Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
que os indivíduos estão actualmente sujeitos, nomeadamente a pressão para corresponder
a um perfil profissional competitivo.
Concluindo, aqueles que actualmente não tenham casado, vivido em conjugalidade
ou iniciado a parentalidade, não correspondendo por isso à representação do adulto
padrão, não deixam, contudo, de ser entendidos como adultos. Se estiverem inseridos ou
em contacto com o mercado de trabalho, correspondem ao adulto inacabado ou híbrido.
De facto, “ser adulto” é fundamentalmente “ser um indivíduo no activo e empregado”.
Independentemente de valorizarem mais a representação do adulto padrão,
inacabado ou híbrido é incontestável a valorização do trabalho na construção da
identidade adulta e em especial a importância atribuída à estabilidade profissional:
considera-se que para se “ser adulto” é importante ou muito importante “ter um trabalho
estável” (82,4%).
A estabilidade aqui valorizada implica, muitas vezes, arranjar um emprego que
garanta um salário no final do mês – para se “ser adulto” é muito importante ter a
oportunidade de “ganhar um salário, seja ele qual for” (71%) ou “ter estabilidade mesmo
que não faça aquilo que se quer” (63,5%). É evidente a instrumentalização do trabalho.
Actualmente, na adultez, o trabalho é entendido principalmente como uma fonte de
receita e não como uma possibilidade de realização pessoal. Os indivíduos ajustam as
suas expectativas às restrições desenvolvidas ao nível das organizações do trabalho, das
carreiras profissionais e das condições contratuais.
Para se “ser adulto” importa ainda passar pela experiência do “verdadeiro” trabalho:
o trabalho que deixou de ser o emprego “para o resto da vida” para ser o emprego que
possibilita a estabilidade durante, pelo menos, alguns anos.
Sobre a aprendizagem na adultez, a principal motivação dos que frequentam cursos
de formação ou prolongam a escolaridade é o aumento de empregabilidade. Mais uma
vez, o valor instrumental do trabalho sobrepõe-se aos valores expressivos e não-
materialistas. Por outro lado, como já foi referido, existe a percepção da importância da
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