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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Um dos resultados mais significativos desta pesquisa é a caracterização de três diferentes grupos de representações – a representação do adulto padrão, a do adulto inacabado e a do adulto híbrido. O conceito normativo e tradicional do adulto padrão assenta na ideia de que é possível atingir uma maturidade e realização definitivas. Neste caso, “ser adulto” é algo predominantemente vinculado ao indivíduo que constitui agregado familiar próprio, que é casado(a), tem filhos, tem um emprego e é independente em termos financeiros e residenciais. Considerando os resultados obtidos, é possível concluir que 22% dos inquiridos valorizam esta representação (do adulto padrão), mas 37% valorizam a representação de um adulto inacabado e 41% valorizam a representação que se denominou de adulto híbrido (vide quadro 31). A adultez adquire novos significados. Com a dita modernidade avançada substitui-se o adulto padrão – como estado terminado e estático – pelo adulto inacabado – sujeito a um contínuo processo de construção e desenvolvimento. Neste inacabamento, entende-se o adulto enquanto perspectiva (orientação optimista) ou como problema (orientação pessimista). O grupo de inquiridos que valoriza a representação do adulto padrão – aqueles que valorizam em particular a componente “conjugalidade e a parentalidade” e a componente “independência e autonomia” (considerando a independência financeira e residencial) – é tendencialmente constituído por indivíduos de idades mais avançadas (45-54 anos), casados, residentes no meio rural, com menor nível de ensino, com profissões menos qualificadas, ou seja, é o grupo a que corresponde um estatuto socioeconómico mais baixo (vide quadro 31). 289
O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Quadro 31. Características dos grupos adulto padrão, adulto inacabado e adulto híbrido Peso na amostra O que é importante para se “ser adulto” (por dimensões) Caracterização (em relação ao total da amostra) Representação “Adulto padrão” Representação “Adulto inacabado” 22% “Conjugalidade e parentalidade” “Independência e autonomia” Idades avançadas Menor escolaridade Profissões menos qualificadas Casados(as) Meio rural Estrato socioeconómico Baixo 290 37% “Hedonismo protegido”. “Reflexividade sobre a vida” “Independência e autonomia” Idades intermédias e baixas Elevada escolaridade Profissões mais qualificadas Em União facto ou sem viver em conjugalidade Meio urbanos Estrato socioeconómico Alto Representação “Adulto híbrido” 41% Valorização quer de características do “adulto padrão” quer de dimensões do “adulto inacabado” Idades intermédias e baixas Ensino até 3º ciclo e secundário Profissões intermédias Casados (as) Meio urbano Estrato socioeconómico Médio O adulto inacabado é aquele que prolonga tempos de experimentação, vive a instabilidade, o risco, a aventura e a mobilidade. O adulto inacabado é o adulto das novas profissões e dos novos modelos conjugais. O adulto que projecta a curto ou médio prazo e que valoriza a sociabilidade com amigos. O grupo de inquiridos que valoriza a representação do adulto inacabado – os que valorizam as componentes “hedonismo protegido”, “reflexividade sobre a vida” e também a “independência e autonomia” – é maioritariamente constituído por indivíduos do grupo de idades mais baixas (25-34 anos), têm o ensino médio ou superior e profissões intelectuais ou científicas. Este grupo corresponde a um estatuto socioeconómico mais elevado (vide quadro 31). Considerando as diversas componentes, é possível verificar que estas representações de adulto (o adulto padrão, o adulto inacabado em perspectiva ou como problema) coexistem no indivíduo que representa o “adulto médio”, o indivíduo com idades entre os 34 e os 45 anos e com recursos socioeconómicos e escolaridade idênticos à média da amostra (recursos económicos médios e ensino básico e secundário). Por este motivo
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