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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

“Os efeitos de i<strong>da</strong>de apenas artificialmente se podem isolar dos efeitos de período e dos<br />

efeitos de geração – toma<strong>da</strong> esta num sentido sociológico. Por exemplo, os inquiridos que<br />

frequentaram a universi<strong>da</strong>de no período conturbado <strong>da</strong>s agitações académicas dos anos 60 e<br />

70 revelam posições e atitudes que devem ser atribuí<strong>da</strong>s à sua geração ou ao período em<br />

que sucederam esses acontecimentos? Quais os mecanismos de interdependência entre<br />

efeitos de i<strong>da</strong>de, de período e de geração?” (Pais, 1998a, p.26).<br />

Sobre a dificul<strong>da</strong>de de se distinguirem estes fenómenos, Pais refere que aquilo que<br />

por vezes se considera efeito de geração ou i<strong>da</strong>de pode ser consequência do efeito de<br />

período:<br />

“É provável que algumas atitudes revela<strong>da</strong>s pelos nossos inquiridos dos 35 aos 44 anos,<br />

ou dos 45 aos 54 anos de i<strong>da</strong>de, estejam marca<strong>da</strong>s pelo idealismo que caracterizava a<br />

chama<strong>da</strong> «geração de 60», integra<strong>da</strong> por jovens que, mais de perto, viveram a oposição ao<br />

regime salazarista e colonialista; mas também é provável que algumas dessas atitudes<br />

sejam efeito de um período, por exemplo, o período marcado pela revolução de Abril”<br />

(Pais, 1998a, p.26).<br />

Para Attias-Donfut (1988), mesmo que a separação entre estes três efeitos aconteça<br />

através de procedimentos muito sofisticados, o que interessa é conjugá-los num mesmo<br />

modelo de análise (modelo a três tempos). Esta autora conclui que a ponderação sobre<br />

os efeitos de i<strong>da</strong>de e geração permite uma abor<strong>da</strong>gem temporal dos fenómenos<br />

analisados e a noção de período possibilita o enquadramento conjuntural que define a<br />

especifici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> geração.<br />

Paralela à discussão sobre o modelo de análise defendido por Attias-Donfut está a<br />

questão dos efeitos de i<strong>da</strong>de ou de geração estarem sob a influência de outros efeitos ou<br />

co-existirem com outros efeitos. Riley et al. (1972) e, mais tarde, Hagestad e Neugarten<br />

(1984) atribuíram a <strong>da</strong>dos de etnia, do género e <strong>da</strong> classe social efeitos susceptíveis de<br />

mu<strong>da</strong>r o modo como as fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> se desenrolam. Pais (1998a) refere, por exemplo, a<br />

influência do efeito classe social na adesão dos jovens aos movimentos ecológicos:<br />

“São os mais escolarizados, de meio urbano e de classes médias, os jovens mais<br />

propensos a manifestarem preocupações ambientalistas. Noutros universos de valores, os<br />

efeitos de i<strong>da</strong>de e de geração deixam-se atravessar por efeitos de sexo (género), status,<br />

situação perante o trabalho, etc.” (Pais, 1998a, p.27).<br />

Conforme as condições sociais vigentes, uma geração é ou torna-se aquilo que o<br />

jogo de poder permite e, “no interior de ca<strong>da</strong> grupo geracional ou de i<strong>da</strong>de, constroem-<br />

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