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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

1.3.1.1. O aumento <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong> – as novas i<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

Para Roussel e Girard (1982) o aumento <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong> não se traduz apenas<br />

no estirar de ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, ele vai, entre outros factores, contribuir para: a) uma nova<br />

redistribuição <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des; b) a multiplicação <strong>da</strong>s etapas do percurso de vi<strong>da</strong>; c) a<br />

transformação <strong>da</strong>s relações intergeracionais e d) a alteração dos mecanismos de<br />

reprodução social.<br />

Atendendo aos indicadores <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de e ao que regula em<br />

termos económicos e culturais esses indicadores, Roussel e Girard (1982) descrevem<br />

três enunciados do tempo que correspondem a três diferentes noções <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

e a três diferentes regimes demográficos – o antigo regime demográfico, a transição<br />

demográfica e o regime demográfico moderno. A ca<strong>da</strong> fase defini<strong>da</strong> os autores atribuem<br />

características sociais diferentes, novos valores e novas formas de apreender e conduzir<br />

a existência humana.<br />

Segundo Roussel e Girard (1982), actualmente, o tempo é vivido de um modo<br />

particularmente diferente <strong>da</strong>quele que se vivia há dois séculos, mas essa mu<strong>da</strong>nça deu-<br />

se de forma progressiva – um período transitório permitiu fazer a ponte entre as<br />

socie<strong>da</strong>des tradicionais e as socie<strong>da</strong>des modernas.<br />

Num primeiro momento, no sistema demográfico antigo, precedente à “revolução<br />

demográfica” (até ao final do século XVIII), Roussel e Girard (1982) defendem a<br />

existência de um tempo de “história imóvel” – onde a morte era imprevisível e eleva<strong>da</strong>,<br />

tal como a fecundi<strong>da</strong>de. O tempo de vi<strong>da</strong> era breve e aleatório, podia-se morrer em<br />

qualquer i<strong>da</strong>de, à nascença, aos 10 anos, aos 20 anos, aos 40 ou aos 60 anos. Por outro<br />

lado, a fecundi<strong>da</strong>de não era controla<strong>da</strong>, tinham-se os filhos que “Deus quisesse”. Um<br />

grande número de crianças nasciam, mas muitas não viviam mais de algumas horas ou<br />

poucos dias, muitos não chegavam a adultos e poucos atingiam uma i<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong>. A<br />

socie<strong>da</strong>de tradicional, rural na sua maioria, lutava pela sobrevivência, vivia-se um<br />

destino imponderável e nascer, crescer e reproduzir-se representava um risco<br />

permanente (Girard, 1983).<br />

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