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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> autobiografia advém do modo como, na<br />

moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong>, se exalta a importância <strong>da</strong> “transparência” <strong>da</strong> comunicação. Nas<br />

empresas, nos media e nas instituições substitui-se a concepção vertical <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de,<br />

do poder e <strong>da</strong> comunicação pela valorização <strong>da</strong> horizontali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> negociação e <strong>da</strong><br />

comunicação entre todos os níveis <strong>da</strong>s organizações. Para não ser excluído o adulto<br />

deve, perante as diversas esferas sociais, dominar a arte de comunicar. Deve comunicar<br />

sobre o que ele é, sobre a sua experiência pessoal, as suas intenções e projectos de vi<strong>da</strong>.<br />

A transparência <strong>da</strong> comunicação sai do gabinete do psicoterapeuta para a praça<br />

pública, ou seja, para a esfera do social: é necessário o adulto relatar partes <strong>da</strong> sua<br />

história de vi<strong>da</strong> quando vai a uma entrevista de emprego, na relação íntima, entre o<br />

grupo de amigos, no emprego ou, por exemplo, num processo de reconhecimento e<br />

vali<strong>da</strong>ção de competências. Em ca<strong>da</strong> ambiente social o adulto constrói um discurso<br />

diferente sobre si mesmo, «as mensagens informacionais [recebi<strong>da</strong>s e emiti<strong>da</strong>s] são<br />

vincula<strong>da</strong>s de diferentes lugares» (Boutinet, 2000, p. 82).<br />

Para os desconstrutivistas o Me move-se de um significado para outro ca<strong>da</strong> vez que<br />

se conta: está em constante mutação não existindo a possibili<strong>da</strong>de de conferir uni<strong>da</strong>de a<br />

qualquer que seja a história de vi<strong>da</strong>. A dinâmica <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça social projecta o adulto<br />

numa diversi<strong>da</strong>de de papéis e na constante construção e desconstrução do self não sendo<br />

possível detectar um centro, um ponto de convergência que conce<strong>da</strong> lógica e sentido aos<br />

percursos de vi<strong>da</strong>. Afastando-se desta visão desconstrutivista, a presente pesquisa<br />

defende que as narrativas, <strong>da</strong> autoria dos adultos, não se apresentam como conversas<br />

efémeras. “O I autor usa palavras específicas para narrar o Me, procurando uma história<br />

váli<strong>da</strong>, com uni<strong>da</strong>de e propósito que vai despistar a confusão e a desordem dos<br />

percursos” (Birren, 1996, p. 136).<br />

Tentar explicar porque é que em <strong>da</strong>do momento se agiu de determina<strong>da</strong> forma<br />

significa construir uma narrativa que expõe o adulto aos outros e a ele mesmo. Para<br />

Birren (1996) a auto-identi<strong>da</strong>de revela-se na própria autobiografia do adulto, numa “boa<br />

estória” que permite que o Me seja partilhado e negociado no contexto social. Permite<br />

criar um fio condutor, um seguimento lógico para a diversi<strong>da</strong>de de experiências e<br />

percursos e possibilita ao adulto definir a sua própria individuali<strong>da</strong>de orientando a “sua<br />

viagem”, <strong>da</strong>ndo sentido às fases de transição e ilustrando a vi<strong>da</strong> com imagens. «Uma<br />

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