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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

começam a proteger os “seus” bebés. A criança “ganha” alma imortal, aumentam as<br />

preocupações com a sua saúde, melhoram as condições de higiene e evita-se a<br />

mortali<strong>da</strong>de infantil (até aqui entendi<strong>da</strong> como algo natural). A criança, agora educa<strong>da</strong> no<br />

seio familiar, desperta o “sentimento de infância”, a afeição pela ingenui<strong>da</strong>de, pela<br />

graciosi<strong>da</strong>de e pelos gracejos que provocam a vontade de proteger e garantir a<br />

sobrevivência <strong>da</strong>s crianças menores. A criança torna-se uma espécie de distracção para<br />

os adultos.<br />

Nasce ain<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>de de preservar e disciplinar as crianças, um movimento de<br />

moralização que surge com os “homens <strong>da</strong> lei” e religiosos e estende-se às famílias. Um<br />

movimento que inspira a Educação do século XX e, numa visão racionalista, separa a<br />

criança do adulto de modo a educá-la nos costumes e na disciplina <strong>da</strong>s instituições. Para<br />

Ariès (1986) promove-se a imagem <strong>da</strong> “criança-rei”, a criança está no centro de to<strong>da</strong>s as<br />

atenções e influência a organização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar e <strong>da</strong>s políticas públicas <strong>da</strong> família.<br />

Na defesa <strong>da</strong> concepção <strong>da</strong> criança enquanto ser dependente dos cui<strong>da</strong>dos dos<br />

adultos, <strong>da</strong> família e <strong>da</strong>s instituições sociais, a Psicologia, a Medicina e a Pe<strong>da</strong>gogia<br />

surgem como precursoras no estudo <strong>da</strong> infância, o que não impediu que se<br />

desenvolvessem teorias sociológicas sobre a inserção social <strong>da</strong> criança. Particularmente<br />

importante foi a abor<strong>da</strong>gem Durkheimiana do conceito de socialização. Segundo uma<br />

perspectiva funcionalista e holística <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, Durkheim (1972) considerava o<br />

processo de socialização – a integração <strong>da</strong> criança na família e na escola – como a única<br />

possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança progredir de ser individual para ser social. Esta definição<br />

resume a posição que foi durante muito tempo dominante na <strong>Sociologia</strong> <strong>da</strong> Educação e<br />

segundo a qual “as crianças, na condição de alunos, são concebi<strong>da</strong>s apenas como<br />

receptáculos mais ou menos dóceis de uma acção de socialização no interior de uma<br />

instituição” (Sirota, 2001, p.16).<br />

A importância do processo de socialização no desenvolvimento <strong>da</strong> criança aumenta<br />

com o fomento de políticas públicas de democratização e alargamento escolar, estas<br />

efectivam a institucionalização educativa <strong>da</strong> infância (Sarmento, 2005; Silva, 2006). O<br />

quotidiano <strong>da</strong>s crianças modifica-se e a atenção dos sociólogos fica ain<strong>da</strong> mais centra<strong>da</strong><br />

nas instâncias encarregues de socializar as crianças:<br />

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