong> manutenção em árvores adultas .................................................... 27<br />
2.9.4 - Fertilização .................................................................................................. 28<br />
2.9.5 – Regime hídrico ........................................................................................... 31<br />
3 – Análise <strong>de</strong> Investimento à plantação <strong>de</strong> <strong>um</strong> Pomar Mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Cerejeira...... 33<br />
2
1 – Introdução<br />
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Os pomares tradicionais <strong>de</strong> cerejeira (Fig.1) correspon<strong>de</strong>m a pomares antigos<br />
com baixas produtivida<strong>de</strong>s resultado da ida<strong>de</strong> das árvores, da sua altura excessiva<br />
<strong>de</strong>rivada do porta-enxerto usado e <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as das cultivares utilizadas se encontrarem<br />
<strong>de</strong>sactualizadas, com baixo valor comercial e pouco produtivas. O facto <strong>de</strong> existir <strong>um</strong>a<br />
elevada percentagem <strong>de</strong> pomares <strong>de</strong> sequeiro é também <strong>um</strong> factor que influencia<br />
negativamente o seu rendimento, bem como as mobilizações periódicas que são <strong>um</strong><br />
contributo <strong>para</strong> a diminuição da fertilida<strong>de</strong> do solo apesar das estr<strong>um</strong>ações e adubações<br />
executadas durante o ano. Outros factores, como a condução e a fertilização, necessitam<br />
<strong>de</strong> ser melhorados e abordados <strong>de</strong> <strong>um</strong>a perspectiva mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> Produção Integrada.<br />
Todos estes aspectos conjugados resultam n<strong>um</strong>a baixa produtivida<strong>de</strong> do pomar,<br />
n<strong>um</strong> baixo rendimento <strong>de</strong> colheita, n<strong>um</strong>a baixa margem bruta e n<strong>um</strong>a reduzida ou<br />
negativa margem <strong>de</strong> contribuição das explorações agrícolas.<br />
Fig.1 – Pomar <strong>de</strong> cerejeiras tradicional. Fig.2 – Pomar <strong>de</strong> cerejeiras intensivo.<br />
A obtenção <strong>de</strong> boas produtivida<strong>de</strong>s com cerejas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> passa, n<strong>um</strong>a<br />
primeira fase, pela reconversão das varieda<strong>de</strong>s, porta-enxerto e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação<br />
e n<strong>um</strong>a segunda fase, pela actualização e mo<strong>de</strong>rnização das práticas culturais efectuadas<br />
no pomar, que incluem a poda, a rega, a fertilização, a manutenção do solo sem<br />
<strong>de</strong>scuidar os tratamentos fitossanitários. Trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo moroso (realizado por<br />
etapas <strong>para</strong> evitar <strong>um</strong>a forte <strong>de</strong>scapitalização do empresário agrícola) que envolve<br />
gran<strong>de</strong>s investimentos mas que se torna indispensável <strong>para</strong> fazer face às exigências dos<br />
mercados e à crescente competitivida<strong>de</strong> e globalização do comércio <strong>de</strong> hortofrutícolas<br />
(Fig.2).<br />
3
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
2 – Planeamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> Pomar Mo<strong>de</strong>rno e Intensivo <strong>de</strong> Cerejeira<br />
Os principais parâmetros que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados <strong>para</strong> o <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong> Pomar Mo<strong>de</strong>rno e Intensivo <strong>de</strong> Cerejeira (Fig.2) são: a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação, o<br />
porta-enxerto, as varieda<strong>de</strong>s, a disposição das árvores e a sua qualida<strong>de</strong>, o sistema <strong>de</strong><br />
suporte, o sistema <strong>de</strong> condução e a poda. Compreen<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong> cada<br />
componente e a sua integração em todo o processo é a chave <strong>para</strong> alcançar o sucesso.<br />
Não é possível seleccionar as respectivas componentes sem antes conhecer os<br />
princípios básicos da fisiologia <strong>de</strong> crescimento das árvores e o seu modo <strong>de</strong> frutificação.<br />
Sem enten<strong>de</strong>r a influência do sistema <strong>de</strong> condução (posicionamento da copa e a poda), a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e outros parâmetros na intercepção e distribuição da radiação<br />
solar, as componentes não po<strong>de</strong>m ser seleccionadas. Sem perceber a relação entre a<br />
intercepção da luz e a produtivida<strong>de</strong> e a interacção entre a distribuição da radiação e a<br />
qualida<strong>de</strong> dos frutos, não é possível efectuar o <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong><br />
cerejeiras. A eficiência e a importância <strong>de</strong> cada componente (ex. <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação, porta-enxerto e sistema <strong>de</strong> condução) po<strong>de</strong>rão ser medidas pela sua<br />
influência na intercepção <strong>de</strong> luz pela copa e a sua distribuição em cada árvore.<br />
Sem a presença <strong>de</strong> porta-enxertos que reduzam o vigor não é possível<br />
intensificar as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação tornando inviável alcançar produtivida<strong>de</strong>s<br />
elevadas, precoces e sustentáveis. Também não é possível atingir produções precoces<br />
sem árvores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> provenientes <strong>de</strong> viveiros <strong>de</strong>vidamente certificados.<br />
Um dos custos do uso <strong>de</strong> porta-enxertos redutores <strong>de</strong> vigor que induzem<br />
menores crescimentos vegetativos mas que alcançam produções mais precoces é a<br />
instalação <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> suporte a<strong>de</strong>quado que permita suportar o peso das árvores e<br />
da sua copa.<br />
Para optimizar a intercepção da luz pela copa e a sua distribuição é importante<br />
conhecer os efeitos do sistema <strong>de</strong> condução, da poda e do posicionamento da massa<br />
ver<strong>de</strong> bem como a sua arquitectura. O sistema <strong>de</strong> condução é <strong>um</strong>a das ferramentas<br />
cruciais juntamente com o porta-enxerto, no balanço entre os crescimentos vegetativos e<br />
reprodutivos (produção).<br />
De seguida serão abordados as diversas componentes que se consi<strong>de</strong>ram ser<br />
fulcrais no planeamento e posterior instalação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> cerejeira.<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
2.1 – Selecção das componentes <strong>para</strong> <strong>um</strong> correcto <strong><strong>de</strong>lineamento</strong><br />
Existem sete parâmetros que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados na planificação do pomar:<br />
1) porta-enxerto, 2) <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação, 3) qualida<strong>de</strong> da árvore, 4) arquitectura da<br />
árvore, 5) sistema <strong>de</strong> suporte, 6) sistema <strong>de</strong> condução através do posicionamento da<br />
copa e 7) sistema <strong>de</strong> condução através da poda.<br />
É <strong>um</strong>a conclusão com<strong>um</strong> em diversos pomares, que os mais intensivos (maior<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação) são quase sempre os mais produtivos.<br />
2.1.1 – O factor radiação solar<br />
A explicação <strong>para</strong> que alguns sistemas <strong>de</strong> condução sejam mais produtivos que<br />
outros resi<strong>de</strong> no exame da intercepção da luz pela copa e a sua distribuição individual<br />
por cada árvore. Muitos estudos <strong>de</strong>monstram que à medida que a<strong>um</strong>enta a intercepção<br />
<strong>de</strong> luz a<strong>um</strong>enta também a produtivida<strong>de</strong>. A distribuição da radiação no interior da copa<br />
influencia prepon<strong>de</strong>rantemente a qualida<strong>de</strong> da fruta, a floração e o vingamento. Outros<br />
estudos revelam também que nas áreas <strong>de</strong> copa com fraca distribuição <strong>de</strong> luz, zonas <strong>de</strong><br />
ensombramento, a fruta é <strong>de</strong> menor qualida<strong>de</strong>, com baixo calibre, com coloração fraca e<br />
com teor baixo <strong>de</strong> sólidos solúveis.<br />
A importância <strong>de</strong> cada componente no <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> do pomar (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação, porta-enxerto, sistema <strong>de</strong> condução e outros) po<strong>de</strong> ser medida pela sua<br />
influência na intercepção <strong>de</strong> luz e a respectiva distribuição. Se consi<strong>de</strong>rarmos <strong>um</strong>a<br />
forma cónica das árvores com <strong>um</strong>a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação com<strong>um</strong>, as árvores mais<br />
altas têm <strong>um</strong>a intercepção <strong>de</strong> luz maior do que as árvores mais baixas. No entanto, as<br />
mais altas têm <strong>um</strong>a distribuição <strong>de</strong> radiação mais pobre nas partes mais baixas da copa.<br />
As <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação mais elevadas têm tendência <strong>para</strong> <strong>um</strong>a maior intercepção <strong>de</strong><br />
luz mas usualmente têm problemas com ensombramentos nos espaços entre as árvores<br />
resultando n<strong>um</strong>a má distribuição <strong>de</strong> luz ao longo da copa.<br />
Os porta-enxertos que produzem árvores largas, originam maiores intercepções<br />
<strong>de</strong> luz mas infelizmente apresentam <strong>um</strong>a distribuição muito baixa da radiação ao longo<br />
da copa. Por outro lado, as árvores com porta-enxertos ananicantes po<strong>de</strong>rão ter <strong>um</strong>a<br />
fraca intercepção <strong>de</strong> luz exceptuando se forem plantadas com <strong>um</strong>a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação e se conseguirem atingir <strong>um</strong>a altura suficientemente razoável. No entanto, as<br />
árvores <strong>de</strong>stes porta-enxertos apresentam excelentes distribuições <strong>de</strong> luz <strong>um</strong>a vez que<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
têm pequenos crescimentos vegetativos originando <strong>um</strong>a copa mais aberta e com menos<br />
ensombramentos.<br />
Para as nossas condições <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>, <strong>um</strong>a intercepção e distribuição <strong>de</strong> luz<br />
optimizadas ocorrem quando a altura das árvores não ultrapassa duas vezes a distância<br />
aberta entre as linhas das árvores (zona on<strong>de</strong><br />
usualmente passam as máquinas). A título <strong>de</strong><br />
exemplo, se a distância aberta necessária <strong>para</strong> o<br />
tractor e o pulverizador passarem for <strong>de</strong> 1,5m, a<br />
altura das árvores não <strong>de</strong>verá ultrapassar os 3m.<br />
Também se <strong>de</strong>verão orientar as linhas das árvores<br />
no sentido Norte-Sul <strong>de</strong> maneira a homogeneizar<br />
a captação <strong>de</strong> radiação evitando assim<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> intercepção e distribuição <strong>de</strong> luz<br />
entre as linhas <strong>de</strong> árvores (Fig. 3).<br />
Fig. 3 – Horas <strong>de</strong> radiação solar durante a fase <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar <strong>de</strong><br />
macieiras nas diversas zonas da copa consoante a orientação das linhas (Faust, 1989).<br />
2.2 – Compreen<strong>de</strong>r a fisiologia da copa – a chave <strong>para</strong> o funcionamento do pomar<br />
A fisiologia da copa das árvores é a central <strong>de</strong> energia do pomar. A intercepção,<br />
a absorção e a conversão fotossintética da energia l<strong>um</strong>inosa em fotoassimilados são o<br />
combustível e os alicerces <strong>para</strong> o crescimento das árvores e <strong>para</strong> a qualida<strong>de</strong> dos frutos.<br />
A luz é o principal factor ambiental que controla a performance do pomar. Assim os<br />
pomares <strong>de</strong>vem possuir <strong>um</strong>a forma arquitectónica e <strong>um</strong>a estrutura que permita <strong>um</strong>a boa<br />
distribuição da luz bem como <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área foliar suficiente <strong>para</strong> assegurar<br />
<strong>um</strong>a boa intercepção da radiação evitando ao máximo a ocorrência <strong>de</strong> ensombramentos.<br />
2.2.1 – Relação directa entre a produtivida<strong>de</strong> e a intercepção <strong>de</strong> luz<br />
A relação entre a produtivida<strong>de</strong> por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superfície e a intercepção <strong>de</strong> luz<br />
aplica-se a todos os pomares localizados em todos os tipos <strong>de</strong> clima (Fig.4). É também<br />
