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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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A autonomia versus a independência<br />

O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

A teoria que desvaloriza a definição de eixos de transição parte <strong>da</strong> distinção<br />

conceptual dos termos autonomia e independência. A diferença está no facto do<br />

primeiro remeter para categorias subjectivas, as opiniões, os valores e os gostos,<br />

enquanto o segundo remete para categorias objectivas, nomea<strong>da</strong>mente as categorias<br />

económica, conjugal e residencial.<br />

Ser autónomo implica a reflexivi<strong>da</strong>de crítica 37 , a capaci<strong>da</strong>de de o indivíduo se julgar<br />

a si próprio e de reajustar os meios ao seu dispor em função dos objectivos que pretende<br />

atingir. Implica uma vi<strong>da</strong> intelectual activa que lhe permita desenvolver a consciência<br />

de si e a capaci<strong>da</strong>de de converter representações e normas produzi<strong>da</strong>s pela reflexivi<strong>da</strong>de<br />

em estratégias e actos (Laurent, 1993; Singly, 2001; Ramos, 2002). Neste contexto, o<br />

jovem mesmo que não possua independência financeira ou residencial constrói um<br />

mundo pessoal que se organiza em torno <strong>da</strong> auto-aprendizagem <strong>da</strong> autonomia.<br />

Elsa Ramos (2002) apresenta a tensão que se verifica entre autonomia e dependência<br />

residencial como uma estratégia de compartimentação que os jovens fazem entre “o seu<br />

mundo”, “o mundo dos pais” e o “mundo de ambos”. O jovem beneficia de um “mundo<br />

seu” ligado às características de determina<strong>da</strong> cultura juvenil, contudo, não é totalmente<br />

“mestre do seu jogo”. O “seu mundo” está dependente do “mundo dos pais” e do<br />

“mundo de ambos”, mundos estes que coexistem, muitas vezes, numa só residência: a<br />

casa dos pais. Segundo Singly (2002, 2004), é a contradição que se verifica entre<br />

independência e autonomia que define, na actuali<strong>da</strong>de, a juventude.<br />

As “primeiras vezes” – os momentos esporádicos<br />

Sendo a transição para a vi<strong>da</strong> adulta progressiva, informal e reversiva substituiu-se a<br />

importância dos ritos de passagem e de iniciação, organizados e definidos social e<br />

culturalmente, por “ritos pontuais” identificados e eleitos pelo próprio indivíduo. Os<br />

acontecimentos que são considerados relevantes para uns, não terão qualquer<br />

importância para outros, ou seja, existirá uma diversi<strong>da</strong>de de formas para o indivíduo se<br />

“construir a si próprio” e múltiplos modos de transitar para a <strong>adultez</strong> (Bozon, 2002a).<br />

37 Assunto já desenvolvido no ponto 1.3.2.1. deste capítulo.<br />

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