17.04.2013 Views

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, como por exemplo, o aniversário, “o início do ano escolar [ou] o baptismo<br />

<strong>da</strong> boneca (…)” (Sirota, 2001, p. 25).<br />

Para Sarmento (2005) a infância, atendendo a uma abor<strong>da</strong>gem intergeracional,<br />

“deve ser considera<strong>da</strong>, no plano analítico, (…) nos factores de homogenei<strong>da</strong>de” (2005,<br />

p. 371) As crianças têm características unificadoras que permitem definir a infância<br />

enquanto categoria social do tipo geracional própria: principalmente nos primeiros anos,<br />

não conseguem sobreviver sozinhas, têm a obrigação de ir à escola, não têm o direito ao<br />

voto e interpretam o mundo de forma particular. O mesmo autor considera ain<strong>da</strong> que,<br />

numa perspectiva intrageracional, as crianças também abarcam a heterogenei<strong>da</strong>de:<br />

pertencem a diferentes classes sociais, diferentes etnias, diferentes géneros e diferentes<br />

espaços estruturais. Os modos de pensar e agir específicos <strong>da</strong>s crianças diferenciam-se<br />

de acordo com a estratificação social distinguindo-se diferentes “culturas de infância”.<br />

“ As culturas de infância são resultantes <strong>da</strong> convergência desigual de factores que se<br />

localizam, numa primeira instância, nas relações sociais globalmente considera<strong>da</strong>s e,<br />

numa segun<strong>da</strong> instância, nas relações inter e intrageracionais. Essa convergência<br />

ocorre na acção concreta de ca<strong>da</strong> criança, nas condições sociais (estruturais e<br />

simbólicas) que produzem a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sua constituição como sujeito e actor<br />

social” (Sarmento, 2005, p.373).<br />

A evolução científica <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem que defende a existência de uma “experiência<br />

infantil” realiza-se na admissão do postulado <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de, isto é, na possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

“experiência infantil” ter registos múltiplos e não convergentes, na hipótese de, perante<br />

os processos de socialização, as crianças reagirem de modo diferenciado.<br />

A “experiência <strong>da</strong> criança”, ao ganhar visibili<strong>da</strong>de em diversas análises dos<br />

processos sociais, implica que as crianças sejam considera<strong>da</strong>s competentes para<br />

interpretar a socie<strong>da</strong>de e aquilo que as rodeia. A esta capaci<strong>da</strong>de Corsaro (1997) chama<br />

de reprodução interpretativa – o modo segundo o qual as crianças interpretam e<br />

reproduzem o que apreendem nas relações com os seus pares e com os adultos. No<br />

estudo <strong>da</strong> infância, as questões liga<strong>da</strong>s à escolarização são substituí<strong>da</strong>s pela<br />

problemática <strong>da</strong> socialização, mas numa perspectiva diferente <strong>da</strong> defini<strong>da</strong> por Durkheim<br />

– a criança para além de um “ser em devir” é também actor <strong>da</strong> sua própria socialização,<br />

77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!