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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

problemas de saúde física; (b) a menopausa e a andropausa 50 ; (c) a situação conjugal,<br />

depois dos filhos “criados” pode surgir o questionamento sobre a conjugali<strong>da</strong>de vivi<strong>da</strong><br />

(o adulto pode questionar-se acerca <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de fora <strong>da</strong> conjugali<strong>da</strong>de e se está<br />

com o outro por satisfação, hábito ou indiferença); (c) a situação profissional, as<br />

situações de competição e as pressões para a mobili<strong>da</strong>de e flexibili<strong>da</strong>de profissional e<br />

(d) o aumento de encargos e responsabili<strong>da</strong>des familiares, a coincidência do tempo <strong>da</strong><br />

responsabili<strong>da</strong>de parental com a responsabili<strong>da</strong>de filial (a “situação sanduíche” do<br />

adulto entre duas gerações diferentes, referi<strong>da</strong> no ponto 1.3.1.4 do capítulo 1) 51 .<br />

Segundo Gerzon (1992) a desilusão ocorre, nas socie<strong>da</strong>des ocidentais, com o fim <strong>da</strong><br />

“primeira parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>”, altura em que tudo estaria estruturado segundo regras bem<br />

conheci<strong>da</strong>s (terminar os estudos, começar a trabalhar e constituir família própria). Na<br />

meia-i<strong>da</strong>de the script ends, o “guião” deixa de parecer evidente. Questiona-se como o<br />

trabalho ou o casamento baniram ou preservaram a identi<strong>da</strong>de do indivíduo e reavalia-se<br />

a estabili<strong>da</strong>de.<br />

A representação negativa sobre a <strong>adultez</strong> prende-se com a vulnerabili<strong>da</strong>de, com a<br />

desestabilização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta e também com o facto de não existirem acções que<br />

demonstrem uma preocupação real em entender o que se passa com o adulto. Se os<br />

jovens e os idosos contam com instituições de apoio (como a escola, a família,<br />

associações, programas e medi<strong>da</strong>s políticas) que se direccionam para a resolução dos<br />

seus problemas, o mesmo já não se verifica em relação às ansie<strong>da</strong>des dos adultos.<br />

Segundo a representação tradicional, o adulto deve resolver as suas inquietações<br />

50 Nas mulheres a menopausa dá-se com a diminuição <strong>da</strong> secreção de hormonas femininas, o fim dos<br />

ciclos menstruais e <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de procriar. A menopausa pode ser vivi<strong>da</strong> de forma negativa com<br />

desordens físicas e psicológicas ou com a dificul<strong>da</strong>de em li<strong>da</strong>r com a crescente percepção de<br />

envelhecimento (porém, pode ser entendi<strong>da</strong> de forma positiva se for vivi<strong>da</strong> enquanto libertação <strong>da</strong>s regras<br />

<strong>da</strong> fertili<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> contracepção e a possibili<strong>da</strong>de de viver uma sexuali<strong>da</strong>de mais harmoniosa). A<br />

andropausa nos homens refere-se à per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>des sexuais com o avançar <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de (o que não terá<br />

apenas a ver com factores biológicos, mas também psicológicos, culturais e sociais podendo muitas vezes<br />

verificar-se devido a “preconceitos sociais” e não a reais incapaci<strong>da</strong>des físicas).<br />

51 Particularmente em relação aos filhos, Millet-Bartoli (2002) refere três aspectos que podem potenciar<br />

situações de crise na meia-i<strong>da</strong>de: a dificul<strong>da</strong>de em renunciar ao “filho ideal”, ou seja, a projecção sobre o<br />

que gostava que o filho fosse, pressionando-o para algo que, muitas vezes, está ancorado nos desejos ou<br />

ambições frustra<strong>da</strong>s do próprio adulto; a dificul<strong>da</strong>de em li<strong>da</strong>r com o prolongamento <strong>da</strong> estadia dos filhos<br />

em casa dos progenitores devido às dificul<strong>da</strong>des de inserção profissional, principalmente, quando houve<br />

um investimento significativo nos seus recursos escolares; a dificul<strong>da</strong>de em li<strong>da</strong>r com a dita crise do<br />

ninho vazio quando a parti<strong>da</strong> dos filhos, para um agregado próprio, não provoca o sentimento de<br />

liber<strong>da</strong>de e de satisfação por se ter mais tempo para si ou para o casal, mas sim o sentimento de solidão e<br />

per<strong>da</strong> (pois “dedicou-se parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> aos filhos” ou “abdicou-se <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong>” por eles).<br />

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