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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A percepção <strong>da</strong> “outra face <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>” <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de não é imediata, esta continua<br />

a ser muitas vezes omiti<strong>da</strong> e “enclausura<strong>da</strong>” em práticas e representações que, imbuí<strong>da</strong>s<br />

na crença <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong>de, apelam à normalização, à repetição e à tradição. É o veloz<br />

dinamismo industrial e a acção <strong>da</strong> própria moderni<strong>da</strong>de que leva à remodelação dos<br />

modos de vi<strong>da</strong> e dos sistemas culturais e socioeconómicos que lhe são característicos. A<br />

incerteza sobre como é possível controlar os riscos que acompanham o crescente vigor<br />

<strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de vem substituir a preocupação em torno <strong>da</strong> distribuição dos “bens” pela<br />

preocupação em torno <strong>da</strong> prevenção e distribuição dos “males” (Beck, 2000).<br />

A moderni<strong>da</strong>de, seguindo de forma automatiza<strong>da</strong> os seus próprios princípios e<br />

aproximando-se dos seus objectivos, transmuta-se de modo sub-reptício numa<br />

moderni<strong>da</strong>de diversa. A mu<strong>da</strong>nça dá-se de forma contínua e progressiva sem passar por<br />

rupturas radicais que se inscrevam, por exemplo, em manifestações revolucionárias ou<br />

decisões políticas. A mu<strong>da</strong>nça acontece como autoconfrontação, como consequência<br />

silenciosa ou reflexo dos próprios efeitos <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>í que à moderni<strong>da</strong>de<br />

avança<strong>da</strong> Beck (2000) e Giddens (2000a) chamem modernização reflexiva.<br />

Subjacente ao conceito de moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong> está também o conceito de<br />

moderni<strong>da</strong>de tardia. As mu<strong>da</strong>nças sociais, políticas, económicas, ambientais e culturais<br />

dão-se a uma rapidez extrema, os problemas e acontecimentos têm um alcance global e<br />

cresce a sensação de que quando se atinge um certo estado de moderni<strong>da</strong>de “já é tarde”,<br />

este já foi ultrapassado (Lipovetsky, 1989; Elias, 1993; Beck, 2000; Lash, 2000;<br />

Giddens, 2000a, 2002). Aumenta a instabili<strong>da</strong>de e a necessi<strong>da</strong>de de reflexivi<strong>da</strong>de<br />

contínua na vi<strong>da</strong> pessoal e institucional, ou seja, a necessi<strong>da</strong>de dos indivíduos, grupos e<br />

instituições «aplicarem o seu conhecimento de uma forma crítica a eles próprios e às<br />

circunstâncias que os rodeiam» (Teixeira, 2001, p.37).<br />

Na moderni<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong> reabilita-se a noção de racionali<strong>da</strong>de. É como se antes, na<br />

moderni<strong>da</strong>de, o adulto soubesse que através <strong>da</strong> razão podia desenvolver os<br />

conhecimentos necessários para organizar como bem entendesse a sua própria vi<strong>da</strong>, mas<br />

perante tal certeza tivesse ficado paralisado: adoptou práticas rotineiras e acreditou que<br />

o progresso científico e tecnológico responderia, por si mesmo, a qualquer problema. Só<br />

perante a ambivalência <strong>da</strong>s consequências do progresso o adulto foi confrontado com a<br />

dúvi<strong>da</strong>, a incerteza e a necessi<strong>da</strong>de de reflectir e decidir.<br />

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