verda<strong>de</strong> que esta relação directa entre estes dois parâmetros é o princípio fundamental<br />
<strong>para</strong> todas as culturas agronómicas e regulador da produtivida<strong>de</strong> por hectare.<br />
6
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
A produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pomares jovens está relacionada com a baixa intercepção <strong>de</strong><br />
luz provocada pelo incompleto <strong>de</strong>senvolvimento da copa. Em pomares adultos 60 a<br />
70% <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> luz parece ser o limite superior a atingir. Quando a intercepção<br />
da radiação supera os 70% a relação linear com a produtivida<strong>de</strong> quebra-se. A copa<br />
necessária <strong>para</strong> atingir esses valores <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> luz introduz outros problemas<br />
relacionados com a distribuição da radiação na copa do pomar.<br />
A plantação <strong>de</strong> pomares usando árvores mais pequenas com maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> por<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superfície foi <strong>um</strong>a das gran<strong>de</strong>s inovações na redução do tempo que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a plantação até à optimização da intercepção <strong>de</strong> luz por parte da respectiva copa. Apesar<br />
da produção unitárias das árvores com porta-enxertos ananicantes ser mais reduzida, a<br />
rápida passagem até alcançarem o máximo da intercepção <strong>de</strong> luz (período juvenil das<br />
árvores bastante mais baixo), resulta n<strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> pelo pomar no seu<br />
todo.<br />
A instalação <strong>de</strong> pequenas árvores muito juntas provi<strong>de</strong>ncia o método mais eficaz<br />
<strong>para</strong> o rápido estabelecimento da copa do pomar e a respectiva intercepção <strong>de</strong> luz <strong>para</strong><br />
optimizar a produtivida<strong>de</strong>.<br />
Fig.4 – Relação entre a intercepção <strong>de</strong> luz total (percentagem) e a produtivida<strong>de</strong> (t. por<br />
ha) em pomares <strong>de</strong> macieiras, (Barrit, 2003).<br />
2.2.2 – Copa necessária <strong>para</strong> optimizar a intercepção <strong>de</strong> luz<br />
Um assunto prático a ter em consi<strong>de</strong>ração no <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar e na<br />
sua gestão é saber a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa ver<strong>de</strong> necessária <strong>para</strong> optimizar a intercepção<br />
da radiação solar. Para isso é usado em fisiologia vegetal o conceito <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> área<br />
foliar (LAI). O LAI é calculado pelo número <strong>de</strong> vezes que a área <strong>de</strong> terreno plantado é<br />
coberto pela área foliar da cultura. Como exemplo, <strong>um</strong> LAI <strong>de</strong> 3 representa 3 m 2 <strong>de</strong> área<br />
foliar por m 2 <strong>de</strong> área <strong>de</strong> terreno.<br />
7
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
A intercepção da luz solar a<strong>um</strong>enta rapidamente até 60% à medida que o LAI<br />
a<strong>um</strong>enta até 3,0. Os a<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> LAI acima dos 3 até 3,5 não resultam em a<strong>um</strong>entos<br />
significativos <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> luz (Fig.5).<br />
Para pomares mo<strong>de</strong>rnos, alcançar níveis <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> radiação <strong>para</strong><br />
optimizar a produtivida<strong>de</strong> da copa terá <strong>de</strong> apresentar <strong>um</strong> índice <strong>de</strong> área foliar próximo<br />
<strong>de</strong> 3.<br />
Fig.5 – Relação entre o LAI e a intercepção <strong>de</strong> luz em percentagem em pomares <strong>de</strong><br />
macieiras, (Barrit, 2003).<br />
2.2.3 – A luz é a fonte da fruta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
A produção comercializável encontra-se directamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
a<strong>de</strong>quada distribuição da luz solar na árvore. Individualizando ao nível do gomo a<br />
produtivida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>rá ser reforçada, <strong>um</strong>a vez que os gomos <strong>de</strong> fruta<br />
<strong>de</strong>senvolvidos sob condições <strong>de</strong> elevada radiância irão <strong>de</strong>senvolver-se melhor e originar<br />
mais frutos e <strong>de</strong> melhor calibre ao contrário dos outros que se encontram mais<br />
ensombrados. Res<strong>um</strong>indo, a luz é o factor ambiental primário a controlar a performance<br />
económica do pomar.<br />
Outro factor <strong>de</strong> medição importante a introduzir é a radiação fotossinteticamente<br />
activa (PAR) que consiste na radiação captada pelas folhas convertida efectivamente em<br />
energia e posteriormente usada na produção <strong>de</strong> fotoassimilados. Os gomos que<br />
experimentam ambientes <strong>de</strong> elevada radiação <strong>de</strong> PAR, na fase da iniciação floral e<br />
durante o <strong>de</strong>senvolvimento dos frutos, produzem frutos <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong><br />
nomeadamente com melhor calibre, com melhor coloração, com <strong>um</strong> teor mais elevado<br />
<strong>de</strong> sólidos solúveis, com melhor firmeza e sabor.<br />
Como se observa na Figura 6, a cerejeira é das fruteiras, juntamente com a<br />
amendoeira, que melhor respon<strong>de</strong> à intercepção <strong>de</strong> luz alcançando mais tardiamente o<br />
8
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
ponto <strong>de</strong> estabilização on<strong>de</strong> <strong>um</strong>a maior captação <strong>de</strong> radiação não implica propriamente<br />
<strong>um</strong>a maior taxa fotossintética através da captação <strong>de</strong> CO2.<br />
Fig. 6 – Relação entre a taxa fotossintética (Pn) calculada através da assimilação <strong>de</strong> CO2<br />
e o nível <strong>de</strong> PAR <strong>para</strong> diversas fruteiras: (1) Amendoeira; (2) Cerejeira; (3) Macieira;<br />
(4) Pessegueiro; (5) Ameixeira; (6) Damasqueiro (Faust, 1989).<br />
Assim sendo, os pomares <strong>de</strong>verão apresentar<br />
<strong>um</strong>a arquitectura e <strong>um</strong>a estrutura que<br />
permitam <strong>um</strong>a eficiente distribuição da<br />
radiação e ao mesmo tempo apresentar <strong>um</strong>a<br />
área foliar suficiente <strong>para</strong> assegurar <strong>um</strong>a<br />
óptima intercepção <strong>de</strong> luz (Fig.7).<br />
Os pomares intensivos são dos mais<br />
eficientes, usando árvores individualmente<br />
pequenas que provi<strong>de</strong>nciam <strong>um</strong>a elevada área<br />
<strong>de</strong> superfície vegetal em proporção com o<br />
vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> copa ao contrário <strong>de</strong> outros<br />
sistemas culturais que pecam precisamente<br />
nesta relação que fica nitidamente<br />
<strong>de</strong>scompensada <strong>de</strong>vido à fraca distribuição da<br />
radiação no interior da copa.<br />
Fig.7 – Calculo da distribuição <strong>de</strong> luz em três secções <strong>de</strong> copa <strong>para</strong> 2 tipos <strong>de</strong> dimensão<br />
<strong>de</strong> LAI em três sistemas <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> macieiras: Palmeta, Cónico e Campo Coberto.<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
As áreas ensombradas recebem luz insuficiente <strong>para</strong> produtivida<strong>de</strong>s satisfatórias, (Faust,<br />
1989).<br />
2.2.4 – O uso dos princípios no <strong><strong>de</strong>lineamento</strong> do pomar e na resolução <strong>de</strong><br />
problemas práticos<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento prático e conceptual <strong>de</strong> pomares intensivos é baseado nos<br />
princípios e conhecimento do papel da luz na produtivida<strong>de</strong> e na qualida<strong>de</strong> da fruta. A<br />
transferência da plantação intensiva <strong>para</strong> a produção comercial introduz, naturalmente,<br />
vastas e variadas aplicações que po<strong>de</strong>rão inadvertidamente comprometer proprieda<strong>de</strong>s<br />
fisiológicas necessárias <strong>para</strong> optimizar a performance do pomar. Usualmente, os<br />
problemas surgem causados pelas condições <strong>de</strong>ficitárias <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> luz, <strong>de</strong> índice<br />
<strong>de</strong> área foliar ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área vegetal.<br />
As <strong>de</strong>cisões a tomar relacionadas com o espaçamento entre as árvores, a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e o vigor do porta-enxerto são a origem com<strong>um</strong> dos problemas ligados à<br />
radiação solar no pomar. Geralmente esses problemas só se manifestam quando o pomar<br />
atinge a ida<strong>de</strong> adulta. Os assuntos relacionados com a baixa produtivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>clínio na<br />
qualida<strong>de</strong> da fruta e falência da performance económica do pomar são sintomas típicos<br />
evi<strong>de</strong>nciados.<br />
As baixas produtivida<strong>de</strong>s estão, normalmente, relacionadas directamente com<br />
<strong>um</strong>a ina<strong>de</strong>quada intercepção da luz solar. A causa mais provável é que o espaço usado<br />
entre as árvores é muito largo <strong>para</strong> o seu tamanho final (principalmente o espaço da<br />
entre-linha), ou seja a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação é muito baixa. A solução nestas situações<br />
é a<strong>um</strong>entar o índice <strong>de</strong> área foliar e a intercepção <strong>de</strong> luz permitindo o crescimento em<br />
altura das árvores ou prolongando a ramificação lateral <strong>para</strong> a<strong>um</strong>entar a copa e a área<br />
vegetal total.<br />
O <strong>de</strong>clínio da performance económica e da qualida<strong>de</strong> da fruta, especialmente a<br />
cor e o calibre, estão relacionados com <strong>um</strong>a ina<strong>de</strong>quada distribuição da radiação solar e<br />
<strong>um</strong>a elevada percentagem <strong>de</strong> área <strong>de</strong> ensombramento. Estes problemas ocorrem em<br />
pomares adultos quando as árvores ultrapassam o vol<strong>um</strong>e que lhes estava <strong>de</strong>stinado à<br />
partida. É o problema clássico <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong>masiado elevadas. O pomar<br />
nos primeiros anos comporta-se muito bem produzindo fruta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> excepcional<br />
até à altura que a área foliar vai a<strong>um</strong>entando e os vol<strong>um</strong>es individuais <strong>de</strong> copa das<br />
árvores começam-se a sobrepor. Nestas circunstâncias, a poda necessária <strong>para</strong> confinar<br />
os vol<strong>um</strong>es <strong>de</strong> copa a <strong>um</strong> espaço ina<strong>de</strong>quado e mal planeado resulta em crescimento<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
vegetativos excessivos e área foliar marginal reduzindo a distribuição da radiação solar.<br />
Um sintoma típico <strong>de</strong> pomares plantados com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação excessiva é a<br />
perda da forma cónica das árvores com o posterior <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> formas<br />
irregulares.<br />
Uma ina<strong>de</strong>quada distribuição <strong>de</strong> luz também se po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolver em pomares<br />
com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação optimizadas através <strong>de</strong> poda insuficiente originando <strong>um</strong>a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vegetal excessiva. Essa má distribuição po<strong>de</strong>rá ter <strong>um</strong> impacto elevado na<br />
produtivida<strong>de</strong>, nomeadamente na dimensão da fruta, na diferenciação <strong>de</strong> gomos florais,<br />
e n<strong>um</strong> crescimento vegetativo fraco em zonas <strong>de</strong> ensombramento. A reduzida<br />
distribuição <strong>de</strong> radiação solar e <strong>um</strong>a elevada percentagem <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> ensombramento<br />
recebem menos 20 a 30% <strong>de</strong> luz inci<strong>de</strong>nte indicando <strong>um</strong>a excessiva, e não óptima, área<br />
e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> foliar. Uma vez que transmissão da luz nas folhas das fruteiras é muito<br />
limitada, a distribuição <strong>de</strong> luz <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhagem fazendo com<br />
que a maior percentagem <strong>de</strong> espaços abertos permita que a luz inci<strong>de</strong>nte e reflectida<br />
tenha <strong>um</strong>a penetração maior e mais uniforme ao longo da copa.<br />
As altas produtivida<strong>de</strong>s e as boas performances económicas nos pomares<br />
alcançam-se através do equilíbrio na gestão da distribuição da área foliar. O objectivo<br />
