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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Considerando a perspectiva de Mannheim, que associa a mu<strong>da</strong>nça social à evolução<br />

intelectual e cultural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, é possível <strong>da</strong>r como exemplo desta concepção de<br />

geração efectiva o grupo de portugueses a que se denominou de “geração de 70” –<br />

intelectuais do século XIX, dos quais se destacam Antero de Quental, Eça de Queiroz e<br />

Oliveira Martins. Estes, enquanto jovens, primeiro no movimento académico de<br />

Coimbra e mais tarde nas conferências do Casino de Lisboa, distanciaram-se <strong>da</strong> geração<br />

anterior e dos valores sociais dominantes. Ao criticarem o movimento romântico <strong>da</strong><br />

época e os ultra românticos, do "bom senso e do bom gosto", introduziram no país o<br />

“realismo” e revolucionaram diversas dimensões <strong>da</strong> cultura, <strong>da</strong> política e <strong>da</strong> literatura<br />

portuguesa.<br />

É também possível questionar a importância <strong>da</strong> geração mais jovem e a sua<br />

crescente escolarização noutras transformações <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de portuguesa. Pais (1998a)<br />

evidencia, em relação a este assunto, as transformações sociais relaciona<strong>da</strong>s com a<br />

Revolução do 25 de Abril de 1974:<br />

“Em que medi<strong>da</strong> as transformações que deram lugar à revolução do 25 de Abril, ou<br />

que com ela ocorreram, não terão correspondência com um cenário propício ao<br />

protagonismo dos jovens portugueses, num sentido próximo ao de geração efectiva?<br />

Isto é, em que medi<strong>da</strong> a revolução de 25 de Abril não terá tido marcas especificamente<br />

juvenis, a seu montante e jusante? A seu montante, por intermédio dos movimentos<br />

estu<strong>da</strong>ntis no refluxo de Maio de 68, e dos movimentos contra a Guerra Colonial; a seu<br />

jusante, porque a revolução de Abril liberalizou a socie<strong>da</strong>de portuguesa, distendendo-a<br />

dos seus constrangimentos políticos mais marcantes ou repressores. O móbil <strong>da</strong>s<br />

gerações efectivas – as novas oportuni<strong>da</strong>des de acesso à cultura, segundo Mannheim –,<br />

encontramo-lo também na socie<strong>da</strong>de portuguesa do pós 25 de Abril, com a crescente<br />

escolarização (massificação escolar) <strong>da</strong> população juvenil portuguesa” (Pais, 1998a,<br />

p.25).<br />

Concluindo, a noção de geração que está subjacente à presente pesquisa baseia-se na<br />

definição de Mannheim: a geração é um conjunto de pessoas nasci<strong>da</strong>s no mesmo<br />

período de tempo, que passaram pelos mesmos acontecimentos sociais durante a sua<br />

formação e crescimento, que partilham as mesmas experiências históricas e<br />

desenvolveram uma consciência comum.<br />

Para Attias-Donfut (1988) a construção <strong>da</strong> consciência de geração pressupõe ter<br />

consciência <strong>da</strong>s outras gerações. “É numa relação de reciproci<strong>da</strong>de que se opera a<br />

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