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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Para Boutinet (2000) o estudo do adulto encontra-se marginalizado porque envolve<br />

um “incómodo” exercício de desconstrução, isto é, exige que se conceba a vi<strong>da</strong> adulta<br />

fora <strong>da</strong> sua “normali<strong>da</strong>de”. A nível social implica o questionamento sobre o que é<br />

regular, imposto e proporcionado ao adulto. A nível individual envolve o confronto com<br />

o que se pensa, projecta e faz em relação a esta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Por outro lado, porque são<br />

usualmente os adultos que “nomeiam” e “enunciam o mundo”, talvez os mesmos<br />

tenham dificul<strong>da</strong>de em se “retratarem”. Será que os adultos não conseguem distanciar-<br />

se e observar <strong>da</strong> sua própria reali<strong>da</strong>de?<br />

Tem-se desenvolvido um extenso e importante trabalho sobre a transição dos jovens<br />

para a vi<strong>da</strong> adulta mas, não será relevante tentar saber o que significa “ser adulto” para<br />

que se compreen<strong>da</strong>m melhor esses processos de transição? Como se pode entender a<br />

transição para algo que ain<strong>da</strong> não foi estu<strong>da</strong>do? Nos dias de hoje, sabe-se que muita<br />

coisa mudou em relação à vi<strong>da</strong> adulta, mas não se compreende bem em que sentido. É<br />

possível que o “receio” ou alguma “recusa em ser adulto” resultem deste<br />

desconhecimento?<br />

Ao contrário do que acontece com as outras fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, em Portugal e noutros<br />

países, não é generalizado o uso de um termo que designe a condição de adulto ou a<br />

etapa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> correspondente à i<strong>da</strong>de adulta. Como traduzir para português o termo<br />

inglês adulthood? Porque é que não se usa regularmente uma terminologia para este<br />

efeito?<br />

Na presente pesquisa, utilizar um termo para definir o estatuto de adulto tornou-se<br />

uma necessi<strong>da</strong>de incontornável. Este facto pode parecer insignificante uma vez que nos<br />

estudos sociais usa-se habitualmente as expressões “i<strong>da</strong>de adulta” ou “vi<strong>da</strong> adulta” para<br />

designar essa fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Por comparação imagine-se, no entanto, como seria estranho<br />

uma investigação onde os termos juventude, infância e velhice fossem recorrentemente<br />

substituídos pelas expressões “i<strong>da</strong>de/vi<strong>da</strong> jovem”, “i<strong>da</strong>de/vi<strong>da</strong> infantil” ou “i<strong>da</strong>de/vi<strong>da</strong><br />

idosa”. A própria colagem dos termos “vi<strong>da</strong>” e “i<strong>da</strong>de” a estas fases é discutível na<br />

medi<strong>da</strong> em que, para além <strong>da</strong> natureza biológica ou <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de cronológica, a definição<br />

<strong>da</strong>s etapas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> está dependente de escolhas individuais e de condicionantes<br />

culturais, históricas e socioeconómicas.<br />

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