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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

São ca<strong>da</strong> vez mais escassas as situações em que se entra numa empresa como paquete e<br />

ascende aos cargos mais altos <strong>da</strong> organização.<br />

Neste âmbito, exige-se ao indivíduo a capaci<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>r mas, paradoxalmente, a<br />

mu<strong>da</strong>nça voluntária (que à parti<strong>da</strong> seria um sinal de competitivi<strong>da</strong>de e iniciativa do<br />

trabalhador) é, actualmente, socialmente interpreta<strong>da</strong> como uma irresponsabili<strong>da</strong>de,<br />

ina<strong>da</strong>ptação ou falta de maturi<strong>da</strong>de. Ao diminuírem as oportuni<strong>da</strong>des de trabalho e as<br />

garantias de protecção social, a mu<strong>da</strong>nça voluntária é ti<strong>da</strong> como uma atitude<br />

impondera<strong>da</strong>.<br />

Na maior parte dos casos, os indivíduos preferem a situação de trabalhador por<br />

conta de outrem a tempo inteiro, condição que não leva a condutas de mu<strong>da</strong>nça<br />

voluntária. Os adultos, nestas circunstâncias, raramente são portadores de projectos de<br />

mobili<strong>da</strong>de profissional. Podem ter motivações para a iniciativa, vontade de se<br />

estabelecerem por conta própria, de não ter um patrão ou de ganhar mais dinheiro, mas<br />

estas são, usualmente, declarações de princípio, intenções que nunca passam a acções<br />

concretas (Freire et al., 2000).<br />

“Este tipo de enquadramento profissional onde, na maior parte dos casos, os<br />

trabalhadores estão enquadrados por contratos “normais” de trabalho, é inibidor de<br />

grandes estratégias de mu<strong>da</strong>nça, ain<strong>da</strong> que, em alguns casos, a profissão exerci<strong>da</strong> não<br />

correspon<strong>da</strong> à vocação ou se verifique uma predisposição para a valorização do trabalho<br />

por conta própria (…) Com efeito, estes não passam de desejos latentes que grande parte<br />

dos indivíduos não irão provavelmente concretizar.” (Freire et al., 2000, p. 185).<br />

Quanto à situação involuntária de mobili<strong>da</strong>de profissional (que não foi escolhi<strong>da</strong>),<br />

esta pode tornar-se uma experiência traumatizante, sendo comum o indivíduo ter<br />

dificul<strong>da</strong>de em ultrapassar a nova situação. Podem verificar-se, nestas circunstâncias,<br />

reacções depressivas ou crises que podem provocar o despedimento do trabalhador e a<br />

necessi<strong>da</strong>de de suporte psicológico (Brillon & Renaut, 1986).<br />

Vários são os autores que sistematizam as fases de reacção ao desemprego e<br />

definem: uma primeira fase de choque e ansie<strong>da</strong>de face a um futuro incerto que dura<br />

cerca de quatro semanas; de segui<strong>da</strong> caracterizam a fase do optimismo e do esforço<br />

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