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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A terceira i<strong>da</strong>de mais que a negação <strong>da</strong> velhice é, para Lenoir (1979), a definição <strong>da</strong><br />

i<strong>da</strong>de que se localiza entre a <strong>adultez</strong> e a velhice (próxima <strong>da</strong> concepção já referi<strong>da</strong> de<br />

“jovem idoso”). A terceira i<strong>da</strong>de está associa<strong>da</strong> a uma filosofia integradora que<br />

prolonga a inserção social e a autonomia <strong>da</strong> população idosa. Referencia-se na ideia de<br />

“reforma activa” e numa velhice que é objecto de acções ao nível cultural, <strong>da</strong> saúde e do<br />

lazer. A designação velhice é substituí<strong>da</strong> pela concepção de terceira i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesma<br />

forma que se substitui a representação <strong>da</strong> velhice dos hospícios, dependente e pobre pela<br />

velhice <strong>da</strong>s classes médias assalaria<strong>da</strong>s reforma<strong>da</strong>s, autónomas e com recursos<br />

económicos (Lenoir, 1979).<br />

A intervenção de especialistas <strong>da</strong>s ciências sociais contribuiu para divulgar a<br />

concepção de terceira i<strong>da</strong>de no quotidiano dos indivíduos. Surge a Gerontologia,<br />

reconheci<strong>da</strong> como ciência pluridisciplinar do envelhecimento e promovem-se debates e<br />

estudos científicos sobre as questões <strong>da</strong> velhice e do envelhecimento <strong>da</strong> população 39 .<br />

Segundo Debert (1998), “os signos do envelhecimento foram invertidos e assumiram<br />

novas designações. Da mesma forma, inverteram-se os signos <strong>da</strong> reforma, que deixou<br />

de ser um momento de descanso e recolhimento para tornar-se um período de<br />

activi<strong>da</strong>de, lazer e realização pessoal.” (1998, p.39). Com esta concepção, surgem novos<br />

espaços de congregação <strong>da</strong> população idosa: os centros de convivência, as universi<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong>de, os clubes, as residências e os lares de idosos (Lenoir, 1979).<br />

Para Guillermard (1984), a partir dos anos 60, particularmente em França, verifica-<br />

se um novo dinamismo do Estado em relação à gestão <strong>da</strong>s políticas <strong>da</strong> velhice. Do<br />

direito à reforma passa-se a defender os direitos de integração dos idosos. O objectivo<br />

era aju<strong>da</strong>r as pessoas de i<strong>da</strong>de a serem independentes, proporcionar-lhes alojamento<br />

adequado às suas dificul<strong>da</strong>des e generalizar os equipamentos colectivos e o serviço ao<br />

domicílio. Interessava estu<strong>da</strong>r, agir e apoiar os modos de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população idosa e<br />

criaram-se novos espaços de gestão directa <strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong>de. O idoso deixou de ser<br />

apenas um ex-trabalhador para ser um ci<strong>da</strong>dão com direitos de integração social<br />

reconhecidos (Guillemard, 1984).<br />

39 Em 1948, os dois primeiros números <strong>da</strong> revista Population do Institut National d’ Études<br />

Démographiques (INED) já apresentavam artigos sobre este tema.<br />

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