17.04.2013 Views

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> autonomia e dos momentos esporádicos<br />

Em relação ao processo de transição para a vi<strong>da</strong> adulta a valorização do conceito de<br />

autonomia em relação à independência é, contudo, vulnerável. Os jovens vivem de<br />

forma pacífica com uma “autonomia relativa”, mas ambicionam uma “autonomia<br />

maior”. Essa autonomia implica um elevado nível de independência em relação à<br />

família de origem. Conquanto o jovem que coabita com os pais possa, de algum modo,<br />

ser relativamente autónomo ele não é, no entanto, independente. A “autonomia maior”<br />

só é realmente conquista<strong>da</strong> com o afastamento do jovem <strong>da</strong> dimensão filial e com a<br />

aquisição de independência espacial, residencial e financeira. Neste caso, “ser adulto” é<br />

sinónimo de “autonomia maior”.<br />

Os próprios teóricos que defendem a tese <strong>da</strong> autonomia referem que os jovens,<br />

embora prezem um certo conforto residencial e material, não gostam de estar sujeitos a<br />

um ritmo colectivo e ambicionam a possibili<strong>da</strong>de de definirem, eles mesmos, os seus<br />

tempos e rotinas. A anarquia <strong>da</strong> organização dos tempos é francamente deseja<strong>da</strong> e é<br />

importante o jovem poder afirmar a sua individuali<strong>da</strong>de e romper com os princípios<br />

básicos <strong>da</strong> família de origem (Cicchelli, 2001; Galland, 2001; Bozon, 2002a; Singly,<br />

2002; Ramos, 2002).<br />

A este propósito Kugelberg (1998) refere, num estudo realizado acerca <strong>da</strong>s imagens<br />

culturais dos suecos no início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta, que os jovens estão preocupados com a<br />

situação complexa em que se encontram: ter de arranjar um emprego, constituir família,<br />

escolher as opções certas e, principalmente, adquirir independência em relação à família<br />

de origem. Também Nilsen (1998) conclui que, para os jovens noruegueses, “ser<br />

adulto” representa assumir responsabili<strong>da</strong>des “de tipo social e económico e, por isso, a<br />

estabili<strong>da</strong>de e a previsibili<strong>da</strong>de”, para além de não serem deseja<strong>da</strong>s durante o<br />

prolongamento <strong>da</strong> juventude “são aspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que os jovens pensam vir a desejar<br />

num <strong>da</strong>do momento futuro” (1998, p.139) 38 .<br />

38 Referenciam-se estes trabalhos pelo facto de, através dos mesmos, os jovens terem sido questionados<br />

sobre o que, para eles, significava “ser adulto”. Não obstante, assume-se que as diferenças dos modelos<br />

de passagem à vi<strong>da</strong> adulta do Norte e do Sul <strong>da</strong> Europa, não sendo aqui desenvolvi<strong>da</strong>s, influenciam as<br />

respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

92

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!