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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Como exemplo <strong>da</strong> perspectiva Positivista, Mannheim refere a teoria de Comte<br />

(1908) onde se defende que o ritmo do progresso pode ser medido através do ritmo <strong>da</strong><br />

renovação <strong>da</strong>s gerações: se o período de duração normal de vi<strong>da</strong> aumentasse, a<br />

influência restritiva e conservadora <strong>da</strong> geração mais velha faria com que o tempo do<br />

progresso fosse travado; se a duração de vi<strong>da</strong> dessa geração fosse reduzi<strong>da</strong>, essa<br />

influência diminuía e o tempo de progresso seria acelerado (Mannheim, 1986).<br />

A este respeito questiona-se sobre o que Comte diria hoje confrontado com o<br />

aumento <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong> e o envelhecimento <strong>da</strong> população. À luz <strong>da</strong> teoria de<br />

Comte, actualmente o progresso estaria travado pois a influência <strong>da</strong> geração mais velha<br />

faz-se sentir durante muitos mais anos. A conjectura defini<strong>da</strong> por Comte é ain<strong>da</strong><br />

discutível pelo facto de não pressupor qualquer restrição <strong>da</strong> duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> activa,<br />

como acontece com a reforma e a institucionalização <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des produtivas.<br />

Comte, tal como outros autores positivistas (Cournot, Dromel e Mentré), definiu<br />

ain<strong>da</strong> um número médio de anos necessários para que uma geração pudesse elaborar e<br />

realizar as suas concepções (período que associou a limites orgânicos e biológicos).<br />

Para estes autores, em média, o período de renovação de uma geração era de 30 anos e<br />

uma geração contribuía para o aceleramento do progresso intelectual através <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de criativa e executiva dos indivíduos que tinham i<strong>da</strong>des entre os 30 e os 60<br />

anos (Mannheim, 1986) 6 . Também a este nível a abor<strong>da</strong>gem dos positivistas é<br />

discutível, principalmente a questão <strong>da</strong> inflexibili<strong>da</strong>de dos limites de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> pública e a exclusão <strong>da</strong> influência <strong>da</strong>s gerações mais novas nos processos de<br />

mu<strong>da</strong>nça.<br />

Para os positivistas a sucessão de gerações é contínua tal como a “história do<br />

espírito humano” e as etapas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> são idênticas aos estados do progresso social – a<br />

infância corresponde ao Feu<strong>da</strong>lismo; a adolescência à Revolução e a maturi<strong>da</strong>de ao<br />

Positivismo (Attias-Donfut, 1988).<br />

6 De forma idêntica Mentré (1920) teorizou sobre a coexistência de três gerações onde apenas os<br />

indivíduos <strong>da</strong> geração com i<strong>da</strong>des entre os 30 aos 60 anos eram considerados “contemporâneos”.<br />

Também Ortega y Gasset (1981) (original de 1923) situa a existência histórica do homem entre os 30 e os<br />

60 anos, no entanto, divide esta fase em duas: a i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criação e inovação (dos 30 aos 45 anos) e a<br />

i<strong>da</strong>de do predomínio e de comando (dos 45 aos 60 anos).<br />

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