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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

interrogações. Esta será a i<strong>da</strong>de que divide a vi<strong>da</strong> em duas partes e a mede em função<br />

não do que foi vivido, mas do tempo que “resta” para viver (Boutinet, 2000; Millet-<br />

Bartoli, 2002).<br />

Por sua vez, a noção de crise de meia-i<strong>da</strong>de «sem ter um estatuto universal, tem um<br />

impacto enorme no imaginário dos adultos ocidentais que atravessam esse período de<br />

vi<strong>da</strong>» (Millet-Bartoli, 2002, p.49). O termo crise <strong>da</strong> meia-i<strong>da</strong>de foi introduzido em 1965<br />

por Elliott Jacques, psicólogo canadiano e pioneiro na teoria do desenvolvimento<br />

humano. Este artigo referia-se à análise realiza<strong>da</strong> a 310 percursos de vi<strong>da</strong> de pintores,<br />

compositores, escritores, escultores e outros artistas de renome. Jacques (1965) concluiu<br />

que perto <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de dos 35 anos, na maioria dos casos, os artistas questionavam-se sobre<br />

o que iriam fazer do tempo que lhes restava de vi<strong>da</strong>, reconheciam a sua mortali<strong>da</strong>de e<br />

passavam por um período de crise e questionamento sobre quem eram e o que faziam.<br />

Durante este período existiam artistas que desistiam <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> sua obra e outros que<br />

iniciavam o seu melhor trabalho criativo (como por exemplo, Shakespeare’s, Gauguin,<br />

Goya e Bach).<br />

Para Millet-Bartoli (2002) a meia-i<strong>da</strong>de não pode ser entendi<strong>da</strong> segundo uma “crise<br />

maníaco-depressiva” mas como uma reacção de a<strong>da</strong>ptação ou questionamento sobre o<br />

estado de vi<strong>da</strong> do indivíduo na i<strong>da</strong>de adulta. Este autor admite, porém, que<br />

estatisticamente esta é uma fase rica em rupturas destabilizantes que podem favorecer o<br />

surgimento de factores de crise. Nestas situações, Millet-Bartoli assume que o adulto<br />

pode passar pela impressão de mal-estar com a vi<strong>da</strong>, de “malviver”, de não se sentir<br />

bem com ele mesmo ou de ter a sensação de estagnação.<br />

Pormenorizando, Millet-Bartoli (2002) resume alguns dos factores que, mal geridos,<br />

podem desencadear situações de crise na meia-i<strong>da</strong>de. Refere, por exemplo: (a) a morte<br />

de parentes e amigos, na meia-i<strong>da</strong>de o contacto mais próximo com a morte do outro<br />

torna-a uma reali<strong>da</strong>de mais presente, conduz ao confronto de ca<strong>da</strong> um com os seus<br />

próprios limites e fomenta a vigilância em relação aos sinais de envelhecimento e aos<br />

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