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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

perpetuarem modelos. Se na i<strong>da</strong>de adulta e nas i<strong>da</strong>des avança<strong>da</strong>s o acumular de<br />

experiências permite assimilar ca<strong>da</strong> nova experiência à luz <strong>da</strong>s vivências passa<strong>da</strong>s, na<br />

juventude a falta de experiência facilita a a<strong>da</strong>ptação a um mundo em mu<strong>da</strong>nça e permite<br />

tirar maior partido do “poder modelador” <strong>da</strong>s novas situações.<br />

“ O ‘estar em dia” <strong>da</strong> juventude consiste assim no seu estar mais próximo dos problemas<br />

‘presentes’ (em resultado do seu ‘contacto potencialmente fresco’ (…)), e no facto de<br />

estarem dramaticamente conscientes de tomarem parte num processo de<br />

desestabilização” (Mannheim, 1986, p.149).<br />

Através de modelos conscientemente reconhecidos ou modelos inconscientemente<br />

“implícitos”, as experiências passa<strong>da</strong>s são, no entanto, continuamente incorpora<strong>da</strong>s no<br />

presente. Os modelos só são alterados, por uma selecção consciente e reflexiva, quando<br />

o tradicional e os campos <strong>da</strong> experiência deixam de ser suficientes para responder à<br />

mu<strong>da</strong>nça histórica e social (Mannheim, 1986). As gerações encontram-se assim em<br />

interacção, influenciam-se mutuamente, existindo um cruzamento constante entre os<br />

modelos de orientação dos mais velhos, <strong>da</strong> geração intermédia e dos mais novos.<br />

Segundo Mannheim (1986) a relação entre os mais velhos e os mais novos<br />

depende do dinamismo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Condições estáticas não promovem mu<strong>da</strong>nças<br />

significativas entre gerações; o forte dinamismo social provoca interferências entre os<br />

sistemas de reorientação dos mais velhos e dos mais novos; uma evolução contínua<br />

(que não seja estática nem radicalmente oposta) tem por consequência o aparecimento<br />

de uma nova geração que tanto incorpora aspectos <strong>da</strong> herança cultural como veicula a<br />

mu<strong>da</strong>nça.<br />

A partir destas concepções, Mannheim mostra que o factor geração é parte<br />

integrante e integra<strong>da</strong> do processo social, indica que: a) a aceleração <strong>da</strong>s transformações<br />

sociais aumenta a probabili<strong>da</strong>de de uma geração potencial se transformar numa geração<br />

efectiva; b) a interacção e acção de ca<strong>da</strong> geração com as gerações precedentes potencia<br />

tensões e mu<strong>da</strong>nça social e c) a relação dos mais novos com a cultura acumula<strong>da</strong><br />

envolve novas apropriações e a construção de novos modelos que, por sua vez,<br />

potenciam transformações sociais também nas outras gerações (Mannheim, 1986).<br />

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