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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Ciências <strong>da</strong> Educação, áreas que se debruçaram sobre as capaci<strong>da</strong>des cognitivas, o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de e a questão <strong>da</strong> aprendizagem e formação dos adultos<br />

(Simões, 1979; Boutinet, 2000). A <strong>Sociologia</strong> <strong>da</strong> Adultez, por seu turno, só agora está a<br />

ser construí<strong>da</strong>. As referências a esta disciplina surgem nos últimos anos (depois de<br />

2000) e os debates desenvolvidos em torno dela são ain<strong>da</strong> restritos.<br />

No fim do século XVIII o interesse centrou-se na criança e o desenvolvimento do<br />

“sentimento <strong>da</strong> infância” e a sua valorização coincidem, no início do século XIX, com a<br />

privatização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar (Ariès, 1973). A diminuição do número de filhos e um<br />

afastamento do casal do espaço público traduziram-se num investimento na criança e na<br />

sua educação 35 . Esta passa a ser entendi<strong>da</strong> como um capital, um meio de reproduzir ou<br />

ascender o status social <strong>da</strong> família. «As estratégias de reprodução biológica e as<br />

estratégias educativas articulam-se em estratégias de reprodução social» (Segalen, 1981,<br />

p. 187).<br />

Será, to<strong>da</strong>via, no século XX que aumenta o interesse dos investigadores pelo estudo<br />

<strong>da</strong> infância. Promove-se o desenvolvimento especializado <strong>da</strong> Pediatria e <strong>da</strong> Psicologia<br />

<strong>da</strong> Infância e, principalmente a partir dos anos 50, os valores familiares centram-se, em<br />

grande parte, na criança e no seu desenvolvimento (Segalen, 1981). Em oposição à<br />

concepção que entende a infância como mero objecto passivo <strong>da</strong> socialização, a<br />

<strong>Sociologia</strong> <strong>da</strong> Infância, que surge mais tarde, no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 e início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

de 90, define esta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> como o meio social onde a criança interage e negoceia<br />

com os outros de forma activa (Sirota, 2001; Silva, 2006).<br />

A atenção recai particularmente nas fases <strong>da</strong> adolescência e <strong>da</strong> juventude quando<br />

aumenta o interesse sobre os jovens dos anos 50; pelos movimentos estu<strong>da</strong>ntis e a<br />

juventude <strong>da</strong> cultura vertigem dos anos 60 (Yonnet, 1983); pelas questões do<br />

desemprego e <strong>da</strong> delinquência juvenil dos anos 70 (Roberts & Parsell, 1990) e pelas<br />

culturas juvenis que diversificam as temáticas analisa<strong>da</strong>s a partir dos anos 80 – os<br />

consumos juvenis, o lazer, a sociabili<strong>da</strong>de, os modelos de transição para a vi<strong>da</strong> adulta, o<br />

35 Não que até aqui a criança não fosse de algum modo protegi<strong>da</strong> (de outra forma não sobreviveria), mas<br />

era socializa<strong>da</strong> num meio mais difuso de relações sociais e afectivas – entre pais, vizinhos, amigos, amas,<br />

servos, outras crianças e idosos (Ariès, 1973).<br />

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