17.04.2013 Views

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

O auto-confronto com o mundo exterior será assim uma característica prioritária do<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>adultez</strong> (Mezirow et al., 1990; Schaie & Willis, 2002; Marchand,<br />

2004) – é a partir de um questionamento contínuo que o adulto vai gerir oposições,<br />

contradições e novos dilemas e, consequentemente, produzir novas teses e novos<br />

conhecimentos. A formulação de Arlin (1984) de que o estádio pós-formal manifesta-se<br />

na capaci<strong>da</strong>de do adulto em reconhecer desafios e elaborar questões sobre a vi<strong>da</strong> e a<br />

reali<strong>da</strong>de, ilustra a importância do cruzamento <strong>da</strong>s dimensões interna e psicológica com<br />

a dimensão sociológica no desenvolvimento do indivíduo.<br />

Nas palavras de Riegel, «a ênfase no desenvolvimento individual e nas mu<strong>da</strong>nças<br />

sociais conduz-nos <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem tradicional centra<strong>da</strong> na criança para a abor<strong>da</strong>gem no<br />

adulto, ou seja para o desenvolvimento do ciclo de vi<strong>da</strong>» (Riegel, 1976, p. 696).<br />

Também o modelo relativista atribui uma importância decisiva à interacção do<br />

adulto com o mundo exterior: de acordo com vários autores «a concepção relativista do<br />

conhecimento desenvolve-se durante a adolescência e o período de jovem adulto, graças<br />

à crescente expansão do espaço social que confronta os sujeitos: (a) com diferentes<br />

pontos de vista e com diferentes valores (Kramer, 1989); (b) com a assunção de papéis,<br />

por vezes, dificilmente conciliáveis (Sinnott, 1984); e (c) com a escolha de um rumo, de<br />

entre múltiplas possibili<strong>da</strong>des (Labouvie-Vief, 1980; Kramer; 1983)» (Marchand, 2005,<br />

p. 123).<br />

O pensamento pós-formal manifesta-se, de acordo com o modelo relativista, quando<br />

o indivíduo deixa de assumir os factos sob uma perspectiva dicotómica (definindo-os<br />

como maus ou bons, ver<strong>da</strong>deiros ou falsos) e consegue integrar diferentes visões sobre<br />

os mesmos sem se sentir obrigado a assumir uma única hipótese como ver<strong>da</strong>deira. Ao<br />

longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> o indivíduo consciencializar-se-á <strong>da</strong> imprevisibili<strong>da</strong>de dos<br />

acontecimentos e do carácter subjectivo e arbitrário do conhecimento (Kramer, 1983,<br />

1990).<br />

Os estudos efectuados no âmbito deste modelo, embora não defen<strong>da</strong>m que o<br />

pensamento relativista deriva necessariamente do pensamento formal, consideram (tal<br />

como o modelo dialéctico) que durante a <strong>adultez</strong> e as i<strong>da</strong>des mais avança<strong>da</strong>s existe um<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> cognição. Concluem que os adultos mais velhos manifestam níveis<br />

58

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!