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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

Considerando particularmente a situação francesa, país precursor <strong>da</strong> gestão pública<br />

<strong>da</strong> velhice, Guillemard (1984) refere que, num primeiro momento, entre 1945 e 1950, a<br />

intervenção do Estado centrou-se na edificação <strong>da</strong> Segurança Social e na generalização<br />

do sistema de reformas. Nessa altura, o Estado teve, contudo, um papel de mediador.<br />

Vivia-se o período pós-guerra e o Estado, preocupado com a reconstrução do país, a<br />

restauração <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> coesão nacional, não colocava entraves à classe operária<br />

e às suas expressões sindicais e políticas. O protagonismo estava na relação de forças<br />

trava<strong>da</strong> entre patrões e operários e a generalização do trabalho assalariado deu origem a<br />

diversos movimentos que trouxeram a público as questões <strong>da</strong> reforma, dos salários e<br />

dos horários de trabalho. Os sindicatos evidenciaram-se, a representação dos operários<br />

em diversas assembleias foi eleva<strong>da</strong> e reivindicava-se a democratização <strong>da</strong> segurança na<br />

velhice. Para além de confirma<strong>da</strong> pelo conforto material dos que possuíam proprie<strong>da</strong>de<br />

e riqueza, a protecção social dos idosos passou a materializar-se em recompensas<br />

atribuí<strong>da</strong>s aos que se dedicavam ao trabalho remunerado (Guillemard, 1984).<br />

Face às novas exigências, o patronato institui o sistema de reformas e um conjunto<br />

de procedimentos para “acalmar” a organização do proletariado. Longe de intenções<br />

paternalistas, a implementação dos regimes de protecção social estão associados a novas<br />

formas de gerir a mão-de-obra. Para Guillemard (1986), as mu<strong>da</strong>nças que se<br />

verificavam ao nível <strong>da</strong> racionalização do trabalho e a desvalorização do desempenho<br />

dos trabalhadores idosos (em empresas progressivamente mais “racionais”) levaram o<br />

patronato a utilizar o sistema de reformas para ajustar o fluxo e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mão-de-<br />

obra às necessi<strong>da</strong>des de produção. Ajustou-se a força de trabalho à conjuntura<br />

económica:<br />

“O direito social à reforma aparece menos nascido só <strong>da</strong> conquista operária do que de<br />

um movimento complexo de vaivém entre aspirações e reivindicações operárias e os<br />

novos imperativos de gestão ligados ao nascimento <strong>da</strong> grande indústria” (Guillemard,<br />

1986, p. 45).<br />

Lenoir (1979) refere que o patronato, ao propor condições minimamente dignas para<br />

a substituição dos velhos operários “improdutivos” e ao garantir a reforma no final <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> activa aos seus empregados, conseguiu contratar operários mais disciplinados e<br />

“dóceis” e implementar a “política de baixos salários nos caminhos-de-ferro, a fixação e<br />

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