será conseguir pelo menos 60% <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> radiação e <strong>um</strong>a a<strong>de</strong>quada distribuição<br />
da luz que assegure consequentemente <strong>um</strong>a óptima produtivida<strong>de</strong> e <strong>um</strong>a boa qualida<strong>de</strong><br />
na fruta.<br />
2.3 – O porta-enxerto como <strong>um</strong>a componente essencial <strong>para</strong> a intensificação<br />
A fundação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo é o porta-enxerto redutor <strong>de</strong> vigor<br />
e precoce bem como as elevadas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação.<br />
Apesar das altas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s serem o factor mais importante que afecta a<br />
produtivida<strong>de</strong> nos primeiros anos <strong>de</strong> vida do pomar, os porta-enxertos redutores <strong>de</strong><br />
vigor induzem <strong>um</strong>a floração e <strong>um</strong>a produção precoce o que a<strong>um</strong>enta significativamente<br />
o rendimento do pomar. Além disso, estes porta-enxertos permitem o estabelecimento<br />
das altas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação mesmo quando o pomar atinge a ida<strong>de</strong> adulta. Os<br />
porta-enxertos influenciam a repartição dos assimilados e dos recursos da planta entre a<br />
parte vegetativa e a produtiva. Outras características importantes dos porta-enxertos são<br />
a indução <strong>de</strong> boas produções com bons calibres, tolerância a pragas e doenças e ainda a<br />
tolerância a stress abióticos (seca, asfixia radicular, geadas e frio invernal).<br />
11
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Os porta-enxertos semi-ananicantes oferecem <strong>um</strong>a das melhores alternativas<br />
<strong>para</strong> assegurar produtivida<strong>de</strong>s elevadas nos pomares logo nos primeiros anos. Através<br />
da selecção <strong>de</strong> porta-enxertos precoces, bem adaptados e ananicantes, plantando a<br />
elevadas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s e garantindo bons crescimentos iniciais das plantas é possível<br />
atingir bons rendimentos nos pomares recém instalados. Se todos estes factores forem<br />
combinados com <strong>um</strong>a condução apropriada, <strong>um</strong>a fertilização equilibrada e <strong>um</strong> regime<br />
hídrico monitorizado e a<strong>de</strong>quado, os sistemas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> são muito mais<br />
rentáveis que os sistemas tradicionais.<br />
Todos os pomares mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da precocida<strong>de</strong> produtiva <strong>para</strong> serem<br />
rentáveis. Os porta-enxertos semi-ananicantes que induzem florações precoces<br />
combinadas com elevadas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação a<strong>um</strong>entaram drasticamente as<br />
produtivida<strong>de</strong>s dos pomares mo<strong>de</strong>rnos. Além disso, a elevada eficiência das<br />
produtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes porta-enxertos significam que quando são plantados à sua<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óptima as produtivida<strong>de</strong>s ac<strong>um</strong>uladas, ao longo da vida útil do pomar, são<br />
muito superiores às dos porta-enxertos vigorosos.<br />
Para serem competitivos os produtores têm <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar as produtivida<strong>de</strong>s. Os<br />
porta-enxertos inovadores oferecem <strong>um</strong>a das melhores e mais económicas maneiras <strong>de</strong><br />
alcançar produtivida<strong>de</strong>s precoces e sustentáveis. Se seleccionarem porta-enxertos<br />
precoces e bem adaptados às condições edáficas e climáticas, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação<br />
elevadas e se obterem crescimentos vegetativos precoces, os melhoramentos na<br />
eficiência dos pomares são possíveis. Se todos estes factores forem combinados com<br />
podas reduzidas, os pomares mo<strong>de</strong>rnos e intensivos po<strong>de</strong>rão ser muito mais rentáveis<br />
que os tradicionais.<br />
2.4 – A importância da varieda<strong>de</strong><br />
Um produtor procura as varieda<strong>de</strong>s que melhor se ajustam aos seus objectivos<br />
<strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> comercialização. Terá que contar tanto com os factores externos às<br />
árvores como os factores climáticos bem como com os factores internos nomeadamente<br />
o porte das árvores e as diversas características dos frutos. Sendo assim os principais<br />
factores a ter em consi<strong>de</strong>ração na escolha <strong>de</strong> <strong>um</strong>a varieda<strong>de</strong> são: o calibre, a dureza, a<br />
qualida<strong>de</strong> gustativa, a produtivida<strong>de</strong>, o vingamento e o porte da árvore, a resistência ao<br />
rachamento, a apresentação do fruto (cor, brilho, comprimento e <strong>de</strong>stacamento do<br />
pedúnculo), a data <strong>de</strong> colheita e a data <strong>de</strong> floração (especial atenção aos fenómenos <strong>de</strong><br />
esterilida<strong>de</strong> entre árvores <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s iguais ou mesmo <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s distintas).<br />
12
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
2.5 – Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e a intercepção <strong>de</strong> luz – chaves <strong>para</strong> as produções<br />
precoces e sustentáveis<br />
A gran<strong>de</strong> maioria dos pomares mo<strong>de</strong>rnos intensivos apresenta árvores mais<br />
pequenas que produzem menos unitariamente do que as árvores tradicionais. No<br />
entanto, com a combinação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> porta-enxerto <strong>de</strong> menor vigor e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação, os novos sistemas intensivos po<strong>de</strong>m alcançar produtivida<strong>de</strong>s semelhantes ou<br />
maiores que os melhores pomares tradicionais. Nos pomares mo<strong>de</strong>rnos e intensivos<br />
pequenas mas significativas produções são esperadas nos primeiros anos do pomar,<br />
enquanto o seu estado adulto é esperado no 5º ou 6º ano após a plantação. Em contraste,<br />
os pomares tradicionais, com baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantação e porta-enxertos<br />
vigorosos, começam a produzir ao 6º ou 7º ano após a plantação alcançado o estado<br />
adulto <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> ao 15º ano.<br />
2.5.1 – Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação é o factor singular mais prepon<strong>de</strong>rante que afecta as<br />
produções precoces nos pomares mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> cerejeira. Nos primeiros anos <strong>de</strong> vida, a<br />
intercepção <strong>de</strong> luz pela copa é baixa limitando o potencial produtivo. O gran<strong>de</strong><br />
objectivo a alcançar na fase juvenil é <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o mais <strong>de</strong>pressa possível o vol<strong>um</strong>e<br />
<strong>de</strong> copa <strong>para</strong> a fase adulta (Fig.8 e 9).<br />
Fig.8 – Instalação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar intensivo. Fig.9 – Pomar intensivo recém plantado.<br />
Existe <strong>um</strong>a relação curvilínea ascen<strong>de</strong>nte entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e a<br />
produtivida<strong>de</strong> ac<strong>um</strong>ulada. À medida que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação vai a<strong>um</strong>entando a<br />
13
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
produção vai crescendo progressivamente. No topo da relação curvilínea, a<strong>um</strong>entos<br />
adicionais na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação não originam produtivida<strong>de</strong>s extras suficientes<br />
<strong>para</strong> pagarem o custo acrescido <strong>de</strong> aquisição das plantas (Fig.10).<br />
Fig.10 – Relação entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação (árv. por ha) e a produção ac<strong>um</strong>ulada<br />
em macieiras (mt por ha), (Barrit, 2003).<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação, quando <strong>de</strong>vidamente calculada, consi<strong>de</strong>ra o vigor da<br />
varieda<strong>de</strong>, o vigor do porta-enxerto e a fertilida<strong>de</strong> do solo. Com varieda<strong>de</strong>s vigorosas,<br />
os produtores <strong>de</strong>verão seleccionar porta-enxertos mais ananicantes e distâncias <strong>de</strong><br />
plantação superiores. O inverso também <strong>de</strong>verá ser acautelado, ou seja, com varieda<strong>de</strong>s<br />
mais produtivas <strong>de</strong>verão ser usados porta-enxertos mais vigorosos bem como distâncias<br />
<strong>de</strong> plantação mais pequenas.<br />
2.5.2 – Elevada intercepção <strong>de</strong> luz no estado adulto do pomar<br />
As produtivida<strong>de</strong>s dos pomares no seu estado adulto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e do sistema <strong>de</strong> condução, estão relacionadas com a radiação<br />
solar interceptada. Apesar das produtivida<strong>de</strong>s iniciais e precoces estarem relacionadas<br />
com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e com o porta-enxerto (nem tanto com a forma <strong>de</strong><br />
condução), as produtivida<strong>de</strong>s na fase adulta po<strong>de</strong>m diferir significativamente consoante<br />
a intercepção <strong>de</strong> luz (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma e arranjo das árvores).<br />
A intercepção <strong>de</strong> luz po<strong>de</strong> ser a<strong>um</strong>entada através do a<strong>um</strong>ento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
folhagem, do a<strong>um</strong>ento da altura das árvores equilibrando com a distância entre as<br />
linhas, e por último com a intensificação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação. No entanto, <strong>de</strong>vido<br />
ao espaço necessário <strong>para</strong> as máquinas passarem, a intercepção da radiação solar é mais<br />
14
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
influenciável pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e pela altura das árvores do que pela<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da copa.<br />
As árvores gran<strong>de</strong>s em forma <strong>de</strong> vaso plantadas com gran<strong>de</strong>s espaçamentos<br />
como é típico dos pomares tradicionais <strong>de</strong> cerejeira, interceptam muito pouca luz<br />
quando são jovens e quando atingem a fase adulta o nível <strong>de</strong> ensombramento no seu<br />
interior é muito elevado. A conclusão <strong>de</strong> que <strong>um</strong>a significativa porção <strong>de</strong> terreno e <strong>de</strong><br />
recursos energéticos (radiação solar) estava a ser totalmente <strong>de</strong>sperdiçada levou à<br />
plantação <strong>de</strong> pomares mo<strong>de</strong>rnos e mais intensivos o que resultou em produções mais<br />
precoces e <strong>um</strong> melhor aproveitamento dos recursos naturais através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a melhor e<br />
mais eficaz captação <strong>de</strong> luz. Os estudos feitos nesta área revelam que a intercepção <strong>de</strong><br />
luz está positivamente relacionada com a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação e com a<br />
produtivida<strong>de</strong>. O efeito da arquitectura da<br />
árvore e do porta-enxerto são menos<br />
importante que o número <strong>de</strong> árvores por<br />
hectare <strong>para</strong> o a<strong>um</strong>ento global da<br />
intercepção <strong>de</strong> radiação e da<br />
produtivida<strong>de</strong>. A intensificação cultural é<br />
o parâmetro mais relevante <strong>para</strong> o<br />
a<strong>um</strong>ento das produtivida<strong>de</strong>s precoces e da<br />
intercepção <strong>de</strong> luz nos pomares jovens.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da intercepção<br />
<strong>de</strong> radiação, a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem dos<br />
pomares convencionais e da respectiva<br />
arquitectura é a quantida<strong>de</strong> substancial <strong>de</strong><br />
energia solar que é <strong>de</strong>sperdiçada entre as<br />
linhas das árvores e na zona <strong>de</strong> passagem<br />
das máquinas que podia ser aproveitada<br />
<strong>para</strong> produzir fruta.<br />
Fig.11 – Influência da arquitectura da área ver<strong>de</strong>, da altura das árvores e da distância<br />
entre-linhas na intercepção e distribuição <strong>de</strong> luz. As riscas presentes na copa das árvores<br />
indicam zonas <strong>de</strong> ensombramento, (Faust, 1989).<br />
15
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Existe <strong>um</strong>a relação simples entre a altura das árvores, o espaço entre as linhas<br />
(incluindo a zona <strong>de</strong> passagem da maquinaria) e a intercepção <strong>de</strong> luz. Quanto maior a<br />
