Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
importância dada ao “fazer o que se quer (em termos profissionais) mesmo que isso
implique instabilidade” desce para 23,8% (vide figura 27). As teses que, há cerca de
vinte anos, previam a substituição dos valores instrumentais do trabalho pelos valores
expressivos não se concretizaram (Pires & Borges, 1998; Vala et al., 2003). Na adultez,
o trabalho continua a ser entendido como uma fonte de receita e não como uma
possibilidade de bem estar-subjectivo, de iniciativa ou realização pessoal.
Ter um salário, seja qual for
Ter estabilidade mesmo que não
faça o que quer
Fazer o que quer mesmo que isso
implique instabilidade
10,6% 18,4% 71,0%
8,8% 27,7% 63,5%
40,2% 36,0% 23,8%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Nada ou pouco importante Mais ou menos importante importante ou muito importante
Figura 27. A importância do “ter um salário” e da “estabilidade no trabalho” para se “ser adulto”
Valoriza-se o trabalho pelo facto de ele ser fundamental para a construção da
identidade social e por garantir recompensas materiais (mesmo que se violentem
motivações e vocações). O valor instrumental do trabalho tem uma importância
estratégica no âmbito da actividade humana e com a fragilidade da situação económica
ganha ainda mais significado, sendo indubitável a sua centralidade nas vidas das pessoas
(Pais, 1991b; Alves, 1998; Pires & Borges, 1998).
“As condições materiais estão no centro das preocupações dos portugueses. A
estabilidade, a segurança de emprego e um bom nível salarial são as questões que, talvez
por não se encontrarem asseguradas para a maioria, surgem em primeiro lugar quando se
fala de emprego.” (Pires & Borges, 1998, p.316).
220