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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

As pressões para a necessi<strong>da</strong>de de uma formação base mais longa promoveram o<br />

acréscimo <strong>da</strong> procura <strong>da</strong> educação e, se por um lado aumentaram os investimentos<br />

escolares, por outro lado, aumentaram a desvalorização dos diplomas e as qualificações<br />

requeri<strong>da</strong>s para os empregos disponíveis. Acontece, ain<strong>da</strong>, que nem sempre os<br />

diplomados absorvidos pelo mercado de trabalho vêem as suas habilitações ajusta<strong>da</strong>s à<br />

activi<strong>da</strong>de profissional exerci<strong>da</strong> (Nimal et al., 2000).<br />

O fenómeno <strong>da</strong> desvalorização dos títulos escolares deve ser analisado segundo duas<br />

perspectivas: (a) a comparação intrageracional, para os indivíduos <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de e de<br />

todos os níveis de ensino e (b) a análise intergeracional, para indivíduos com recursos<br />

escolares e socioeconómicos idênticos mas de gerações diferentes.<br />

No primeiro caso, numa comparação intrageracional entre jovens <strong>da</strong> mesma<br />

geração, quando o licenciado apenas consegue, por exemplo, trabalho como escriturário<br />

ou operador de marketing num banco (funções que poderiam ser desempenha<strong>da</strong>s por<br />

quem tem o 12º. ano), o diplomado do ensino secundário trabalha como caixeiro num<br />

supermercado (função que poderia ser desempenha<strong>da</strong> por quem tem, por exemplo, o 9º.<br />

ano), ou seja, o fenómeno <strong>da</strong> desvalorização dos títulos escolares regista-se em cascata<br />

pelos vários níveis de ensino (Baudelot & Establet, 1989; Deniger, 1996; Nimal et al.,<br />

2000).<br />

Numa perspectiva intergeracional, actualmente, o investimento escolar parece ter<br />

deixado de garantir uma carreira ascendente e o risco de déclassement aumentou entre<br />

as gerações mais novas (Bourdieu, 1984; Courtois & Rougerie, 1997).<br />

Segundo Nimal et al. (2000), cruzando a perspectiva intra e inter geracional<br />

verifica-se, ain<strong>da</strong>, que a diferença entre os salários de indivíduos com a mesma i<strong>da</strong>de, os<br />

mesmos anos de experiência mas habilitações escolares diferentes têm baixado ao ritmo<br />

de uma geração 61 existindo, a este nível, uma desvalorização efectiva do valor do<br />

diploma.<br />

61 Por exemplo, enquanto que na geração de 1962-71 a diferença de salário entre um indivíduo com 25<br />

anos, dois anos de experiência e ensino superior e um indivíduo <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de, com o mesmo tempo de<br />

experiência, mas com o ensino secundário poderia situar-se num valor que corresponde actualmente a 600<br />

euros, na geração de 1972-81 essa diferença desce, por exemplo, para os 400 euros (Nimal et al., 2000).<br />

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