altura das árvores, mantendo o espaçamento na entre-linha, a<strong>um</strong>enta a intercepção <strong>de</strong><br />
luz originando melhores produções se a distribuição da radiação for a<strong>de</strong>quada ao longo<br />
da copa. No entanto, se altura das árvores for <strong>de</strong>masiado elevada resultam problemas <strong>de</strong><br />
ensombramento e <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong>ficitária <strong>de</strong> radiação solar no pomar. As condições<br />
i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> intercepção <strong>de</strong> luz ocorrem quando existe <strong>um</strong> rácio entre a altura das árvores e<br />
a distância entre linhas <strong>de</strong> 0,8 e 1, aten<strong>de</strong>ndo às nossas condições <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>. O<br />
principal objectivo <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> maximizar a intercepção da radiação solar (Fig. 11).<br />
2.5.3 – A distribuição <strong>de</strong> luz na copa do pomar adulto<br />
À medida que as árvores vão evoluindo e crescendo a intercepção <strong>de</strong> luz alcança<br />
o seu máximo, sendo o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> manter <strong>um</strong>a boa distribuição <strong>de</strong> radiação que permita<br />
boas produções com fruta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Na maioria dos pomares tradicionais <strong>de</strong><br />
cerejeira, existe <strong>um</strong>a tendência <strong>para</strong> as árvores adquirirem <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> guarda-chuva<br />
(Fig.12) on<strong>de</strong> o topo da copa recebe gran<strong>de</strong> percentagem da radiação originando<br />
ensombramento nas zonas interiores e inferiores. Estas áreas apresentam piores<br />
induções florais e <strong>de</strong>ficientes diferenciações <strong>de</strong> gomos florais e produzem frutos <strong>de</strong><br />
baixo calibre e <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>.<br />
Fig.12 – Distribuição da luz n<strong>um</strong>a árvore em forma <strong>de</strong> vaso fechado, (Barrit, 2003).<br />
Alg<strong>um</strong>as abordagens têm sido conduzidas no sentido <strong>de</strong> melhorar a distribuição<br />
da luz nos pomares.<br />
Uma <strong>de</strong>las consiste em disponibilizar pequenas aberturas entre os ramos que<br />
permitam a penetração da radiação <strong>para</strong> o centro e <strong>para</strong> as zonas inferiores da copa. Esta<br />
abordagem é usada nas formas naturais como são o eixo central, a forma cónica, a<br />
forma piramidal e o eixo vertical (Fig.13).<br />
16
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Fig.13 – Distribuição <strong>de</strong> luz padrão n<strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> condução em eixo central, (Barrit,<br />
2003).<br />
Uma segunda aproximação é <strong>de</strong> fornecer <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma permanente poucas mas<br />
gran<strong>de</strong>s aberturas <strong>para</strong> penetração da luz restringindo a copa a formas geométricas como<br />
são a palmeta, os muros fruteiros e as formas A, V ou T.<br />
A terceira e última abordagem é manter a profundida<strong>de</strong> da copa das formas<br />
naturais das árvores muito fina <strong>para</strong> melhorar a penetração da radiação.<br />
Na sua generalida<strong>de</strong>, <strong>um</strong>a boa distribuição <strong>de</strong> luz po<strong>de</strong> ser alcançada, em árvores<br />
adultas, se os topos forem mais estreitos do que a base e se o equilíbrio entre a parte<br />
vegetativa e a produtiva existir. Para sistemas cónico como, o eixo vertical, a forma<br />
piramidal ou o tradicional eixo central, a manutenção da forma cónica, à medida que a<br />
árvore vai evoluindo, é fundamental <strong>para</strong> manter <strong>um</strong>a boa exposição solar, boas<br />
produções e boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fruta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o topo até à base da árvore.<br />
O objectivo chave na planificação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo <strong>de</strong>verá ser<br />
o <strong>de</strong> maximizar as produções nos primeiros anos e alcançar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma eficaz<br />
gran<strong>de</strong>s produtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> durante e <strong>de</strong>pois da fase adulta. A melhor<br />
forma <strong>de</strong> obter elevadas produções n<strong>um</strong>a fase precoce é através da alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma das árvores e do sistema <strong>de</strong> condução<br />
seleccionado.<br />
Todos os pomares intensivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das produções precoces <strong>para</strong> serem<br />
rentáveis. A escolha específica do sistema <strong>de</strong> condução usado no <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
pomar é menos importante que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as intervenções <strong>de</strong><br />
poda sejam reduzidas ao mínimo. Os produtores <strong>de</strong>vem focar-se em alcançar produções<br />
17
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
precoces através da intensificação cultural, pela selecção <strong>de</strong> porta-enxertos precoces e<br />
ananicantes, localizações com boa exposição solar e com baixo risco <strong>de</strong> geada e por<br />
último obter bons crescimentos iniciais das árvores. Se todos estes parâmetros forem<br />
interligados com <strong>um</strong>a a<strong>de</strong>quada condução das árvores e intervenções mínimas <strong>de</strong> poda,<br />
os pomares mo<strong>de</strong>rnos e intensivos po<strong>de</strong>rão ser substancialmente mais rentáveis<br />
economicamente que os tradicionais. As altas produtivida<strong>de</strong>s na fase adulta requerem<br />
<strong>um</strong>a intercepção da radiação elevada po<strong>de</strong>ndo ser atingidas através <strong>de</strong> <strong>um</strong> correcto<br />
dimensionamento do pomar on<strong>de</strong> a altura das árvores <strong>de</strong>verá ser, pelo menos, 80% da<br />
distância entre-linhas. A produção <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> necessita <strong>de</strong> <strong>um</strong>a boa<br />
distribuição da luz no interior da copa po<strong>de</strong>ndo ser alcançada por <strong>um</strong>a boa arquitectura<br />
das árvores com boas aberturas que permitam <strong>um</strong>a boa penetração da radiação e através<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a eficiente renovação da área foliar.<br />
2.6 – Qualida<strong>de</strong> das árvores – <strong>um</strong>a parte importante no sucesso da plantação<br />
A qualida<strong>de</strong> do material vegetal é importante <strong>um</strong>a vez que influencia a obtenção<br />
<strong>de</strong> produções precoces e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar amortizar o investimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />
forma mais célere a<strong>um</strong>entando assim a sua rentabilida<strong>de</strong>. A performance <strong>de</strong> <strong>um</strong>a árvore<br />
<strong>de</strong> fruto nos primeiros anos apresenta <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> impacto nas produções precoces e na<br />
rentabilida<strong>de</strong> do pomar.<br />
A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a árvore <strong>de</strong>verá ser analisada não só pelo diâmetro do tronco<br />
mas também pela ramificação, pelo <strong>de</strong>senvolvimento do sistema radicular, pelo<br />
comprimento do porta-enxerto, a saú<strong>de</strong> fitossanitária e pelo método <strong>de</strong> propagação.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista fisiológico, são as reservas <strong>de</strong> nutrientes que se encontram no<br />
interior da planta que suportam o seu crescimento inicial durante a sua transplantação<br />
do viveiro <strong>para</strong> o pomar. Assim, <strong>um</strong>a árvore <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, não só precisa <strong>de</strong> ter <strong>um</strong> bom<br />
tamanho e envergadura como também <strong>um</strong> bom rácio entre raízes e ramos sendo que o<br />
mais importante <strong>de</strong>verá ser a presença <strong>de</strong> elevados níveis <strong>de</strong> reservas <strong>de</strong> nutrientes.<br />
Nesse último aspecto, o azoto <strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel fundamental <strong>um</strong>a vez que as suas<br />
reservas são o material <strong>de</strong> construção inicial antes <strong>de</strong> as raízes iniciarem a sua extracção<br />
no solo. Secundariamente, as reservas <strong>de</strong> hidratos <strong>de</strong> carbono são importantes <strong>de</strong>vido ao<br />
facto <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciarem a energia e os alicerces <strong>para</strong> os novos crescimentos antes do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualquer gomo ou do início da fotossíntese.<br />
18
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
2.6.1 – Características mínimas das árvores<br />
De <strong>um</strong>a maneira geral, recomenda-se que o material vegetal proveniente do<br />
viveiro <strong>para</strong> a plantação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo <strong>de</strong>verá estar<br />
convenientemente ramificado apresentando entre 6 a 10 ramos que estejam 60 a 80 cm<br />
do solo e com <strong>um</strong> comprimento entre 20 a 38 cm. Deverão evi<strong>de</strong>nciar <strong>um</strong>a boa<br />
envergadura e altura não menos do que 1,5 m. As árvores com <strong>um</strong> bom diâmetro <strong>de</strong><br />
tronco são a próxima escolha quando as árvores ramificadas não se encontram<br />
disponíveis.<br />
Os estudos nesta área <strong>de</strong>monstram que as árvores com bom diâmetro <strong>de</strong> tronco e<br />
que também apresentam boa ramificação produzem mais fruta que as que não<br />
apresentam estas características, especialmente nos primeiros anos após a plantação<br />
(Fig.14 e 15). Para os pomares intensivos que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das primeiras produções, as<br />
árvores ramificadas são vitais <strong>para</strong> o seu sucesso económico. Se os produtores usarem,<br />
na sua maioria, árvores <strong>de</strong> pequeno porte e com fraca ramificação, as produções<br />
precoces ficam seriamente comprometidas bem como a amortização do investimento<br />
inicial e a posterior rentabilida<strong>de</strong> do pomar.<br />
Fig.14 – Árvore bem ramificada. Fig.15 – Árvore com muitos ramos laterais.<br />
A qualida<strong>de</strong> do material vegetal proveniente dos viveiros é <strong>um</strong>a parte integral do<br />
sucesso da instalação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo. Quanto melhor a árvore,<br />
maiores serão as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso económico do investimento.<br />
19
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
2.7 – Sistema <strong>de</strong> suporte – <strong>um</strong> investimento que propícia muitos divi<strong>de</strong>ndos<br />
Os sistemas <strong>de</strong> suporte são <strong>de</strong>lineados <strong>para</strong> suportarem o peso da cultura<br />
prevenindo a quebra <strong>de</strong> ramos e mesmo a danificação das árvores (Fig.16). N<strong>um</strong>a etapa<br />
inicial, a preservação da copa das árvores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente da arquitectura do<br />
sistema <strong>de</strong> suporte. A sua instalação <strong>de</strong>verá ser encarada como <strong>um</strong> investimento que<br />
permite as produções iniciais preservando a estrutura das árvores não comprometendo<br />
as futuras produtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a que permite retirar muitos divi<strong>de</strong>ndos ao contrário<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a simples <strong>de</strong>spesa sem qualquer retorno económico. Quando as árvores se<br />
encontram <strong>de</strong>vidamente alicerçadas e seguras, po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>senvolver-se<br />
convenientemente nos primeiros anos, a<strong>um</strong>entando as suas produções<br />
progressivamente. Sem <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong>vidamente instalado as árvores teriam<br />
que ser severamente podadas <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r originar crescimento vegetativos suficiente<br />
<strong>para</strong> se conseguirem <strong>de</strong>senvolver e segurar, comprometendo seriamente o equilíbrio<br />
entre a parte vegetativa e produtiva o que originaria fracas ou nulas produções.<br />
Fig.16 – Tipologia <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar intensivo, (Barrit, 2003).<br />
2.8 – Sistema <strong>de</strong> condução – Desenvolvimento e manutenção da arquitectura do<br />
pomar<br />
As podas estimulam os crescimentos vegetativos e reduzem a frutificação. Os<br />
crescimentos causados pelas intervenções são <strong>um</strong>a resposta da árvore <strong>para</strong> restaurar o<br />
