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Sociologia da adultez livro.pdf - Memoriamedia

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O QUE É “SER ADULTO”? – PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS<br />

vi<strong>da</strong> que não é marca<strong>da</strong> nem por meros problemas psicológicos nem pela marginali<strong>da</strong>de<br />

social, mas por escolhas e soluções para os problemas de inserção que podem ser<br />

marca<strong>da</strong>s por um trabalho longo e difícil, por vezes doloroso, de determinação de<br />

identi<strong>da</strong>de e de estatuto (Pais, 1990, 1991a,1991b,1993).<br />

A autonomia e os momentos esporádicos<br />

O novo modelo de transição para a vi<strong>da</strong> adulta, de experimentação e diversi<strong>da</strong>de de<br />

estratégias, torna-se ain<strong>da</strong> mais complexo caso se pondere a perspectiva teórica que<br />

evidencia a fragili<strong>da</strong>de dos momentos de transição. Segundo esta teoria o que interessa é<br />

o modo como o indivíduo se dota de identi<strong>da</strong>de pessoal e edifica a sua própria<br />

autonomia (Cicchelli, 2001; Galland, 2001; Bozon, 2002a; Singly, 2002; Ramos, 2002).<br />

Desconstrói-se o modelo base de transição assente nos limites do eixo familiar e<br />

profissional e pressupõe-se que, mesmo dependentes dos seus familiares em termos<br />

residenciais e financeiros, os jovens progridem para a vi<strong>da</strong> adulta tornando-se<br />

autónomos (muitas vezes dentro do “seu mundo” - o quarto que têm em casa dos pais).<br />

Polémica e sujeita a diversas críticas (enumera<strong>da</strong>s adiante), esta perspectiva defende<br />

que a autonomia dos jovens pode não passar por experiências decisivas, mas sim por<br />

momentos esporádicos, “rituais pontuais” mais ou menos voláteis – as “primeiras<br />

vezes”. O momento em que, por exemplo, se “tirou” a carta de condução e teve o<br />

primeiro carro; a primeira(o) namora<strong>da</strong>(o); o primeiro “biscate”; o primeiro telemóvel<br />

(adquirindo autonomia para organizar os tempos de comunicação com o grupo de<br />

amigos), entre muitas outras “primeiras vezes”.<br />

A desconstrução do modelo assente em limites de transição rigorosamente definidos<br />

parte, deste modo, de duas premissas: a) mais do que tentar ser completamente<br />

independente, o indivíduo deve “construir-se” enquanto “ser autónomo” e b) certos<br />

momentos esporádicos, mesmo parecendo insignificantes, podem revelar-se marcantes<br />

para a construção <strong>da</strong> autonomia (Cicchelli, 2001; Galland, 2001; Bozon, 2002a; Singly,<br />

2002; Ramos, 2002).<br />

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