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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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2.3.2. A <strong>adultez</strong> e o trabalho<br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Os valores do trabalho são usualmente conceptualizados segundo duas categorias:<br />

(a) os valores instrumentais também designados como extrínsecos ou materialistas e (b)<br />

os valores expressivos também denominados de intrínsecos ou pós-materialistas. Os<br />

primeiros remetem para as recompensas materiais consegui<strong>da</strong>s através do trabalho – por<br />

exemplo, o salário, a segurança e estabili<strong>da</strong>de financeira, a segurança física, os<br />

benefícios sociais e as férias. Os segundos têm a ver com as gratificações que advêm <strong>da</strong><br />

natureza do próprio trabalho – a possibili<strong>da</strong>de de desenvolvimento, realização e<br />

progressão pessoal e profissional, o reconhecimento, a iniciativa e a autonomia<br />

(Herzberg et al., 1959; Rokeach, 1973; Drenth et al., 1983; Loscocco, 1989; Inglehart,<br />

1990; Peiró et al., 1996; Pires & Borges, 1998; Cheung & Scherling, 1999; George &<br />

Jones, 1999; Vala et al. 2003).<br />

Perante a moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong> supunha-se que a importância do trabalho como<br />

mera fonte de rendimentos (onde prevalece a representação do homo economicus) fosse<br />

comuta<strong>da</strong> pela importância <strong>da</strong> auto-expressão e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, dessacralizando-se o<br />

desenvolvimento económico em favor de critérios mais humanistas e ecológicos. A<br />

centrali<strong>da</strong>de do trabalho nas vi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s pessoas não seria, então, encara<strong>da</strong> como um<br />

reflexo <strong>da</strong> sua necessi<strong>da</strong>de económica, mas sim como o resultado de uma activi<strong>da</strong>de<br />

gratificante (Pires & Borges, 1998; Vala et al., 2003). Essa transformação, porém, não<br />

aconteceu, as condições materiais e de segurança (“básicas”, na perspectiva de Maslow<br />

[1954]), não estando satisfeitas, continuam a ser sobrevaloriza<strong>da</strong>s em detrimento dos<br />

valores intrínsecos (Pires & Borges, 1998; Vala et al., 2003; Miran<strong>da</strong>, 2003).<br />

Os adultos ajustam as suas expectativas às restrições desenvolvi<strong>da</strong>s ao nível <strong>da</strong>s<br />

organizações do trabalho, <strong>da</strong>s carreiras profissionais e <strong>da</strong>s condições contratuais.<br />

Mesmo os activos empregados, que valorizam o trabalho pelo facto deste permitir a<br />

realização pessoal e profissional, perante a situação imaginária de desemprego têm<br />

como primeira preocupação a falta de dinheiro. Estes não hesitariam em aceitar um<br />

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