17.04.2013 Views

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Em relação aos três tipos de tempo conceptualizados, Roussel e Girard (1982)<br />

referem que estes não são estanques, parte <strong>da</strong>s representações estão ain<strong>da</strong> relaciona<strong>da</strong>s<br />

com um “tempo circular”, “imóvel” (procura-se “gerir a vi<strong>da</strong> a longo prazo”), mas<br />

existe um novo modelo dominante, as gerações mais novas privilegiam o presente<br />

imediato ou próximo (Roussel & Girard, 1982).<br />

Para os autores é ain<strong>da</strong> evidente a substituição de um número reduzido de i<strong>da</strong>des – a<br />

infância dependente, a maturi<strong>da</strong>de autónoma e a velhice breve – pela promoção de<br />

novas etapas de vi<strong>da</strong>, pelo menos seis etapas – a infância, a adolescência, a juventude, a<br />

maturi<strong>da</strong>de e, com o envelhecimento <strong>da</strong> população, o idoso e o “idoso idoso”. Para<br />

Roussel e Girard (1982), a multiplici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des advém do facto de, na maior parte<br />

dos países europeus, em dois séculos, a esperança de vi<strong>da</strong> à nascença quase ter dobrado<br />

dos 40 anos para os 75 anos. No fim do século XVIII entrava-se na i<strong>da</strong>de idosa entre os<br />

40 e os 45 anos e um homem, aos 15 anos, podia esperar viver mais 30 anos. Hoje,<br />

nessa i<strong>da</strong>de, espera viver mais 60 anos.<br />

Em Portugal, os valores <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong> à nascença mostram que<br />

em 2006 os portugueses aumentaram em mais de 100% os anos referentes à esperança<br />

de vi<strong>da</strong> regista<strong>da</strong> em 1920 (INE, 2008a, 2008b) 14 . Perspectiva-se, para a actuali<strong>da</strong>de,<br />

um percurso de vi<strong>da</strong> com o dobro <strong>da</strong> duração – a esperança de vi<strong>da</strong> era de 35,8 anos<br />

para os homens e de 40 anos para as mulheres em 1920 15 , passou-se para 70,3 anos para<br />

os homens e 77,5 anos para as mulheres em 1991; em 2001 atingia-se os 73,4 anos para<br />

o homem e os 80,4 anos para a mulher e em 2006 os 75,2 anos para os homens e 81,8<br />

anos para as mulheres (vide quadro 1). Estima-se para 2050 que os homens possam<br />

viver até aos 79 anos e as mulheres até aos 84,7 anos 16 (Carrilho & Gonçalves, 2004).<br />

14 INE – Instituto Nacional de Estatística (2008a) Séries cronológicas – População e Condições Sociais –<br />

Demografia 1920-2002; Estatísticas demográficas 2006 (2008b)<br />

15 De referir que os baixos valores registados em 1920 são influenciados pela eleva<strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de<br />

regista<strong>da</strong> em 1918 e 1919 e provoca<strong>da</strong> pelas on<strong>da</strong>s epidémicas <strong>da</strong> gripe pneumónica.<br />

16 Estes valores não traduzem um prolongamento <strong>da</strong> longevi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> espécie humana, ou seja, o número<br />

médio de anos que uma pessoa que chegue aos 90 anos ain<strong>da</strong> pode viver não se alterou de forma<br />

significativa – após a II Grande Guerra era de cerca de 3 anos, hoje é de 3 anos e meio. O que se verificou<br />

foi uma baixa <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de em to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des, o que fez com que a possibili<strong>da</strong>de de se chegar a essa<br />

i<strong>da</strong>de triplicasse (de 4% para 12%) (Dittgen, 2002).<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!