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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A possibili<strong>da</strong>de de se definirem as “i<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>” exclusivamente pela sua<br />

homogenei<strong>da</strong>de interna ou a associação a papéis específicos é coloca<strong>da</strong> em causa. Se há<br />

cerca de trinta anos poderia ser óbvia a identificação do adulto a um itinerário<br />

concebido como unívoco e linear – o adulto que trabalhava, o chefe de família, casado e<br />

com filhos –, actualmente, registam-se desconexões nos itinerários. Facto que implica<br />

assumir a presença do risco, <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça nos percursos de vi<strong>da</strong>.<br />

O desafio está na forma como o indivíduo gere as contradições e potencia aquilo<br />

com que se depara quotidianamente. O status torna-se incerto e ao nível dos percursos<br />

de vi<strong>da</strong> surgem situações ambíguas e difíceis de classificar. Perante as perguntas: Quem<br />

és? O que fazes? Nem sempre existem respostas únicas ou simples. Por vezes, nos<br />

vários domínios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o indivíduo desempenha diversas funções, papéis que se<br />

cruzam e se tornam indefiníveis através de uma só palavra (Pitrou, 1982; Attias-Donfut,<br />

1988).<br />

As normas tornam-se flexíveis e relativizam-se os limites formais entre os diversos<br />

períodos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, desvaloriza-se a perspectiva que entende a vi<strong>da</strong> como um circuito<br />

fechado que evolui em graus sucessivos até meio e depois, inevitavelmente, declina.<br />

Substituí-se essa abor<strong>da</strong>gem pela perspectiva que defende novos princípios do<br />

desenvolvimento humano – a teoria <strong>da</strong> life-span.<br />

Segundo a teoria <strong>da</strong> life-span, o desenvolvimento do indivíduo e dos acontecimentos<br />

dá-se ao longo de to<strong>da</strong>s as fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O desenvolvimento humano não é apenas<br />

influenciado pela questão biológica, mas também pelas questões psicológicas e sociais.<br />

Ca<strong>da</strong> indivíduo tem o seu ritmo e processo de desenvolvimento (Lemme, 1995). Mais<br />

que um ciclo predefinido, a vi<strong>da</strong> desenrola-se numa espiral onde os percursos sustentam<br />

avanços e recuos.<br />

A imagem do movimento espiral <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> situa o indivíduo em situações idênticas,<br />

mas diversas, <strong>da</strong>s experiencia<strong>da</strong>s anteriormente – por exemplo, voltar a estu<strong>da</strong>r, um<br />

segundo casamento ou a mu<strong>da</strong>nça de emprego. O indivíduo, voluntariamente ou<br />

pressionado, define, para si próprio, segun<strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des e não ocupa ou<br />

desempenha, por tempo indefinido, um único lugar ou papel social (vide figura 1). A<br />

noção do ciclo de vi<strong>da</strong> é assim substituí<strong>da</strong> pela noção de percursos de vi<strong>da</strong> flexíveis<br />

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