equilíbrio intrínseco entre o tamanho do sistema radicular e o vol<strong>um</strong>e da sua copa, ou<br />
seja a relação entre raízes e ramos. As podas reduzem o tamanho da copa logo a planta<br />
respon<strong>de</strong> com novos crescimentos <strong>para</strong> reequilibrar o balanço perdido. Assim que o<br />
equilíbrio seja alcançado os crescimentos diminuirão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>.<br />
20
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
As podas po<strong>de</strong>rão remover a dominância apical dos ramos através da remoção<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a proporção dos pontos <strong>de</strong> crescimento (ápices dos gomos) induzindo respostas <strong>de</strong><br />
crescimento aos gomos próximos dos cortes. Noutros casos, a dominância po<strong>de</strong>rá ser<br />
apenas alterada com a remoção <strong>de</strong> ramos laterais ou com a promoção <strong>de</strong> ramos laterais<br />
em <strong>de</strong>trimento do ramo principal.<br />
A condução dos ramos, ao contrário das podas, influencia o crescimento e a<br />
frutificação através do efeito gravitacional e morfológico que afectam os padrões <strong>de</strong><br />
ramificação e <strong>de</strong> controlo apical. A flexão dos ramos com ângulos superiores a 45º em<br />
posições próximas ou superiores do horizontal a<strong>um</strong>enta a indução floral e todas as<br />
respostas opostas à poda. É possível modificar consi<strong>de</strong>ravelmente o crescimento e a<br />
forma <strong>de</strong> <strong>um</strong> ramo através da variação da magnitu<strong>de</strong> do seu ângulo <strong>de</strong> inserção da<br />
posição vertical.<br />
Os padrões <strong>de</strong> ramificação po<strong>de</strong>rão não ser alterados mas os crescimentos<br />
vegetativos são sempre reduzidos conduzindo os ramos <strong>para</strong> posições próximas da<br />
horizontalida<strong>de</strong>. Se forem arqueados abaixo da posição horizontal, a dominância apical<br />
do gomo terminal é perdida e os gomos da zona <strong>de</strong> curvatura do ramo <strong>de</strong>senvolvem<br />
novos crescimentos n<strong>um</strong>a tentativa da planta retomar o controlo apical. Os segmentos<br />
<strong>de</strong> ramos orientados abaixo <strong>de</strong>ssa posição não produzem praticamente crescimentos<br />
vegetativos.<br />
A gestão da copa <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar enquadra-se em duas fases principais: o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das árvores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a plantação até à ida<strong>de</strong> adulta sendo seguida pela<br />
manutenção das suas copas ao longo da vida produtiva do pomar.<br />
2.8.1 – Desenvolvimento da copa das árvores<br />
A gestão da área foliar do pomar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a plantação <strong>de</strong>ve focar-se em diversos<br />
pontos críticos:<br />
- Definição da forma e arquitectura da copa das árvores;<br />
- Rápida expansão da copa <strong>para</strong> a<strong>um</strong>entar a intercepção da radiação solar;<br />
- Estabelecimento rápido da copa <strong>para</strong> promoção do potencial <strong>de</strong> produção.<br />
A preferência pelo mínimo <strong>de</strong> intervenções <strong>de</strong> poda possíveis dando priorida<strong>de</strong><br />
pela condução dos ramos irá maximizar o incremento da expansão da copa através da<br />
optimização do crescimento potencial da estrutura existente da jovem árvore.<br />
A remoção intensa dos ramos ocasionada pelas podas reduz o tamanho global<br />
das árvores, po<strong>de</strong>ndo adiar a expansão da sua copa ocasionando <strong>um</strong>a redução drástica<br />
21
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
das produções precoces. No entanto, existem oportunida<strong>de</strong>s estratégicas <strong>de</strong> poda, como<br />
é o exemplo das intervenções em ver<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>rão promover crescimentos específicos<br />
no sentido <strong>de</strong> melhorar a arquitectura e a forma das árvores. Este tipo <strong>de</strong> intervenções<br />
po<strong>de</strong>rão melhorar significativamente a distribuição dos fotoassimilados pela árvore,<br />
através da remoção <strong>de</strong> ramos que não sejam importantes <strong>para</strong> a sua estrutura. A melhor<br />
partição dos assimilados permite <strong>um</strong>a redução significativa do vigor dos crescimentos<br />
vegetativos e <strong>um</strong>a promoção da ramificação lateral.<br />
Durante o <strong>de</strong>senvolvimento juvenil do pomar, a poda do eixo das jovens árvores<br />
é geralmente in<strong>de</strong>sejado <strong>um</strong>a vez que reduz <strong>um</strong>a porção significativa <strong>de</strong> massa ver<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sequilibrando o crescimento natural e os padrões <strong>de</strong> ramificação das jovens plantas.<br />
No entanto, quando as árvores apresentam <strong>um</strong> vigor vegetativo muito reduzido po<strong>de</strong>rá<br />
ser aconselhado o corte da parte superior do eixo, <strong>um</strong>a vez que a resposta vegetativa<br />
será muito forte na tentativa <strong>de</strong> reequilibrar a sua estrutura.<br />
2.8.2 – Manutenção da área ver<strong>de</strong> <strong>para</strong> promoção da produtivida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong><br />
da fruta<br />
A manutenção da arquitectura da copa das árvores e a sua associação com a<br />
distribuição da área foliar e a renovação dos crescimentos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte largamente das<br />
intervenções anuais <strong>de</strong> poda.<br />
A relação entre os crescimentos vegetativos e a frutificação são totalmente<br />
antagónicos. Uma gestão que estimule os crescimentos reduz a frutificação enquanto a<br />
frutificação reduz drasticamente os crescimentos. O objectivo <strong>de</strong>verá ser o <strong>de</strong> alcançar o<br />
equilíbrio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das capacida<strong>de</strong>s do produtor, da sua experiência, do seu<br />
conhecimento e da compreensão da resposta das árvores às intervenções efectuadas.<br />
As podas reduzem a frutificação através da remoção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong><br />
significativa <strong>de</strong> gomos florais e a<strong>um</strong>entando a proporção <strong>de</strong> gomos foliares sendo este<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio mais acentuado à medida que a severida<strong>de</strong> da intervenção a<strong>um</strong>enta.<br />
Consequentemente, a qualida<strong>de</strong> da fruta e a produtivida<strong>de</strong> estão directamente associadas<br />
com a agressivida<strong>de</strong> das intervenções praticadas. Tanto a intensida<strong>de</strong> como o tipo <strong>de</strong><br />
poda efectuada têm repercussões na produção e na qualida<strong>de</strong> da fruta através da<br />
modificação da arquitectura da copa e o equilíbrio entre a frutificação e o vigor<br />
vegetativo influenciando prepon<strong>de</strong>rantemente a intercepção e distribuição da radiação<br />
solar na área foliar do pomar.<br />
22
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
A gestão da área foliar dos pomares mo<strong>de</strong>rnos e intensivos é baseada em<br />
intervenções leves e pontuais evitando a agressivida<strong>de</strong> e a severida<strong>de</strong> nas intervenções<br />
com o principal objectivo <strong>de</strong> manter o equilíbrio entre a componente vegetativa e a<br />
produtiva.<br />
Um bom princípio a respeitar será <strong>de</strong> estabelecer <strong>um</strong>a hierarquia dos ramos ao<br />
longo do eixo da árvore on<strong>de</strong> o respectivo comprimento vai a<strong>um</strong>entando à medida que<br />
vamos baixando em altura <strong>de</strong> maneira a permitir <strong>um</strong>a boa distribuição da radiação e<br />
evitar possíveis ensombramentos com a consequente renovação natural dos<br />
crescimentos vegetativos. O objectivo será renovar as fontes <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> dos frutos,<br />
melhorando a distribuição da luz e a gestão do tamanho da árvore, a sua forma e<br />
intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frutificação usando métodos <strong>de</strong> intervenção que evitem excessivo vigor<br />
nos crescimentos vegetativos.<br />
É também essencial conhecer os hábitos <strong>de</strong> frutificação <strong>de</strong> cada varieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vendo-se adaptar as intervenções a efectuar à sua forma <strong>de</strong> produção seleccionando os<br />
gomos que melhor <strong>de</strong>sempenho apresentem na qualida<strong>de</strong> da fruta <strong>para</strong> serem a base <strong>de</strong><br />
sustentação da nossa produção. A renovação da copa <strong>de</strong>verá ser direccionada <strong>para</strong> a<br />
preservação das melhores condições <strong>de</strong> penetração e distribuição <strong>de</strong> luz optimizando as<br />
zonas <strong>de</strong> elevado potencial qualitativo <strong>de</strong> frutificação.<br />
2.9- Alcançar o equilíbrio entre os crescimentos vegetativos e a produção<br />
O sucesso na gestão <strong>de</strong> qualquer pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />
equilíbrio entre a componente vegetativa e a produtiva. Se o vigor for muito reduzido,<br />
resulta em excessiva frutificação, baixando drasticamente os calibres a<strong>um</strong>entando a<br />
alternância <strong>de</strong> produção. Se os crescimentos vegetativos forem excessivos a floração e a<br />
frutificação são reduzidos originando problemas <strong>de</strong> produção. O sucesso no equilíbrio<br />
entre o vigor vegetativo e a produção resulta em árvores “calmas” que originam<br />
produtivida<strong>de</strong>s elevadas necessitando apenas <strong>de</strong> pequenas intervenções anuais <strong>de</strong> poda<br />
(Fig.17). As estratégias <strong>de</strong> condução e <strong>de</strong> poda juntamente com a fertilização são as<br />
principais ferramentas <strong>de</strong> gestão <strong>para</strong> alcançar o equilíbrio <strong>de</strong>sejado ao longo da vida<br />
útil do pomar.<br />
23
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Fig.17 – O Equilíbrio entre os crescimentos vegetativos e a frutificação é fortemente<br />
influenciado pela poda, fertilização e produção (adaptado <strong>de</strong> Barrit, 2003).<br />
2.9.1 – Poda e condução: princípios fisiológicos<br />
A poda é a prática cultural mais dispendiosa e importante na gestão dos pomares<br />
po<strong>de</strong>ndo ter <strong>um</strong> efeito pronunciado no crescimento da árvore, na produção, no tamanho<br />
dos frutos e na sua qualida<strong>de</strong>. É sempre <strong>um</strong>a questão <strong>de</strong> compromisso <strong>um</strong>a vez que<br />
apresenta efeitos positivos e negativos. Os principais benefícios são: 1) melhoramento<br />
na penetração da radiação solar no interior da copa potenciando a qualida<strong>de</strong> da fruta e a<br />
indução floral, 2) redução do tamanho da árvore, 3) renovação da superfície produtiva,<br />
4) melhoramento da penetração dos tratamentos fitossanitários, resultando n<strong>um</strong> controlo<br />
mais eficaz das pragas e das doenças. Os factores adversos da poda incluem 1) redução<br />
da produção, 2) retardamento da frutificação e 3) a<strong>um</strong>ento do vigor vegetativo.<br />
Na perspectiva das árvores <strong>de</strong> fruto, a poda po<strong>de</strong> ser simplificada em dois<br />
gran<strong>de</strong>s tipos <strong>de</strong> corte: os atarraques e a extracção <strong>de</strong> ramos ou <strong>de</strong> crescimentos<br />
completos. O atarraque consiste na remoção do gomo terminal com ou sem <strong>um</strong>a porção<br />
<strong>de</strong> ramo abaixo <strong>de</strong>le. Usualmente o corte pressupõe a remoção <strong>de</strong> 1/3 a meta<strong>de</strong> do ramo.<br />
O outro tipo <strong>de</strong> corte refere-se à eliminação <strong>de</strong> <strong>um</strong> ramo ou <strong>de</strong> <strong>um</strong> crescimento<br />
completo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu ponto <strong>de</strong> origem. Os dois tipos <strong>de</strong> intervenções produzem<br />
diferentes respostas que são resultantes, n<strong>um</strong>a primeira análise, da extracção do gomo<br />
terminal.<br />
Crescimentos<br />
vegetativos<br />
- Poda;<br />
- Azoto.<br />
- Vigor e pouca frutificação;<br />
- Árvores gran<strong>de</strong>s;<br />
- Frutos com calibre elevado.<br />
- Ausência <strong>de</strong> poda;<br />
- Elevadas produções.<br />
Floração<br />
e<br />
frutificação<br />
- Árvores fracas e produtivas;<br />
- Frutos pequenos.<br />
O gomo terminal <strong>de</strong> <strong>um</strong> ramo controla o seu crescimento directo e o futuro<br />
<strong>de</strong>senvolvimento dos ramos que o suce<strong>de</strong>m. É o local <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> diversas<br />
hormonas vegetais on<strong>de</strong> se incluem as auxinas, as giberelinas e as citoquininas. As<br />
