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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

“creches e (…) escola pública (…) [são] as primeiras instituições <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de<br />

directamente orienta<strong>da</strong>s para um grupo geracional (até então, as escolas conventuais e<br />

os colégios religiosos eram indistintamente frequentados por crianças e adultos). A<br />

generalização <strong>da</strong> escola e a sua transformação como escola de massas promoveram,<br />

num movimento comum, a institucionalização <strong>da</strong> infância e <strong>da</strong> escola pública”<br />

(Sarmento, 2005, p. 367).<br />

Esta perspectiva que promove a “privatização <strong>da</strong> infância” (em casa junto <strong>da</strong><br />

família) e a “institucionalização <strong>da</strong> infância” (pela escola) contribuiu para a<br />

invisibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças enquanto actores sociais. A infância foi “essencialmente<br />

reconstituí<strong>da</strong> como objecto sociológico através dos seus dispositivos institucionais”<br />

(Sirota, 2001, p.9). As crianças estavam ausentes <strong>da</strong> análise científica <strong>da</strong> dinâmica<br />

social e prevaleciam as teorias que evidenciavam o estatuto de transitorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

crianças.<br />

Segundo Sirota (2001), a emergência <strong>da</strong> <strong>Sociologia</strong> <strong>da</strong> Infância surge, no final dos<br />

anos 80, por oposição a esta corrente que vê a criança como uma enti<strong>da</strong>de bio-<br />

psicológica passiva e sujeita à ordem social adulta. O conceito de socialização<br />

promovido por Durkheim é criticado e questiona-se a abor<strong>da</strong>gem que entende as<br />

crianças como seres manipuláveis e subordinados a modos de dominação e controlo<br />

social. Entende-se “a construção simbólica <strong>da</strong> infância na moderni<strong>da</strong>de” como algo que<br />

se desenvolveu “em torno de processos de disciplinação <strong>da</strong> infância”, processos imersos<br />

numa visão adultocentra<strong>da</strong> que desqualificavam a “voz <strong>da</strong>s crianças” na construção <strong>da</strong>s<br />

relações sociais (Sarmento, 2005, p. 369).<br />

“A sociologia <strong>da</strong> infância propõe-se a constituir a infância como objecto sociológico,<br />

resgatando-a <strong>da</strong>s perspectivas biologistas, que a reduzem a um estado intermédio de<br />

maturação e desenvolvimento humano, e psicologizantes, que tendem a interpretar as<br />

crianças como indivíduos que se desenvolvem independentemente <strong>da</strong> construção social,<br />

<strong>da</strong>s suas condições de existência e <strong>da</strong>s representações e imagens historicamente<br />

constituí<strong>da</strong>s sobre e para elas” (Sarmento, 2005, p.361).<br />

O interesse científico pela <strong>Sociologia</strong> <strong>da</strong> Infância é influenciado pelo debate social<br />

promovido acerca dos direitos <strong>da</strong> criança. Na Convenção sobre os Direitos <strong>da</strong> Criança<br />

<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s de 1989 agruparam-se três categorias de direitos: os direitos de<br />

provisão (saúde, educação, segurança social), de protecção (protecção a situações de<br />

descriminação, abuso físico e sexual, injustiça e conflito) e de participação (a criança e<br />

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