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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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1.3. O ciclo de vi<strong>da</strong><br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A noção de ciclo de vi<strong>da</strong> é herdeira <strong>da</strong> perspectiva historicista que defende a<br />

sucessão <strong>da</strong>s gerações e <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des numa reintegração cíclica. O modelo do ciclo de<br />

vi<strong>da</strong> estrutura-se segundo quatro premissas: a) as socie<strong>da</strong>des dividem-se em classes de<br />

i<strong>da</strong>des; b) a ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de está subjacente um sistema de papéis específico; c) existe uma<br />

sucessão contínua <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des e d) em ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de regista-se um processo de<br />

envelhecimento. Segundo esta perspectiva, o estudo do ciclo de vi<strong>da</strong> visa estabelecer<br />

tipologias não só sobre as etapas cronológicas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> (a infância, a adolescência, a<br />

juventude, a <strong>adultez</strong> e a velhice), mas também sobre a sucessão de acontecimentos que<br />

caracterizam os diversos domínios de vi<strong>da</strong> (domínio profissional, familiar, residencial,<br />

financeiro e outros) (Pitrou, 1982; Fresel-Lozey, 1983; Attias-Donfut, 1988).<br />

“ [A] noção de ciclo de vi<strong>da</strong> leva a pensar que a nossa existência se organiza ao longo de<br />

um tempo e num certo número de etapas, fases pré-determina<strong>da</strong>s, cronologicamente<br />

ordena<strong>da</strong>s que se articulam através de “i<strong>da</strong>des-limite”, transições socialmente codifica<strong>da</strong>s<br />

por ritos de passagem e actos públicos” (Fresel-Lozey, 1983, p. 57).<br />

Actualmente o desafio está em repensar a definição de ciclo de vi<strong>da</strong>, a sequência de<br />

etapas bem limita<strong>da</strong>s e a definição precisa do estatuto, dos papéis e <strong>da</strong>s representações<br />

associa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de (Attias-Donfut, 1988). De um ciclo concebido como único ou<br />

pré-definido passa-se a entender a vi<strong>da</strong> como um processo interactivo sujeito à mu<strong>da</strong>nça<br />

e a diversas experiências sociais.<br />

As mu<strong>da</strong>nças socioeconómicas e as novas condições <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar fazem com<br />

que o tempo que medeia entre o fim dos estudos, o exercício de uma profissão, a<br />

independência em relação à família de origem e a constituição de um agregado familiar<br />

próprio não seja linear nem instantâneo (assunto desenvolvido no ponto 1.4.2.1 deste<br />

capítulo). As relações amorosas são marca<strong>da</strong>s por diferentes formas de conjugali<strong>da</strong>de e<br />

os itinerários <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> activa complexificam-se sendo marcados por formas atípicas de<br />

trabalho, pelo desemprego e pelo emprego precário.<br />

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