Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
A identificação de um modelo da diversidade de entrada nas dimensões analisadas
permite concluir que ao nível das práticas e dos percursos biográficos existe uma
multiplicidade de formas de entrada na adultez.
Entre a diversidade referida interessa ainda evidenciar dois resultados:
1. a situação de entrada sincrónica nas três dimensões estudadas – idade do primeiro
emprego igual à idade da primeira conjugalidade e igual à idade da primeira
residência própria (ou seja, entrada nas três dimensões no mesmo ano) – só
caracteriza 4,4% das trajectórias vividas até aos 25 anos, subindo apenas para
4,9% aos 30 anos (vide quadro 27 e 28, sequência 1). Isto é, as trajectórias de
idades de entrada sincrónicas, que caracterizam um modelo de passagem à vida
adulta linear e instantâneo, são uma construção teórica sem significado nos
percursos experienciados. Só para uma percentagem reduzida de indivíduos a
entrada nas três dimensões acontece no mesmo ano.
2. até aos 25 e 30 anos, a situação de entrada sincrónica na conjugalidade e na
constituição de agregado familiar próprio em residência própria é predominante,
contudo, raramente se verifica antes da primeira experiência profissional. Isso só
acontece para 4,1% das trajectórias da amostra até aos 25 anos e para 6,8%
quando se considera o percurso vivido até aos 30 anos (vide quadro 27 e 28,
sequência 2). Esta situação reflecte particularmente a trajectória das mulheres da
geração mais velha 121 .
Em resumo, relacionando as idades de entrada no eixo privado com as idades de
entrada no eixo público é possível concluir que, aos 30 anos, a maioria dos indivíduos
(80%) já tinham vivido tanto a primeira experiência profissional como a primeira
conjugalidade e já tinham constituído agregado familiar próprio em residência própria
(modelo tradicional e “outras sequências completas” do modelo da diversidade). A
ordem mais frequente pela qual acontecem estes eventos passa por entrar primeiro na
vida activa e mais tarde, passado cerca de cinco anos, viver a primeira conjugalidade ao
mesmo tempo que se constitui agregado familiar próprio (modelo tradicional). Esta
prática está, contudo, associada ao grupo de idades mais avançadas pois, nos últimos
121 Anexo 4.
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