17.04.2013 Views

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2.1.6. A imaturi<strong>da</strong>de ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Desde 1970 desenvolve-se progressivamente a ideia de que to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des são<br />

assinala<strong>da</strong>s por uma certa dose de imaturi<strong>da</strong>de. Boutinet (2000) considera que a<br />

imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta advém do enfraquecimento de marcadores geracionais e <strong>da</strong><br />

supressão de certos quadros de referências. A imaturi<strong>da</strong>de pode ain<strong>da</strong> ser interpreta<strong>da</strong><br />

como reacção a um ambiente social complexo, manifestando-se através do<br />

questionamento de antigas certezas; a relativização dos percursos de vi<strong>da</strong> únicos e<br />

lineares e a consciência <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de dos riscos e dos “mundos possíveis”<br />

(Boutinet, 2000).<br />

A possibili<strong>da</strong>de de atingir a maturi<strong>da</strong>de plena passa a apresentar-se como ilusão,<br />

principalmente se a entendermos como «o esgotamento do que é tido como<br />

definitivamente acertado» (Carvalho, 2000, p. 7).<br />

Boutinet (2000) relembra que já vários pensadores mostraram que o indivíduo ilude-<br />

se constantemente acerca <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong>de para atingir a maturi<strong>da</strong>de completa: (a)<br />

Marx inscrevia a imaturi<strong>da</strong>de dos indivíduos na falsa ou falta de consciência de classe;<br />

(b) Freud assinalava essa imaturi<strong>da</strong>de na forma como o indivíduo ignora que o seu<br />

“inconsciente relacional radical” organiza a sua vi<strong>da</strong> desde a infância; (c)<br />

Schopenhauer, Nietzsche e Heidegger afirmavam existir no indivíduo uma “má” ou<br />

“infeliz” consciência que o faz sofrer de culpabili<strong>da</strong>de e não lhe permite a realização<br />

plena; (d) Sartre, numa perspectiva existencialista, afirmava que essa culpabili<strong>da</strong>de é<br />

“lúci<strong>da</strong>” e “intencional” e (e) por sua vez, Lévi-Strauss, Foucault e Brandel inviabilizam<br />

a possibili<strong>da</strong>de de existir um adulto perfeito ao afirmarem que o «indivíduo reduzido a<br />

um estado de não consciência (…) circula à superfície <strong>da</strong>s coisas sem as afectar em<br />

profundi<strong>da</strong>de» estando sujeito, acima de tudo, a “continui<strong>da</strong>des estruturantes” e<br />

“rupturas <strong>da</strong>s eventuali<strong>da</strong>des” (Boutinet, 2000, p.36).<br />

Para Boutinet (2000) a maturi<strong>da</strong>de completa pode ser “mortífera” caso conduza à<br />

inacção ou submeta o adulto à execução de meras rotinas. Por outro lado, a imaturi<strong>da</strong>de<br />

123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!