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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

individuais, que promoveram mu<strong>da</strong>nças consideráveis ao nível dos regimes<br />

demográficos. A priori<strong>da</strong>de que recai sobre a acção individual e a sua relação com os<br />

fenómenos demográficos foi sublinha<strong>da</strong> por Notestein (1945). Este autor defendeu que<br />

o regime estacionário de crescimento demográfico – que resultou <strong>da</strong> passagem de um<br />

estado de elevado crescimento demográfico para o duplo controle <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />

fecundi<strong>da</strong>de (Teoria <strong>da</strong> Transição Demográfica) – não se justifica apenas pela<br />

modernização industrial e urbana ou por factores meramente economicistas, provém de<br />

uma nova atitude <strong>da</strong>s famílias, o controle racional dos nascimentos a fim de “promover<br />

a saúde, a educação e o bem-estar material do indivíduo criança» (Notestein, 1945, p.<br />

41).<br />

Em Portugal, o cenário referente à matriz demográfica moderna é uma construção<br />

demora<strong>da</strong>. Até à déca<strong>da</strong> de 60 foram os valores tradicionais ligados a um modo de vi<strong>da</strong><br />

rural que se evidenciaram, só após a revolução de 1974 houve alterações significativas<br />

enunciando-se comportamentos característicos de correntes laicas e de um modelo<br />

social urbano (Bandeira, 2004). A partir dessa altura, os valores que favorecem a<br />

autonomia individual na esfera política, ética e moral ganham maior expressão no<br />

quotidiano dos indivíduos – fomentam-se novos modelos matrimoniais e novos núcleos<br />

familiares; regista-se o aumento do divórcio e <strong>da</strong>s uniões informais; a mulher emancipa-<br />

se em relação à esfera doméstica; aumenta a possibili<strong>da</strong>de do controle <strong>da</strong> natali<strong>da</strong>de<br />

através dos métodos contraceptivos e sobrevalorizam-se os aspectos sexuais <strong>da</strong>s<br />

relações íntimas (Bandeira, 1996a, 2004). A biografia padrão dos indivíduos mu<strong>da</strong> e,<br />

consequentemente, mu<strong>da</strong> o modo como até aqui se definiram e limitaram as etapas<br />

sequenciais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Na perspectiva de Roussel e Girard (1982), o modo como determina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

entende e divide a existência humana em i<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> depende de dois factores<br />

fun<strong>da</strong>mentais: em termos quantitativos, <strong>da</strong> duração média dessa existência e, em termos<br />

qualitativos, <strong>da</strong> evolução dos acontecimentos que caracterizam essa existência. É a<br />

partir deste enunciado que os autores entendem o aumento <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong> e as<br />

transformações sociais como uma dupla mutação que, na moderni<strong>da</strong>de, alterou as<br />

noções do tempo e a definição <strong>da</strong>s fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, abor<strong>da</strong>gem que se desenvolve de<br />

segui<strong>da</strong>.<br />

26

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