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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

2.1.1. A <strong>adultez</strong> e a “incerteza” <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong><br />

O afastamento <strong>da</strong>s formas de controlo social e <strong>da</strong> tradição dá-se segundo muitas<br />

reticências e alguma nostalgia, o adulto lamenta frequentemente “uma comuni<strong>da</strong>de<br />

perdi<strong>da</strong>” e um “tempo que já não volta”. O afastamento não é responsável e<br />

comprometido, é um afastamento receoso em relação à velha ordem social,<br />

encontrando-se o adulto com um “pé fora e outro dentro” dela (Beck, 2000).<br />

Conforme refere Beck (1992), o processo de individualização «gira à volta do eixo<br />

do ego pessoal e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pessoal» e, confrontado com a multiplici<strong>da</strong>de de alternativas e<br />

riscos, o adulto encontra-se num sistema de “do-it-yourself” em que se lhe pede que<br />

tenha uma biografia auto-reflexiva e siga um «modelo vigoroso de acção na vi<strong>da</strong> de<br />

todos os dias» (Beck, 1992, p.136). Espera-se que os indivíduos sejam capazes de gerir<br />

“oportuni<strong>da</strong>des arrisca<strong>da</strong>s” e de tomar decisões sóli<strong>da</strong>s e responsáveis, o que segundo<br />

Beck é uma tarefa demasiado complica<strong>da</strong> devido à complexi<strong>da</strong>de social, à falta de<br />

preparação para se li<strong>da</strong>r com a incerteza, a autonomia e a mobili<strong>da</strong>de. Com o<br />

desenvolvimento de biografias paralelas será também difícil gerir possíveis conflitos de<br />

papéis.<br />

A responsabili<strong>da</strong>de do adulto “construir-se a si mesmo” é uma tarefa difícil, mas<br />

apresenta potenciali<strong>da</strong>des. A questão que se coloca tem a ver com a distância que existe<br />

entre a reali<strong>da</strong>de e essas potenciali<strong>da</strong>des. A dúvi<strong>da</strong> e a incerteza, socialmente cria<strong>da</strong>s,<br />

apresentam-se como demasiado ameaçadoras para que se enten<strong>da</strong> a moderni<strong>da</strong>de<br />

avança<strong>da</strong> como uma época social de oportuni<strong>da</strong>des.<br />

Beck (2000) afirma, porém, que “o diagnóstico não é de decadência, mas [de] uma<br />

mu<strong>da</strong>nça de cena” (p.170). O que se espera é que seja o indivíduo a dirigir o seu próprio<br />

percurso de vi<strong>da</strong>, a sua história e identi<strong>da</strong>de, as suas redes sociais e os seus<br />

compromissos, que seja o adulto a construir e inventar novas certezas que lhe permitam<br />

li<strong>da</strong>r, de modo mais harmonioso, com a dita socie<strong>da</strong>de do risco e <strong>da</strong> incerteza.<br />

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