primeiras produzidas pelas pontas dos ramos são transportadas no sentido gravitacional<br />
24
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
ao longo do ramo controlando o crescimento dos gomos laterais. As auxinas <strong>para</strong>m o<br />
crescimento <strong>de</strong>stes ramos laterais que se encontram n<strong>um</strong> estado <strong>de</strong> dormência. O gomo<br />
terminal também funciona como <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> cons<strong>um</strong>idor <strong>de</strong> nutrientes dirigindo o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ligações vasculares e a translocação <strong>de</strong> nutrientes provenientes das<br />
raízes, hidratos <strong>de</strong> carbono e água. A remoção do ponto terminal <strong>de</strong> crescimento resulta<br />
na extracção do abastecimento <strong>de</strong> auxinas que origina posteriormente a quebra da<br />
dormência dos gomos laterais seguido do seu <strong>de</strong>senvolvimento. Após o atarraque segue-<br />
se o fornecimento, <strong>para</strong> os gomos laterais, <strong>de</strong> hormonas, <strong>de</strong> nutrientes, <strong>de</strong> hidratos <strong>de</strong><br />
carbono e <strong>de</strong> água provenientes das raízes que anteriormente eram <strong>de</strong>slocalizados <strong>para</strong> o<br />
gomo terminal.<br />
Contrastando com os atarraques, a extracção <strong>de</strong> crescimentos e ramos<br />
completos, não só remove o gomo terminal como também os gomos laterais não<br />
alterando o balanço hormonal. Os efeitos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> cortes manifestam-se no<br />
equilíbrio geral entre o sistema radicular e a copa resultando n<strong>um</strong>a redistribuição dos<br />
nutrientes, da água e das hormonas nas folhas provenientes das raízes <strong>para</strong> os gomos<br />
remanescentes.<br />
Geralmente, a extracção <strong>de</strong> ramos não ocasiona excessivo vigor no local do corte<br />
po<strong>de</strong>ndo a<strong>um</strong>entar o vigor geral da árvore estando <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da proporção da copa<br />
removida pela intervenção. Em árvores jovens, este tipo <strong>de</strong> cortes po<strong>de</strong>rão originar<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios através <strong>de</strong> respostas vigorosas e <strong>de</strong>créscimo na frutificação <strong>de</strong>vido à<br />
remoção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a porção significativa <strong>de</strong> copa. Em árvores adultas, este tipo <strong>de</strong><br />
intervenções têm <strong>um</strong>a influência menor no vigor po<strong>de</strong>ndo a<strong>um</strong>entar substancialmente na<br />
distribuição <strong>de</strong> luz originando melhoramentos na qualida<strong>de</strong> da fruta e na produção.<br />
Outro conceito fisiológico importante encontra-se relacionado com o ângulo <strong>de</strong><br />
posicionamento do limbo. Na posição vertical, <strong>um</strong> ramo cresce mais vigorosamente do<br />
que na posição horizontal ou pen<strong>de</strong>nte. Este processo é ocasionado pela produção <strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong>s significativas <strong>de</strong> auxinas pelo gomo terminal monopolizando a translocação<br />
<strong>de</strong> nutrientes e <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> o topo do ramo limitando fortemente a ramificação e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> gomos florais. Uma posição do limbo mais horizontal origina<br />
menores crescimentos apicais e <strong>um</strong>a menor produção <strong>de</strong> auxinas permitindo <strong>um</strong>a quebra<br />
<strong>de</strong> dormência dos gomos laterais e <strong>um</strong>a ramificação dos crescimentos. O a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong><br />
pontos apicais <strong>de</strong> crescimento permite <strong>um</strong>a maior competição por recursos, nutrientes e<br />
hormonas reduzindo o vigor dos meristemas terminais, resultando n<strong>um</strong>a iniciação floral<br />
dos gomos dos ramos. Esses crescimentos posicionados horizontalmente ramificam<br />
25
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
melhor po<strong>de</strong>ndo produzir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma substancial no ano seguinte apresentando<br />
posteriormente <strong>um</strong>a tendência <strong>para</strong> pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vido ao peso da fruta.<br />
Os frutos são também fortes competidores por recursos limitando o crescimento<br />
dos ramos. Se <strong>um</strong> ramo posicionado na vertical for horizontalmente colocado, os gomos<br />
laterais serão libertados do estado dormente. Se o vigor do ramo for excessivo, esses<br />
gomos originaram crescimentos vigorosos não diferenciando gomos florais. No entanto,<br />
se o ramo apresentar <strong>um</strong> vigor mo<strong>de</strong>rado os gomos laterais irão <strong>de</strong>senvolver pequenos<br />
crescimentos, diferenciando com mais facilida<strong>de</strong> gomos florais. Os ângulos dos ramos<br />
também influenciam as respostas aos atarraques. Em ramos verticais, os atarraques<br />
estimulam significativamente o vigor reduzindo consequentemente a indução floral e a<br />
posterior frutificação. No entanto, nos ramos pen<strong>de</strong>ntes ou horizontais, os atarraques<br />
têm efeitos praticamente nulos <strong>um</strong>a vez que o efeito do gomo terminal é muito<br />
reduzido.<br />
2.9.2 - Poda e condução: nos primeiros anos <strong>de</strong> vida do pomar<br />
Durante os anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da vida <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar as árvores têm o seu<br />
período juvenil on<strong>de</strong> o equilíbrio entre a componente vegetativa e a produtiva é<br />
claramente favorável aos crescimentos vegetativos. Com sistemas culturais intensivos o<br />
objectivo é tornar o mais cedo possível, os pomares produtivos, sendo a melhor solução<br />
o mínimo <strong>de</strong> intervenções <strong>de</strong> poda nos primeiros 4 anos. Evitar os atarraques ao eixo a<br />
todo o custo exceptuando se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação for mais reduzida e as árvores<br />
necessitem <strong>de</strong> massa ver<strong>de</strong> <strong>para</strong> preencher os espaços existentes. Nestas situações, os<br />
atarraques servem <strong>para</strong> equilibrar a copa com o sistema radicular <strong>de</strong> maneira a assegurar<br />
bons crescimentos nos primeiros anos. Posteriormente, os crescimentos máximos e a<br />
precocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção são alcançados com ausência <strong>de</strong> poda. Nos primeiros 4 anos as<br />
intervenções <strong>de</strong>verão cingir-se à remoção <strong>de</strong> ramos mal posicionados tais como os que<br />
pelas suas dimensões po<strong>de</strong>rão competir com o eixo central.<br />
Nos primeiros 5 anos a manipulação dos ângulos dos ramos po<strong>de</strong>rão ser <strong>um</strong>a<br />
preciosa ajuda na modificação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a árvore jovem, vigorosa e em estado vegetativo<br />
n<strong>um</strong>a produtiva e equilibrada. Em muitos climas, se a poda <strong>de</strong> ramos for mínima, o peso<br />
da produção irá pen<strong>de</strong>r os ramos estabelecendo o equilíbrio entre os crescimentos<br />
vegetativos e a produção. Em climas amenos e quentes, com frio invernal insuficiente,<br />
os ramos tornam-se <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong>s até começarem a produzir o necessário <strong>para</strong><br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
ret<strong>um</strong>barem sendo necessário pendê-los manualmente, nos primeiros 3 a 5 anos, até a<br />
árvore começar a produzir em condições.<br />
No entanto, nos pomares tradicionais, os produtores cost<strong>um</strong>am investir bastante<br />
no posicionamento dos ramos que <strong>de</strong>verá ser limitado ao essencial nos primeiros 2 anos.<br />
Após esse período, a precocida<strong>de</strong> do porta-enxerto <strong>de</strong>verá fazer o resto do trabalho,<br />
através da indução <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>s elevadas logo nos primeiros anos <strong>de</strong> vida útil.<br />
2.9.3 – Poda <strong>de</strong> manutenção em árvores adultas<br />
Assim que o pomar atinge a ida<strong>de</strong> adulta, a contenção nas intervenções é crítica<br />
e fundamental <strong>para</strong> manter as árvores no seu espaço respectivo e <strong>para</strong> melhorar a<br />
distribuição da radiação solar <strong>para</strong> as zonas mais baixas da copa. Usualmente, as<br />
estratégias <strong>de</strong> poda baseadas no “atrasar” e encurtar <strong>de</strong> ramos permanentes, que<br />
ultrapassaram o seu espaço correspon<strong>de</strong>nte, não são tão eficazes como as estratégias <strong>de</strong><br />
renovação. Isto é parcialmente ocasionado pela remoção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira produtiva quando<br />
<strong>um</strong> ramo é encurtado estimulando adicionalmente vigor localizado, que resulta em<br />
ensombramento <strong>para</strong> as zonas mais baixas da copa reduzindo inaceitavelmente a<br />
produtivida<strong>de</strong> e originando má qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fruta.<br />
Uma aproximação mais eficiente é a remoção <strong>de</strong> 1 a 2 ramos superiores<br />
completos <strong>de</strong>senvolvendo jovens substitutos. Esta intervenção nas zonas mais elevadas<br />
da copa dos pomares intensivos ajuda a abrir canais <strong>para</strong> penetração da luz mantendo a<br />
produção nas zonas mais baixas. Esta prática consiste na renovação da área foliar sendo<br />
<strong>um</strong> dos conceitos <strong>de</strong> poda mais importantes <strong>para</strong> pomares intensivos adultos. Para<br />
assegurar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> ramo substituto, o ramo gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser removido<br />
com <strong>um</strong> ângulo que permita que <strong>um</strong>a pequena porção <strong>de</strong> ramo se mantenha originando<br />
posteriormente <strong>um</strong> ramo menos vigoroso e naturalmente mais pequeno que os ramos da<br />
zona mais baixa da copa mantendo a sua forma cónica.<br />
As recomendações usuais são <strong>de</strong> iniciar pela remoção <strong>de</strong> 1 a 2 ramos inteiros do<br />
topo da árvore assim que esta atinja a ida<strong>de</strong> adulta (6 a 7 anos). Isto permite<br />
intervenções mo<strong>de</strong>radas todos os anos sendo <strong>um</strong> método eficaz <strong>de</strong> contenção do<br />
tamanho das árvores e <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a boa distribuição da luz no interior da<br />
copa sem induzir vigor excessivo. Em árvores com os topos <strong>de</strong>masiadamente<br />
<strong>de</strong>senvolvidos que necessitam <strong>de</strong> reestruturação, <strong>um</strong>a poda <strong>de</strong> renovação (1 a 2 ramos<br />
superiores removidos anualmente) durante <strong>um</strong> período <strong>de</strong> 4 a 5 anos po<strong>de</strong>rá eliminar<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
todos os ramos excessivamente gran<strong>de</strong>s localizados na parte superior da copa. Este tipo<br />
<strong>de</strong> intervenção po<strong>de</strong>rá ser aplicado em quase todos os sistemas <strong>de</strong> condução.<br />
Assim que os ramos se tornem horizontais ou pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vido ao peso da<br />
produção, po<strong>de</strong>rão ser encurtados com atarraques sem o efeito adverso <strong>um</strong>a vez que os<br />
gomos terminais <strong>de</strong>stes ramos já não exercem <strong>um</strong> controlo tão acentuado e significativo.<br />
Este tipo <strong>de</strong> intervenção po<strong>de</strong>rá ser útil <strong>para</strong> conter o tamanho da árvore mas se os<br />
ramos horizontais do topo forem atarracados po<strong>de</strong>rão, nos anos mais próximos,<br />
ramificarem e iniciar <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> ensombramento perigoso <strong>para</strong> a meta<strong>de</strong> mais<br />
baixa da copa. Neste ponto, os ramos <strong>de</strong>verão ser removidos e substituídos por <strong>um</strong><br />
outro.<br />
O efeito natural <strong>de</strong> pendência dos ramos <strong>de</strong>vido ao peso da produção sem os<br />
atarraques po<strong>de</strong>rá ser usado com gran<strong>de</strong>s vantagens fisiológicas nos topos <strong>de</strong> árvores<br />
vigorosas quando é necessário controlar a sua altura. Usualmente, os produtores<br />
preferem atarracar o eixo no topo da árvore que resulta em mais crescimentos fortes e<br />
vigorosos. Se os ramos forem inclinados manualmente e posicionados horizontalmente,<br />
continuará a existir excessivo vigor que originará no crescimento dos gomos laterais no<br />
topo do ramo horizontal. No entanto, se os crescimentos daí resultantes não forem<br />
