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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Segundo esta nova perspectiva, a dinâmica <strong>da</strong>s políticas <strong>da</strong> velhice deixa de estar<br />

sujeita às relações antagónicas de classe (do patronato e do operariado) para se centrar<br />

na relação entre administração e socie<strong>da</strong>de civil. O Estado tem maior capaci<strong>da</strong>de de<br />

acção em relação às imposições de classe. A gestão dos modos de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> velhice<br />

assenta na organização de agentes intermediários que desenvolvem activi<strong>da</strong>des de<br />

integração dos idosos na socie<strong>da</strong>de – os municípios, as associações de cariz social, os<br />

profissionais do sector médico e os trabalhadores sociais (que vêem na redefinição <strong>da</strong><br />

velhice uma oportuni<strong>da</strong>de para revalorizar as suas profissões) (Guillemard, 1984).<br />

A crise do Estado-Providência, as actuais representações <strong>da</strong> velhice<br />

A intervenção do Estado sobre os modos de vi<strong>da</strong> dos idosos ficou, no entanto,<br />

aquém <strong>da</strong>s expectativas. De acordo com Guillemard (1984), após 1975, a desaceleração<br />

do crescimento económico e os constrangimentos financeiros não permitiram sustentar<br />

o aumento <strong>da</strong>s despesas sociais. A política de integração foi substituí<strong>da</strong> pela política de<br />

apoio ao domicílio, ou seja, voltou-se a afastar o idoso <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, nomea<strong>da</strong>mente<br />

do processo produtivo. As consequências <strong>da</strong> crise sobre o emprego levaram o Estado a<br />

abandonar a defesa do direito dos mais velhos ao trabalho e a aceitar ou a encorajar a<br />

saí<strong>da</strong> precoce desses trabalhadores <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> activa através de indemnizações, subsídios<br />

de desemprego ou reformas antecipa<strong>da</strong>s. O poder do patronato voltou a estar favorecido<br />

e a gestão pública <strong>da</strong> velhice ficou subordina<strong>da</strong> às políticas de emprego e às<br />

dificul<strong>da</strong>des económicas (Guillemard, 1984).<br />

Guillemard (1984) menciona que não se pode aceitar uma concepção monolítica <strong>da</strong><br />

acção pública. Os dois sistemas – a ordem do Estado e as forças de classe – estão no<br />

centro do processo de formação <strong>da</strong>s políticas do envelhecimento. É a articulação e a<br />

perpétua tensão que existe entre elas que se reflecte nas políticas protagoniza<strong>da</strong>s. Para<br />

Guillemard, o favorecimento de uma política de “manter” os idosos no domicílio deve-<br />

se, contudo, a dois factores principais: a) o Estado passa a orientar-se por directrizes<br />

neoliberais diminuindo a sua intervenção social e b) as forças sindicais <strong>da</strong> luta ofensiva<br />

sobre a questão dos idosos enfraquecem (numa conjuntura desfavorável, os sindicatos<br />

optam por defender o emprego dos mais jovens e aceitar a saí<strong>da</strong> dos mais velhos do<br />

mercado de trabalho, “mais vale reformado que desempregado”) (Guillemard, 1984 p.<br />

126).<br />

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