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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Ser activo desempregado ou passar à inactivi<strong>da</strong>de é desprestigiante podendo mesmo<br />

funcionar como estigma social (Alves, 1998; Pires & Borges, 1998). Os indivíduos<br />

nestas situações perdem valor social e, pelo facto de não estarem a trabalhar,<br />

comprometem o seu estatuto de adulto<br />

Para se “ser adulto” importa ain<strong>da</strong> passar pela experiência do “ver<strong>da</strong>deiro” trabalho,<br />

mesmo que este deixe de ser o emprego estável para o resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e passe a ser o<br />

emprego que possibilita a estabili<strong>da</strong>de durante alguns anos. Se, confrontados com as<br />

dificul<strong>da</strong>des de inserção profissional, os jovens recorrem a activi<strong>da</strong>des de substituição<br />

(como a realização de “biscates” e de trabalhos com vínculos contratuais precários)<br />

(Pais, 2001), na <strong>adultez</strong>, um dos principais objectivos é despistar os estatutos de<br />

substituição, ultrapassá-los e não mais retomá-los.<br />

As transformações tecnológicas, o crescente fenómeno <strong>da</strong> terciarização e<br />

urbanização, as novas políticas de gestão e o aumento <strong>da</strong> população activa (em particular<br />

<strong>da</strong> feminina) apontavam no sentido <strong>da</strong> modernização do mercado de trabalho. Assiste-se,<br />

no entanto, ao aumento <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong>de e insegurança no trabalho devido à precarie<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s novas condições contratuais e à diversi<strong>da</strong>de de modelos de emprego e desemprego.<br />

Esta situação é ain<strong>da</strong> agrava<strong>da</strong> pelos baixos níveis de escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população activa e<br />

<strong>da</strong> classe empresarial. Se por um lado, na <strong>adultez</strong>, os trabalhos intermitentes são<br />

entendidos como ocupações de transição, por outro lado quando não se consegue “<strong>da</strong>r o<br />

salto” para uma situação mais estável, o que realmente importa é estar a trabalhar.<br />

Em resumo, os resultados obtidos indicam que a generali<strong>da</strong>de dos adultos,<br />

consciente <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des em progredir na carreira, tenta, pelo menos, manter uma<br />

situação segura e estável em termos de bem-estar material. Conclui-se, ain<strong>da</strong>, que as<br />

condições objectivas são geri<strong>da</strong>s segundo uma estratégia de ajustamento “pragmático”<br />

<strong>da</strong>s aspirações à reali<strong>da</strong>de, isto é, projecta-se um futuro menos ambicioso e mais<br />

próximo <strong>da</strong> situação em que o indivíduo se encontra.<br />

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