encurtados, irão frutificar naturalmente e consequentemente pen<strong>de</strong>r com o peso da fruta<br />
no ano seguinte. A produção irá também funcionar como <strong>um</strong> forte cons<strong>um</strong>idor <strong>de</strong><br />
recursos e nutrientes, reduzindo o vigor vegetativo no topo da árvore. Assim que este<br />
estiver <strong>de</strong>vidamente frutificado e o eixo central inclinado com o peso da fruta, po<strong>de</strong>rá<br />
ser atarracada <strong>para</strong> <strong>um</strong> ramo mais fraco sem <strong>um</strong>a resposta vigorosa. O lema <strong>de</strong>verá ser<br />
“a altura das árvores, <strong>de</strong>verá ser reduzida após a inclinação do eixo central com o peso<br />
da fruta”.<br />
2.9.4 - Fertilização<br />
As necessida<strong>de</strong>s em nutrientes encontram-se directamente correlacionadas com<br />
o tipo <strong>de</strong> solo e com a espécie vegetal em questão. É <strong>de</strong> evitar que a nutrição mineral<br />
seja <strong>um</strong> factor limitante na produção <strong>de</strong> frutos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. O racionamento da<br />
fertilização <strong>de</strong>verá conduzir a <strong>um</strong> vigor mo<strong>de</strong>rado das árvores através da manutenção <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong>a boa disponibilida<strong>de</strong> nutricional no solo. É necessário também, assegurar <strong>um</strong> nível<br />
hídrico a<strong>de</strong>quado.<br />
As necessida<strong>de</strong>s nutricionais encontram-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da ida<strong>de</strong> das árvores, da<br />
sua fase <strong>de</strong> crescimento (existem <strong>de</strong>terminadas alturas do ano em que as árvores<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
necessitam <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maior fertilização), em função do tipo <strong>de</strong> pomar (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantação, sistema <strong>de</strong> condução, técnicas culturais, vigor dos porta-enxertos e<br />
produtivida<strong>de</strong> das varieda<strong>de</strong>s existentes).<br />
As condições <strong>para</strong> <strong>um</strong>a boa assimilação <strong>de</strong> elementos minerais terão <strong>de</strong> ter em<br />
conta o sistema radicular (a alimentação da planta é assegurada por <strong>um</strong> vol<strong>um</strong>e restrito<br />
<strong>de</strong> solo junto às raízes, por isso a assimilação <strong>de</strong> elementos minerais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
colonização do sistema radicular), condições do solo (factores físicos como a estrutura e<br />
a textura), condições climáticas (temperatura, h<strong>um</strong>ida<strong>de</strong>), técnicas culturais, regime<br />
hídrico (favorece a mobilização dos elementos minerais) e o equilíbrio entre elementos<br />
(o fornecimento excessivo <strong>de</strong> certos elementos po<strong>de</strong>rá provocar perturbações<br />
fisiológicas).<br />
Os elementos nutritivos mais importantes a consi<strong>de</strong>rar serão o Azoto, o Fósforo,<br />
o Potássio, o Magnésio, o Cálcio e <strong>de</strong>ntro dos micronutrientes o Boro, o Ferro, o Zinco<br />
e o Manganês.<br />
O Azoto é <strong>um</strong> elemento essencial ao crescimento das árvores po<strong>de</strong>ndo melhorar<br />
a indução floral e o nível <strong>de</strong> produção. A fertilização em azoto estimula a formação da<br />
floração nos gomos e reduz a tendência <strong>para</strong> a alternância. As suas aplicações<br />
a<strong>um</strong>entam, aparentemente, o tamanho das primeiras folhas e a sua taxa fotossintética<br />
inicial, que ocasiona <strong>um</strong> incremento na iniciação floral dos gomos. Supõem-se que<br />
po<strong>de</strong>rá ter <strong>um</strong> efeito benéfico na fecundação através do a<strong>um</strong>ento da longevida<strong>de</strong> dos<br />
óvulos e da receptivida<strong>de</strong> do estigma. O seu papel na qualida<strong>de</strong> da cereja ainda não é<br />
bem conhecido mas não afecta directamente o calibre e a dureza. A sua presença em<br />
elevados níveis po<strong>de</strong>rá provocar <strong>de</strong>créscimos noutros nutrientes também importantes<br />
como é exemplo o Cálcio.<br />
Frequentemente baixas doses <strong>de</strong> Azoto durante os primeiros anos <strong>de</strong> vida das<br />
árvores favorecem o seu crescimento e acelerando o <strong>de</strong>senvolvimento da copa. A<br />
excessiva fertilização, especialmente <strong>de</strong> Azoto, po<strong>de</strong>rá originar crescimento excessivos<br />
resultando em custos <strong>de</strong> poda elevados, atraso na indução floral e reduções<br />
significativas nas produções precoces e na qualida<strong>de</strong> da fruta. A gestão do Azoto em<br />
pomares intensivos <strong>de</strong>verá entrar em linha <strong>de</strong> conta com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantação. Para<br />
pequenas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s as árvores <strong>de</strong>verão crescer <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma vigorosa por <strong>um</strong> longo<br />
período <strong>de</strong> forma a preencher os espaços existentes, sendo <strong>de</strong>sejado <strong>um</strong>a fertilização<br />
azotada mais elevada nos anos posteriores à plantação. No entanto, se a intensificação<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
a<strong>um</strong>enta, poucos anos são necessários <strong>para</strong> completar os espaços existentes <strong>de</strong>vendo a<br />
fertilização azotada ser mais diminuta.<br />
O Fósforo favorece o <strong>de</strong>senvolvimento radicular, sendo extremamente<br />
importante nos primeiros anos <strong>de</strong> vida das árvores. Ele favorece também a fertilida<strong>de</strong><br />
dos gomos florais e o consequente <strong>de</strong>senvolvimento das flores. O seu papel na dureza<br />
dos frutos é também importante <strong>um</strong>a vez que retarda os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação das<br />
membranas nos tecidos senescentes. O Fósforo <strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel fundamental nos<br />
mecanismos <strong>de</strong> transferência energética incluindo a formação das moléculas <strong>de</strong> ATP e<br />
na formação dos açúcares participando ainda em mecanismos <strong>de</strong> regulação enzimática.<br />
O Potássio é dos nutrientes mais requeridos <strong>para</strong> as árvores <strong>de</strong> fruto on<strong>de</strong> a<br />
cerejeira não foge à regra. É fundamental na síntese <strong>de</strong> proteínas e na manutenção do<br />
potencial osmótico das células vegetais e do seu conteúdo em água. Tem também <strong>um</strong><br />
papel importante na estabilização do pH, na activação enzimática, no movimento<br />
estomático, na fotossíntese e na expansão celular. É dos nutrientes mais importantes na<br />
formação dos frutos e na sua optimização favorecendo bastante a sua qualida<strong>de</strong><br />
gustativa. Po<strong>de</strong>rá também conferir às árvores <strong>um</strong>a maior resistência às adversida<strong>de</strong>s<br />
externas. Os níveis excessivos <strong>de</strong>ste nutriente po<strong>de</strong>rão provocar fenómenos <strong>de</strong><br />
antagonismo com outros elementos como são o Cálcio e o Magnésio.<br />
O Cálcio é talvez o nutriente mais <strong>de</strong>terminante na qualida<strong>de</strong> da fruta <strong>um</strong> vez o<br />
seu papel na vida pós-colheita é fundamental e insubstituível. Ele <strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel<br />
essencial na formação das pare<strong>de</strong>s celulares através das ligações que estabelece entre os<br />
polissacarí<strong>de</strong>os e as proteínas sendo facilmente retido ao nível das membranas<br />
reduzindo assim a sua permeabilida<strong>de</strong>. Assim, torna-se essencial na firmeza dos frutos,<br />
reduzindo a susceptibilida<strong>de</strong> dos frutos ao rachamento e permitindo <strong>um</strong>a melhor<br />
conservação. Ele participa também nos fenómenos <strong>de</strong> respiração e <strong>de</strong> maturação.<br />
O Magnésio é indispensável à fotossíntese <strong>um</strong>a vez que faz parte da constituição<br />
da molécula <strong>de</strong> clorofila localizada nos cloroplastos. Ele participa em diversos<br />
mecanismos bioquímicos e enzimáticos essenciais ao longo do processo fotossintético<br />
sem o qual não existe formação <strong>de</strong> hidratos <strong>de</strong> carbono fundamentais <strong>para</strong> a fabricação<br />
<strong>de</strong> matéria vegetal.<br />
O Ferro é <strong>um</strong> constituinte essencial no sistema redox nas plantas aparecendo<br />
naturalmente nas árvores <strong>de</strong> fruto. É capaz <strong>de</strong> alterar a sua valência facilitando as<br />
mudanças <strong>de</strong> electrões no sistema redox, fundamental em todo o processo fotossintético.<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Ele entra também na constituição <strong>de</strong> n<strong>um</strong>erosas hemoprotreínas, localizadas nos<br />
cloroplastos e nas mitocôndrias.<br />
O Boro <strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel fulcral na floração e consequente vingamento dos<br />
frutos. As gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s requeridas nesta altura são transportadas a partir das<br />
reservas feitas pelas árvores durante o período <strong>de</strong> dormência. È <strong>um</strong> nutriente essencial<br />
<strong>para</strong> o vingamento dos frutos influenciando prepon<strong>de</strong>rantemente a sua quantida<strong>de</strong> e as<br />
suas qualida<strong>de</strong>s <strong>um</strong>a vez que existe <strong>um</strong>a relação directa entre o peso do fruto e o seu<br />
conteúdo neste nutriente. Ele tem também <strong>um</strong> papel na fase inicial <strong>de</strong> crescimento das<br />
árvores jovens através do <strong>de</strong>senvolvimento dos botões florais e dos gomos foliares.<br />
O Zinco entra na constituição <strong>de</strong> diversas enzimas que intervém na síntese<br />
proteica e <strong>de</strong> clorofila sendo que a sua carência po<strong>de</strong>rá provocar distúrbios hormonais<br />
que comprometem os crescimentos dos ramos.<br />
O Manganês é <strong>um</strong> activador <strong>de</strong> inúmeras enzimas sendo <strong>um</strong> elemento estrutural<br />
<strong>de</strong> diversas proteínas <strong>de</strong>sempenhando <strong>um</strong> papel <strong>de</strong> activador no sistema redox.<br />
2.9.5 – Regime hídrico<br />
A cerejeira é consi<strong>de</strong>rada como <strong>um</strong>a espécie pouco exigente em água. O<br />
racionamento do regime hídrico é baseado nos objectivos <strong>de</strong> produção e no sistema <strong>de</strong><br />
condução do pomar. Está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das combinações solo/porta-<br />
enxerto/varieda<strong>de</strong>/clima. Uma boa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água é susceptível <strong>de</strong> melhorar o<br />
crescimento das árvores mais jovens, bem como o <strong>de</strong>senvolvimento das raízes. Um<br />
crescimento irregular provocado por <strong>um</strong> fornecimento <strong>de</strong> água sem restrições po<strong>de</strong><br />
retardar a entrada em produção: é conveniente, segundo o vigor dos porta-enxertos,<br />
assegurar <strong>um</strong> <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso das árvores. Um regime hídrico irregular<br />
conduz a absorções minerais <strong>de</strong>ficientes e a perturbações fisiológicas, bem como a <strong>um</strong>a<br />
gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> a agressões exteriores <strong>de</strong> índole sanitário. As gran<strong>de</strong>s carências <strong>de</strong><br />
água po<strong>de</strong>rão provocar o aparecimento <strong>de</strong> folhas prematuras. Um regime hídrico<br />
abundante no Outono, juntamente com temperaturas mo<strong>de</strong>radas po<strong>de</strong>rá prolongar o<br />
crescimento vegetativo e levar a <strong>um</strong>a <strong>de</strong>ficiente lenhificação dos ramos que serão mais<br />
sensíveis às geadas invernais.<br />
O regime hídrico é <strong>um</strong> factor fundamental <strong>para</strong> a optimização qualitativa e<br />
quantitativa da produção. A gran<strong>de</strong> parte do tempo as reservas <strong>de</strong> água até ao início do<br />
Verão são suficientes, com excepção <strong>para</strong> os solos esqueléticos ou superficiais. Neste<br />
caso são outros factores que interferem como sejam a polinização e o número <strong>de</strong> flores<br />
31
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
frutificadas. O calibre não é directamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, mas sim<br />
da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frutos na árvore (quanto maior for a «carga» da árvore menor será o<br />
calibre dos frutos). A dureza dos frutos encontra-se mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do teor se cálcio<br />
