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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

médio ou superior 58 (INE, 2006a). O empreendedorismo e estabelecimento por conta<br />

própria aparecem frequentemente ligados à conjuntura de crise de emprego, à falta de<br />

atractivi<strong>da</strong>de do trabalho por conta de outrem e raramente têm a ver com a aposta na<br />

inovação ou com o investimento em áreas de negócio prósperas. Factos que justificam a<br />

eleva<strong>da</strong> taxa de insucesso entre as novas empresas constituí<strong>da</strong>s (INE, 2006a).<br />

No contexto descrito, independentemente do tipo de empresa, muitos empregadores<br />

são atraídos pelo modelo <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong>de devido à oportuni<strong>da</strong>de de pagar baixos<br />

salários, contornar a protecção do salário mínimo e contratar pessoas a tempo parcial<br />

sem pagar suplementos, horas extraordinárias e benefícios sociais. Optam muitas vezes<br />

pela mão-de-obra feminina pelo facto desta, em virtude de discriminação, ser<br />

fracamente remunera<strong>da</strong>. A concentração dos empregos femininos em categorias<br />

profissionais caracteriza<strong>da</strong>s pela precarie<strong>da</strong>de e a instabili<strong>da</strong>de comprovam este facto 59<br />

(Freire et al., 2000, Rebelo, 2001; Torres, 2004b).<br />

Outro aspecto a ser ponderado é o facto de poucos portugueses estarem interessados<br />

em participar em modelos de trabalho que promovam a flexibili<strong>da</strong>de, nomea<strong>da</strong>mente os<br />

modelos que permitem diminuir as horas de trabalho, aumentar o tempo livre e diminuir<br />

a remuneração. A maioria, pelo contrário, está disponível para aumentar o número de<br />

horas de trabalho, se isso significar um aumento salarial, ou manter um trabalho a<br />

tempo inteiro e estável mesmo que a remuneração não seja a mais satisfatória.<br />

«“Trabalhar muito” ou “ter muito trabalho” é um indicador de estatuto social» e o<br />

garante de recompensas materiais, facto considerado como muito importante para a<br />

maioria dos portugueses (Freire et al., 2000, p. 172).<br />

Para que a tensão proveniente <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des do mercado de trabalho se dissipe<br />

ain<strong>da</strong> haverá muito a fazer. Para já, não é estranho que os portugueses, numa posição<br />

defensiva face à percepção de instabili<strong>da</strong>de e a fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s condições contratuais,<br />

desvalorizem a importância <strong>da</strong><strong>da</strong> à construção de uma identi<strong>da</strong>de profissional<br />

58 Estes empresários eram, na maioria, homens (85,5%) com mais de 40 anos (55,7%) que trabalhavam<br />

por conta de outrem e resolveram investir principalmente no sector do comércio com o objectivo de<br />

“ganhar mais dinheiro” (47,5%) e viver “novos desafios” (44,6%) (INE, 2006a).<br />

59 Em proporção mais reduzi<strong>da</strong> o emprego feminino regista também concentração no sector <strong>da</strong>s profissões<br />

intelectuais e científicas (caracterizado por altas qualificações escolares), contudo, aqui a descriminação<br />

fica «patente na exclusão <strong>da</strong>s mulheres dos lugares de direcção e supervisionamento» (Torres, 2004b,<br />

p.87).<br />

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