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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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Relações intergeracionais a nível macro – o conflito social<br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Ao nível macro, a segregação entre i<strong>da</strong>des advém <strong>da</strong> aceleração dos conhecimentos,<br />

<strong>da</strong> competição no mercado de trabalho e, face à rari<strong>da</strong>de e precarie<strong>da</strong>de de emprego, <strong>da</strong><br />

concorrência ao nível <strong>da</strong>s aju<strong>da</strong>s sociais (Fresel-Lozey, 1983). O novo calendário<br />

demográfico implica modificações profun<strong>da</strong>s na estrutura familiar. Com o aumento <strong>da</strong><br />

esperança de vi<strong>da</strong>, a “família horizontal” substitui a “família vertical” pondo em<br />

contacto quatro ou mais gerações 28 – estas, mais do que se substituírem, sucedem-se e<br />

sujeitam-se a concorrer entre si. (Girard, 1983; Attias-Donfut, 1988; Pais, 1998a; Motta,<br />

2004).<br />

Segundo Roussel e Girard (1982) a transformação dos mecanismos de reprodução<br />

social é mais uma <strong>da</strong>s consequências <strong>da</strong> alteração dos “tempos” e <strong>da</strong> passagem de um<br />

regime demográfico tradicional para uma nova matriz demográfica. No sistema antigo,<br />

os filhos sucediam a seus pais. Ocupavam, após a sua morte, o lugar deixado por eles –<br />

“a lei de sucessão dos indivíduos assegurava a ‘homeostasia <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de’, as gerações<br />

tinham papéis distintos mas uma ‘soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de natural’ unificava-as” (p. 17). A família<br />

enquanto uni<strong>da</strong>de produtiva era o contexto onde se decidia o destino dos indivíduos. Os<br />

estatutos ocupacionais eram transmitidos de geração para geração. Actualmente, este<br />

mecanismo é impossível: os pais vivem mais tempo e os filhos iniciam a <strong>adultez</strong> sem<br />

que tenha vagado o lugar ocupado pela geração anterior. As gerações coexistem e<br />

concorrem entre si. Um dos aspectos mais importantes <strong>da</strong>s relações intergeracionais<br />

passou a ser a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des gerirem, de maneira equitativa, a presença <strong>da</strong>s<br />

diferentes gerações no mercado de trabalho (Véron, 2006).<br />

Os valores e políticas protagoniza<strong>da</strong>s pela socie<strong>da</strong>de na sua globali<strong>da</strong>de tornaram-<br />

se fun<strong>da</strong>mentais: para além <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de intergeracional no seio familiar há uma<br />

“nova pobreza” que se desenvolve e afecta jovens e idosos inactivos, com ela<br />

aumentam também as solicitações de aju<strong>da</strong>s sociais ao Estado e à socie<strong>da</strong>de civil (Pais,<br />

1998a). Véron (2006) defende que a família não pode ser o espaço exclusivo <strong>da</strong><br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, a dinâmica <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des e <strong>da</strong>s relações intergeracionais tem de ser<br />

28 O contacto multigeracional é ain<strong>da</strong> reforçado pelo aumento do divórcio e <strong>da</strong>s separações, pela<br />

pluralização dos modos de vi<strong>da</strong> e dos modelos familiares.<br />

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