dos frutos do que propriamente do regime hídrico da árvore. A susceptibilida<strong>de</strong> ao<br />
rachamento e o teor <strong>de</strong> açúcares no fruto também não se encontram directamente<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. A manutenção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a folhagem em bom<br />
estado assegura <strong>um</strong>a activida<strong>de</strong> fotossintética que favorece a assimilação <strong>de</strong> elementos<br />
nutritivos. O rendimento e a produção no ano seguinte encontram-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do<br />
regime hídrico do ano corrente. A cerejeira é <strong>um</strong>a planta que reage bem a regimes<br />
hídricos mo<strong>de</strong>rados.<br />
32
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
3 – Análise <strong>de</strong> Investimento à plantação <strong>de</strong> <strong>um</strong> Pomar Mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong><br />
Cerejeira<br />
O acréscimo dos resultados das margens passa pela mo<strong>de</strong>rnização da activida<strong>de</strong><br />
direccionada <strong>para</strong> o a<strong>um</strong>ento da produtivida<strong>de</strong> do pomar e pelo a<strong>um</strong>ento do rendimento<br />
do próprio trabalho inerente à activida<strong>de</strong>. Essa mo<strong>de</strong>rnização passa, inevitavelmente,<br />
pela instalação <strong>de</strong> novos pomares <strong>de</strong> cerejeira mais intensivos que permitam a<strong>um</strong>entar<br />
as produções e o rendimento dos trabalhadores na operação <strong>de</strong> colheita que no médio e<br />
longo prazo implicariam <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento significativo dos proveitos e <strong>um</strong>a redução drástica<br />
dos custos <strong>de</strong> produção.<br />
A melhor forma <strong>de</strong> verificar a viabilida<strong>de</strong> económica <strong>de</strong> <strong>um</strong> projecto é através da<br />
análise ao investimento a realizar calculando o Valor Actualizado Líquido (VAL) ao<br />
fim <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado período. Existe também outro parâmetro que cost<strong>um</strong>a ser usado<br />
<strong>para</strong> calcular a rendibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado projecto <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Taxa Interna<br />
<strong>de</strong> Rendibilida<strong>de</strong> (TIR).<br />
O VAL <strong>de</strong> <strong>um</strong> investimento é a diferença entre os valores dos benefícios e dos<br />
custos previsionais que o caracterizam, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> actualizados a <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong><br />
actualização (TA) convenientemente escolhida. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a medida<br />
absoluta <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> que traduz, n<strong>um</strong>a perspectiva <strong>de</strong> momento presente, o<br />
montante residual dos benefícios líquidos gerados durante o período <strong>de</strong> vida útil do<br />
investimento <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> lhe ser <strong>de</strong>duzida a remuneração do conjunto dos capitais nele<br />
envolvidos a <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> juro igual à <strong>de</strong> actualização empregada nos cálculos.<br />
A TIR <strong>de</strong> <strong>um</strong> projecto representa a taxa máxima <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> do projecto.<br />
Não é mais do que a taxa <strong>de</strong> actualização (TA) que, no final do período <strong>de</strong> vida do<br />
projecto, iguala o VAL a zero. Uma TIR>TA implica <strong>um</strong> VAL> 0; o projecto consegue<br />
gerar <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> rendibilida<strong>de</strong> superior ao custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> do capital, pelo que<br />
estamos perante <strong>um</strong> projecto economicamente viável enquanto que <strong>um</strong>a TIR
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
O procedimento mais a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> se proce<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>terminação da referida taxa<br />
<strong>de</strong>verá, assim, integrar as duas seguintes componentes:<br />
longo prazo;<br />
análise.<br />
- a taxa <strong>de</strong> juro correspon<strong>de</strong>nte à remuneração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a aplicação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />
- <strong>um</strong> prémio <strong>de</strong> risco médio consi<strong>de</strong>rado às características do investimento em<br />
Quadro 1 – Análise <strong>de</strong> investimento à plantação <strong>de</strong> 1ha <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar intensivo <strong>de</strong><br />
cerejeiras.<br />
Proveitos<br />
(€/ha)<br />
Produção.<br />
(€)<br />
Custos<br />
(€/ha)<br />
Terra<br />
Benfeitorias<br />
Máquinas<br />
Cons<strong>um</strong>íveis.<br />
Serviços<br />
Externos<br />
M. O<br />
Permamente<br />
M.O.<br />
Eventual<br />
Sub-total<br />
Imposto<br />
27,5%<br />
Cash-flow<br />
Cash-flow<br />
actualizado<br />
VAL<br />
(€/ha)<br />
TIR<br />
Custos<br />
total prod.<br />
(€/kg)<br />
Margem<br />
(€/kg)<br />
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9<br />
- - 2.250 6.000 12.000 22.500 30.000 33.000 33.000 33.000<br />
-100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100<br />
-13.466 -734 -734 -734 -734 -734 -734 -734 -734 -734<br />
-1.500 -600 -600 -600 -600 -600 -600 -600 -600 -600<br />
-2.000 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200<br />
-900 -900 -900 -900 -900 -900 -900 -900 -900 -900<br />
-1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200 -1.200<br />
-780 -300 -450 -1.200 -2.400 -4.500 -6.000 -6.600 -6.600 -6.600<br />
-19.946 -5.034 -2.934 66 4.866 13.266 19.266 21.666 21.666 21.666<br />
- - - -18 -1.338 -3.648 -5.298 -5.958 -5.958 -5.958<br />
-19.946 -5.034 -2.934 48 3.528 9.618 13.968 15.708 15.708 15.708<br />
-19.946 -4.576 -2.425 36 2.410 5.972 7.884 8.061 7.328 6.662<br />
11.405<br />
16%<br />
- - 3,46 1,48 0,89 0,62 0,54 0,52 0,52 0,52<br />
- - -1,96 0,02 0,61 0,88 0,96 0,98 0,98 0,98<br />
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- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Assim sendo, proce<strong>de</strong>u-se a <strong>um</strong>a análise <strong>de</strong> investimento à instalação <strong>de</strong> 1 ha <strong>de</strong><br />
<strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> cerejeiras (Quadro 1) on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rou <strong>um</strong> compasso <strong>de</strong> 4 x<br />
1,5 m (1.666 árvores/ha), <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> actualização <strong>de</strong> 10%, <strong>um</strong> imposto sobre o<br />
rendimento <strong>de</strong> 27,5%, <strong>um</strong> preço <strong>de</strong> venda médio <strong>de</strong> 1,5 €/kg, <strong>um</strong> rendimento <strong>de</strong> colheita<br />
<strong>de</strong> 100 kg/dia/pessoa, <strong>um</strong> salário diário <strong>de</strong> 30 € e <strong>um</strong>a produção <strong>de</strong> 1,5t/ha no ano 2, <strong>de</strong><br />
4 t/ha no ano 3, <strong>de</strong> 8 t/ha no ano 4, <strong>de</strong> 15 t/ha no ano 5, <strong>de</strong> 20 t/ha no ano 6 e chegando<br />
ao ano 9 com <strong>um</strong>a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 22 t/ha. No ano 0 registou-se <strong>um</strong> valor <strong>de</strong><br />
benfeitorias <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 13.466 € on<strong>de</strong> se engloba o custo das árvores <strong>de</strong> 9.996 €/ha, o<br />
sistema <strong>de</strong> rega 2.000 €/ha e o sistema <strong>de</strong> suporte 1.470 €/ha. A terra é consi<strong>de</strong>rada<br />
como sendo própria on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rou <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> 4% <strong>de</strong> empate <strong>de</strong> capital avaliando<br />
o hectare em 2.500€.<br />
Analisando os resultados do Quadro 1 verificamos que ao fim do 9º ano o VAL<br />
é <strong>de</strong> 11.405 €/ha sendo que só no ano 8 é que o montante investido é totalmente<br />
rentabilizado com <strong>um</strong> VAL <strong>de</strong> 4.743 €/ha.<br />
A TIR alcançada ao fim dos 10 anos <strong>de</strong> investimento é bastante favorável<br />
alcançando <strong>um</strong> valor <strong>de</strong> 16% claramente superior à taxa <strong>de</strong> risco e ao custo <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rados <strong>para</strong> o projecto que foram <strong>de</strong> 10%.<br />
Os custos mais significativos são a mão-<strong>de</strong>-obra eventual representando cerca <strong>de</strong><br />
0,30 €/kg apesar <strong>de</strong> n<strong>um</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno se conseguir atingir rendimentos <strong>de</strong> colheita<br />
médios <strong>de</strong> 100 kg/dia/pessoa ao contrário dos 50 kg/dia/pessoa do pomar tradicional. Se<br />
nesta situação o rendimento <strong>de</strong> colheita fosse equivalente ao <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar tradicional<br />
resultaria n<strong>um</strong> custo <strong>de</strong> 0,60 €/kg o que tornaria o rendimento obtido insustentável a<br />
curto/médio prazo. As produções obtidas é que fazem toda a diferença e garantem a<br />
sustentabilida<strong>de</strong> do investimento realizado <strong>um</strong>a vez que passamos <strong>de</strong> 5 a 8 t/ha do<br />
pomar tradicional <strong>para</strong> as 15 a 22 t/ha do pomar mo<strong>de</strong>rno e intensivo.<br />
Estabelecendo <strong>um</strong> <strong>para</strong>lelo entre a situação presente e o panorama <strong>de</strong>scrito na<br />
análise <strong>de</strong> investimento verificamos que os custos totais <strong>de</strong> produção quando o pomar<br />
entra em plena produção são semelhantes aos custos que o pomar tradicional apresenta<br />
só <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra eventual.<br />
A análise <strong>de</strong> investimento apresentada, bastante conservadora por sinal (quer nas<br />
produções alcançadas, quer na ausência <strong>de</strong> subsídios, quer no preço médio <strong>de</strong> cereja<br />
proposto), em nada se com<strong>para</strong> com a análise económica <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar tradicional on<strong>de</strong><br />
temos custos totais <strong>de</strong> produção próximos <strong>de</strong> 1,40€/kg.<br />
35
€/ha<br />
10.000<br />
5.000<br />
-<br />
-5.000<br />
-10.000<br />
-15.000<br />
-20.000<br />
-25.000<br />
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9<br />
Fig.18 – Evolução do cash-flow actualizado a <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> 10% durante os<br />
primeiros anos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> 1 ha <strong>de</strong> pomar mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> cerejeira.<br />
Analisando a Figura 18, verificamos que a evolução do cash-flow actualizado a<br />
<strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> 10% é marcadamente positiva. Assim é <strong>de</strong> realçar que a partir do ano 3 os<br />
valores começam a entrar em terreno positivo começando o investidor a rentabilizar o<br />
investimento efectuado, chegando ao ano 8 com o montante global investido totalmente<br />
rentabilizado e no ano 9 com <strong>um</strong> ac<strong>um</strong>ulado <strong>de</strong> 11.405 €/ha.<br />
Com base nestas avaliações verificamos que o investimento na plantação <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />
pomar <strong>de</strong> cerejeiras mo<strong>de</strong>rno apresenta <strong>um</strong>a boa viabilida<strong>de</strong> económica, no entanto o<br />
agricultor só garante o retorno do capital investido a partir do 8º ano após a plantação.<br />
Nota:<br />
Trabalho realizado por:<br />
Filipe Costa<br />
(Coor<strong>de</strong>nador Técnico da CERFUNDÃO)<br />
- Ponto 2 adaptado do Livro “Apple Orchard Systems” <strong>de</strong> Bruce H. Barrit.<br />
- Ponto 3 adaptado da Dissertação <strong>de</strong> Mestrado elaborada pelo Próprio com o tema<br />
‘Caracterização agronómica da cerejeira ‘De Saco’ na região da Cova da Beira’<br />
realizada no Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa.<br />
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BIBLIOGRAFIA<br />
- Embalamento e Comercialização <strong>de</strong> Cerejas da Cova da Beira, Lda.<br />
COSTA, F.M.M (2006). Caracterização agronómica da cerejeira ‘De Saco’ na região<br />
da Cova da Beira. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Horticultura e Agricultura Sustentáveis.<br />
Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia. Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa.<br />
BARRITT, B. H. (2003). Apple Orchard Systems. Compact Fruit Tree Vol. 36 Special<br />
Issue. International Dwarf Fruit Tree Association.<br />
FAUST, F. (1989). Physiology of Temperate Zone Fruit Trees. John Wiley & Sons.<br />
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