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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Segundo Bandeira (2006), actualmente, com o aumento <strong>da</strong> esperança de vi<strong>da</strong>, o<br />

aumento <strong>da</strong> proporção de idosos e a diminuição <strong>da</strong> proporção de jovens, volta-se a<br />

redefinir as orientações políticas. O Estado e os sistemas de segurança social, perante as<br />

dificul<strong>da</strong>des financeiras induzi<strong>da</strong>s pelos factores demográficos, dificultam o acesso às<br />

pré-reformas e passam a defender o aumento a i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reforma. Para Bandeira, este<br />

cenário, criado por razões estreitamente económicas, promove a precarie<strong>da</strong>de dos<br />

trabalhadores com mais de 50 anos, a conflituali<strong>da</strong>de social, o absentismo e a baixa<br />

produtivi<strong>da</strong>de. Para o autor, caso se sistematize o aumento <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reforma,<br />

acentua-se a concorrência entre gerações face ao mercado de trabalho e regista-se um<br />

grave retrocesso dos direitos sociais. As alternativas possíveis a esta situação são ain<strong>da</strong><br />

pouco claras:<br />

“ (…) Durante muito tempo, Estado, sindicatos e patronato convergiram em<br />

concor<strong>da</strong>r com a cessação mais precoce do trabalho sénior, através <strong>da</strong>s pré-reformas e <strong>da</strong><br />

antecipação <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reforma. Mas, devido às consequências financeiras do novo<br />

contexto demográfico, este ciclo parece ter chegado ao fim, sem que seja ain<strong>da</strong> muito<br />

claro que alternativas sejam postas em prática” (Bandeira, 2006, p.27).<br />

Actualmente, o consenso em torno do conceito de terceira i<strong>da</strong>de é débil. A vi<strong>da</strong><br />

desmultiplica-se, surge a expressão quarta i<strong>da</strong>de (a fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos mais idosos) que<br />

traduz a complexi<strong>da</strong>de e a crescente fluidez dos contornos <strong>da</strong> velhice. Como<br />

consequência, criam-se tensões entre as imagens que os idosos têm de si mesmos, as<br />

representações que os jovens e os adultos fazem <strong>da</strong> velhice e as definições sociais e<br />

politicamente propostas (Guillemard, 1984; Fernandes, 1997).<br />

O antagonismo que existe entre o eixo político <strong>da</strong> integração e o eixo <strong>da</strong> exclusão<br />

dos idosos promove uma crise política e, nos dias de hoje, esse antagonismo repercute-<br />

se nas representações <strong>da</strong> velhice. Por um lado, aumentam as expectativas e promessas<br />

de rejuvenescimento num processo de desnaturalização desta i<strong>da</strong>de, defendem-se as<br />

concepções de um idoso participativo, saudável e activo que entende a reforma como<br />

um instrumento de “libertação” ou a possibili<strong>da</strong>de de ser “dono do seu tempo” (Paillat,<br />

1982). Por outro lado, a implementação do sistema de reforma faz com que,<br />

independentemente <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de trabalhar, to<strong>da</strong>s as pessoas a partir de certa i<strong>da</strong>de<br />

fiquem dispensa<strong>da</strong>s do trabalho. O “repouso remunerado” pode, para alguns, ser<br />

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