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Reforma Política - Cebrap

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Fernando Henrique Cardoso* e Eduardo Graeff**<br />

O próximo passo<br />

A reforma política entra e sai da agenda nacional desde o ocaso do regime militar. Para<br />

trazer alguma idéia nova ao debate, é bom parar para pensar por que ele avançou tão pouco<br />

até hoje e por que sempre volta à ordem do dia.<br />

Alguns questionam a razão de ser de uma discussão que não pára nem aparentemente<br />

vai a lugar nenhum. “O político, quando não tem o que fazer, começa a falar de reforma política”,<br />

alfinetou Leôncio Martins Rodrigues recentemente, desconfiado de que a proposta<br />

de tratar da reforma numa miniconstituinte seja “um factóide para desviar da questão central,<br />

que é a corrupção”. 1 Wanderley Guilherme dos Santos, de outra perspectiva política,<br />

também enxerga motivos ocultos na discussão. “Não existe relação sistemática entre tipos<br />

de sistema político-eleitoral e nível de corrupção ou desempenho de desenvolvimento”,<br />

argumenta, para concluir que as propostas de alteração do sistema de representação proporcional<br />

encobrem uma reação conservadora à invasão da política pelas massas de eleitores e<br />

candidatos desvinculados das elites tradicionais. 2<br />

Qualquer proposta de mudança das regras do jogo político comporta a suspeita, senão<br />

a certeza, de favorecer uns e prejudicar outros – candidatos, partidos, situações, setores da<br />

sociedade. Feita a ressalva óbvia, sustentamos que, apesar disso ou por isso mesmo, o debate<br />

não pode ser afastado como mera cortina de fumaça. Se há mais de vinte anos a reforma<br />

política volta à pauta, embalada por interesses diferentes em circunstâncias diferentes, é porque<br />

nossas instituições têm de fato problemas graves de eficiência e transparência. Ocorre<br />

que o foco dos problemas e sua percepção pelos atores envolvidos foram mudando com o<br />

tempo, o que não ajuda a clarificar as alternativas em jogo. O retrospecto feito na primeira<br />

parte deste artigo sugere que nesses vinte e poucos anos o eixo do debate se deslocou da<br />

*Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República.<br />

**Eduardo Graeff, sociólogo, é assessor do PSDB na Câmara dos Deputados e analista político do site e-agora (www.<br />

e-agora.com.br). Foi secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso.

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