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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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2.1.3. A <strong>adultez</strong> e a reconstrução na autobiografia<br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Os mecanismos sociais que emergem <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong> enquadram a auto-<br />

identi<strong>da</strong>de na construção de narrativas biográficas coerentes e continuamente revistas. O<br />

self só por si (I/eu) é um fenómeno amorfo, é a partir <strong>da</strong> consciência reflexiva, <strong>da</strong><br />

autoconsciência, que o indivíduo desenvolve a identi<strong>da</strong>de do self (self concept/Me/Eu).<br />

A auto-identi<strong>da</strong>de não é algo <strong>da</strong>do pelas relações sociais que se estabelecem, ela é<br />

construí<strong>da</strong>, reinventa<strong>da</strong>, interpreta<strong>da</strong> e compreendi<strong>da</strong> pelo próprio indivíduo quando<br />

este “se conta”, numa narrativa contínua, em termos biográficos. «A identi<strong>da</strong>de de uma<br />

pessoa não se encontra no comportamento, nem – por muito importante que o sejam –,<br />

nas reacções dos outros, mas na capaci<strong>da</strong>de de manter a continui<strong>da</strong>de de uma narrativa<br />

[biográfica].» (Giddens, 2001, p.51).<br />

A narrativa biográfica, influencia<strong>da</strong> social e culturalmente, comporta sempre<br />

imagens, personagens e “estórias” reinventa<strong>da</strong>s pelo próprio. Estas reinvenções têm<br />

como objectivo imprimir continui<strong>da</strong>de à história de vi<strong>da</strong>, organizar as experiências e <strong>da</strong>r<br />

coerência e significado a essas mesmas experiências. A narrativa biográfica permite,<br />

ain<strong>da</strong>, descrever as soluções encontra<strong>da</strong>s para as dificul<strong>da</strong>des e as tensões provoca<strong>da</strong>s<br />

pelos ambientes sociais em que o indivíduo se move. O adulto pode descrever-se em<br />

imagens que o caracterizam em diferentes fases do seu percurso, por exemplo, como “o<br />

inocente” no início <strong>da</strong> sua experiência profissional, mais tarde como “o descrente” e<br />

depois como “o revoltado” ou “o vencedor”. O adulto reduz a multiplici<strong>da</strong>de de papéis<br />

em “personagens” sumariza<strong>da</strong>s que unificam experiências e sentimentos. Na i<strong>da</strong>de<br />

adulta muitos desses “personagens” chegam a um ponto máximo <strong>da</strong> sua auto-expressão<br />

e podem ser avaliados, criticados e questionados.<br />

A autobiografia integra experiências do passado e eventos quotidianos e sociais que<br />

ocorrem na vi<strong>da</strong> do adulto permitindo-lhe construir a sua identi<strong>da</strong>de através <strong>da</strong> forma<br />

como conta em “quem se tornou e em quem espera vir a tornar-se”. Não sendo<br />

totalmente ficcional a biografia “conta<strong>da</strong>” é, porém, uma “estória” com o estilo<br />

específico do indivíduo que a narra e é apenas uma entre muitas “estórias” possíveis de<br />

serem conta<strong>da</strong>s.<br />

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