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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

relações de interacção, o contacto dos mais velhos e mais novos, passa pelo grupo<br />

intermediário dos adultos que, não eliminando as diferenças entre gerações, pode<br />

diminuir as suas consequências. Os adultos mantêm vestígios <strong>da</strong> herança cultural<br />

acumula<strong>da</strong> pelos mais velhos e concomitantemente absorvem os novos valores <strong>da</strong><br />

juventude. Conforme sugere Pais (1998a), promovem uma estrutura de valores mais<br />

plástica 29 .<br />

Inegável é, no entanto, o facto de se continuar a viver numa socie<strong>da</strong>de escalona<strong>da</strong><br />

pela aritmética <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des. Se por um lado deixa de haver limites rígidos a pontuarem<br />

os ciclos de vi<strong>da</strong> (Girard, 1983), por outro lado, continua a definir-se as i<strong>da</strong>des segundo<br />

funções precisas – “existem i<strong>da</strong>des para tudo”, para estar na escola, para ter<br />

determina<strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong>des, para usufruir de certos direitos, para ser activo e para<br />

ser inactivo. A tentação de manter a especificação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des e dos interesses<br />

segundo os limites <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des é grande. As alterações dos tempos biológicos e dos<br />

calendários demográficos e sociais não resultaram na destruição de to<strong>da</strong>s as barreiras<br />

codifica<strong>da</strong>s para as i<strong>da</strong>des. Na maior parte <strong>da</strong>s vezes, as i<strong>da</strong>des continuam a ser<br />

escalona<strong>da</strong>s segundo ritmos exteriores e razões economicistas, ignorando-se as<br />

vontades pessoais (Pitrou, 1982; Girard, 1983).<br />

Para Girard (1983) uma socie<strong>da</strong>de só é harmoniosa quando ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de desempenha<br />

um papel próprio mas simbiótico com os papéis <strong>da</strong>s outras i<strong>da</strong>des, com igual<br />

localização espacial ou temporal. Guillemard (1985) defende a teoria <strong>da</strong><br />

despecialização <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des: para ca<strong>da</strong> grupo de i<strong>da</strong>des (jovens, adultos e idosos) é<br />

necessário procurar um melhor equilíbrio entre os diversos tempos e activi<strong>da</strong>des. O<br />

lazer e a formação não podem estar apenas associados à juventude, o trabalho à i<strong>da</strong>de<br />

adulta e a improdutivi<strong>da</strong>de ou as activi<strong>da</strong>des sociais aos idosos. Estas funções devem<br />

ser distribuí<strong>da</strong>s de forma equitativa pelos três grupos de i<strong>da</strong>des.<br />

29 Em relação à estrutura de valores que caracteriza a socie<strong>da</strong>de portuguesa, Pais (1998a) refere que entre<br />

as gerações mais velhas encontram-se valores mais orientados para um “colectivismo social”, onde as<br />

aspirações individuais se subordinam a causas colectivas. Nas gerações mais novas e mais instruí<strong>da</strong>s<br />

domina o “individualismo societal”, onde se subordinam as causas colectivas às aspirações individuais, à<br />

realização pessoal, ao direito e à iniciativa priva<strong>da</strong>. “Estes dois ideários cruzam-se no universo de valores<br />

dos portugueses” (Pais, 1998a, p. 51).<br />

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