Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Existe ainda associação significativa entre a frequência de relações sexuais e o sexo
(χ 2 = 21,831, p-value=0,000), o local de residência (χ 2 = 33,487, p-value=0,000) e a idade (χ 2 =
47,231, p-value=0,000). Continuam a ser os inquiridos do sexo masculino que referem ter
mais frequentemente relações sexuais 156 mas, comparando com as representações e a
valorização da sexualidade na adultez, em relação às práticas os valores mais elevados
predominam entre os residentes no meio rural e os mais novos (jovens adultos com
idades entre os 25 e 34 anos). Também é entre os indivíduos com baixas habilitações
escolares, profissões menos qualificadas ou entre os pequenos empresários que as
percentagens são mais elevadas sem que se registe, contudo, uma associação
significativa 157 .
Detectam-se, assim, diferenças de sexo acerca da valorização da sexualidade, no
entanto, a importância de uma sexualidade activa resulta da reivindicação quer da mulher
quer do homem do direito ao prazer nas relações íntimas (sejam esporádicas ou
permanentes). Conforme afirma Bozon (2002b), em termos genéricos, pode mesmo
considerar-se que a autonomia da vida sexual feminina tem tido repercussões mais
avultadas nas relações íntimas contemporâneas do que as mudanças dos comportamentos
sexuais masculinos.
Para a aquisição do estatuto de adulto é muito valorizada a sexualidade activa entre
os que têm profissões pouco qualificadas. Este resultado pode advir do facto destes
indivíduos se terem libertado, a partir dos anos 70, de constrangimentos e valores
tradicionais que não permitiam conceber a sexualidade fora do casamento. Os novos
comportamentos sexuais, particularmente a autonomia sexual feminina associada à
possibilidade de controlo da fecundidade, dão origem a profundas transformações neste
contexto social e ainda hoje estas mudanças são valorizadas.
A menor frequência da prática sexual no meio urbano em relação ao meio rural pode
estar relacionada com o ritmo das cidades, com o tempo despendido em deslocações
pendulares entre o trabalho, o local de residência e a escola dos filhos, com o cansaço, o
156 Sobreavaliação que pode ser interpretada pela manipulação da resposta, isto na tentativa de
corresponderem ao estereótipo de masculinidade que implica elevada actividade sexual.
157 Habilitação escolar (χ 2 = 8,419, p-value=0,77); actividade profissional (χ 2 = 9,010, p-value=0,702).
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